sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mulher morre enquanto pastor tenta curá-la orando

Eu confesso pra vocês, antes de mais nada, que uma das discriminações que eu faço (não diria preconceito, porque já é um conceito formado) é com evangélicos. Digo isso porque é preciso ficar bem claro a minha posição, diante do que vou falar.
Porém, eu procuro respeitar. Se existe um valor do qual eu prezo é o respeito. E apesar de não concordar com muitas práticas, opiniões, atitudes e peculiaridades dessa vertente religiosa, eu respeito.
É necessário dizer, também, que eu tenho muitos amigos e colegas evangélicos e os amo. Da mesma forma, existem evangélicos que o são, mas que não importunam a vida dos outros, e não são esses que me incomodam. Na verdade, o que me incomoda não é uma pessoa ser evangélica, mas sim, ser fanática. Um fanático religioso está entre os piores tipos de seres humanos que podem existir. E aqui me refiro a todo o tipo de fanatismo religioso, e não especificamente aos evangélicos. Mas em qualquer cultura, fanatismo é prejudicial.
E aqui entra o que eu quero dizer:

Pensem comigo: uma pessoa com problemas cardíacos, portadora de marcapasso, necessitada de atenção médica constante cai, desmaia, passa mal. Qual a sua atitude? Respondeu certo quem disse: "chamar socorro médico".
Pois é, mas não foi isso que os fiéis - e especialmente o pastor - de uma Igreja do Evangelho Quadrangular, em Joinville, pensaram. Para eles, orar iria fazer a enferma ficar melhor.
Foi daí que transferiram ela para o altar e depois para uma sala reservada. E continuando a orar. E depois de muito suplicar sem resultados, a mulher morreu.
Quando o atendimento médico chegou, somente 50 minutos depois do mau-súbito, a vítima ainda estava viva, mas os socorristas não conseguiram mais fazer nada. Detalhes do ocorrido você pode ver neste link.

Esse tipo de gente vive num mundo de hipocrisia e preconceito e pensa que Deus compactua com tudo isso. O caso da mulher morta durante o culto em Joinville, que acabei de relatar, é só mais um exemplo.
Vivemos em um estado laico, no entando, existe uma bancada evangélica na Câmara dos Deputados para atender os benefícios exclusivos de tal população, tirando de toda a sociedade brasileira tantos outros direitos que não condizem com os princípios evangélicos.

Jesus foi claro na mensagem que veio trazer. Ele disse que iria deixar apenas dois mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Nisso se resume toda a lei e os profetas (Mateus, 22, 34-40). Estas são palavras de Jesus. E a cada dia os evangélicos abrem uma nova igreja, com placa diferente (com motivos financeiros óbvios), uma nova "luz" à Bíblia e inventam um demônio novo a cada instante.

Ontem eu acompanhava o twitter da cantora gospel Ana Paula Valadão, e ela ensinava a lidar com o "espírito de Jezabel". Alguém pode me mostrar onde estão essas orientações na Bíblia? De onde os evangélicos tiram tanto demônio, tanto encosto e preconceito?

Pra finalizar, só tenho mais uma coisa a dizer: Jesus vai estar voltando no céu e os evangélicos ainda estarão tentando descobrir quando que o "chip" vai começar a ser implantado nos seres humanos.

Bando de hipócritas! (Mateus, 6, 5s) - E foi o próprio Jesus que disse isso.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Vida na Porta da Geladeira

É incrível como ideias simples podem resultar em coisas fascinantes. E de fato isso acontece com muitas outras coisas. O Twitter, por exemplo, tem uma premissa muito simples, mas que vicia.
Falo isso porque hoje resolvi escrever sobre o livro "A Vida na Porta da Geladeira" (Life on the Refrigerator Door, Martins Fontes, 2009), de Alice Kuipers. Este não é um livro tão recentemente lançado, também não faz tão pouco tempo que o li, mas é uma dessas ideias simples que dão certo. Por isso vale um texto sobre ele aqui no Andarilho, afinal, trata-se de uma obra verdadeiramente encantadora.

A história é narrada em primeira pessoa, através de bilhetes deixados por mãe e filha na porta da geladeira. A mãe sempre atarefada com o trabalho e a filha vivendo os conflitos típicos da adolescência.
Entre bilhetes de rotina - como uma lista de compras ou um aviso - coisas realmente importantes na vida de ambas acontecem, e a relação das duas - por vezes atribulada por pouco se verem - pode mudar.

É um livro emocionante, inteligentemente escrito, sensível, simples, mas que trata de situações profundas e traz reflexões complexas para o nosso dia-a-dia. Nos faz pensar em como devemos valorizar e conviver mais com as pessoas que amamos. Nos faz relembrar sobre a importância de dizer 'eu te amo' e nos faz chorar, sem dúvida. Principalmente se você tem uma ótima relação com a sua mãe. Ou não.

A leitura é rápida. O livro é pequeno, tem 226 páginas, mas os bilhetes que compõem a narrativa são curtos.

A emoção com que a autora escreve é visível. O livro é impregnado de afeto. Os personagens, mesmo na superficialidade dos bilhetes, são brilhantemente palpéveis: conseguimos imaginar, de fato, o temperamento de cada uma, as características físicas e comportamentais, sem ao menos, em algum momento, a autora explicitar isso de forma direta. O texto é leve e informal e sem esforço nenhum é possível ler tudo em menos de uma hora.
Até porque é difícil parar de ler. Levando em consideração que se tratam de bilhetes, e eles formam uma sequência de acontecimentos, não dá vontade de interromper; deixar na cabeceira para continuar no outro dia.
Apesar disso, o livro é dividido em meses: janeiro, março, junho, setembro e, ao final, P.S.

Vale a pena a leitura. Pra quem gosta de ler, de se emocionar, ou pelo menos dessas coisas simples que dão certo. Mas seria errado reduzir o livro a isso. Lendo, é possível entender por quê.