sábado, 29 de novembro de 2008

Carta de um ateu

O texto que segue não expressa em nenhum momento a minha opinião, a minha visão sobre esse assunto. Entendam como um personagem meu escrevendo isso, não eu.
Caros,
Queria explicar-lhes o que é ser ateu e o porquê de eu ser ateu. Sou ateu porque não acredito em Deus, isso é redundante. Nenhuma divindade é racional. Deuses são criaturas criadas pelos homens e seus diversos povos e por diversos momentos da história para refugiar-se de seus medos ou mesmo explicar as coisas que eles não compreendiam. A ciência, é claro, está longe de nos explicar tudo, mas o que hoje já sabemos é o suficiente para não ter que atribuir a alguma divindade a autoria de tudo o que acontece com o mundo.
Sabemos que o mundo foi gerado a partir de uma explosão, a qual chamaram de big bang. A partir dela, seres microscópicos foram evoluindo desde as águas até ganharem terra e evoluirem ainda mais. Uma dessas criaturas foi certa espécie de macacos que adquiriram habilidades conforme suas necessidades de sobrevivência e aprenderam a andar sobre duas patas, eretos, a falarem e desenharem; posteriormente, criaram sinais para representar a fala: nasceu a escrita.
É, portanto, inconcebível a idéia de que o homem nasceu do barro. Fósseis nos provam essa evolução das espécies. As criaturas que ainda vivem e evoluem aos nossos olhos comprovam a veracidade dessa teoria. Pra quê recorrer a um deus criador?
Em nosso país é muito bem difundida a idéia do deus judaico-cristão-islâmico, embora a religião predominante seja o cristianismo e nela, o catolicismo. Avaliemos esse deus, então, e as factóides das histórias cristãs:
É irracional pra mim, primeiramente, o mundo ser criado em seis dias. Impossível. Mais impossível ainda é o homem vir do barro e só ganhar inteligência porque comeu uma maçã. Adiante, conhecemos um velho que reuniu todas as espécies de todos os ecossistemas existentes numa barca para fugir de um dilúvio. Mesmo divinamente, isso é impossível. Haja espaço!
Percorremos mais um pouco e encontramos travessia num mar a pé enchuto e depois disso pães que caem do céu. E até chegar no Cristo, personagem central da história, percorremos por pessoas que caem em covis de leões e não são atacadas, caem no fogo e não queimam, enfim. Atrocidades inexplicáveis.
A Bíblia nada mais é que um grande livro de fantasia inventado pelas pessoas para mostrar um poder maior impressionante e reger a vida de um povo para manter o controle sobre ele. O ápice do impossível é uma mulher conceber sem o ato sexual e dar à luz um filho que iria morrer e depois ressuscitar.
Respeito todos os credos e todas as filosofias de vida, mas como é possível esse mundo que lemos nas páginas bíblicas ser o mesmo de hoje e não acontecer tais coisas? E de fato, muitas coisas que a Bíblia construiu, a ciência já provou o contrário. Qualquer pessoa com um pouco de racionalidade saberia avaliar e perceber que deus é uma criatura e não um criador.
Por que eu resolvi escrever isso? Estava eu fazendo no orkut uma visita àqueles que fuçam no meu perfil e encontro esse amigo aqui. No perfil e nos vídeos dessa pessoa encontram-se explicações do porquê ele é ateu. E eis que vejo a mais infeliz das manifestações humanas: a hipocrisia!
Creio que um verdadeiro ateu é aquele que não acredita, por entender que a razão o explica tudo. Mas uma pessoa se dizer não-crente por julgar as atitudes humanas deploráveis e Deus não fazer nada, por achar que o episódio de Sodoma e Gomorra foi uma prova da ira implacável e da falta de misericórdia de Deus, é inaceitável.
Se eu não creio em (D)deus, então pra mim Sodoma e Gomorra, as pragas do Egito, a travessia do Mar Vermelho, a criação da Terra em seis dias são histórias fantásticas e não realidades a serem contestadas ou tomadas como objeto de revolta. Se existem pessoas que maltratam animais e eu não concordo com isso e também não creio em Deus, porque ficar esperando de algo que eu sei que não existe uma solução? Ser ateu e ser anti-Deus são coisas diferentes. Cuidado, então, eu digo para esses falsos ateus. Se Deus pra vocês também existe, controlem seus ímpetos que vocês estão sujeitos à ira dEle. Não falem o que vocês não sabem porque mais sábio é aquele que se cala quando vê que vai proferir uma tolice. Não zombem de Deus. Por mais que para vocês ele não exista, ou não querem aceitar a existência dEle, mas faz parte de uma coisa que se chama respeito e que mora em quem acredita nEle (e não é pouca gente, nem tampouco são ignorantes). Agora se não crêem, de fato, não se revoltem com coisas que para vocês são falsas. Vai poupar-lhes estresses. Como diria Wanessa Camargo: "Viva a vida sem ter pressa, ser feliz é o que interessa!".
obs.1: Galera. Valeu mesmo pela repercusão do tópico anterior. Sei que fui muito mal interpretado, mas acreditem: eu não tenho valores desvirtuados. Só fui mal entendido em alguns casos. Foi o tópico máximo da história do Andarilho.
obs. 2: Semana que vem tem a Carta do Cristão. Pra provar que ter uma crença não é tolice. Mas deixem pra comentar sobre isso no próximo tópico.
obs.3: Ah! E ajudem SC! Como puderem! Não é exagero da mídia. A coisa por aqui tá feia mesmo! Quem puder, colabore!

domingo, 2 de novembro de 2008

Quando que não é comercial?

Pra tudo há exceções, sim, é verdade. Mas grande parte das manifestações culturais de hoje são frutos comerciais. Não; não creio que isso seja ruim. Também não é bom por inteiro. Explico: claro que existem coisas idiotas feitas e ditas culturais para vender, mas nem tudo que é comercial é tosco. E não venha me dizer que o que é bom não é comercial. Pode existir o que não seja, mas maioria é.
Divago a respeito pois estava lendo uma entrevista velha e polêmica das páginas amarelas de Veja. E como não podemos falar e dar certezas do que não conhecemos, vou usar uma personagem que eu acompanho bastante para defender a minha tese. Lembrando que não estou defendendo a personagem, defendo a tese.
A referida entrevista antiga (2003) e polêmica, é com Wanessa Camargo. Certa altura da conversa, eis que o repórter pergunta: "Existe alguma qualidade musical no seu trabalho?". A cantora responde: "Eu não sou uma grande cantora, mas estou aprendendo. Hoje, por exemplo, não consigo ouvir o meu disco de estréia porque acho que os vocais são muito ruins. Tenho consciência de que meu trabalho é comercial. O povo gosta de ouvir baladas, elas tocam mais no rádio e ajudam a vender discos". Pergunto, portanto: o que não é comercial?
Se me disserem: Roberto Carlos, Gal Costa, Milton Nascimento, Gilberto Gil e esses grandes nomes da música nacional, ou mesmo internacional, caso de Enya, Celine Dion e outros, digo que tudo é comercial. Voltando à Wanessa; se formos fazer uma busca qualquer, encontraremos referências como: "Wanessa já fez duetos com Elba Ramalho, Rita Lee, Zeca Pagodinho, Daniela Mercury..." e vai citando. Grandes nomes atestando que "se ela é capaz de cantar com esses, é porque não é tão ruim".
Quando qualquer gravadora lança algum CD, mesmo que seja do Leoni, Titãs ou Paralamas do Sucesso, está de olho nos índices econômicos (prova de que também é comercial esses dois, é o CD ao vivo com as duas bandas juntas cantando sucessos). Não há nada que não seja comercial. Consigo avistar menos comercialidade no cinema, em casos como curtas que geralmente são feitos por gente amante de cinema, ou longas não holywoodianos. O Brasil também ultimamente vem produzindo um cinema autenticamente comercial.
Theodor Wiesengrund-Adorno, na teoria da comunicação, já falava da "Indústria Cultural". A cultura sendo usada como forma de industrialização. Se formos observar o lado capitalista da coisa, com certeza isso é negativo, mas não diminui o valor cultural do objeto. Claro que essa "indústria cultural", a comercialidade nesse meio e o fruto disso tudo, pode gerar diversos produtos com qualidades discutíveis na música (Xuxa só para Baixinhos, Hight Scholl Musical, RBD, entre tantos outros exemplos e, inclusive, a Wanessa Camargo) e em outras manifestações também. É o caso, por exemplo, da infelicidade do Brasil só filmar seus podres, pobres, tragédias, violências e favelas, porque sabe que enquanto mais sangue e agressividade, mais vai agradar os expectadores nacionais. Mas Milton Nascimento, Titãs, Paralamas do Sucesso e uma galera boa aí não deixa de ter qualidade só por serem usados como objetos comerciais. O selo de qualidade de qualquer artista que almeja um reconhecimento e ainda trilha pelas pedras da "balada" (como diz Wanessa) para conquistar espaço, é ser elogiado por esses grandes nomes, justamente porque criou-se neles um produto de credibilidade e referência.
Portanto, não concordo que as pessoas digam: "não assito esse filme, não gosto desse cantor, não ouço essa música porque é comercial". No mundo capitalista que vivemos tudo é comercial, queiramos, ou não. A qualidade é outro campo de discussão, mas a comercialidade, me desculpem; repito: está em tudo.

