segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Na era do YouTube e dos fast textos, por que mantenho um blog?


Vivemos em uma época extremamente difícil para todas as pessoas que se propõem a desenvolver conteúdo de qualidade, especialmente no formato de textos. A leitura tem se tornado uma prática cada vez menos presente no dia a dia das pessoas. Obviamente que é fácil relativizar essa informação. De algum modo podemos dizer que nunca lemos tanto quanto atualmente. Por outro lado, qualquer texto com mais de quatro linhas é taxado de “textão”, para a fúria e o escárnio das pessoas nas redes sociais. Quer dizer, as pessoas até leem, mas desde que sejam textos rápidos, curtos e diretos. Para tanto, não é difícil vermos produtores de conteúdo recorrendo a imagens e vídeos como forma de garantir a atenção do público.

Diante disso, por que eu insisto em continuar com um blog? Quem é que reserva minutos dos seus dias para ler textos longos em um espaço como este? Por que não escolher outro formato? São perguntas que, não raro, eu faço a mim mesmo. Permitam-me, portanto, dividir minhas reflexões e inquietações com vocês.

Sinceramente, não faço ideia de quem é que acompanha O Andarilho. Não tenho leitores fixos, mas os indicadores mostram que sempre tem gente por aqui. Tomei como meta deste 2018 atualizá-lo com regularidade, até por uma questão de necessidade, tendo em vista o lançamento de Em Busca do Reinado e, com ele, o fato de eu precisar de projeção para fazer esse projeto dar certo. E escolho permanecer no blog porque eu vivo de texto. Na minha concepção, ele permite que o interlocutor absorva melhor o conteúdo, porque é possível retornar a um tópico anterior, acompanhar a discussão na velocidade que preferir, comparar com outros textos ao mesmo tempo, além de exigir mais exclusividade na atenção. Basta ver que muitas pessoas acompanham vídeos ao mesmo tempo que executam outras atividades.

Isso não quer dizer que eu condene, não goste ou não veja valor em outras plataformas. Pessoalmente, sou fã de conteúdo em áudio, como podcasts, e também vídeos. Já trabalhei com jornalismo televisivo (e quem acompanha ou passeia um pouco aqui pelo blog pode ver que eu falo muito de TV) e meu Projeto Experimental na faculdade para conclusão do curso foi um radiodocumentário. A questão é que eu entendo que, num mundo em que o texto está cada vez mais desvalorizado, manter um blog é uma questão de princípio.

A deficiência na leitura está afetando os leitores

Meses atrás eu conversava pelo Twitter com uma amiga minha sobre um mal que tem acometido ela e muitas outras pessoas declaradamente leitoras: elas estão tendo dificuldade em ler livros. Simplesmente não conseguem. Quer dizer, acompanhar uma obra literária tem sido uma tarefa cada vez mais penosa e menos prazerosa a cada dia. Alguns textos que essa minha amiga indicou nessa conversa atribuem este fato ao excesso de micro-textos a que somos submetidos todos os dias, dificultando o processo de concentração na hora de encarar uma quantidade maior de palavras.

Eu acho isso extremamente preocupante. Não só porque eu sou um escritor, mas especialmente porque tal realidade demonstra uma questão extremamente grave na nossa sociedade: as pessoas estão perdendo a capacidade de se informar.

É só reparar nessa onda de meias-informações, consequência de gente que só lê manchetes e não está nem aí para os textos. Também há as fake news (notícias falsas), sintoma de quem não está aberto a questionamentos sobre aquilo que tem como verdade. Daí, essas pessoas espalham informações falsas para dar voz às suas próprias convicções. Há o mal das problematizações sem sentido, causada por uma necessidade de atenção, que impede de ponderar argumentos e evitar expor pessoas e lugares por questões menores; e, o pior de tudo, a falta de leitura empobrece a busca pelo conhecimento, as discussões, o aprendizado (escolar ou não), a capacidade de argumentação, o vocabulário, o respeito à língua portuguesa (evidenciado pelo pavoroso estrangeirismo) e o conhecimento da nossa gramática.

Dessa lista, a informação via manchetes e as fake news precisam ser abolidas do nosso dia a dia. Estarmos atentos a correntes de Facebook e WhatsApp é um passo fundamental para não cairmos nesse erro. Contudo, ninguém deve deixar de problematizar, até porque, creio, essa é uma ferramenta democrática e essencial para o diálogo em busca de uma sociedade melhor. E, afinal de contas, não é isso que fazemos num blog na maior parte do tempo? A questão é o que, por que e como problematizar. 

Ao mesmo tempo, também não deixaremos de usar nossos belíssimos regionalismos, as práticas palavras do chamado internetês, gírias ou expressões estrangeiras. O importante é não perdermos o respeito, o amor e o cuidado com o nosso idioma, tão menosprezado — especialmente entre os que cultivam o complexo de vira-lata, dizendo que tudo que é do Brasil não presta.

Ter e manter um blog é, portanto, uma iniciativa de valorização do texto. É buscar enriquecimento intelectual por meio de discussões profundas, sadias e respeitosas. É trocar conhecimento de qualidade, não perder o hábito da leitura e não permitir que os fast textos nos engulam.

É por tudo isso que mantenho um blog. Eu gosto de ler, gosto de escrever e penso que esses são alguns dos caminhos essenciais para transformarmos para melhor nosso país. Se estivéssemos mais abertos a novos conhecimentos, a discussões saudáveis, ao diálogo, à leitura e à informação, certamente estaríamos — não só o Brasil, mas o mundo — em uma situação de mais paz e compreensão mútua com as diferenças.

Meu blog é muito pequeno para conseguir tudo isso e estou longe de propor essas discussões mais profundas e sérias. Mas é o meio singelo que eu disponho para lutar.

