segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Ano novo, blog novo

 

Início do ano todo mundo se enche de projetos e planos. E mais uma vez um de meus projetos é voltar a atualizar este espaço com alguma frequência. Não porque eu esteja ávido por leitores, porque queira ganhar dinheiro com o blog ou porque tenha algum plano para ele. Eu simplesmente acho importante para mim.

Mas eu decidi que este será, primordialmente, um espaço de desabafo, de reflexões pessoais. Em outros momentos, o Andarilho serviu como uma forma de eu argumentar, trazer informação sobre política, sociedade, filmes, livros e assuntos da cultura pop. Porém, há dois problemas (entre tantos outros, claro) de se continuar a produzir esse tipo de conteúdo.

Vocês não estão cansados de conteúdo?


Nós estamos tão mergulhados em informações em todos os lugares e sem tempo para aproveitarmos ou absorvermos elas. Uma vez, meu professor de Fotografia na faculdade de jornalismo nos incentivou a ter um blog. A justificativa dele era que, enquanto jornalistas, era importante a gente expor a nossa opinião sobre as coisas e que isso poderia servir como um diferencial no mercado.

Hoje, acredito, o conselho dele seria outro. As pessoas andam tão cheias de opinião que não são capazes de ouvir o contraditório. Não há mais debate, apenas lacração e militância contra tudo e contra todos.

As pessoas estão erradas em militar? Bom, na minha visão, depende. Há militâncias legítimas, mas há aquelas ridículas, como quem prega um dia do orgulho hétero ou aqueles que dizem que não deveria existir o Dia da Consciência Negra, mas o Dia da Consciência Humana.

O que quero dizer com isso? É que eu não pretendo que este blog seja um lugar para ensinar ou informar nada a ninguém. Como qualquer rede social, que a maioria das pessoas simplesmente acessa para curtir conteúdos inúteis e saber da vida do outro (seria mais leve se fosse assim, embora não seja mais, infelizmente ― e é estranho dizer “infelizmente” sobre ficar de fuxico sobre a vida do outro, né? Pra ver o nível em que chegamos, mas divago), este será uma espécie de diário virtual. Como os blogs das antigas, sabe?

Sinto falta de uma internet mais leve, divertida e despretensiosa. Aliás, não só de a internet ser assim, mas de a vida ser assim. Nós temos levado tudo a sério demais e até o discurso de não levar as coisas muito a sério tem virado conteúdo vendável, vocês percebem? Textos do tipo: “6 motivos para não levar as coisas a sério demais”; ou “5 formas de levar as coisas menos a sério”. Me canso.

Parece contraditório e hipócrita o que estou dizendo? No sentido de não querer mais tanto conteúdo e ainda assim estar alimentando um blog? Pode até ser, mas na minha cabeça, faz sentido. Aliás, eu não tô obrigando você a ler este texto, né? Então, se ele for ridículo ou enfadonho, tudo bem. Estou aqui mais por mim mesmo e acho que é isso que eu preciso e é o que conta para mim.

O segundo motivo de não ter um blog sério


Ninguém mais lê. Este é o motivo. Certo dia (faz um tempo já, na verdade) eu estava conversando com uma amiga que dizia que ela não consegue mais ler. E olha que ela sempre foi uma leitora ávida e interessada, é jornalista e tem até um livro publicado! Imagina as pessoas que não gostam de ler? Claro, todo mundo lê o tempo todo, mas basicamente memes, manchetes, textos abreviados do Twitter e Whatsapp.

Agora… textões na internet? Só de uma vez ou outra e ainda quando vem acompanhado de uma foto que chame a atenção. Uma reportagem em uma revista, um livro, um texto longo como este em um blog… ninguém quer saber. Para quem não sabe, eu trabalho com marketing de conteúdo. Fazendo relatórios para clientes vejo que o tempo médio de visita nos textos é de alguns segundos. Quando dá 2 minutos é uma vitória!

Ninguém consegue ler e entender um texto com mais de 800 palavras em um blog em menos de 2 minutos! Eu duvido! Daí que a gente caiu num mundo em que aberrações como correntes de Whatsapp cercadas de emojis e figurinhas decidem eleições, onde fake news criadas a partir de manchetes falsas “informam” as pessoas… quer dizer: quem produz conteúdo falso sabe que as pessoas não leem. Assim, facilitam para elas.

Então para quê eu vou criar um blog sério? Eu já aceitei pra mim que jamais vou ser alguém bem-sucedido ou relevante na sociedade. Tentarei trilhar um caminho profissional que me dê alguma satisfação, vou escrever meus livros com carinho e dedicação porque me fazem feliz e alimentar este blog porque tenho um carinho por ele, já que ele existe há mais de uma década e representa uma parte importante de quem eu sou.

Mas esperar ser um autor reconhecido ou sonhar com uma vida com qualquer nível de luxo? Isso eu já não espero mais. Por isso, não faz sentido eu fingir que o que eu digo tem alguma relevância nesse mundo de conteúdo que é a internet. Serão palavras atiradas em um mar cheio de gente com opinião se estapeando por atenção e para se posicionarem como os donos da razão sobre aquele assunto.

Então, se você achar que o que eu leio, o que assisto e o que escrevo pode ser útil para você, e se minhas reflexões cheias de hipocrisia e aprendizado constante te entreterem de alguma maneira e servirem de um passatempo agradável por alguns minutos, fique à vontade para continuar visitando este blog. Se tudo der certo, a partir deste 2021 ele será atualizado semanalmente.