domingo, 26 de outubro de 2008

A mulher perfeita

Não vou entrar aqui no esteriótipo criado pelas fêmeas de que homem é tudo igual. Também poderia dizer que as mulheres são todas iguais, são difíceis de entender e etc., mas não é o que eu acredito; ou não quero acreditar. Eu tenho profunda esperança de que o meu pensamento esteja correto porque assim como sei que homem não é tudo igual, não creio que com as mulheres seria diferente.
Mas por qual motivo resolvi falar disso hoje?
Pois respondo:
Estava eu no meu rotineiro ônibus essa semana indo para o trabalho e eis que minha leitura é interrompida por um garoto que, acabado de entrar no ônibus, fica em pé bem em frente ao meu banco, do lado de uma garota que já estava ali. Começaram a conversa e eu não consegui mais continuar minha leitura, pois aquilo me chamava muito a atenção. A referida fêmea contava de suas últimas noitadas, quantas vezes foi levada pra casa por estar bêbada e falava em bebida, bebida e mais bebida. Quando o rapaz se encheu daquilo (aparentemente, ao menos; o garoto colaborava com o teor de álcool da conversa, mas em menor intensidade) ela diminuiu o tom alcóolico e começou a dizer das baladas e assim foi. Bem que o rapaz tentou falar do vestibular e do bimestre que se finda com as provas e tal, mas a garota visitou a conversa na escola só pra falar de bagunça.
Do jeito que eu falo até parece que o garoto era santo, mas vou esclarecer: não era. Só que, ou a garota exagerou muito, ou o tom dela era, no mínimo, demasiadamente maior que o dele.
Achei que fosse caso raro, mas na sexta e no sábado (dia principal de baladas) comecei a reparar (nos terminais de ônibus, claro; eu trabalho e estudo muito) o comportamento feminino, e eis que vejo que o caso da menina do ônibus não é exceção. Chuva e frio e cambada de mulher de top e mini-saia. Quando não, um vestidinho fino e curto. É bom ver, não nego, mas muito mais bonito seria algo menos ridículo. Claro que tem aqueles rapazes cabeça-oca também que vestem aquelas regatas "mamãe eu sou forte" nessa mesma condição climática, mas não estou analisando os machos de plantão. E eis que no ponto de ônibus escuto mais duas ou três conversas de garotas com as palavras "litrão", "bebida", "caninha", "bira" e por aí vai...

Ou eu estou ficando velho demais, ou os cérebros estão cada vez menores. Eu pretendo encontrar uma garota ainda que goste de festa, de se divertir, sim. De beber socialmente e que a bebida seja uma companhia e não um assunto de conversa. Mas mais que festa (queria que isso não fosse primordial, mas complementar), gostasse de um bom cinema, de ver filme agarradinho debaixo das cobertas com muita pipoca e chocolate em casa, gostasse de ir ao teatro e tivesse visão de futuro. Que se gabasse por ter lido 3 livros em um mês e não de ter sido carregada bêbada até em casa. Que tivesse um papo agradável, mas não falasse só de intelectualidade, claro, mas que tivesse um assunto inteligente.
Que seja romântica, eu adoro esse discurso das mulheres (sim, só discurso; cara romântico não tem vez), mas ao mesmo tempo gostasse de pegada, mas com muito respeito e sem vulgaridade.
Sei que ainda não encontrei essa mulher e talvez nunca encontre. E como a vida vai passando, resta-me lamentar ouvindo discursos hipócritas de que homem é tudo igual até que alguém não hipócrita prefira alguém como eu do que um malhadão pega-geral.

Obs. 1: Sim, estou num momento de carência, não reparem;
Obs. 2: Não estou generalizando, mas como disse, é o comportamento que eu enxergo nas mulheres ultimamente. Isso é verdade;
Obs. 3: Nerd tansão só tem chance em filme... é, eu sei...

domingo, 28 de setembro de 2008

Réquiem para um sonho


Sem dúvida, um dos filmes mais perturbadores que eu já vi. Segundo Jared Leto que vive o garoto Harry, um dos protagonistas do filme, "Réquiem é uma viagem ao inferno; é um filme arrepiante, dá medo. É uma descida às profundidades, ao mais escuro de sua alma e é aterrorizante". Não é um filme, no entanto, que trata de monstros, fantasmas, almas penadas, assassinos de outro mundo, espíritos ou afins. O assustador nele é totalmente o inverso de tudo isso, pois fala da realidade. Realidade que não é difícil de vivenciarmos na nossa própria vida, basta termos cabeça fraca para os nossos vícios, desde os mais banais até os mais graves.

O primeiro contato que eu tive com esse filme, mesmo sem saber do que se tratava, foi quando vi o trailer de "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres", onde a trilha sonora de "Réquiem" foi usada para dar mais tensão às cenas da batalha no Abismo de Helm, da trilogia. Como eu sou ficcionado pela trilogia do anel, comecei a baixar a trilha sonora dos filmes e entre elas estava lá: Requiem for a dream. "Mas essa música não tem nada a ver com a história do anel!", pensei eu. Enfim, depois de anos de curiosidade, eis que hoje conheço o detentor original daquela orquestra gótica.

A fotografia é excelente, impecável. A iluminação muito bem utilizada. Os cortes de cena dão o ritmo ideal que o filme pretende intensificar. E a dramaticidade que ele nos leva é incrível. Não é nojento, mas é trágico. Não é caricato; muito pelo contrário: traz uma realidade amedrontadora.

Réquiem gira em torno de quatro pessoas com conflitos pessoais, agravados pela personalidade de cada um e ainda mais pelos seus vícios, porém, cada um com seus sonhos e objetivos de vida. Esse conjunto de fatores negativos transportam cada personagem para uma realidade de descontrole total das próprias vontades, delírios e decepções.

O mais chocante de tudo é que apesar de trágico e incrivelmente cruel, o longa deixa uma marca impressionante de qualidade e admiração pelo trabalho do diretor Darren Aronofsky, que até então eu não conhecia.

Realmente vale a pena conferir. Réquiem é a prova cabal de que a sétima arte não precisa se valer só de temas "cuti cuti" para mostrar qualidade e criatividade. Fica a dica, então.
Trailer do filme no Youtube: http://br.youtube.com/watch?v=KQ7490lD9xI
E para escutar a música tema do filme: http://br.youtube.com/watch?v=e2Ma4BvMUwU

domingo, 21 de setembro de 2008

Fumantes & cigarros

Odeio cigarro. Odeio a maioria dos fumantes. Todo fumante (aqui fala meu lado revoltado, desculpem) é burro.
Por que eu odeio cigarro? Pois o cigarro é uma coisa inútil, causa milhares de malefícios à saúde e destrói com o pulmão dos fumantes ativos e passivos (aqueles que engolem fumaça sem estarem fumando de fato), e destrói com mais outro monte de calhamaço de coisas dos fumantes ativos. É um troço nojento, fedido, que não tem nada de benéfico e ainda por cima é caro. É responsável pela diminuição do orçamento de todas as famílias com membros fumantes, visto que, se existe compra de uma carteira de cigarro por dia, num mês o rombo pode ultrapassar os R$80. O cigarro deixa a mão fedida e amarelada, hálito horrível e uma catinga impregnada na roupa que não há sabão em pó que elimine numa lavagem. Até o cabelo paga com o cheiro horrendo do brinquedo do diabo, depois de uma festa infestada de fumantes. Até plantação de fumo incomoda, pode? (Tem uma aqui na cidade, são mais de 5 bairros que precisam aturar o cheiro de fumo que se alastra em época de colheita).
Por que eu odeio maioria dos fumantes? Porque são cambada de mal educados incontroláveis. Não em tudo, mas basta estar com um cigarro na mão para virarem bichos do mato. Num show lotado, amarrotado de gente, num empurra-empurra louco, sempre tem o cidadão que acende um cigarro e segura ele no alto, dá uma tragada e levanta o maldito denovo. Acaba, por fim, que todo mundo tem que fumar junto com aquela criatura! No ponto de ônibus, ou até mesmo no terminal eles não fazem a gentileza de ficar atrás de todo mundo para fumar sem incomodar; ficam na frente para serem os primeiros a embracar (todo mundo faz isso, mas quando se está fumando, poderia dar um desconto...) e o vento carrega aquela fumaça imprestável para o pulmão de todo mundo que está ao redor. Daí quando chega o ônibus, nem apagam o cigarro: jogam no chão semi-acendido! Mas esse negócio de jogar no chão não é só nos embraques do transporte coletivo, não. Parece que nenhum fumante conhece uma coisa bem legal que inventaram um dia: lixeiro. Há alguns até mais equipados com cinzeiros para os infelizes jogarem seus dejetos ali, mas os tais cinzeiros estão sempre mais cheios de papel de bala do que de tucas de cigarro. Poluem o ar com aquela fumaça nojenta e as ruas com seus cigarros, terminados ou não.
Eu conheço muita gente que é super simpática e educada e de bons valores, mas parece que um cigarro entre os dedos transforma as pessoas. Por isso digo que todo fumante é burro. Mesmo sabendo de tudo isso, fumam. Não culpo os que fumam há anos (não culpo hoje, mas começaram um dia, e esse foi lamentável), mas os mais novos, os jovens. Pra quê fumar? Pra quê começar? Acha bonito? Eu acho ridículo e não há nada mais desagradável (e mesmo os fumantes reconhecem isso) do que o hálito de cigarro. Deixei de ficar com várias meninas ou mesmo de apreciá-las unicamente por fumarem. Não gosto, comigo não tem crédito.
Imagine se eu tivesse sobrando todo mês R$80... minha casa seria uma biblioteca e não eu uma chaminé itinerante....