A palavra escrita representou uma revolução para o conhecimento da humanidade, e continuo acreditando firmemente que ela ainda tem esse potencial.

Nada superará o texto. É por isso que estou aqui.

"Milhares de pessoas acreditam que ler é difícil, ler é chato, ler dá sono, e com isso atrasam seu desenvolvimento, atrofiam suas ideias, dão de comer a seus preconceitos, sem imaginar o quanto a leitura os libertaria dessa vida estreita. Ler civiliza"
Marta Medeiros

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O meu balanço de 2017


O mundo todo já está com o primeiro pé em 2018. Li muito por aí que a virada de ano é um período que não significa nada porque o tempo e a marcação de dias, meses e anos é apenas uma convenção humana. Assim, o passar das horas não tem poder de mudar nada o rumo das coisas. Eu não penso dessa maneira.

É verdade que, para muitos, existe uma questão mística envolvendo o início de um novo ano. Algo a ver com ciclos ou coisa do tipo. Mas para além disso eu acredito que novos anos tragam possibilidades simplesmente porque eles são usados para marcar situações importantes na vida. Vou dar exemplos para me fazer ser melhor compreendido.

Um ano novo pode significar o ano do fim de um ciclo de estudos (formatura). Ou mesmo o início de um período letivo. Até mesmo o retorno ou retomada dos estudos. Os anos demarcam a duração de governos, que impactam diretamente na nossa vida (este 2018, aliás, será muito importante para o Brasil). É com o passar dos anos que a poupança acumula juros e que os anos acumulam os prazos para aposentadoria (outro assunto importante neste novo ano). Com o passar dos anos acumulamos experiências profissionais e de vida. Enfim, por mais que não exista uma crença na mística dos novos ciclos, um novo ano impacta diretamente na nossa vida. E se não fosse por tudo isso, pelo menos pela repetição de datas que inevitavelmente passamos: novas eleições, novas datas comemorativas, novas estações do ano.

Disse tudo isso apenas para defender a validade das expectativas que acumulamos frente à entrada de um novo ano e os costumeiros balanços que fazemos do período que passou. Eu, que desde sempre amo fazer esse tipo de trabalho, estou aqui para, de alguma forma, tornar público o meu balanço pessoal de 2017, com vistas às expectativas para 2018.

Se você estiver com paciência, convido para seguir comigo!

Uma ilha de positividade em um ano desafiador

 

Praia central de Balneário Camboriú

O ano começou de forma divertida e improvisada. Passei a virada acampado em um estacionamento de motor-home no Centro de Balneário Camboriú (SC) sem estrutura alguma para camping. Para vocês terem uma ideia, a porta do banheiro não fechava e, para conseguirmos entrar e sair, precisávamos andar de lado, de tão apertado que estava o espaço. A barraca espremia-se entre os motor-home posicionados estrategicamente um ao lado do outro para que coubessem naquele terreno minúsculo. Ironicamente, esta situação viria a ser uma boa ilustração do ano que estava começando.
Isso porque, apesar das condições precárias, a experiência foi divertida. Não precisei me incomodar com o trânsito porque conseguia fazer tudo a pé, o que me permitiu curtir a praia sem preocupação com a trovoada de fim de tarde e sair à noite sem ter problemas na hora de voltar.

Assim foi meu 2017: as coisas ao meu redor estavam ruindo. O país em crise, desemprego e desaceleração econômica impuseram uma série de aflições e retrocessos sociais (como a reforma trabalhista), as notícias de corrupção, por vezes, chegavam a nos fazer desanimar de trabalhar para construir um país melhor e, inevitavelmente, todos esses fatos acabam por refletir no nosso dia a dia. Guerras, violência e notícias tristes mundo afora me causaram repulsa dos noticiários.
Como de quase todo mundo, minhas finanças estiveram em frangalhos, impondo mais um ano de estagnação financeira, poucas conquistas materiais e muitas dificuldades.

Felizmente, alguns outros acontecimentos favoreceram para que todas essas rés ficassem pequenas diante das coisas positivas. E posso assegurar para vocês que a maior e mais importante conquista de 2017, sem dúvida alguma, foi o financiamento do meu livro, Em Busca do Reinado, que consegui via Catarse. Essa conquista permitiu que eu já tivesse assegurado o primeiro fato positivo de 2018: o lançamento desse trabalho.

Em Busca do Reinado representa um sonho de criança, um projeto que eu venho desenvolvendo há
uma década e que ainda estou trabalhando, porque o lançamento será apenas da primeira parte da história, forçosamente dividida em duas por conta dos custos de produção. Além disso, a campanha para financiamento me permitiu conhecer autores independentes, retomar o contato com meus professores e colegas do ensino fundamental, com pessoas distantes da família e, sobretudo, me sentir amado e especial. Nesse caminho, pude verificar quantas pessoas torcem por mim e acreditam no que faço.

Além dessa inesquecível conquista, tive a felicidade de ser aprovado no vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para cursar licenciatura em Letras e reajustar minha carreira para um rumo que eu entendo como necessário: eu quero ser mais útil, efetivamente, para a construção de uma sociedade melhor e creio que a educação seja o caminho mais adequado para isso. Infelizmente, o jornalismo tem ruído diante da realidade da sociedade (assunto para um novo post do blog, inclusive) e não vejo como, nele, vou conseguir contribuir para um país melhor.

Por conta de algumas felicidades inesperadas, pude fazer algumas reformas urgentes no meu apartamento (não era questão de luxo, mas de necessidade). E por falar em apartamento, pude escriturá-lo. Ainda faltam algumas etapas, mas o principal já foi feito!

