Lembro-me da minha infância, quando, lá por fim de novembro, o calor ia chegando com a proximidade do verão, as chuvas de fim de tarde traziam consigo um lindo arco-íris no céu, e no fim da tarde a cigarra cantava anunciando a proximidade do fim do ano.
Era a época que a família se reunia para decorar a casa e combinar o dia que iríamos ao Centro da cidade, dar uma volta para ver a decoração do shopping e ver o Papai Noel. Ao fim do passeio, passávamos numa lanchonete simplezinha, só para comer coxinha, bolinho de carne com Laranjinha. Essa foi a época em que minhas maiores preocupações eram passar de ano direto e cuidar do meu brinquedo novo.
Não demorava muito, íamos à casa da minha avó, uma cidade rural na região sul do interior de Santa Catarina - Imaruí - e lá passávamos a virada do ano.
Nostalgia. O Natal pra mim é isso, e por mais que por vários motivos ele tenha perdido muito da sua essência - pelo menos dentro da minha família - eu guardo no meu coração essas lembranças, e me apego a elas pra fazer do Natal uma data sempre especial. Pelo menos pra para mim.
E daí que a gente se reúne com um monte de parente que quase nunca vê? Me irrito com quem diz isso, porque é reduzir o Natal a um mero encontro. E o Natal não é um mero encontro. Pelo menos não com seus parentes grudentos e hipócritas.
O Natal é o nascimento do menino Jesus, e não há Papai Noel que mude isso. Pode ser que você não seja cristão, ou talvez sendo, não acredite que Jesus tenha nascido nessa época. Mas isso também é richa de quem quer reduzir o Natal a explicações antropólogo-histótricas-geográficas. E isso é entediante. Típico de gente chata.
Deveríamos usar o Natal para, assim como eu, se apegar a lembranças boas da vida, e refletir o que estamos ou não fazendo para tornar nosso dia-a-dia tão feliz quanto aquelas lembranças. Tá certo que não há jeito de a vida ser sempre um mar de rosas, maravilha pura, mas é importante salientar que o Natal é magia; e a magia é algo que brota de dentro do nosso coração, que sai um pouco da realidade pra nos deixar um pouco melhor.
Se continuarmos, diariamente, a todo momento, encarar tudo com essa frieza e racionalidade típica do ser humano capitalista-consumista, vamos acabar perdendo o melhor da vida: acreditar que no fim do arco-íris tem um pote de ouro e que o Papai Noel existe; foi nesta época que as pessoas eram mais felizes. E relutamos, sendo frios e adultos em demasia, chatos, com um pensamento rançoso, sem lembrar que, no fim das contas, o que estamos celebrando é o ser criança; pois todo esse auê só existe porque um dia alguém acreditou no impossível, e, talvez não por magia, mas concebeu sem conhecer varão, e deu à luz a uma criança que assim como aquelas que ainda acreditam no Papai Noel, e ficam felizes simplesmente de ouvir a cigarra cantar, salvou o mundo.
2 comentários:
Não tem como não se emocionar com tanta expressão de sentimento nesse post de natal. Foi como se eu tivesse vendo cada imagem de cada momento que você descreveu. Parabéns, queridão! Lindo post de natal e concordo com vc em cada palavra do que representa esta data. Grande beijo
Me emocionei também!
Sem blábláblá firulento típico de um discurso apelativo, seu texto mexeu comigo.
Deu saudade das minhas lembranças, dos "meus natais".
Só no nascimento do salvador do mundo pra gente rever com mais serenidade nossas atitudes e pensamentos não é mesmo?
Boa viagem pra vc!
Feliz Natal!!!
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