sábado, 13 de setembro de 2008

O brasileiro e as paraolimpíadas

Estava eu pensando: o Brasil é o país do comodismo. Não estou falando isso de forma generalizada, mas é algo que vemos, e não somente no meio do povão; os empresários e o próprio governo são assim. Por que eu falo isso?
Um dos motivos pelos quais eu acredito que o Brasil tenha ido mal nas olimpíadas é, sem dúvida, a falta de apoio. Maioria dos nossos atletas treinam como hobbie, algo amador, pois precisam de outra fonte de renda para sobreviverem. Tudo o que o nosso país conquistou lána China, sem dúvida, como disse Arnaldo Jabor em um dos "Jornal da Globo" após a vitória de Maurren Maggi, é mérito individual do atleta, e não de um país que não tem estrutura e nem apoio nenhum ao esporte.
Por outro ângulo, os eportes "queridinhos do Brasil" que levam um patrocínio torrencial, são tomados pela falta de humildade e saem sem a glória que buscavam (claro que falo do futebol masculino).
Mas agora chego no que eu realmente queria falar. Com a mesma precariedade estrutural que nosso esporte é tratado, os deficientes físicos esportistas se deparam. Eles são a prova de que se o Brasil sobrevive a qualquer coisa nesse mundo afora, é unicamente pelo esforço e boa vontade de quem quer chegar em algum lugar. Eles são a prova de que tudo que a gente conquista - infelizmente - é somente a base de muito suor e luta, pois apoio que é bom, é pouco. Por isso podemos ver que os mais "limitados" como diria o senso comum, são exatamente os que, até ontem, garantiram o nosso país no grupo dos dez melhores países nas paraolimpíadas, enquanto os nossos atletas olímpicos não chegaram nem aos 20 melhores.
Não desmerecendo ninguém, mas esse fato é o espelho de como o brasileiro vive a vida: enquanto maior a dificuldade, mais busca força pra lutar. Ou alguém faz alguma coisa logo e pára de pensar no individualismo como tratei no post anterior, ou chegará a hora que o cansaço vai chegar, e aí... haja ouro pra animar corações gelados...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um momento de indignação

O que me deixa mais triste na situação atual da nossa sociedade é o chamado jogo de interesses. As pessoas estão cada vez mais pensando em si mesmas preocupadas com seus umbigos e pouco se importam com o que acontece com quem está do lado (salvo raras excessões). Não vou dizer que eu sou um desses exemplos de pessoas, porque, convenhamos, sempre, de alguma forma, acabamos (ou eu acabo também) puxando o peixe para o nosso lado. Umas vezes sem prejuízo pra ninguém, outras vezes (aí não me encaixo) sem se importar com o que o outro vai penar em conseqüência daquilo.

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Isso é muito perceptível nas campanhas políticas: os candidatos só faltam lamber o chão dos lugares onde as pessoas passam, mas depois de eleitos nem andam mais nas ruas para ver a necessidade dessas pessoas. Numa dessas ultimas semanas que passou, fui fazer uma matéria para o jornal laboratório da faculdade num bairro mais carente aqui de Joinville. Nossa! Como as pessoas, as famílias precisam de assistência! Como é claro que elas precisam de mais atenção! Mesmo assim, a escola não tem recursos nem para trocar uma fechadura se esta quebrar. O governo se gaba de construir escolas, mas de que adianta fazer um filho e não sustentar? Só anualmente o governo federal (e era uma escola municipal) repassa uma verba para a instituição se virar o ano todo. Aí falam em uma sociedade mais justa e balálá, balalá... eu me revolto com uma coisas dessas! Fui à Secretaria da Educação e me disseram que os pequenos reparos têm que vir com dinheiro da comunidade... mas como!? Se aquela comunidade mal tem dinheiro para pôr o que comer na mesa! É um absurdo uma coisa dessas! Eu tenho vergonha de dizer que Joinville tem um dos melhores modelos educacionais do estado, do país. Se isso for bom, imagina aí pra fora!
Afora a educação, os governos, percebemos as empresas cada vez mais injustas tanto com seus funcionários quanto com seus clientes. É aquela coisa da individualidade. Essa individualidade, acredito eu, é como um bumerangue: uma hora vai voltar e acertar a cara de quem jogou. Enquanto não pensarmos no bem comum, nós nunca vamos ter a nossa vida tranqüila. O problema é que ninguém se tocou disso ainda. Seja onde for, mas justiça tem que ser feita com todas essas pessoas responsáveis por tanta miséria, tanto sofrimento e tanta falta de oportunidade nesse mundo afora.

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domingo, 3 de agosto de 2008

Criança Esperança. O que é verdade e o que é mentira?


Vou abster-me de emitir opiniões agora. Só gostaria que vocês lessem o material que disponho aqui e ponderem que:
*Uma mentira milhonária, acredito eu, não pode ser tão escondida por tanto tempo.
*Será que entre os artistas e esportistas envolvidos há tanto sinismo assim de sair mentindo desse jeito?
*Mas a história da Rede Globo nos faz pensar mal...
Enfim, analisem e comentem as conclusões...

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Transcrição da resposta da Rede Globo aos boatos que circulavam pela internet no ano passado:
Doações para o Criança Esperança são descontadas do Imposto de Renda da TV Globo.
A VERDADE: A Internet, que surgiu com a aparência de espaço maior da liberdade de informação, está também se transformando num valhacouto a serviço de toda sorte de interesse. Não só através da disseminação irresponsável de informações falsas, mas também por fazer uso do nome de pessoas que sequer têm conhecimento da natureza perversa dessas iniciativas. Assim, surgem "correntes" - aparentemente de origem segura ( essa vinda "de um amigo que trabalhava na Globo" é típica...) que provocam estragos irreparáveis na imagem de terceiros, sem que haja instrumentos legais de reparo. O nome de pessoas de bem, profissionais responsáveis de empresas sérias e seus respectivos correios (inclusive os funcionais, que dão uma credibilidade maior ao conteúdo ) está sendo aproveitado para atingir, mais do que a TV Globo, um projeto da maior seriedade. Mesmo acreditando na lisura de todos os copiados nessas correntes, temos por princípio zelar pela dura e desigual - uma vez que o ataque é muitas vezes gratuito e covarde pelo anonimato - tarefa de tentar restabelecer a verdade. Aliás, quem montou essa versão mentirosa nem seu deu ao trabalho de elaborar algo mais consistente.Eis os esclarecimentos:
1) O Criança Esperança é gerido pela Unesco e não pelo Unicef.
2) A arrecadação nunca chegou aos valores citados. Infelizmente.
3) Num emocionante exemplo de solidariedade, a maioria esmagadora dos doadores vem da população que sequer tem renda para declarar, muito menos imposto a abater. Quem diria computador para espalhar boatos maldosos...
4) TODA a arrecadação, como é exaustivamente mostrado nas campanhas, é depositada diretamente em conta da Unesco. Não entra um tostão na TV Globo. Assim, não existe repasse algum da Globo para ninguém.
5) A Globo sequer recupera comercialmente os enormes gastos que tem com elenco, produção e veiculação do programa e das campanhas de arrecadação.
6) Mesmo sendo de interesse público, doações a entidades internacionais simplesmente não são dedutíveis de Imposto de Renda!!!
No caso do Criança Esperança, ainda mais importante do que a relevante arrecadação pela Unesco direcionada em projetos no Brasil, destaque-se a mobilização permanente que a TV Globo promove em torno de temas de interesse da infância e da adolescência.Data vênia, acreditamos que se o Criança Esperança se limitasse a esse trabalho de comunicação social já se justificaria.Em que pese esse reconhecimento por parte de órgãos do chamado Terceiro Setor, essa é mesmo uma avaliação subjetiva. O fato é que o responsável pela elaboração desse texto em relação ao Criança Esperança é um mentiroso ou no mínimo um desinformado leviano.Peço desculpa pela tamanho e pela veemência na resposta, mas essa calúnia atinge não só a TV Globo (e por tabela a Unesco, que pactuaria com essa manobra fiscal), mas centenas de colegas que se dedicam aos nossos projetos sociais.Se quiserem mais detalhes, eis o endereço eletrônico desse projeto: http://criancaesperanca.globo.com/.
Central Globo de Comunicação
Documento da Unesco com a resposta:

Bem, o espaço é de vocês!

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

A infeliz pirataria


Não suporto quando as pessoas desvirtuam o assunto. Eu digo: "mas isso é errado!", e elas: "quem manda fazer as coisas tão caras?". No momento em que eu estou falando da prática da pirataria eu estou falando de um crime cometido por milhões de brasileiros infelizes e não da culpa da carga tributária do governo. Não é meu interesse defender o exagero de carga tributária repassada aos produtos, mas também é um erro achar que isso é desculpa para roubarmos.

Vamos ser mais claros. Comecei a coisa de forma muito direta.


Pirataria é crime. Isso é fato. Vamos apurar, então, antes de mais nada os prós, ou seja, os argumentos a favor de quem pirateia.