E minha felicidade foi mais completa porque pessoas próximas a mim tiveram conquistas importantes: minha irmã começou a faculdade, minha mãe conseguiu se aposentar e o meu namorido, enfim, terminou a faculdade de educação física. Aliás, ele teve um ano incrível de experiências profissionais revigorantes que o permitiram ter ainda mais certeza do caminho profissional que ele escolheu, da educação — o que acabou afirmando para mim mesmo que este é o caminho que quero.

Sem nenhuma ocorrência grave na saúde, com todas as pessoas queridas por mim bem, 2017 entra para a minha história como um ano bem especial, por pior que estivesse o país, o pensamento da sociedade e a situação dos nossos direitos. E ainda que não tenha havido estabilidade financeira, qualquer viagem inesquecível ou coisa do tipo, pude acumular conquistas que me fizeram esquecer os fantasmas que me rodeavam, da mesma forma que as atividades em Balneário Camboriú fizeram menor a falta de estrutura do local em que pousei na virada do ano passado.

E você, já fez o seu balanço de 2017? O ano foi mais positivo ou mais negativo para os seus projetos? Conte nos comentários e vamos dividir experiências!

Independentemente de como tenha sido, faço votos de que em 2018 tenhamos conquistas mais positivas e muitas coisas melhores no lado bom da balança. Temos 365 dias de novas oportunidades. Que elas venham e que sejam maravilhosas!

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Gosta de literatura fantástica? Conheça "Em Busca do Reinado"!


Animais Fantásticos e Onde Habitam 2, o segundo filme pós-Harry Potter ambientado no mundo bruxo criado por J. K. Rowling só será lançado em novembro de 2018.



A última temporada de Game of Thrones, outra saga fantástica em alta atualmente, só voltará à HBO em 2019. O sexto livro da série, no entanto, escrita por George R. R. Martin, não tem nem uma previsão exata para chegar ao Brasil.



Do universo da Terra-média, de J. R. R. Tolkien, não teremos mais nada por um bom tempo. Christopher Tolkien, filho do criador de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, lançou agora em 2017 o romance póstumo de seu pai, Beren e Lúthien, e já avisou que, por conta da sua idade avançada, não conseguirá mais editar nada do universo fantástico criado por Tolkien. Novos filmes? Nem pensar! A família não concorda com adaptações. Tradução brasileira para o romance recém-lançado? Também não há previsão.

Diante desses fatos que deixam os fãs de literatura fantástica na expectativa, o jeito é conhecer novas histórias. Longe de se comparar à grandiosidade de qualquer uma dessas três citadas, mas é interessante e importante ressaltar a chegada de uma nova saga ao mercado editorial brasileiro: Em Busca do Reinado.
A história é de autoria de Juliano Reinert, este que vos fala. =)

Se vocês quiserem dar uma chance a Em Busca do Reinado, é só contribuir com a campanha para arrecadação de fundos para publicação do livro no Catarse. É preciso alcançar o valor de R$ 13,8 mil para que o projeto se torne realidade e você possa conferir:

* Uma nova saga fantástica para se emocionar;
* Uma história de alta literatura fantástica brasileira;
* A história de quem foi o Andarilho de Tedawer Lorcb, que dá o título a este blog.

Além disso você:

* Estará auxiliando na concretização de um sonho;
* Estará contribuindo para um autor independente;
* Estará apoiando a literatura brasileira.

Acesse o site da campanha, conheça o projeto e contribua! O livro sai já neste ano! Dá tempo para você conhecer essa nova história e ainda a tempo de retomar as sagas que você mais ama.

Conto com você! =)

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

domingo, 6 de agosto de 2017

A volta da Xuxa que nos encantou

Xuxa Meneghel é um inquestionável fenômeno da história da televisão brasileira. Não é uma figura unânime, é verdade, mas inegavelmente ela foi importante para muita gente (eu inclusive, e é bom que isso fique bem claro desde aqui), seja porque divertia nossas manhãs, seja porque despertou em muitos meninos e meninas muitos sonhos, muita criatividade, muita imaginação.

Xuxa em "Xuxa no Mundo da Imaginação": lento e sem graça
Portanto, era triste observar a decadência que a eterna Rainha dos Baixinhos vinha protagonizando de uns anos para cá. Desde 2002, quando ela decidiu interromper a carreira que vinha construindo com foco no público adolescente para reembarcar em um projeto infantil a bordo do pavoroso Xuxa no Mundo da Imaginação (2002-2004), a senhora Meneghel não acertou a mão em nenhum novo programa.

Seu TV Xuxa (2005-2014) mudou de público, de horário, de formato, de tom, de dia de exibição, enfim, incontáveis vezes. Era uma espécie de tapa-buraco da Rede Globo. Até que a emissora dos Marinho desistiu: Xuxa era aquele tipo de tralha que a gente guarda em casa unicamente pelo valor sentimental, mas sem utilidade alguma. Depois de meses na geladeira, a loira se tocou que não era mais indispensável para a emissora carioca e decidiu se aventurar na TV do bispo Edir Macedo.

O primeiro programa na Record: chato e sem conteúdo.
Quando chegou à TV Record, em 2015, eu, pessoalmente, queria muito que esse projeto desse certo. Xuxa tem carisma, tem história, tem bagagem para assumir um programa de TV. Mais que isso: precisava de uma casa que acreditasse nela, que a desse espaço e que não a encarasse apenas como um tapa-buraco, mas como uma peça-chave, fundamental para os bons números de uma emissora. E a Record, ao que parecia, estava confiando nisso. Faltava à emissora da Universal um programa que saísse daquele melodrama de assistencialismo chato, ou do jornalismo policialesco, ou das novelas bíblicas sem criatividade, e trouxesse algo novo. Xuxa representava isso.

