domingo, 7 de junho de 2009

Chatô: o Rei do Brasil

Analisar “Chatô – o Rei do Brasil” nos obriga a pensar de várias maneiras diferentes. Não podemos deixar de considerar a importância de Assis Chateubriant para a história da imprensa nacional, ao mesmo tempo que não podemos deixar de odiá-lo e, outras vezes, de torcer pelo pivete gago e analfabeto obrigado a viver por uns tempos no sertão do nordeste brasileiro com os avós.
Mas despertar todos esses sentimentos pelo personagem principal é primor de Fernando Morais que, com maestria, consegue fazer do livro um verdadeiro passeio de montanha russa. Temos que tomar cuidado para não nos pegarmos roendo as unhas ou urrando com socos estridentes sobre a escrivaninha que apoia o livro durante a leitura – gesto repetidamente comum na vida do jornalista-advogado – devido à raiva, inquietude e sentimento de injustiça que as páginas nos revelam do monstro feito gente, “atolado no capitalismo”, como o próprio se denominava, e sujeito prepotente julgando estar acima da lei.
A narração de Fernando Morais nos introduz no livro como se fosse, de fato, um romance, uma ficção. Tal sensação só é afugentada quando nos deparamos com personagens conhecidos da história do país, como Getúlio Vargas, Machado de Assis e Juscelino Kubitschek. Ou quando viajamos pela lendária reputação da revista O Cruzeiro, ou com a inauguração do Correio Braziliense, presente até hoje no jornalismo do nosso país. E até mesmo quando descobrimos o jeito inusitado que foi introduzido em nosso país um dos meios de comunicação mais influentes na sociedade atual – a televisão. Acompanhamos tudo isso de camarote, sujeito às emoções dos que estiveram presentes em casa fato, às tristezas daqueles que perderam reputação, dignidade, posição social devido às calúnias e injúrias esparramadas por Chatô nos editoriais da sua cadeia de diários, ou, quando a “acusação” era mais pesada, a falsa nota “a pedido” assinada por um pseudônimo.
Assis Chateubriant era um exímio jornalista, sem dúvida. Em sua primeira viagem internacional – ainda sem ser o dono dos Diários Associados – entrevistou todos os personagens aos quais tivera ou não oportunidade de conversar, e usou de todos os argumentos possíveis para conseguir o que queria. Mas ao mesmo tempo era a pessoa mais preocupada com o seu nariz e seus interesses próprios que o Brasil tem conhecimento público: foi capaz de tirar a filha (não reconhecida) dos braços da mãe, mudar a legislação brasileira para isso, pelo simples prazer de tirar a guarda da mãe. Ou dispensar um antigo aliado nos negócios para garantir sua posição de rei do seu império.
Falcatruas, não-pagamentos e funcionários que sofriam com o gênio difícil do patrão; preocupado, sim em fazer um bom jornalismo e ter qualidade em tudo o que era produto seu, mas distante da honestidade nas contratações, mais longe ainda do cumprimento das promessas e palavras (considerava promessa coisa de político) e, ainda assim, não saía da política e chegou até a se candidatar.
Um sujeito contraditório, mas personagem vivo e real em todos os lugares frequentados e situações narradas. Fernando Morais consegue reproduzir fatos, diálogos e localidades com os mínimos detalhes, provando toda sua capacidade e apreço nas apurações e entrevistas. Pensava eu “quantos entrevistados, quanto tempo de conversa, quanta pesquisa, quantas consultas para adivinhar até mesmo as confissões e pensamentos de Chateubriant, que não eram meros pensamentos inventados: eram decisões que tinham consequências. Eram sistemáticos e se reproduziam em fatos dali meses ou páginas adiante. Enfim, “Chatô – o Rei do Brasil” é tão incrível quanto seu protagonista, mas em lados opostos. Enquanto o livro e sua construção inspiram ares positivos, a história desse sujeito “mais temido do que amado”, como simplifica a contracapa, mancha a história da imprensa brasileira em feridas que até hoje sangram nos meios de comunicação do nosso país.