Hoje a sociedade está vivendo uma crise. Mal conseguimos comprar as coisas básicas para sobrevivência com nosso salário. Desfrutar de filmes, músicas, jogos passa a ser coisa de luxo. Ou recorremos a meios mais baratos ou nos contentamos com as rádios, a Sessão da Tarde e o jogo do "Paciência", isso pra quem tem computador.

Outros vivem disso. O emprego está ruim, não surge oportunidades e é preciso ganhar a vida de alguma forma. O que eu faço? Um negócio próprio. Assino uma promissória, compro um monte de tênis "made in Paraguay", copio CDs, DVDs e jogos e começo a vender. Só assim consigo ajudar a minha família. Estou trabalhando, não roubando (será?)... isso que é importante.


Vamos então aos contras dessa história. Sabe aquela pessoa que não tem nem dinheiro direito pra comprar o que comer, ou passa o mês apertaaaado e tá difícil de fazer qualquer coisa? Bem, será que ela deixaria as necessidades básicas para comprar um CD? Um DVD? Um tênis de marca? Não, né? Por que será? Justamente porque não é necessário. Ver um filme, ter um disco e calçar tênis de marca não é algo básico para sobrevivência, podemos comprar esporadicamente, quando a economia ajudar. Ao contrário de arroz e feijão. Tá certo, Juliano, então quer dizer que as pessoas não tem mais direito de se divertir? Vão ter que viver pra trabalhar?

Não, não acho isso. Até me dói no coração. Sério mesmo. É triste ver que as pessoas estão tendo cada vez menos direitos de lazer e um acesso restrito à arte como um todo e a bens de consumo diversos. O fato é que o nosso segundo exemplo pode explicar os malefícios de alguém que, só por querer ter o direito de acesso à arte, acaba causando um transtorno legal num esquema criminoso gigantesco.


Aquele cara do segundo exemplo, mesmo que só ganhando a vida e querendo sobreviver de modo "justo" acaba sendo injusto comigo, com você que me lê e a mais milhares de trabalhadores e pequenos empresários brasileiros que vivem do mesmo ramo. No último mês, só do meu salário descontaram R$250 de tributos. Quanto ele paga? Nada! Tá, mas ele tá numa situação mais difícil. O segundo problema: geralmente produtos pirateados oriundos de exportação, como tênis, por exemplo, são transportados de forma ilegal, sonegando muitos impostos e pior: alimenta uma teia de crimes inclusive ligados ao tráfico de drogas responsáveis, só aqui em Joinville pela morte de 58 pessoas só no primeiro semestre desse ano. Quem dirá São Paulo, Rio de Janeiro, por exemplo.

Os que não vêm de contrabando são produtos gravados na casa de gente que, apesar de não alimentar o tráfico, mas não está garantindo sua sobrevivência com a pirataria, mas sim, tirando um dinheirinho extra. É alguém que tem um bom computador, tem casa pra fazer o trabalho e carro para fazer o transporte. Ou seja, o cara não tem necessidade, sonega impostos só para benefício próprio.


Daí a gente reclama dos políticos, né? Pois é. O desfecho dessa história não pode ser mais lamentável. Todos esses tributos que pagamos vêm de decisões de políticos corruptos com interesses pessoais que pensam iguaizinhos a pessoas como esse último exemplo que citei aí. E causa transtornos na sociedade desestruturando valores éticos de pessoas que fazem isso só para ter o que comer, como os dois primeiros exemplos e que, sem querer, financiam o crime.

Além do que, eu poderia dizer que 70% de quem consome pirataria teria condições de comprar um CD original, ir ao cinema ou comprar um DVD original.


O fim dessa história? Todos já sabemos. Ou não, mas aí vai: a indústria fonográfica brasileira demitiu nos ultimos anos tanta gente que já chega a casa dos milhões, segundo o jornal "A Notícia". Existe falta de mão de obra pela queda da produção. Isso faz com que os valores subam mais ainda.

Há alguns dias o Jornal Nacional falou da crise que vive a indústria do cinema. E pasmem: é Hollywood, não a Globo Filmes brasileira.

Aqui, salas de cinemas têm sessões canceladas por falta de público. É o caso do Grupo Arco-Íris de Cinemas em SC. Locadoras vivem agora na "pindura" e as que sobrevivem são somente as maiores com estrutura bem reforçada por terem anos de tradição. Das pequenas, ou o cara tem que ter muito jogo de cintura, ou muito dinheiro. E eu conheço alguns donos de locadoras... Eu mesmo queria abrir uma com uns colegas meus. Fomos ao Sebrae e o cara torceu a cara... Tudo isso que eu falei é desemprego.

E se formos mais longe, até as empresas de logística - a longo prazo - podem sofrer as conseqüências. Se não tiver o que transportar, pra quê manter caminhoneiros e caminhões na estrada?

Num processo de fabricação de um CD são milhares de pessoas envolvidas. Na pirataria de um CD, uma só é necessário para gravar. Não tem nada a ver com o artista. Os mais prejudicados são as pessoas envolvidas no processo. O artista tem shows, direitos autorais e os ignorantes acham que vender CD enriquece a banda ou cantor. Vendagem de CDs, hoje, é mais sinônimo de status do que lucro. Pros artistas. Pra outras milhares de pessoas é instinto de sobrevivência. Só que com esses a gente não tem contato e acaba se esquecendo.

E continuamos nós fazendo corrupção e querendo o Brasil um país menos corrupto... Dá pra entender?


Obs. 1: O que é pirataria? É produzir, difundir por meio ilegal algum produto e/ou serviço legalizado de maneira a obter lucros pessoais por meio de produtos alheios. Ou seja, se eu baixo música pra mim eu não pirateei. Mas se eu gravei um CD e vendi, é pirataria. É bom salientar que os dowloads de músicas pela internet estão sendo, aos poucos, legalizados e não estão sendo cobrados. Ou seja, ninguém sai perdendo, tá tudo legal. Mas não é em todo lugar ainda.

Filmes e jogos, porém, continua sendo crime. Se não você, o usuário, mas quem disponibilizou isso é o criminoso.


Obs. 2: Pirataria é o mesmo que roubar. Se não é meu eu não tenho direito de tirar proveito daquilo.


Obs. 3: Afora CDs, DVDs e jogos (e inclusive esses, mas não nas mesmas proporções), o restante do que é pirateado em quase sua totalidade é oriundo do crime organizado.

domingo, 20 de julho de 2008

Bola de cristal: o futuro do jornalismo impresso

"Deu no jornal". Há não muito tempo atrás - eu diria menos de uma década - essa era uma frase de perfeita credibilidade e nada mais tinha tanta credibilidade quanto o que saía num jornal impresso. Claro que sempre teve a TV e o rádio, mas até estes usavam jornais como referência e até hoje em telejornais matinais, as manchetes dos principais impressos do país são mostrados na telinha da TV.
Mas hoje a coisa não funciona mais do mesmo jeito. Qualquer um pode ser uma fonte de notícia. Celulares cada vez mais equipados com câmeras fotográficas e de vídeo, máquinas digitais muito acessíveis a qualquer um que tenha um crediário nas Casas Bahia, enfim... todos nós estamos vendo e fazendo notícia. Registrar e provar que viu sem ter uma fonte "legal" está cada dia mais fácil.
Não obstante, existe ainda a internet que atualiza as notícias minuto a minuto e cada vez mais pessoas estão conectadas. E o melhor: é de graça e os sites de notícias travam uma verdadeira guerra entre si pelo maior número de notícias, com as atualizações mais freqüentes e o maior número de informações nelas. A quem isso beneficia, eu sempre me pergunto.

Bem, além dos sites de notícias há os blogueiros - que, não como eu, é claro, mas os de longa vida jornalística - atualizam seus blogs dando às notícias uma cara mais interativa e menos formal, porém, não com menos informações e profundidade que nenhum outro veículo, afinal, muitos jornalistas renomados mantém seus blogs ativos.

Percebendo o exagero da multimidialização (se é que existe essa palavra) e do acesso cada vez maior das pessoas a esses meios, os próprios jornais impressos passaram a investir em versões on line; assim, não ficam pra trás, se garantem de alguma forma mas não deixam de exercer a velha função do jornalismo.
Diante disso tudo temos dois problemas: o primeiro é que as pessoas estão ficando cada vez mais enjoadas de notícias, de jornais, de informação. Ela, muitas vezes deixou de ser um espaço de ajuda social, com a função de servir à população e está cada vez mais sendo palco de um vergonhoso sensacionalismo. E não me digam que a culpa é das pessoas que gostam de ver isso! Acontece que o mundo está mal acostumado e a banalização da informação fez com que se travasse uma guerra entre as empresas jornalísticas apostando cada vez mais em meios mais baixos e frios para conquistar o público. Perdeu-se o jornalismo que contava boas histórias e que não era tendencioso e oportunista. Os bons cidadãos enjoaram. Os perdidos, têm sede de sangue e escândalos.
O segundo problema é: aqueles que ainda julgam importante estar informados, estão buscando outras formas de estarem por dentro que não um jornal impresso. Este é preciso comprar e a leitura demanda tempo. Então eis o coração desse tópico: qual o futuro da celulose no jornalismo?