Porém, o Xuxa Meneghel não tinha assunto! Depois de relembrar o passado construído na Globo, a loira não tinha mais o que dizer. Ela levou a Cláudia (do meme), visitava as pessoas que a apreciavam por seu trabalho no Xou da Xuxa, enfim... era um ode ao passado. Ruim para a Record, porque Xuxa não estava construindo uma nova estrada, mas insistindo em olhar para trás, para a Globo, e ruim para a própria Xuxa que, aos poucos, começava a ficar chata e entediante, inclusive para mim.

Nos tempos áureos do Xou da Xuxa, onde ela parou no tempo
No início, resolvi acompanhar todos os Xuxa Meneghel. Conforme as semanas foram passando, essa tarefa começou a se tornar cada vez mais obrigatória e menos prazerosa, até que desisti completamente. A Record também desistiu, porque tirou Xuxa da apresentação ao vivo e passou a gravar o programa. Foi a primeira baixa.

A audiência era a prova de que o desinteresse não era um caso isolado meu. E bastava eu lembrar que existia um programa da Xuxa às segundas-feiras e resolver sintonizá-lo, para sentir aquele embaraço, aquele tédio. Era impossível digerir o programa até o final. Ele simplesmente não tinha conteúdo, resumindo-se a brincadeiras entediantes, convidados desconhecidos de atrações desconhecidas da Record e da Xuxa se engalfinhando com seu namorado.

Dancing Brasil: o renascer de Xuxa


O que nos traz ao Dancing Brasil. Formato original da ABC norte-americana, baseado no Dancing With The Stars, a atração reúne famosos disputando um prêmio em dinheiro. Para chegar a ele, os convidados devem passar por uma série de provas que consistem em dançar diferentes ritmos musicais a cada semana. Aqueles que recebem a pior nota do júri são eliminados pelo público.

Se lá fora o interessante é acompanhar artistas não familiarizados com as pistas de dança aprenderem ritmos diferentes a cada programa, aqui a atração principal é Xuxa. Sim! Finalmente a loira se encontrou, por mais que a rigidez da direção (que acaba estragando todos os realities da Record, por tirar a desenvoltura e a naturalidade dos apresentadores) obrigue a apresentadora a se ater totalmente ao teleprompter.

Os convidados são completamente inexpressivos. É um conjunto de artistas da Record, que se perdem naquelas novelas repetitivas e maçantes. Mesmo que muitos sejam ex-globais, tenham carreira no teatro e até passagem pelo cinema, a Record estraga com todos, por envolvê-los em projetos incapazes de extrair alguma memória afetiva popular (com raras exceções, uma delas, justamente por ser um ponto fora da curva, divide a apresentação com Xuxa: Sérgio Marone). Um leve destaque se dá por aqueles que não têm carreira na Record, como músicos e atletas. Mas nem todos são unanimidade. Então, em geral, não são os artistas fazendo papel de dançarinos que emprestam algum divertimento ao programa. Tudo é Xuxa.
Enfim, Xuxa se encontrou no "Dancing Brasil".

Xuxa dança (ao contrário dos apresentadores desse programa nos diversos países para os quais é licenciado), contraria os jurados (é o escape de personalidade dela que ela consegue imprimir ao show), faz piada com os convidados e se porta como aquela tia que não entende de nada do assunto, mas diverte pelos seus comentários non sense.

Finalmente, portanto, temos a Xuxa que todos gostamos de volta à TV. E eu esperei terminar uma temporada do Dancing Brasil para ver se o ritmo (perdoem o trocadilho) desse programa não iria cair, como aconteceu com o Xuxa Meneghel. E não! Xuxa só melhorou: começou a ficar mais à vontade à frente do programa e levantou a audiência da Record, fato impensável no seu programa anterior. Tal fato demonstra a aceitação do público e o quando a loira, dessa vez, está agradando.

Enfim, Xuxa tem tudo para voltar a divertir a todos verdadeiramente. Precisou ela entender que, para isso, era necessário pavimentar uma nova estrada, e não ficar resgatando as coisas lá de trás, por mais incríveis e memoráveis que elas tenham sido. Confesso que sinto um pouco por ela estar fazendo isso utilizando-se de um formato não original, licenciado. Mas, quem sabe, esse seja o primeiro passo para que ela venha nos brindar com novas atrações, que reacendam o encanto que a eterna Rainha dos Baixinhos (e agora dos bailarinos) sempre nos proporcionou.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Em Busca do Reinado vai sair!

Finalmente Em Busca do Reinado tem tudo para sair do papel. A história, que já escrevo há dez anos e está na minha mente há pelo menos 14, responsável pelo nome deste blog e de tantas outras coisas na minha vida, está em vias de se tornar realidade.

Por conta disso, eu estou em uma verdadeira batalha para levar o nome desse livro ao máximo de pessoas possível! Há mais de um ano eu comecei a pesquisar intensamente diversas maneiras de publicá-lo. Inclusive compartilhei isso aqui com vocês. E creio já ter encontrado a melhor maneira de fazer isso. Por enquanto, por questões estratégicas, ainda não vou revelar qual é esse método. Contudo, o que posso adiantar é que vou precisar muito da ajuda do máximo de pessoas possível.

É por essa razão que criei meu terceiro blog: Em Busca do Reinado. Até a publicação do livro, ele vai servir como uma espécie de QG para concentrar todas as ações de divulgação. Depois, será o melhor espaço para discussão da história, da continuação dela, e de outras que eu vier a criar.

Então, convido você, leitor d'O Andarilho, a visitar também esse novo blog. E mais que isso: divulgá-lo o máximo possível. Eu gostaria muito de ter condições de estruturar uma estratégia de marketing mais agressiva. Mas esse trabalho está sendo desenvolvido exclusivamente por mim, e meus recursos são limitados para ganhar um grande alcance. Diante disso, o que me resta são os resultados orgânicos. E para isso, vou precisar muito do apoio das pessoas que me acompanham, que torcem por mim e também daquelas que, apesar de não me conhecerem, mas acreditam e confiam de alguma maneira no meu trabalho.