domingo, 10 de maio de 2009

A infeliz hipocrisia

A coisa que mais detesto em um ser humano é ele "se achar". Isso é algo que definitivamente não me passa na garganta. É intolerável. Agora, tão desagradável quanto alguém que "se acha" são pessoas hipócritas.
Essa postagem é meio que uma continuação do que eu escrevi na semana passada. Mas no último post eu falei especificamente de atitudes hipócritas. Hoje, eu me refiro mais aos hipócritas, pessoas.
Antes de cometer o erro de eu mesmo ser hipócrita neste texto, vou deixar bem claro: claro que em alguns momentos da vida, até mesmo sem querer, acabamos cultivando a hipocrisia, da mesma forma que nos contradizemos em várias instâncias da nossa vida. Ou seja, algum dia eu já fui hipócrita. Mas existem aqueles que alimentam esse defeito sem se dar ao trabalho de, na plenitude da sua "inteligência" perceber que eles mesmos estão sendo ridículos.
Mas o bom disso tudo é ver como aquele famoso ditado "a língua é o chicote da bunda" realmente tem efeito. Essas pessoas caem em seus próprios erros e tropeçam nos seus argumentos e palavras e acabam revelando a podridão que existe nelas por elas próprias.
Isso acontece muito no campo religioso, e como participante da Igreja, acabo vendo muito disso. Não só na minha Igreja, mas em outras também, cristãs ou não.
Na política presenciamos um mar de hipocrisia e chega até arder o estômago se formos pensar caso a caso. E em toda petulância de muitos governantes eles acabam "se safando" jogando hipocrisia em cima de hipocrisia.

domingo, 3 de maio de 2009

A falsa inteligência

Principalmente no meio acadêmico vemos uma multidão de gente se dando e se pagando de inteligente e "sabe tudo". Espantoso é ver que não só lá, mas muita gente que escreve artigos pra jornais fala besteira em nome da sua "razão".
O que me motiva a escrever isso são as milhares de bocas e mentes que vivem proferindo a todo canto inverdades sobre coisas que eles simplesmente antipatizam. Para ser claro, posso citar uma data recente como exemplo: a Páscoa.
Todo mundo tem direito de acreditar ou não em Deus, de ser ou não cristão, e isso eu já falei muito aqui. Mas o que eu acho ridículo, hipócrita (e mais sobre o meu pensamento a respeito dessas pessoas vou falar na semana que vem) são aqueles que falam um monte de asneira para tentar difundir aquela velha tática: de tanto espalhar e repetir uma mentira, ela acaba virando verdade.
Deixa eu pôr tudo isso em ordem cronológica (como sempre faço) pra entender melhor:
A Páscoa é uma festa que nasceu no judaismo, onde estes festejam e relembram uma passagem na história deles em que Moisés libertou o povo israelita que estava escravizado no Egito pelo Faraó. Para fugir dos chicotes dos egípcios, Moisés fugiu com o povo para o deserto atravessando o Mar Vermelho que, segundo o Torá (Bíblia judaica) e a própria Bíblia Cristã, repartiu-se ao meio e o povo passou a pé enxuto com paredes de água dos dois lados.
Milhares de anos depois, um homem chamado Jesus, nascido em Nazaré, percorre toda a região do Oriente Médio pregando por três anos o amor. A falta de rigidez, a simplicidade do homem e o bem que ele fazia acabou por irritar alguns poderosos que ordenaram a morte do tal "profeta" justamente na sexta-feira anterior à comemoração da Páscoa judaica.
O cristianismo conta, então, que no domingo, terceiro dia depois da morte de Jesus, ele teria ressuscitado. Ponto. Essa é a história da Páscoa.
O primeiro na história de perversão de toda essa comemoração ESTRITAMENTE RELIGIOSA começou a espalhar, então, que na Páscoa, um coelhinho punha ovos de chocolate e distrubuía às criancinhas.
Acontece que quem inventou isso (eu não sei quem foi) baseou-se em alguns símbolos que fazem parte da Páscoa realmente. O coelho é símbolo de fertilidade. O ovo representa a vida, o nascimento. Só o chocolate que não sei de onde tiraram. E aproveitaram tudo isso, colocaram tudo no mesmo liquidificador, bateram, e transformaram a Páscoa em puro comércio.
Não vejo maldade nenhuma nisso, desde que não se esqueça do verdadeiro sentido da Páscoa. E também que não ridicularize quem não pôde comprar um ovo e levou só uma barra. Afinal, o comércio também precisa sobreviver de alguma coisa. Não defendo o capitalismo doentio, tudo tem um limite. E até um certo ponto, coelhos que põem ovos de chocolate não me incomodam.
O problema é que tem gente que é intolerante. E já existem outros infelizes querendo espalhar outra inverdade e fazer torná-la real naquela fórmula da repetição da mentira pra virar verdade: dizem que a Páscoa é só consumismo, capitalismo, jogo de poder, enriquecimento dos mais endinheirados e toda aquela coisa.
Volto a repetir: não gosta do cristianismo?, fica na tua! Se fosse uma celebração dessas religiões "modernas", ou orientais, ninguém estaria criticando. Daí me diriam: "Ah, mas as religiões orientais não têm apelo capitalista". Não? Quanta gente que tá fazendo a vida por aqui aproveitando-se das modas orientais? É só parar pra reparar.
E deixo claro: aqui não estou falando mal das religiões, da cultura, ou de quem segue algum tipo de crença "moderna", ou oriental. Estou criticando todos aqueles que se dizem inteligentes, mas que na verdade são defensores das suas ideias particulares e egoístas, e não "cabeça aberta", gente que respeita todas as culturas e povos, como costumam se proclamar.
Se tem alguém fazendo coisa errada com a Páscoa, a culpa é desse alguém, não da Páscoa. Quem respeita índios, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, budistas, ateus e sei lá mais que personagens discriminados na nossa sociedade, também deve saber respeitar católicos, protestantes, evangélicos, no mesmo nível. Maioria ou minoria, todos temos direitos iguais.
Repensemos nossos conceitos, e cuidemos para não entrarmos no grupos dos "pseudointelectuais", ou "falsos inteligentes".