Como estudante de jornalismo, eu realmente acho que o jornal não pode acabar. Eu falei que não pode e não que não vai. E realmente eu torço para que não acabe. Uma enquete que abri aqui no Andarilho e que quatro pessoas votaram (se depender do meu blog a internet não alavanca nunca!) 2 acharam que tem futuro, 1 que está no fim e outra que acredita que está fadado à morte, muito embora seja indispensável. E realmente é indispensável.
Aqui farei uma defesa do jornalismo impresso. Mas é defesa. Muita gente não pensa assim e é tão natural recorrer a outros meios que as pessoas nem ponderam essas questões, apesar de serem relevantes:

A internet é o meio de informação - na minha opinião - mais deprimente que existe. Na pressão de dar o furo, colocar no ar mais rápido que a concorrência, acaba-se comentendo erros imperdoáveis muito comuns: informações erradas por falta de checagem, erros de português, falhas com links e o acúmulo de informações requentadas e irrelevantes.

Na TV, o tempo do telejornal compromete a qualidade. Não há, portanto, profundidade. Não existe uma interação e as informações são jogadas tão rapidamente na nossa cabeça que nem temos tempo de processar tudo. Perdeu uma frase do Bonner? Nem sabe então o que a matéria tava falando! Isso é o formato da TV, não é pecado.

O único espaço que temos para lermos notícias com mais checagem, uma apuração melhor é o jornal impresso. Nunca vi ninguém levar notebook pro banheiro pra ler no trono. Muito menos imprimir uma matéria interessantíssima que leu na internet. Mas o que eu conheço de gente que guarda matérias do jornal, principalmente de cadernos de cultura, é basante significativo.
Além do que, com o jornal, a leitura não cansa (o computador emite luz e isso incomoda a vista), é mais prazerosa e calma. Mesmo com a pressa do dia-a-dia, podemos levá-lo para onde for e temos o dia inteiro para ler e não somente os 45 minutos do JN ou o tempo que ficamos na frente de um computador.

Infelizmente, para competir com outras mídias, muitos jornais vêm apostando em modificações infelizes: matérias sem produndidade, sem textos densos e muita, mas muita ilustração, arte e fotografia. Exagero de "notinhas" e pautas sem criatividade nenhuma. Daí o jornal não se salva mesmo porque cada mídia tem sua característica: a TV, ser rápida; a internet, atualizada com textos pequenos e fáceis; e o rádio ser dinâmico. Existem impressos que não conseguiram entender que o seu lugar é no papel. Que jornal não tem figurinhas que se movimentam e não tem textos que se atualizam e falam (apesar de um certo jornal aqui de Joinville fazer um comercial de TV de um avião que sai da foto do papel... tsc, tsc). É preciso, claro, que não fique na mesmice. O "The New York Times" ficou escandalosamente desvalorizado na bolsa dos EUA por causa da queda nas vendas. Sabemos que os impressos vêm vendendo cada vez menos, mas nesse caso, o "Times" continuou com o formato "tijolão" (muito texto com letrinhas pequenas). Deve haver melhorias e o jornal deve ser atrativo, mas o papel dele é fazer a diferença, ser o que a TV, o rádio ou a internet não conseguem: dar informação correta, bem apurada, revisada, completa, profunda, criativa, com o "algo a mais" e principalmente: com texto bom. Há jornais que parece que estamos lendo diário de primário: falta vocabulário e só fala o básico; a mesma coisa que eu vi na TV ontem e que eu li na internet antes de ver no telejornal de ontem. Cadê a "algo a mais"? Onde eu vou encontrar profundidade se quem deve me trazer não traz? Quando que eu vou parar de torcer o jornal e sair sangue? Quando que eu vou ter matérias mais criativas? Quando que os empresários dos impressos de todo país vão entender que jornal é jornal e não outra coisa? Como diz o ditado: "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

Talvez sabendo de tudo isso, as pessoas valorizem mais o impresso. Se ele continuar sendo "só mais uma coisa pra saber a mesma coisa", não sobrevive mesmo.

Obs. 1: Eu não sou contra a internet. Como toda forma de notícia, ela também cumpre seu papel. Só acho que ela não é completa e é perfeitamente substituível. Porém, muitas rádios, por exemplo, usam a internet para fazerem seus informes.
Obs. 2: Sou um eterno admirador dos telejornais. Meu desejo é trabalhar em TV. Mas acho que ela não é completa. Como disse: o formato de um telejornal não permite que ele seja melhor.
Obs. 3: Odeio sensacionalismo. Isso destrói com o jornalismo. É preciso informar e não esfaquear ainda mais a vítima. O problema é que o jornalismo está se restringindo muito ao trágico ultimamente.
Obs. 4: Não escondo um apreço por impresso. Existe também em mim um vontadezinha de ver meu nome assinando uma matéria. Se for num caderno de cultura, tô mais feliz ainda!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Viagem ao Centro da Terra


Quando eu vi a divulgação do filme "Viagem ao Centro da Terra" (Journey to the Center of the Earth, EUA, 2008) me decepcionei. O longa que prometia uma adaptação ao célebre livro de Julio Verne estava completamente modificado! Ao invés do guia brutamontes, uma bela mulher. E no lugar do professor velho, porém sábio Lidenbrock, um galã ao estilo "como sempre em Holywood". Foi com pesar que comecei a responder a todos que me perguntavam se eu iria ver o filme, o que eu estava achando... minhas expectativas diminuíram muito, mas eu não tinha lido nenhum crítico, até aquele momento, falar mal do filme. Todos elogiavam os fantásticos e inéditos efeitos especiais mas muitos nem lembravam a facada que o diretor novato Eric Brevic havia dado na história original. Será que só eu tinha lido o livro? Será que só eu me indignava com uma falta de fidelidade tão gritante?


Eu não havia me dado conta, porém, que o filme não estava relatando o que Verne havia escrito há 144 anos atrás, mas sim, a uma nova aventura ocorrida no nosso século, às entranhas do nosso planeta. E isso fica claro no filme com a presença de aparelhos celulares, carros e computadores, básicos para sobrevivência de qualquer um nos dias de hoje.

No longa, Brevic dirige a aventura do professor Trevor Anderson (Brendan Fraser. "A Múmia") que encontra um livro do falecido irmão e cientista Max: Viagem ao Centro da Terra. No livro, Trevor se intriga com anotações feitas pelo irmão no ano de seu sumiço e passa a investigar.

Seu sobrinho Sean (Josh Hutcherson. "O Expresso Polar") estava passando alguns dias em sua casa. Sean é filho de Max. Os dois então empreendem uma viagem ao vulcão onde Verner conta em seu romance que o professor Lidenbrock havia encontrado um caminho para o centro da Terra. Para ajudar na caminhada, a guia de montanhas Hannah (Anita Briem) é o braço direito. Acabam soterrados numa caverna do vulcão e encontram sem querer o caminho relatado por Verner em sua história fantástica.


A todo instante, os personagens do filme tomam como referência o que o autor francês conta sobre a empreitada do professor Lidenbrock. Os perigos tendem a ser os mesmos do romance. Assim como os lugares e aventuras, mas vividos por outros personagens, com objetivo diferente e em outra época.


Esse filme era exatamente o que eu estava precisando para suprir minha sede de boa aventura fantástica que a tanto tempo eu estava órfão. Ele é excelente em matéria de fotografia e efeitos visuais. Pra quem tiver a oportunidade de ver o filme em 3D (disponível em algumas salas de cinema no país) é uma pedida melhor ainda e a emoção vai ser ainda mais incrível.

E eu estava errado na minha decepção. Não era a aventura de Axel e seu tio Lidenbrock. Isso me fez dar bons créditos ao filme. Claro que ele não é tudo aquilo que podemos esperar. Ele é previsível, tem um humor por vezes sem graça e é curto demais pro tamanho da aventura. Mas no geral não deixa a desejar. A galera que trabalhou nele teve um trabalho, sem dúvida, muito penoso e eu estou curiosíssimo pra ver o DVD om os extras e saber como eles criaram aqueles ambientes. Segundo o diretor, a idéia era dar um ar de realismo, onde ficasse a impressão que as gravações haviam sido feitas em locações e não com efeitos. Tá certo que ficou tudo muito bom, mas dar a impressão que é locação, pelo menos a mim, não deu.


Mas fica aqui a dica. Pra quem gosta de uma boa aventura, uma história empolgante e muita fantasia, leia o livro de Júlio Verne. Depois, o filme. E aproveite. É inegavelmente recomendáel.
obs.: O Novo Reinado está atualizado. Lá é registro do Andarilho em sua terra verdadeira: Tedawer Lorcb. Quem for lá vai entender um pouco de como é esse mundo paralelo e imaginário. Tem bastante coisa pra ler! Se vocês quiserem passar lá, também vou ficar bem feliz!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os Duendes são "Mais Você". O Jornal e o Giba

Não. Isso não tem o objetivo de ser um daqueles posts de fofoca. Longe disso. Apenas que essa semana aconteceram um monte de coisas que me chamaram a atenção e se eu fosse deixar pra comentar cada uma delas levaria eras e o "quente" do negócio iria esfriar; ou seja, iria perder "o calor do momento" de comentar essas coisas.