Muito em breve vou revelar em detalhes como vai funcionar esse processo de dar vida a Em Busca do Reinado. Até lá, espero contar com a sua ajuda para ampliar essa rede de amigos conectados a esse projeto.

Desde já agradeço muito a vocês!

Um forte abraço.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

domingo, 14 de agosto de 2016

Wanessa Camargo: uma estrada de 15 anos recomeçada do zero

Não é novidade para quem me conhece que eu acompanho o trabalho da Wanessa Camargo desde o início da carreira. Chorei ouvindo o CD, tentei “converter” o máximo de pessoas a gostarem, defendi os álbuns até mesmo em trabalhos na faculdade. Tudo isso desde o início da carreira, quando ouvi pela primeira vez O Amor Não Deixa. Aqui no blog, fiz até uma tag “Série Wanessa” pra divulgar e falar do trabalho dela.

Receio que este seja um dos últimos posts da Série Wanessa.

Para quem não a acompanha, explico o porquê desse post e o motivo da minha insatisfação. Recentemente a cantora começou a divulgar músicas do seu novo álbum de estúdio, o oitavo (sem contar os que são ao vivo). E eis que a sonoridade apresentada é completamente diferente de qualquer coisa que ela já fez até aqui. As duas primeiras músicas, Vai Que Vira Amor e Coração Embriagado, são o que existe de mais sem criatividade no sertanejo atual. É o tipo de música que só muda a letra, porque qualquer canção, de qualquer artista ou dupla que faça esse estilo, tem exatamente a mesma levada, o mesmo ritmo. Cansativo, para dizer o mínimo.

Mas por que isso é ruim? Ela não pode mudar o estilo?

Olha, poder, pode. Ela faz o que quer com a carreira dela e eu não sou ninguém para impedir ou chamar a atenção. Se nem a gravadora conseguiu pará-la com essa ideia maluca (o que resultou na rescisão do contrato), o que eu poderia fazer? No entanto, a questão principal é: o que ela ganha com isso? Qual a estratégia por trás dessa reviravolta? Quem é Wanessa Camargo na música brasileira? É o que vamos discutir juntos. Siga comigo!

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Trabalhar com sonoridades diferentes não é algo incomum no mundo da música


Seria desonesto dizer que artistas não podem trabalhar com sonoridades diferentes daquelas que normalmente atuam. Os exemplos estão aos montes por aí. Lá fora, Lady Gaga abandonou por uns momentos o pop para fazer um trabalho no jazz ao lado do renomado Tony Bennett. E ela não foi a primeira a fazer parceria com o cantor. Christina Aguilera e Amy Winehouse também já fizeram projetos similares. Mas perceba que nem Bennett, nem qualquer uma das três cantoras abandonaram a originalidade da sua arte para encabeçar um projeto alheio ao que se propõem. Em todos os casos, foi uma iniciativa paralela, complementar, que só acrescentou à carreira de todos eles.

E mesmo quem mudou de estilo conseguiu fazer essa transição de uma maneira muito estratégica, respeitosa com seu público e natural. É o caso de Taylor Swift. A antes princesa do country, hoje trabalha com uma sonoridade focada no pop. Contudo, isso não aconteceu de uma hora para outra. Primeiramente que o trabalho dela já atingia muito do público que consumia música pop. Aproveitando esse nicho, as composições da cantora começaram a misturar sonoridades (o que pode ser percebido mais nitidamente no álbum Red), até migrar completamente com o mais recente 1989.

Arquirrival de Swift, Katy Perry também mudou a sonoridade. Mas aqui por conta de uma realidade bem diferente. Perry fazia música gospel e não se sentia realizada neste tipo de música. A falência da gravadora com quem ela havia lançado um álbum só aumentou a insatisfação com o seu trabalho, e ela resolveu rumar para o pop. Essa mudança, no entanto, era consciente e planejada. Katy queria outro público, outra música, outro alcance.

Trazendo para a realidade brasileira, foi algo parecido com o que aconteceu com Sandy. A filha de Xororó encerrou a dupla com o irmão e, por consequência, desligou-se do pop romântico, investindo em algo que já fazia parte dos seus gostos pessoais há muito tempo: a MPB, ou pop alternativo. O público da cantora, conhecendo ela e a verdade nessa nova proposta, a seguiu e, desde então, ela permanece com uma carreira de sucesso e uma consistência exemplar.

Também no Brasil, Ivete Sangalo, nascida do axé, já realizou trabalhos em MPB, fez parcerias com cantores sertanejos e até lançou um álbum infantil. Mas da mesma maneira que as parceiras de Tony Bennett, foi uma iniciativa à parte, paralela ao seu trabalho original. O axé sempre se manteve.

Portanto, essa experimentação é positiva e rica para qualquer artista. Faz com que ele cresça e experimente sons e realidades que ampliam suas próprias perspectivas dentro do seu trabalho. A mistura de sonoridades é algo extremamente bem-vindo na música e só é alcançada quando acontecem essas misturas. Mas esse, infelizmente, não é o caso da Wanessa. E eu vou explicar por quê.

Com aposta no sertanejo, Wanessa Camargo mostra sua falta de identidade


Wanessa Camargo começou fazendo o que a indústria fonográfica chama de teen pop. Era um pop romântico voltado majoritariamente ao público adolescente, similar ao que faziam na época Sandy & Junior, KLB, SNZ e Felipe Dilon, só para citar alguns exemplos. Por isso, é mentira dizer que ela está “voltando às raízes”. Ela nunca cantou sertanejo nos seus álbuns. Existem apenas duas composições e uma música vertida para o português assinada pelo pai da cantora, Zezé di Camargo. Questionado sobre a razão de não escrever mais músicas para a própria filha, Zezé disse, à época, que era porque ela fazia uma música muito diferente da que ele faz.