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Beto Carrero World

Depois de mais de mês sem novas postagens, volto à ativa num assunto de pouco rendimento, mas, ainda assim (pra mim), interessante. Não se propõe, no entanto, a ser mershandising. Muito pelo contrário. É uma experiência minha, meus sentimentos em relação a este lugar.
Em 2001 foi a primeira vez que eu fui no Beto Carrero. Na ocasião, o valor promocional do passaporte era R$ 15. Eu tinha 12 anos, nunca tinha visto uma montanha-russa na vida, tampouco passado um dia tão divertido na minha história e, por isso, aquele dia me marcou tanto que o parque, um dos maiores do mundo e o maior da América Latina, passou a ser uma das minhas rotas prediletas.

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Oito anos se passaram e ontem eu fui pela 9ª vez. O passaporte promocional é, hoje, mais caro que o preço normal que quando eu fui pela primeira vez: R$ 60. Mas o que é capaz de fazer eu gostar tanto desse lugar? Enumero:

Por ser um parque temático, eu, na minha fértil imaginação, imagino horrores de coisas. A cada rua do parque eu me deparo com uma história, com o "Era uma vez" de um livro, ou com a abertura de um filme. Seja na Ilha dos Piratas, no Velho Oeste, ou num passeio de trem pelo tempo e na era dos dinossauros. Sempre volto de lá carregado de inspiração, pesado de "bagagem imaginativa" e saciado de fantasia e adrenalina.

Pelo fato de Beto Carrero ter sido um cowboy, cavalo é o que não falta. E é incrível ver tantos animais - um dos meus prediletos - de várias raças, cores e tamanhos. Desde o mais desconhecido, até o famoso companheiro do falecido João Murad: o Faísca. E o que mais chama a atenção é o cuidado com que os animais são tratados. Respeito, carinho, higiene. Além de todo o gigantesco zoológico com diversos animais: algo que não é tão fácil de vermos com frequencia: zebras, girafas, elefantes, leões, ursos e uma verdadeira fauna de mamíferos e aves.

E pra deixar o dia de qualquer um que passa por lá ainda mais incrível claro que tem os brinquedos. Atração principal que transforma o dia de todo mundo. E, apesar de não serem muitos (os radicais), mas são caprichados.

Ontem fui na nova montanha-russa. Inaugurada em 28 de dezembro, alguns navios fizeram o translado, duzentos e poucos caminhões percorreram escoltados na BR-101 sul, interditada especialmente para o transporte. Tudo isso para botar de pé a maior montanha-russa da América Latina, única invertida do Brasil (com os trilhos sob a cabeça e os pés suspensos), numa queda de 40 metros a 100km/h, uma paisagem exuberante e um trajeto que passa por cima de um rio. Andar ali é uma experiência sem explicações. Fenomenal. Valeu a pena a fila de uma hora.