Começo, portanto, com a gafe de Ana Maria Braga em seu programa "Mais Você" do dia 1. Citando Ana:
"O nome 'da Silva' acaba com o David"

Bem, explicando. A apresentadora está numa fase de dar um gás no seu programa que, apesar de falar de receitas deliciosas, está um tanto sem sal e com uma audiência salgando demais os cofres da Globo. Diante disso, a produção do programa resolveu fazer um game (reality show) por nome "Eu me garanto". Semana passada o quadro apresentava estudantes de Publicidade e Propaganda e realizava provas com eles para decidir quem era o melhor e levar o prêmio. Um dos participantes era Alguma coisa David da Silva. Daí, ao chamar o rapaz a apresentadora questionou a pronúncia do "David" (se lia-se "Deividi ou Davi) e o rapaz disse que era "Deivid". Daí a apresentadora soltou aquela frase destruindo com os poucos "da Silva" existentes no Brasil. Bem, embora não tenha sido a intenção, mas ela chamou o nome "da Silva" feio e incabível com a "chiquesa" de David... Pode?

Seguimos, então...
Nesse sábado só quem mora na região de Joinville pôde ver, mas não é o caso dos meus leitores. Porém, o ocorrido me chama atenção a uma atitude bem típica da humanidade. Eu trabalho com exibição de imagens na RBS TV (afiliada Rede Globo em SC e RS) e no último sábado estava eu operando o Jornal do Almoço quando eu cometo um erro e não exibo a abertura do programa e vaza o que estava exibindo em Florianópolis. Ficou medonho. Mas continuemos: logo a seguir a âncora do jornal chamou uma matéria e não puseram no ar (dessa vez não culpa minha) e ela ficou com cara de taxo! Mandaram ela passar pra próxima. E cadê a matéria? Alguns minutos depois, acharam a matéria e se organizaram. Ao final do jornal, a âncora disse: "E o Jornal do Almoço vai ficando por aqui e você fica com as imagens do...". E não tinha imagem nenhuma pra encerrar.
E onde eu quero chegar com isso? Quantas vezes um jornalista erra lá na bancada (como o caso da Zileide Silva recentemente no Jornal Hoje) e ficamos matralhando o cara que tá no ar? Pois saibam que, pelo menos no caso que eu contei aqui, a Glória Alice, âncora do JA não teve erro nenhum! Pelo contrário: ela teve calma e jogo de cintura. A culpa é nossa ali atrás das câmeras, mas muita gente nem se lembra que tem mais um monte de gente por trás daquilo tudo.

E eis que na "Sessão da Tarde" essa semana passou mais um filme glorioso e inédito: "Xuxa e os Duendes 2. No Caminho das Fadas". Na verdade não vim aqui metralhar o filme; não é exatamente o objetivo. Mas eu assisti pacientemente esse filme e comecei a questionar algumas coisas que me intrigaram. Por que a Xuxa e sua gloriosa produção subestimam tanto as crianças?
Não gosto de fazer comparações e como eu disse não é o caso de travar discussões mais complexas aqui. Pretendo ser um tanto superficial numa discussão intrigante. Comparemos o brasileiro com "Harry Potter e a Pedra Filosofal", primeiro filme do bruxinho que ainda tinha tons infantis. Veja a linguagem e a forma como a criança é tratada. Não estou falando na qualidade de efeitos e coisas do tipo. Mas é ridículo achar que as crinaças são idiotas e não sabem pensar. Um filme mastigado que se perde em mershandisings e lições de moral!
Em certa cena, a palavra mágica para quebrar um feitiço é "Por favor, com licença e obrigado"! Tá bom, tá bom! Muita gente pode concordar com esse tom "educativo" do filme, mas eu não gosto, não é pra isso que eu levo minha irmã no cinema ou que eu vou no cinema.


E pra encerrar, uma coisa boa: célebre citação de Giba, jogador de vôlei:
"A imprensa brasileira incomoda. Vive de desgraça e coisa ruim."

domingo, 29 de junho de 2008

Marcando posições

Bem galera, depois de mais de um mês sem novos posts aqui no Andarilho, volto ao cenário blogueiro novamente. Falta dizer que senti saudades, claro. E que pra alguém que adora escrever, as últimas semanas foram as que eu tive menos contato com as letras.

Hoje venho aqui, retomando as postagens deste blog, para falar das posições que eu tenho acerca das várias coisas. Eu cansei de ficar sendo maleável, tipo água que se adapta a qualquer recipiente onde é jogado. Eu falo isso pois, apesar de sempre defender de alguma maneira as minhas idéias, por outro lado acabo tentando de alguma forma não contrariar a pessoa que eu ouve o que eu exponho. Bem, então vou deixar claro algumas posições minhas para que daqui por diante, no momento em que eu criticar essas coisas, vocês saibam da minha posição. Até é bom que nem todo mundo concorde, afinal, se dissermos amém para tudo que todo mundo diz com convicção, iríamos morrer enganados e pobres. Por outro lado, que todas as discordâncias sirvam para contruir e não para derrubar.
E é dessa vertente que começo a nossa conversa: odeio pessoas pessimistas. Bem, mas eu sou pessimista! Então esmiucemos...
Há alguns tipos de pessimismo. Um (o meu) é o único que não repudio. Não porque é meu, até mesmo porque conheço outras pessoas que compartilham esse mesmo tipo de pssimismo, mas porque ele não prejudica ninguém. Eu prefiro ser pessimista nas minhas expectativas. Se dão certo, para mim é motivo de alegria. Se dá errado não vou ficar triste: eu já estava pessimista!
Mas o que me irrita são aquelas pessoas que querem que tudo aconteça errado. Se planejamos uma praia no final de semana, diz que vai chover, se torcemos para a seleção brasileira fazer gols (tá, eu sei que tá difícil, mas já vou mostar o outro lado da coisa), a pessoa fica dizendo que vai perder... Porra! Se você sentou na cadeira com a camiseta da seleção para torcer pelo Brasil, então torça pelo Brasil! Aí vem o contraponto que eu prometi: criticar e ser pessimista são coisas diferentes. Eu posso avaliar, nesse exemplo, a atuação da seleção, comparar com o histórico ridículo dos últimos jogos e fazer uma crítica. Mas torcer é outra coisa e a regra básica do bom torcedor é esperar a vitória!
Sei que o exemplo foi tosco e dois exemplos são poucos para mostrar a minha opinião, mas acho que já dá pra tentar entender.

Funk ao estilo "Créu" e "Pirigueti" pra mim não é música. Isso porque, na minha opinião, não tem musicalidade. Não há uma preocupação, em nenhum dos dois casos, com arranjo, tom e voz. As pessoas falam de todo mundo, reparam em defeito vocal de todos os cantores. Mas neste não vêem nenhum. Porque será? Simplesmente por que as pessoas não estão preocupadas com a música e sim com a batida. Nesse caso prefiro Olodum. E quando não estão afim das batidas, estão concentrados: eles nas bundas das dançarinas (daí prefiro ver filme pornô, vejo muito mais. Ou melhor, prefiro procurar alguém, é muito melhor que ver) e elas (generalizando, sim!) em se mostrar. Portanto, é ridículo essa coisa que tem gente que gosta dessas coisas. Estilo musical, se é bom ou não, é outra discussão. Mas que "Créu" não é música, tenho certeza disso.

Creio em Deus. Ele existe. Pode provar que não? Não pode? Então não critique! Respeito todas as igrejas e religiões, e até mesmo que não acredita, desde que me respeite também. Mas isso não quer dizer que concorde com todos os tipos de fé. São poucas, na verdade. Não por crítica com credos, mas sim por não concordar com o modelo "Igreja Empresarial: enriqueça tendo uma só sua". Por isso admiro as religiões orientais. Porém, sou Católico e sei das quadradices da Igreja, conheço a história da Inquisição, não faltei a aula quando me contaram a história de Joana D´Arq - a maior contradição da história da Igreja Romana - não concordo com tudo que o papa diz. Mas entendo o porquê das decisões dele. Por isso continuo sendo católico. Se quer saber porquê, mesmo eu expondo que conheço e reconheço todos os podres da Igreja, só me perguntar!
Nunca sei quando se usa "porque", "por que", "porquê" e "por quê". Não me digam! Eu vou ter que estudar!
E a propósito; não concordo com a inutilização do trema.


Não aho que todos os políticos são corruptos. Mas atualmente posso dizer que quase todos. Não concordo com o socialismo. Mas sou contra o capitalismo doentio que vivemos hoje. Amo o Brasil e odeio quem fala mal daqui: é vomitar no prato que come. Tem problemas, sim! Mas que nação não tem? Muitos dos problemas nossos são causados por nós mesmos e prometo abordar isso nos próximos posts.
Não critiquem o cinema de Hollywood! Eu gosto! Que se ralem quem acha que é previsível e balálá, balálá... há outros bons, mas quase a totalidade de Hollywood me agrada.
Amo leitura. Leia mais! Ler também é um exercício.
Assisto TV sim! Gosto? Nem tanto! Mas algumas coisas se salvam.
Não acho que a Globo seja manipuladora. É manipulado quem quer! O controle remoto foi inventado há bastante tempo.

Bem, não me lembro de muito mais coisas a falar. Acho que as mais polêmicas já explicitei aqui. Talvez minha volta não foi a mais agradável de ser lida, mas pra mim, pelo menos, foi bom. Numa fase de conquistar novos leitores e reafirmar as minhas posições.
Como diria a Dory de "Procurando Nemo": "Acho que nunca comi um peixe... ufa! Como foi bom botar isso pra fora!"
Aos bons entendedores, o contexto está falando por mim, e não a frase em si.