No segundo álbum, e eu já relatei isso aqui, Wanessa dizia que estava buscando uma sonoridade “muito mais pop”. Sempre disse que se espelhava em Madonna e, enquanto seu pai escutava as músicas do gosto dele, ela sempre procurava por Michael Jackson e Abba.

A neta de Francisco saiu do teen pop com o maduro W: um álbum com uma pegada bem mais consistente e letras mais densas, compostas por batidas underground e guitarras bem marcadas que davam uma encorpada nas canções de uma maneira espetacular, mesmo nas faixas mais românticas, como Não Resisto a Nós Dois. Decididamente, isso não tem nada de sertanejo.

Se há algo de “sertanejo” na carreira de Wanessa é o Total, inclusive um dos álbuns que mais gosto dela. Não por ser o melhor, mas por fazer mais o meu estilo pessoal. Aqui, a cantora veio com uma proposta muito parecida com Shania Twain, em um country pop muito similar ao que Taylor Swift fazia. Ainda assim, não era sertanejo, no sentido mais bruto da palavra. Tem até um forró no meio — duramente criticado pelos fãs, inclusive —, mas era apenas uma faixa em um álbum que, apesar de menos pop (não ausente de pop), retratava o momento pessoal dela: apaixonada e recém-casada, as músicas vieram mais doces, leves e românticas.

Ao migrar, de fato, para o pop, Wanessa contemplou um público que já a acompanhava e que gostava desse estilo. Quem ouvia a garota Camargo também ouvia Britney Spears (não à toa ela foi capa da revista Vip com a chamada “A nossa Britney), Beyoncé (inclusive ela fez o show de abertura da apresentação da musa norte-americana) e Madonna (de quem Wanessa fazia covers constantes em seus shows). Talvez tenha causado algum estranhamento em alguns fãs mais acostumados com uma levada mais romântica, mas não foi uma troca de público. Apenas uma decisão mais firme baseada nas preferências pessoais e na naturalidade que seus seguidores teriam em migrar para este novo momento.

Apesar do álbum Meu Momento, o primeiro dessa época, ser um desastre, e ter músicas dignas de vergonha alheia (como a dispensável Máquina Digital), Fly foi extremamente bem elogiada. Quem a acompanhava sabia que era um projeto quase que experimental. Ou seja, Wanessa estava tentando encontrar a melhor música para essa sua nova fase e sua plateia sabia disso.

No entanto, depois de se firmar neste estilo, conquistar um público bem específico (com muita dificuldade, diga-se de passagem), Wanessa sai das pistas para gravar um arrocha muito tosco. Ignora o já conquistado, choca os fãs, muda a sonoridade e abandona toda a trajetória trilhada até então.

A justificativa, martelada por muitos veículos de imprensa e sustentada pela própria cantora e sua equipe, é de que Wanessa estaria “voltando às origens”. Mentira! Pode ser um retorno às origens da família. Mas da carreira, não. Ela nunca cantou o que está cantando agora. E mesmo se considerarmos que ela está retornando às origens familiares, nem isso é verdade. As músicas apresentadas até agora em nada se parecem com o que seu pai faz, nem com que Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo — citados como referência — faziam. Wanessa apresenta um sertanejo universitário, preguiçoso e sem identidade.

As possíveis razões para essa mudança


Wanessa não é burra. Na “era DNA”, ela chamou Naldo para compor uma música para ela. O cantor, febre nacional depois da horrorosa Amor de Chocolate, fez a igualmente medonha Deixa Rolar. Infelizmente, Naldo já tinha caído no esquecimento e a cantora não conseguiu aproveitar o sucesso do colega para ganhar pontinhos nos charts também.

Aí está só um exemplo de como ela sempre esteve bem atenta ao momento da música. Investir no sertanejo é um movimento natural de quem quem aproveitar a demanda que existe por esse estilo musical. Desespero por dinheiro? Não, eu não diria isso. Inclusive porque Wanessa não precisa e porque isso é desmerecê-la. É apenas uma necessidade pessoal, vejam:

Wanessa vinha se apresentando em boates. A DNA Tour não conseguiu levar aquela estrutura do DVD Brasil afora. Com aquele formato, o show passou apenas por três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e acumulou fracasso de público fora da capital paulista. Algo que Wanessa sempre deixou nítido foi seu desejo de estar no palco, de fazer um show bonito, com uma estrutura bacana, para um público grande. E imagino ser frustrante para ela se apresentar em lugares que, depois dela, semanas depois recebiam pessoas do calibre de Inês Brasil. Nada contra Inês, mas é que o tipo de trabalho que ela faz é um abismo de diferença do que o apresentado por Wanessa, não é verdade?

Portanto, olhar fenômenos do sertanejo como Marcos & Belutti, Henrique & Juliano, Luan Santana, Gustavo Lima, Maiara & Maraisa lotarem estádios e casas de shows, além da experiência do próprio pai e tio, certamente causou um desejo de mudança, uma necessidade de conquistar aquilo ali. No lugar de batalhar na música que vinha fazendo para garantir seu espaço (o que se conquista com o tempo, não de um trabalho para outro), ela foi pelo mais fácil: trocou o estilo, gravadora, empresário e começou a fazer música “linha de produção” para abocanhar um público que naturalmente já acompanha artistas desse estilo.