Além de todos os outros já conhecidos: a Star Montain, o Elevador, Tchibum, Império das Águas, Big Tower (que eu não fui dessa vez, faltou coragem) entre tantos outros.
E pra encerrar, um show que mistura comédia e bang-bang, numa lenda criada para contar a história de Beto Carrero, conforme ele sonhava em ser conhecido: o Zorro brasileiro.

Sei que existe nesse mundo (e isso é assunto para outro post) pessoas de vários tipos que sempre querem ver "sem gracisse" nessas coisas. Que não entendem o que é sonho e fantasia e o quanto tudo isso faz bem pra gente. E pior ainda são aqueles que sempre atribuem a realização do sonho à desonestidade.

A história de João Murad e tudo o que ele conquistou me enche de esperança e confiança, e talvez seja por isso que eu goste tanto daquele lugar. Ele sonhou em ser o "cowboy brasileiro" e, apesar de título não tão popular, não houve outro além dele. Ele sonhou em construir a "Disney brasileira", e ergueu. Não está pronta, e nem é tão majestosa quanto o parque americano, mas está no caminho certo. E tudo começou simplesmente com um circo.

Os maldosos, como disse acima, costumam atribuir essas coisas à atitudes desonestas, como "vender a alma". Eu até acredito que João Murad tenha vendido a alma, mas não para o diabo. Vendeu para os seus sonhos, para seus músculos e suas ideias. Vendeu para sua mente, para, com força de vontade, arregaçar as mangas e lutar por aquilo que ele queria. E tudo foi tão intenso e verdadeiro, que contagia a cada um de nós quando entramos lá e nos entregamos às viagens que cada metro quadrado do parque nos proporciona embarcar.

Sem dúvida, cada passo é uma aventura radical.



Fotos: no alto, o letreiro gigante na entrada da Fire Wip e um pedacinho dela. Foto minha
Aqui embaixo, foto de divulgação dos loopings da Star Montain

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segunda-feira, 9 de março de 2009

500 mil = 10 mil?