Obrigado pela atenção e minhas desculpas pelo post mais chato da história do Andarilho.


obs. 1: Tem nova enquete e dicas de filme e música ali do lado. Atualizei tudo.

domingo, 18 de maio de 2008

O Silmarillion


Que moral que eu tenho para me achar no direito de vir até aqui, publicamente, falar de uma gigantesca obra de gênio? Criticar algo dessa magnitude? Exagero? Não! Definitivamente. O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien, autor famoso por O Senhor dos Anéis, se consagra como mentor de uma gigantesca mitologia a partir, principalmente, desse livro.

O Silmarillion não é um romance com uma história corrente com o típico formato de começo, meio e fim. Na verdade, ele faz um relato dos principais fatos ocorridos no mundo criado por Tolkien - Arda, a Terra. No livro, ele relata com uma linguagem que lembra muito a Bíblia (não as histórias, mas sim a gramática usada por ele) os acontecimentos desde a origem do mundo até a parte final denominada Dos Anéis do Poder à Terceira Era, onde faz-se uma ponte para esclarecer como que o desfechos de todos os fatos dos Dias Antigos da Terra-média (continente imaginário também criado por Tolkien) se encaixam nos relatos de O Senhor dos Anéis, seu livro de maior sucesso.

Ele está longe de ser um romance aprisionador, mas não deixa de nos prender página após página. Se não pelo romance, mas pela quantidade e qualidade dos fatos, lugares, povos e línguas relatadas, criadas, contadas e detalhadas. Tolkien cria sozinho - ele e sua imaginação, línguas e povos e dá características próprias à criaturas que já existiam em outras mitologias, mas não como ele as descreve: é o caso dos elfos, orcs e anões.

A magnitude da obra está justamente em seus detalhes. Se para criar a mitologia grega foi necessário dezenas de anos, contos passados de geração a geração para irem se fortalecendo e aprimorando, Tolkien fez tudo isso sozinho; criou a sua mitologia sem ajuda de ninguém e, apesar das várias lacunas que são brechas para discussões dos fãs até hoje, em O Silmarillion conseguimos visualizar bem de perto um pouco da dedicação que o autor teve em toda a sua vida com o seu mundo. Afinal, o livro foi lançado quatro anos após a morte de Tolkien e organizado por seu filho, Cristopher Tolkien, responsável até hoje pela publicação (ou não. Cristopher restringe muito e se recusa a publicar todo o material deixado pelo pai) das obras do professor.


Para quem gosta de uma leitura fácil, não é um livro muito recomendável. Os lugares, seres e personagens das histórias ganham novos nomes a cada povo e tempo em que vivem. Assim, se houver uma leitura sem muita atenção, o leitor pode se perder nos nomes dados na obra. Além disso, é necessário ter uma capacidade de imaginação muito grande para conseguir viajar nos lugares estritamente detalhados por Tolkien e se pôr nas cidades e fortalezas diversas presentes na obra.

Enfim, com boa imaginação e muita atenção, a leitura de O Simarillion pode trazer muito mais lógica aos relatos de O Senhor dos Anéis e fazer com que muita gente se encante com as obras da Terra-média sem fazer muito esforço... o máximo é ler e aproveitar!

domingo, 11 de maio de 2008

Divagações

Primeiramente queria registrar aqui o porquê de eu ter mudado o template: acho que um bom visual nas coisas mudam tudo. Estamos em constante evolução para chamar mais atenção e até para aguçar o ego é bom que demos uma renovada. Enfim, mudei e eu particularmente gostei da mudança. No abre do blog eu explico o porquê de "TL", indispensável para que as pessoas não me achem maluco (embora eu não esteja longe disso), vou postar semanalmente dicas de filmes, livros e músicas no lado direito da página, além é claro de tudo o que já tinha: o link para meu outro blog que fala das minhas criações, os links para os blogs que eu leio (e gosto, só linco os que valem a pena, claro que na minha opinião) e lá em baixo, no fim dos posts ainda trago a imagem de um dragão: ser mitológico que também faz parte de uma das minhas histórias.

Enfim, cheio de coisas novas pra vocês ficarem horas vagando como andarilhos aqui comigo.

Bem, eu tinha planejado outra coisa para escrever no blog. Eu gosto quando ele serve pra alguma coisa e traz informações ou ao menos reflexões interessantes, mas hoje, depois das mudanças que - fora dos planos, resolvi fazer e explicar para vosmecês, vou apenas relatar algo da minha vida que, quase dificilmente o faço:

Ontem a noite fui a uma festa fantasia. O tema era cinema. Cada um foi fantasiado de algum personagem marcante.
Bem, eu fui atrás de algo mais fácil, não queria gastar muito dinheiro com fantasia só pra uma festa das turmas de Comunicação Social lá da faculdade. Resolvi ir de Neo, do Matrix. Mas eu passei o dia inteiro procurando um bendito sobretudo preto e nada de achar um! Ninguém tem um sobretudo! (Pelo menos que service em mim, não). Enfim, desacorsoado, faltando apenas duas horas para o início da festa e sem fantasia, lembrei de um amigo meu que faz teatro com a gente e tem uma roupa meio tenebrosa muito interessante. Fui à casa dele, emprestei e me vesti de Espectro do Anel, os Cavalheiros Negros servos de Sauron em O Senhor dos Anéis. Só não fiz muito sucesso com a fantasia, não. Não que ela estivesse feia, mas é que ninguém me reconheceu! Uns acharam que eu era a morte, outros que eu era um Demetador (dos filmes do Harry Potter). Enfim, pelo menos ainda teve um lado bom: a fantasia era boa. Galera dizendo que estava com medo de mim... Ainda bem que o medo era porque eu estava fantasiado...

A foto é de mim, sim... o Dementador, morte ou Espectro do Anel... como vocês acharem melhor. E não tem Photoshop.

domingo, 4 de maio de 2008

Ler é chato


Nada melhor que um título para contradizer o que vou falar... ou não. Na verdade não se trata de uma contradição com relação às frases que vão compôr esse texto, mas uma contradição com o que eu penso.


Há duas semanas, se não me engano, houve uma Feira do Livro aqui em Joinville. Uma semana com exposições de livros, bancas com livros a R$ 3 e outras com descontos de 20 a 50%. Além disso, vários autores nacionais foram trazidos para falar de suas obras, da experiência no mundo das letras, para se aproximarem dos leitores... quais leitores?

Sim, eu pergunto pois, em entrevista com a presidente do Instituto Feira do Livro, ela me disse que pedia pelo amor de Deus para as pessoas que passavam, que parassem e ficassem ali pelo menos dez minutos para dar volume e não decepcionarem o escritor, porque não havia quase ninguém na conversa...
Outro agravante é a quantidade de livros vendidos. Além de ser baixo, as pessoas que iam à feira só eram atraídas pois se estava dando canetas de brinde... O livro não interessa... a caneta é mais útil...


Mas eu poderia pensar que isso aconteceu pela falta de patrocínio e, consequentemente, pela pouca divulgação do evento. Mas o que explica, então, a situação crítica das livrarias da maior cidade de Santa Catarina? Existem em Joinville três livrarias. Dessas, uma está quebrada e a outra só se sustenta pois é uma rede de lojas que vende, além de livros, CDs, DVDs, jogos etc. e tal. Resta somente uma que vive da venda de livros e papelaria, unicamente.


Bem, mas para não achar que a situação é só aqui em Joinville, eu tenho outro dado: a média de leitura do brasileiro é de 3 ponto alguma coisa livros por ano. Não chega a quatro livros por ano! A Colômbia tem uma média de 7 livros/ano. Agora lembrem do tamanho da Colômbia! Olha a situação social do país! E a gente lê menos que eles! Não menosprezando os colombianos, mas é que o nosso preconceito (pelo menos meu, para não generalizar), em relação à densidade populacional do país e às condições educacionais de lá faz com que seja um dado incrível e vergonhoso para nós. O que me deixou um pouco mais feliz é que, ainda dentro do Brasil, nós temos um estado chamado Rio Grande do Sul que tem uma média de leitura de 9 livros/ano. Isso é muito bom!


O que leva a tudo isso? Desculpem-me qualquer expressão xula que eu use aqui, pois esse assunto me revolta. Justamente porque não há hábito de leitura nas famílias e as pessoas dão desculpa que não têm mais tempo! Purrinholas que não têm mais tempo! Percebam a média de televisores que ficam ligados nos domingos vendo Faustão e Gugu! Vão conferir a quantidade de famílias vendo a novela das oito. E pior! Vão pesquisar pra ver a porcentagem de brasileiros que ficam viciados em Big Brother Brasil! Não estou aqui julgando o mérito desses programas. A questão é o tempo. Quem não tem tempo, tampouco pode se dar ao luxo de acompanhar essas programações.

Os jornais impressos estão definhando. As pessoas querem as coisas prontas, mastigadas. Economistas internacionais estão convencendo seus empresários a pararem de investir em ações de jornais como The New York Times e The Washington Post porque estão na pindaíba. Porque as pessoas dizem não terem tempo para ler.

Mas vamos voltar aos livros. As pessoas dizem que livros são caros, mas qual é o esforço que os jovens e as famílias fazem para adquirir um livro? Gastam-se dezenas de reais em filmes (piratas, muitas vezes), compra-se celulares do último modelo, tênis da marca mais cara, mesmo tendo trocentos em casa e não têm dinheiro para comprar livro? É caro?

Gente, a última vez que saí com meus amigos à noite eu gastei perto de R$ 100! Um livro você compra por R$ 20!