O triste é que Wanessa Camargo chegou aqui, depois de mais de 15 anos de carreira, sem nada. Ela não tem um estilo, não tem um público crítico e fiel que a acompanha (com raras exceções, os fãs que permanecem com ela o fazem pela pessoa incrível que ela é, além de se importarem menos com a música), além de ter jogado fora uma legião de pessoas que haviam acreditado nela depois dos trabalhos mais recentemente lançados.

Ou seja, com sorte, pode ser que este seja um bom momento para a carreira dela. Por quanto tempo isso vai durar e se vai ser algo memorável, digno de ser lembrado daqui alguns anos, só poderemos ver mais adiante (eu acredito que não). Espero, sinceramente, que um dia ela encontre sua verdadeira identidade e siga um caminho bem definido. Não adianta dar a desculpa de que pessoas mudam e que isso é natural. Os fãs atuais do ACDC não os acompanhariam se eles decidissem fazer country music. Os fãs do Wesley Safadão não o acompanhariam se ele decidisse gravar música erudita. Essas mudanças bruscas na carreira de qualquer artista, quando não calculadas e com um objetivo bem definido, são irresponsáveis e injustificáveis.

Só espero que Wanessa um dia entenda isso para observar que o que ela está fazendo não é sinônimo de maturidade. É uma prova de desrespeito e indecisão.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Alerta: em hipótese nenhuma compre um Windows Phone



Windows Phone é bom?, você poderia em algum momento perguntar-se. Talvez até tenha chegado a esse texto digitando algo assim no Google. Então... sinto dizer, categoricamente, que não. Definitivamente, é uma porcaria. Uma vergonha. Se eu fosse um executivo da Microsoft jamais queimaria meu filme, prejudicaria a imagem da empresa, autorizando que fosse comercializado algo tão ruim quanto um Windows Phone. Portanto, reforço o alerta: em hipótese nenhuma compre um Windows Phone.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Você poderia me perguntar: “mas você tem um Windows Phone pra poder falar tão mal dele?”. Sim, tenho — respondo. Um Lumia520. Daí você pergunta de novo: “Mas se é tão ruim, por que você tem um?”. Essa é uma pergunta pertinente, então vamos contextualizar — e creio que essa contextualização é bem importante para vocês verificarem como o que eu estou dizendo aqui não é nenhuma cisma com o Windows Phone.

Cheguei a ele primeiramente por causa do design. De fato, os aparelhos da Microsoft têm um desenho clean e atrativo. Não são aquelas coisas horrorosas da Samsung — parece mais um tablet do que um celular e nem cabe no bolso — nem aqueles modelos pesados da LG, Motorola ou Sony, tampouco caros como um iPhone. Então do ponto de vista estético, ele é bem bacana. Bonito.

E aqui vocês podem reparar em uma coisa sobre mim: eu não sou nem um pouco chato para as características técnicas dos smartphones. Muita gente faz a peneira pela qualidade da câmera, o espaço de armazenamento, a velocidade do processador, enfim. Mas para mim essas coisas nem são lá tão importantes. Meu nível de exigência para atributos técnicos é bem baixo, até porque não sou alguém que vive grudado no celular. Não sou maníaco por gadgets, não fico o dia inteiro na internet, não gosto dessa coisa de a toda hora estar conectado, mal uso o WhatsApp (sou daqueles que continuam no SMS), não faço questão de ficar compartilhando tudo o que estou fazendo a todo momento.

Sendo assim, por mais que tivessem me alertado pelo tamanho da ruindade que é um Windows Phone, ignorei: achei que fosse implicância de programador, de gente da TI. Pensei que fosse aversão típica dos fãs da Apple. Engano meu.

Mas teve outra coisa que me levou ao Windows Phone: a confiança na marca Nokia. Quando ganhei o meu (sim, foi presente. Mas a pessoa me deu porque eu havia manifestado interesse no aparelho), a Microsoft ainda usava o nome da empresa finlandesa. E eu sempre tive ótimas experiências com a Nokia, porque quase todos os meus celulares na era pré-smartphone eram dessa marca, e eu nunca havia me decepcionado: a bateria era boa, a vida útil do aparelho excelente, a navegação simples, a resistência lendária.

Então aceitei o presente com o sorriso no rosto e sem medo de ser feliz. E inicialmente eu até defendia o produto daqueles que diziam que ele era ruim. De fato, nos primeiros meses, eu não tinha do que reclamar. Como usava pouco a internet pelo smartphone, não tinha uma avaliação muito precisa da experiência. Os aplicativos mais necessários — como calculadora, cronômetro, gravador de voz, previsão do tempo, WhatsApp — estavam todos ali. Facebook e Twitter, as duas redes sociais que eu mais usava até então, também. Estava feliz. Mas foi por pouco tempo.

Bugs no Windows Phone


Meu primeiro estresse foi um bug que impedia o aparelho de ligar. Isso poucos meses depois de começar a usá-lo. Fiquei uns dois dias tentando e pesquisando como solucionar. Até que não era algo difícil de se resolver, consegui arrumar por mim mesmo, mas na própria página de ajuda da Microsoft, onde havia o auxílio para corrigir o problema, o aviso: aquele era um problema comum nos aparelhos Windows Phone e poderia voltar a acontecer. Comigo não ocorreu outras vezes, mas em alguns sites e fóruns que pesquisei via muita gente reclamando que esse incômodo era frequente.

Windows Phone e sua carência de aplicativos


Depois disso constatei que a maioria dos aplicativos que normalmente existem para Android e iOS simplesmente não são desenvolvidos para Windows Phone. O que eu mais sentia falta, naquele momento, era um com os horários de ônibus. Para algumas capitais (poucas) até tinha, mas não haviam muitas opções. O aplicativo para as linhas de Joinville, onde moro, só saiu ano passado. Até encontrá-lo, eu tinha que fazer a consulta diretamente no site das empresas de transporte coletivo.