Hojé é aniversário de Joinville. A cidade que eu nasci e que moro desde sempre. Amo-a. Ela faz parte da minha vida e é muito importante para mim; mas tem alguns defeitos e justamente por eu amá-la tanto é que esses defeitos me entristecem.
Sei que deve ser chato para alguém que mora a 400km daqui (maioria dos meus poucos leitores) ler sobre uma cidade que quase nunca se ouve falar, mas relevem!, é aniversário dela (a cidade).
Para localizar os perdidos: Joinville é uma cidade catarinense, no norte do Estado, de colonização especialmente alemã e suíça. Seu forte são as indústrias de onde provém maior parte dos rendimentos econômicos. É o maior polo idustrial de Santa Catarina e o terceiro maior do Sul do país. É a maior cidade do Estado (sim, maior que Florianópolis) com quase meio milhão de habitantes. É o maior centro comercial do Estado com a maior indústria varejista de Santa Catarina. Se a cidade não é conhecida, mas o que se fabrica aqui, talvez o seja mais familiar para muitos: Tigre (conexões em PVC), Tupy (fundição), Consul, Brastemp e Embraco (geladeiras e compressores, sob o comando a Whirpool), Busscar (ônibus), Docol (metais sanitários), entre tantas outras. Abriga o maior Festival de Dança do mundo e é a única cidade no planeta com uma sede da Escola do Ballet Bolshoi fora da Rússia.
Pois bem. Joinville tinha, então, tudo para ser uma cidade de alto nível. Aqui não tem favelas de montão e de morro como em outras cidades do seu porte (mas existem regiões bem pobres, sim. Só não em morros), e os números de expectativa de vida, qualidade na educação de ensino fundamental, índice de mortalidade infantil e segurança são melhores que a média do país (assim como em todo Sul). Mas o que eu vejo hoje na cidade é um cenário dos século XIX: uma população bitolada e um município capitaneado pelos barões da posse.
Por isso o título desse post: eu li no último sábado numa crônica do jornal A Notícia, daqui de Joinville, que certo autor veio à cidade e disse que Joinville tinha 10 mil habitantes, o resto eram máquinas programadas para trabalhar, consumir e aceitar as "determinações" dos telejornais. E eu concordei. Vejam:
A cidade tem 5 salas de cinema (apenas!). Na verdade, eu considero só 3 (do maior shopping da região), porque as outras duas (do outro shopping) são "salas de vídeo", mal projetadas e com acústica e som horríveis, além de outros problemas. E elas nunca lotam! Quando enchem, é para filmes de qualidade questionável, ou aqueles que os "telejornais determinam que é bom". Pensemos na minha linha de raciocínio, considerando duas como "salas de vídeo" somente: uma cidade com 3 salas de cinema não se pode dar ao luxo de deixar um filme (Se Eu Fosse Você 2, por exemplo) três meses em cartaz! Bem, em Joinville pode. Porque é o único filme em meses que faz a sessão lotar.
Existe outra alternativa. A Cidadela Cultural Antarctica (já falo sobre ela) tem um espaço para o chamado "Ciclo de Cinema". A ideia é excelente, se as exibições não fossem em DVD numa cozinha! Sim, porque é um espaço quadrado, com janelas vasculante, azuleijos até a metade da parede, objetos jogados no canto, pois não têm onde ser colocados e cadeiras de plástico. Além disso, por mais bem intencionados que os produtores do "Ciclo de Cinema" sejam, poucas pessoas vão e não há divulgação decente.
Além dos 4 Sebos que vendem mais discos e revistas que outras coisas, só temos duas livrarias. Uma biblioteca pública abandonada, pequena e desconfortável e desatualizada e uma Feira do Livro anual prestes a ruir pela falta de público.
O transporte coletivo é péssimo. Poucos horários, ônibus lotados e desconfortáveis. Além de só termos ônibus como opção de transporte, a tarifa é cara e não temos, por exemplo, direito a descontos para estudantes. Daí as empresas (duas somente) colocam uma meia dúzia de linhas de madrugada (que não haviam até então) e diz instalar linhas universitárias (que vão para os maiores campus da cidade e que já existia antes) e acredita que já pode reajustar em 12% a tarifa. Mas eu não falei que eles tiraram de circulação linhas especiais como o chamado Pega Fácil (alegando que dava prejuízos), reduziram ainda mais linhas e horários e não são mais responsáveis pela manutenção dos terminais e abrigos de ônibus. Além dos corredores implantandos para agilizar as viagens, a bilhetagem automática que dispensou os cobradores, a água reutilizada para lavação dos carros e a fabricação e manutenção feitas na própria cidade pela Busscar, que reduz valores de logística, por exemplo. Mas ainda assim, a Transtusa e a Gidion são um dos capitães que mandam na cidade mais que o prefeito.
Outro capitão é a Engepasa, vulga "Ambiental" (mudou o nome a pouco). Cobra uma taxa de limpeza urbana sem critério nenhum! Antes essa taxa vinha no IPTU e custava alguns reais, ou centavos mensais. Hoje ela é mais cara que o próprio Imposto, em alguns casos.
E o pior: a população bitolada: se os estudantes fazem protestos para melhorar as condições do transporte público, são taxados pela própria população de baderneiros. Se vem um teatro de qualidade, só a muito custo para lotar. Se vem um show bom (ou não), não se alcança o público esperado. Os museus (bons, por sinal) vivem vazios, exposições artísticas não interessam pra ninguém e os nossos governantes até agora nunca investiram em turismo, alegando que a arrecadação da cidade é estritamente industrial. E quem mora aqui, não precisa se divertir?
Temos um mirante muito belo, mas abandonado, com acesso por rua de barro, sem iluminação e lá no alto, misturado a antenas de TV. A Vigoreli (chamada "praia de Joinville", apesar de não ser uma, é um lugar interessante) tem acesso horrível. Não temos um parque decente na cidade e as praças dos bairros, quase em todos os casos, estão abandonadas.
Aquela que seria a "Cidade das Flores", cujo canta o próprio hino, não passa de pedras nas praças centrais e matos nas rótulas das maiores (e ainda assim pequenas) avenidas. Aquela que seria a "Cidade dos Príncipes" nunca foi digna de realeza e nem os príncipes nunca estiveram aqui. A "Cidade da Dança" não tem apoio digno para os grupos de dança da cidade, nem espaço para se apresentar fora do Festival. A "Cidade das Bicicletas" não tem ciclovias (pouquíssimas, para não dizer que são inexistentes). Não tem um bom sistema de esgoto tratado e desemboca tudo no morto e histórico rio Cachoeira que cruza a cidade fétido e escuro.
A Cidadela Cultural Antarctica (antiga fábrica da cerveja na cidade, desativada por entraves políticos, como sempre) seria um bom projeto se não estivesse abandonada e o que existe lá, nada mais fosse que improvisações para usar o espaço como atrativo cultural...
É... por mais que eu ame a cidade e queira vê-la bem, e em situações festivas como hoje devêssemos ver o lado bom das coisas, não consigo. Muito me incomoda, me deixa desconfortável e me entristece ver que vivo numa cidade de máquinas e que muitos (políticos) aproveitam-se (ou aproveitaram-se) disso para torná-la, basicamente, um bom rosto maquiado parado no tempo, atrasado e "regredido".