Daí eu tiro a conclusão: o livro não é caro. É caro se você não der importância a ele na sua vida. Não será caro um celular cheio de apetrechos se isso você definir como importante pra você. Assim como um livro não será caro se você definir como algo vital para seu intelecto e sua formação como cidadão.


Perdoem-me se deu a entender que eu acho tudo supérfluo e que a gente vai encher a barriga com livro, sem direito a nenhuma outra forma de lazer. Mas certamente as pessoas teriam pensamentos diferentes se o Brasil tivesse o hábito da leitura. Investem-se bilhões em alguma revelação do futebol, e eu que há sete anos estou tentando ajuda pra publicar meus livros não consigo! E não é só eu. Quantas pessoas no país inteiro têm esse sonho e são ignoradas? Deve ser porque um bom livro deixa as pessoas inteligentes e isso deve incomodar alguém. Livro ensina a pensar, a questionar, a investigar, e isso não é interessante pra alguns. Só pode ser essa explicação.

Mas se ninguém dá apoio, é necessário que parta de nós a iniciativa. Por que então, as nossas casas não são cheias de coisas para ler? Por que não existem revistas, jornais, livros espalhados pela casa? Por que as famílias não se sentam mais à mesa para ouvir uma boa história? Por que nós não fazemos alguma coisa? Como a gente quer que o Brasil seja um país melhor se nós temos um monte de analfabetos funcionais? Cadê o investimento no acesso dessas pessoas à educação e à literatura?


É por isso que cada vez mais estamos perdendo nossa identidade de brasileiros, sendo influenciados por outras culturas. É por isso que a cada dia que passa existem mais pessoas nas drogas, na marginalidade, porque não descobriram o prazer que existe por trás de cada página de um livro e procuram o prazer em outras atividades, muitas vezes perigosas. É por isso que as pessoas são enganadas, não sabem votar, não sabem cobrar de quem votam, não dão valor à educação. É por isso que existem tantos profissionais mercenários nas diversas áreas: porque entrou na profissão pelo dinheiro, unicamente, e não (também) para aprender cada vez mais e contribuir com a sociedade. É por isso que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Eu posso ter viajado um pouco, mas... desculpem-me, relevem. É um desabafo de quem acha que as melhores coisas da vida estão tão perto e a gente deixa escapar por entre os dedos. Infelizmente, enquanto não lermos mais, enquanto não endeusarmos mais a leitura e um bom livro, continuaremos sonhando com um Brasil e um mundo mais justo e mais inteligente.

domingo, 27 de abril de 2008

Stardust. O Mistério da Estrela


Galera! Antes de falar qualquer coisa, devo desculpas a meus poucos e, até em alguns casos, fiéis leitores que também são proprietários dos blogs que eu leio.
Minha vida anda um pouco agitada. É claro um pouco em razão do feriadão da semana passada e outro pouco pelos compromissos pessoais. A cada semana que passa fica mais difícil manter isso aqui, e mais ainda de ler meus blogs de costume, mas prometo voltar ao normal. Estou me programando e esse é meu objetivo a partir de hoje!
Enfim, muita coisa boa aconteceu e, entre as tantas coisas que eu faço, está, com certeza, a presença de algum filme. E dessa vez dentre os tantos que assisti resolvi falar de Stardust.

Eu peguei esse filme na locadora por ser fantasia e, quem me conhece sabe o apreço que eu tenho sobre esse estilo de história. E... bem, posso dizer que não me arrependi.
O filme é muito bom. Filmes e histórias desse tipo, em geral tendem a serem - em muitos casos - ridículos; e para não cometerem esse pecado a única saída é ser criativo. E isso é algo que eu consegui ver em Stardust.

A história fala de Tristan (Charlie Cox), um jovem que se apaixona pela menina mais bela da redondeza. Certa noite, os dois em um piquenique à luz das estrelas vêem uma estrela cadente e ele promete à amada buscar a estrela como prova do seu amor.
Com isso ele atravessa o muro que cerca a cidade e vai parar em outro mundo; um mundo de magia, encantos e bruxaria.
Juntamente com Tristan, os príncipes de Stormhold e a feiticeira Lamia (Michelle Pfeiffer) também buscam a estrela para fins pessoais. Todos se metem então em uma aventura perigosa e acirrada.

E o que concluir do "todo" do filme? Eu achei um filme típico de Sessão da Tarde. Ainda mais pela mania dos brasileiros de pôr subtítulo nos filmes ("O Mistério da Estrela" não está no nome orginal em inglês). Mas não um filme de Sessão da Tarde chato. É um daqueles raros bons que a Rede Globo decide passar após as suas enjoativas novelas.
Os efeitos especiais são bons, as paisagens muito bem escolhidas, a atuação de todos os atores é razoavelmente boa. Mas aí vale um destaque para Michelle Pfeiffer que encarnou a feiticeira vaidosa muito bem!
Há também momentos de humor que eu achei até que legais, mas, em alguns momentos, esse humor fica deslocado não condizente com o momento da cena.
A história é boa porque é bem contada. É um filme de início-meio e fim. Segue as linhas de roteiro justamente como o padrão hollywoodiano: o mocinho que ama e se aventura provocando um conflito que chega a um auge e depois se recupera. Do "príncipe encantado" com a missão de salvar a donzela. Do romance bem estilo conto de fadas mesmo. Isso pode derramar lágrimas dos mais emotivos e aplausos dos mais empolgados e a gente sai com a sensação de ter visto um filme bom.
Vale dar aqui uma nota: 8,5. Poderia até ser maior, se não fosse os dois erros grotescos de continuidade que eu consegui enxergar no filme. Tá certo que são detalhes se comparados ao imenso trabalho que exige um filme desse tipo, mas se ficaram tão perceptíveis assim, é porque faltou alguma coisa a mais.

Bem, vale conferir. Se já viram comentem. Se não viram, vejam e comentem. Se não viram nem querem ver, comentem mesmo assim...

E mais uma vez minhas desculpas pela demora nas postagens!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Falta de educação?

Antes de mais nada, meus sinceros pedidos de desculpas pelo atraso na minha postagem semanal.

Semana passada aconteceu uma coisa comigo que eu fiquei pensando seriamente com meus botões nos valores da nossa sociedade. Tinha um senhor em pé no ônibus lotado e ele estava segurando-se à minha frente. E eu estava sentado. Mas eu não dei lugar pra ele. Falta de educação? Foi aí que eu pensei: justamente eu, o cara que mais preza pelos valores humanos, pela inteligência, pelo respeito entre tantas outras coisas não envolvidas no caso... o quê me deu? O que aconteceu para que eu não desse lugar ao velhinho? Estava eu com febre? Não, eu lhes asseguro. Aconteceu que um monte de coisas passaram por minha cabeça. Um tanto egoístas, é verdade, mas verdadeiras.
Eu acordei às quatro horas da madrugada depois de ter dormido só quatro horinhas na noite anterior (é que eu chego em casa 23h da faculdade. Até pegar no sono, visto que eu ainda janto quando chego em casa, dá meia-noite), trabalhei a madrugada, a manhã e o comecinho da tarde ralado, cheguei em casa tinha mais tarefas da faculdade, dos meus compromissos externos e então embraquei no ônibus, no meu único momento de descanço onde posso fazer minha leitura com tranqüilidade, no pequeníssimo espaço de tempo que acho no meio da minha rotina. Além de ter pago um valor absurdo na passagem de ônibus o que me dá o direito de, ao menos, sentar-me.
Daí vocês podem pensar: mas que egoísta você, Juliano! Sim, chamem do que quiser. Eu mesmo me achei sem razão, mas não me arrependo, pois creio que aquele senhor estava, se não o dia inteiro, mas a maior parte do dia em casa descançando e acordou a hora que sanou todo seu sono. Ele iria também dormir, com certeza, no momento que o cançasso se abatesse sobre ele novamente, enquanto eu ainda teria que esperar a minha aula - que eu pago caro - terminar para então ir pra casa e brincar de dormir. Se isso tudo não bastasse tinha um monte de gente nova sentada também ali por perto. Porque só eu tinha que ceder o lugar? Será que todos pensaram como eu? Então isso é um mal da sociedade e não da minha personalidade. E se todos ficarem tocando as responsabilidades um para o outro alguém vai sair prejudicado; nesse caso, o velhinho.

Mas há uma boa razão para eu ter continuado no meu banco (além de todas as razões egoístas que mencionei). Certa vez eu fui dar lugar a uma senhora e ela me disse, letra por letra, a seguinte frase: "Desculpe, meu filho. Eu não sento em banco quente". Além de outra que colocou jornal no banco temendo que eu tivesse alguma doença infectosa nas minhas partes. Outras várias que me xingaram dizendo que eu tinha chamado elas de velhas... Enfim, é bem verdade que todas essas eram velhas e não velhos. E isso faz uma grande diferença. E é verdade também que há excessões: nem todas e todos que eu cedi lugar foram mau educados. Mas o fato é que no meu estado de cançasso daquele dia eu lembrei só dos grosseiros.

De tudo isso não faço idéia que conclusão tirar. Mas eu tenho certeza que se fosse uma grávida, uma mãe com criança no colo, alguém obeso ou deficiente, eu certamente me sentiria mais motivado ao gesto de educação. Talvez também em outro dia, com menos cançasso ou a passeio eu também me levantasse, mas se ocorrer de novo o mesmo fato eu, por mais que ache errado, vou pensar algumas vezes antes de levantar-me...