Daí outro problema: usar a internet num Windows Phone. Não importa o navegador: a página não abre, a visualização é péssima, trava, e depois de muito sacrifício, a página fecha sem que você tenha conseguido ver o que queria. Daí é preciso repetir a operação, com o dobro de paciência.

O aplicativo do YouTube, por exemplo, é apenas um link para visualizar o site no Internet Explorer. Além de lento, muitos vídeos ficam cortados.

O Instagram eternamente beta do Windows Phone


O tempo passou e me rendi ao Instagram. Embora ache a rede social incrível, a experiência proporcionada pelo Windows Phone é horrorosa. Como ele ainda está na versão beta, não é possível gravar vídeos, enviar e receber mensagens privadas e, ao postar as fotos, elas são cortadas. O pior não é nem postar, porque sabendo que o aplicativo vai cortar a sua imagem você já produz ela de uma forma que não se perca nenhuma informação importante. O problema é que muitas fotos das pessoas que você segue aparecem cortadas. Daí a coisa complica.

Pior: a quantidade de filtros é bem menor que o aplicativo original, a qualidade da foto é comprometida quando você posta na rede social e como as atualizações não são implementadas para o Windows Phone, vez ou outra o app dá bugs, impedindo que você acompanhe a linha do tempo, dificultando o carregamento das fotos (isso quando consegue carregar), enfim... Passam-se dias até que a coisa volte ao normal. E você impossibilitado de postar ou ver as publicações dos seus amigos.

Facebook e Twitter: apenas o básico


O Facebook é uma coisa horrorosa. Não é possível visualizar os eventos, interagir neles, ou criar eventos pelo aplicativo do Facebook do Windows Phone. Não é possível responder os comentários (é necessário fazer um novo comentário, o que deixa a coisa toda desorganizada) e também não dá para criar álbuns de fotos. Por fim, as gifs não são reproduzidas na linha do tempo: é necessário abri-las em um navegador para visualizar.

O Twitter não tem várias das funcionalidades da versão web ou do aplicativo original. As fotos do avatar dos seguidores não aparece (às vezes elas surgem, do nada, mas no dia seguinte somem de novo), tornando muito complicado reconhecer com quem você fala, uma vez que no Twitter as pessoas trocam o username com bastante regularidade. Gifs também não são reproduzidas e qualquer arquivo multimídia precisa do navegador para ser visto. Sem contar que a linha do tempo não atualiza sozinha, nem mesmo tem sincronia com a web (se você vê as notificações no computador, no app elas continuam sinalizadas como não vistas).

Windows Phone não recebe aplicativos no mesmo instante que outros sistemas operacionais


Nem todos os bancos têm aplicativos para o Windows Phone. Se tem, são limitados. E não só bancos. Muita gente deixa de desenvolver para este sistema operacional e até mesmo a Microsoft tem versões melhores dos seus produtos para Android e iOS e disponibilizam uma opção inferior para quem usa seus aparelhos. Exemplo disso é o Skype. Dá pra entender isso?

Daí seus amigos estão brincando em um aplicativo-febre — daqueles sem importância, que ganham fama instantaneamente e logo em seguida já deixam de ser interessantes. Mas, poxa, você também quer brincar, experimentar, se divertir, curtir. E não consegue. No Windows Phone não dá. Afinal, ninguém faz uma versão para ele. E aqui estou falando, por exemplo, do Dubsmash, Kiwi, Snapchat.

Quem quiser usar um aplicativo para encontrar uma paixão, amizade colorida, ou um amor para toda vida também não pode ter Windows Phone. O Tinder, por exemplo, não existe. Há uma versão limitadíssima não oficial, mas que não permite a você interagir com quem tem o Tinder. Você visualiza as pessoas do app original, mas não pode falar com elas, só com quem tem o genérico do Windows Phone. E assim é com vários outros aplicativos. Tudo genérico. Tudo limitado. E, para piorar, com funcionalidades básicas pagas.

Até os jogos são ruins. Um que eu gosto muito e jogava quando tinha um Android, Zumbi Tsunami, é pago no Windows Phone. Pelo menos esse existe para quem quiser pagar. Mas tantos outros que nem são desenvolvidos para o sistema operacional da Microsoft.

Windows Phone: um telefone chique?


Enfim, é preciso dizer que o Windows Phone funciona muito bem como telefone. Sim, você pode fazer e receber chamadas, enviar e receber SMS sem nenhum problema. E pode escolher os sons que você quer para as notificações e deixar a tela com a organização e cor que você preferir. Terá que lidar com travamentos, com a demora de abrir determinadas coisas, com alguma funcionalidade fechando do nada, de repente, mas ainda poderá usá-lo. E não dá para negar que ele é bonito, e essa possibilidade de deixar personalizado também é bem bacana.

Mas como smartphone não dá. Não rola. Não funciona. É pura incomodação. É limitado. É pesado, demorado, não recebe atualizações, as versões são inferiores... enfim... é tudo de ruim. E aqui quem fala é alguém bem pouco exigente, como já disse, e totalmente desapegado a essas coisas. Eu gosto de ter aplicativos, gosto de participar das redes sociais. Mas não fico conectado o dia todo. E mesmo nesta situação, nesta realidade, o Windows Phone não me atende. É um horror.

A menos que você não tenha outra opção, ou que realmente não queira mais que um telefone para o seu dia a dia, eu deixo aqui a minha dica: não compre um Windows Phone. Até porque, não tem jeito, ele não vai melhorar. Ninguém vai começar, do nada, a produzir aplicativos para ele. Ele não vai se popularizar. E tudo isso vai continuar beta, não oficial, limitado e uma grande merda.