A seguir, algumas fotos minhas retratando Joinville. Bem... a seguir, o olhar é de um apaixonado, não de um crítico:

Obs. 1: Apesar de tudo, ninguém pode morrer sem conhecer Joinville. Qual cidade não tem problemas? O nosso papel é só não se conformar com o que tem de errado para através do nosso incômodo nós mesmos, ou alguém faça algo para melhorar. E nós continuamos sonhando...

Obs. 2: Segue alguns links de coisas que eu escrevi sobre a cidade: Centreventos Cau Hansen; Cerveja Antarctica e Cidadela Cultural.

Lá no Set Sétima tem a crítica de Menino da Porteira. Vale a pena conferir!

domingo, 1 de março de 2009

A Teoria da Conspiração

Eu não gosto muito de fazer parte de grupinhos, ou pertencer a determinadas "associações", se pode-se chamar assim. Não sou filiado a nenhum partido, não pertenço a nenhum movimento social, embora tenha meus princípios.
Mas de todas as "associações" que conheço, a mais incrível e a que mais me chama a atenção - não por eu concordar, mas por vezes até achar graça - é a chamada "Teoria da Conspiração". Maioria de quem adere a ela não se autodeclara como participante, mas pensa exatamente como qualquer outro integrante pensaria, embora não haja reunião de "conspiradores".
Algumas coisas eu acho simplesmente curiosas. Olhar manchete e fotos de jornais (principalmente Folha e Estadão) dá um bom caldo para teorias conspiratórias.
Certa vez prestávamos atenção, em uma aula de Meios Impressos na faculdade, numa capa do Estadão com uma foto rasgada (expressão para foto grande) do Lula passando por baixo de uma cerca de arame, quase ao chão, enquanto a manchete dizia algo como "Confiança no Brasil está em queda".
A foto não tinha nada a ver com a manchete, embora subliminarmente poderíamos dizer, numa conspiração, que era o Lula que tava levando o Brasil ao chão, já que na foto o presidente estava quase caindo.
Talvez um monte de gente ache isso tudo que eu falei uma baboseira, mas então pode ser um sinal de que você não é tão conspiratório assim.
Daí tiramos mais um tanto de histórias, no mínimo, interessantes. Há que diga que o casamento da Fátima Bernardes e do Willian Bonner, da Angélica com o Luciano Huck foi nada mais que jogada de marketing da Rede Globo. E tantas outras que, como eu não sou tão conspiratório, não enxergo muito além. Só escuto longe.
E a história de que os cientistas já poderiam ter achado o remédio para o câncer e a AIDS, mas não fazem nenhum esforço para um avanço nos resultados clínicos e de pesquisa, para continuarem vendendo coquetel e quimioterapia? Há quem diga que é mais lucrativo para os laboratórios elaborarem coquetéis e remédios de quimioterapia do que vender, de uma vez, um medicamento curativo. Se isso for mais que conspiração realmente é grave.
Coisa parecida, mas menos grave é a conspiração dos vírus de computador. Alguns dizem que quem espalha os vírus são as próprias empresas fabricantes de software antivírus. Isso porque, se não tiver mais vírus, não precisa mais de antivírus, daí eles não têm mais o que vender! Será?
Tem aquelas mais difundidas, do tipo: povo educado é povo que questiona, melhor não investir na educação. Ou... se está doente no hospital, vamos deixar morrer porque é menos um pra tratar. Ainda pior: os traficantes têm de ficar impunes para os grandões da sociedade camuflarem-se melhor no meio da máfia da corrupção e das drogas...
Enfim, pode ser que essas coisas tenham lá sua lógica, mas a verdade é que em tudo podemos ver conspiração. E ela pode tanto nos ajudar a ser mais críticos e não aceitar as coisas facilmente, como podem nos cegar para o que realmente é verdade, e nos aprisionar em uma vida limitada a ver chifre em cabeça de cavalo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A New Day...

Um novo dia. Não existe nome mais propício para esse show espetacular da maior e melhor voz feminina (e arrisco dizer, até mesmo entre as masculinas): Celine Dion. Mas eu prometo a vocês que não vou falar de Celine no post todo. Vou deixar para o final, para evitar puxa-saquismos.
O show criado e dirigido pelo mesmo diretor do Cirque du Soleil, Franco Dragone, é simplesmente magnífico. O teatro construído em Las Vegas especialmente para este projeto de Celine Dion, recebe o show "A New Day", sempre com novidades, há quatro anos. Mas o que posso falar do show é somente o que vi no DVD, claro.
A direção de arte e a equipe técnica é impecável. A coreografia é magnífica e a imensidão de bailarinos com movimentos milimetricamente estudados dão um ar de excelência que o espetáculo precisa e merece. Sim, porque é muito mais que um simples show: é uma mistura de teatro, ballet, música e até cinema, no caso, musical. Isso porque um telão de alta resolução instalado no fundo do palco casa os movimentos do show, e insere todos no clime da música. Entramos no meio das ruas movimentadas de Nova York, revemos as apresentações de Frank Sinatra cantando ao lado da musa, vamos ao céu com os voos de pombos e o luar, passamos a noite e o amanhecer em ruínas que lembram as construções gregas. O telão faz pegar fogo no palco, faz nascer uma árvore que se consome ao fim da canção e, mais incrível: não no telão, mas no palco mesmo, sobem escadas, árvores, homem-flor e toda espécie de pirotécnica possível para deixar tudo ainda mais encantador.
Os aparatos tecnológicos são incríveis. Os bailarinos ficam suspensos em cabos de aço para simular um andar de bicicleta nos ares, o carregar do piano fora da gravidade, uma noiva flutuante, ou quadros com pinturas humanas vivas. Mulheres se balançam vestidas de anjo e lustres enormes pousam quase sobre o chão em certa música.
A parte musical também é igualmente impecável. A banda, escondida debaixo das escadas, faz aparições esporádicas e só em certa música; fica mais elegante, embora vejamos pouco os responsáveis pelos melhores arranjos ao vivo que já ouvi. É incrível como um teclado e um piano, instrumentos aparentemente iguais, podem se complementar. Mesmo as músicas mais antigas e até batidas de Celine ganham um encanto especial, tamanho é o poder da banda de transformar uma única música num verdadeiro show, um espetáculo emocionante. A iluminação, sem dúvida, é perfeita para ajudar nessa sensação também.
E para finalizar, é claro, não poderia deixar de falar dela, da estrela maior: Celine Dion. É incrível a potência vocal dessa mulher. Eu já apreciava o trabalho dela, mas nem tanto. Passei a admirar incondicionalmente depois de ver esse show que é uma verdadeira obra-prima, impecável. Celine consegue desde segurar uma nota aguda por longos segundos - arrisco dizer minutos - até interpretar canções com notas graves e mais calmas, sem os habituais "berros" da musa. Das mais lentas e românticas, às mais badaladas e animadas, Celine não perde a elegância. Interpeta canções em francês, italiano, canta com um vídeo de Frank Sinatra perfeitamente bem, interaje com os bailarinos e a plateia e tem uma presença de palco que é até dispensável comentar. Não tem o que falar sobre a voz de Celine. Ao primeiro tom, a primeira nota, a primeira palavra proferida pelo seu timbre maravilhoso, ficamos pasmos pelos 90 incansáveis minutos de show.
O DVD tem extras. Nenhum em português. Vemos os bastidores do show, do momento que a cantora sai de casa até a hora que ela volta, depois do show. Encontros com fãs do mundo todo, inclusive com dois brasileiros, e entrevistas sobre a história do show "A New Day".
Vale a pena conferir. Pra quem não gosta de Celine Dion, pelo menos uma música ou outra. Para quem gosta dela, o DVD é um ótimo investimento. O encarte é muito bem trabalhado e as fotos fazem jus a grandiosidade do espetáculo.
Simplesmente magnífico, marcante, inesquecível. Eu ainda vou para Las Vegas...

Lá no Set Sétima tem a crítica de "Foi Apenas um Sonho", filme que reuniu novamente o casal de "Titanic": Kate Winslet e Leonardo di Caprio. Dessa vez, não tem Celine Dion com "My Heart Will Go On", não.