segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O último post de 2012


Faltam algumas horas para terminar o ano e vou compartilhar com vocês (não sei por qual motivo, mas quero fazê-lo) a minha visão sobre o que foi 2012 na minha vida.

Péssimo. Apenas isso.

Não posso deixar de registrar, porém, que, ainda que o ano tenha sido ruim, vivi momentos bons: fiz novos amigos (especialmente no GNC Cinemas, empresa onde trabalhei por alguns meses), me formei e reencontrei pessoas que participaram da minha trajetória acadêmica na vida profissional e fui no show da Lady Gaga. O Hobbit estreou.

Apesar disso, os motivos para lamúrias foram exponencialmente maiores que em qualquer outro ano da minha vida.

Após o baque que tive com a inesperada interrupção do Coopermovimento, precisei me reestabelecer profissionalmente. Isso demorou. Fiquei quase três meses desempregado, sem esperanças de que pudesse trabalhar em qualquer um dos lugares onde já tinha passado ou que, embora ainda não tivesse trabalhado, mas que colegas e amigos estavam.
Mas, por fim, como nada tinha dado certo, precisei trabalhar no cinema, que foi muito bom em diversos aspectos, mas que não ajudava na minha vida financeira em colapso e que comprometeu outros setores da minha vida, como os casamentos que eu cantava e as atividades na igreja.
A saúde, por muitas vezes, ficou em frangalhos. Nada extremamente grave, porém, graças a Deus. Mas não foi um ano tranquilo para meu querido corpo. Sinusite e amigdalite, como sempre, ocuparam grande espaço na agenda dos meus dias. Assim como na minha família as coisas não estiveram tão bem no que diz respeito à saúde durante o ano.
Em casa, a situação não era das melhores. E ainda não é.
Mal viajei. Não fui ao Beto Carrero. Não consegui alcançar diversos objetivos e planos. Não consegui renovar a carteira de motorista.

A passagem de ônibus de Joinville foi confirmada em R$ 3 (antecipada) e o projeto político dos próximos anos não condiz com o que eu acredito, com meus princípios.

Enfim, etecétera, etecétera.

Claro que não posso considerar um ano inválido. Wanessa já diz em uma de suas músicas: "Não me impeça de errar, nem de me machucar: eu me fortaleço". Mas, amigos, confesso: não foi fácil. Desde passar a virada jogando paciência por causa da chuva torrencial que caía em Florianópolis na noite de 31 de dezembro de 2011 até a incerteza de tempo bom neste 31 de dezembro de 2012.

Pra 2013 a regra que fica é a seguinte: faça as coisas que você gosta. Faça as coisas que o seu coração mandar. Sua vida, sua felicidade e sua saúde são mais importantes que qualquer outra coisa, mesmo que existam pessoas que não gostem ou não concordem com a sua decisão. Mas atenção para a única condição: não prejudicar ninguém, pois se você não estiver prejudicando ninguém com a atitude, não há problemas.

Daí que está a questão: você já parou para pensar o quanto suas decisões podem estragar com os planos de uma (ou umas) pessoa(s), ou levar-lhe uma felicidade incomum? São nas pequenas coisas que a gente torna o mundo melhor.
Por isso, não hesite em sorrir, cantar e ser solidário. Saiba que a sua vida é muito importante e ela será melhor ainda se as pessoas que convivem com você estiverem bem. 

Já diz a música: "Olhe do seu lado, tanta gente teve tudo e acabou na solidão. Cuida da semente, você vai colher aquilo que plantou e trata bem da gente, pois você vai ser tratado da maneira que ensinou."

Espero um 2013 melhor. Assim como em 2012, não vou baixar minha cabeça para as dificuldades. Mas espero que a vida seja mais generosa comigo neste ano que há de vir. De minha parte, vou me esforçar muito.

E óbvio. Nunca vou perder a fé em Deus. Nada, também, foi tão grave que o dia seguinte não resolvesse. Nada tão perturbador que um sorriso não acalmasse. Nada tão cruel que olhar para as pessoas queridas não amenizasse. Mas todo mundo sempre deseja um ano cheio de conquistas, não é verdade?

Tive algumas em 2012. Mas espero, sinceramente, que 2013 me reserve muitas coisas melhores.

A mim, à minha família, e a todos que estão comigo, diariamente, aqui no blog. De modo muito especial aos amigos de verdade. Nada melhor que a felicidade para nos dar motivos reais para sorrir.

Boas energias e um universo de bênçãos para todos, de modo que 2013 seja inesquecivelmente bom!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tolkien e a literatura


Uma pessoa tem direito de dizer que não gosta de Machado de Assis, talvez pela forma ou vocabulário, ou até mesmo pelas histórias que ele conta. Mas jamais - repito: jamais - vai poder desdenhar ou diminuir tudo o que ele representa e a importância dele para a língua portuguesa, para o Brasil e para a literatura mundial, inclusive.

Por isso penso, com a mesma convicção, que ninguém pode desdenhar, diminuir ou desmerecer o trabalho de Tolkien. E eu percebo muito isso, principalmente - pasmem - por professores de literatura.
Ok, ele não era brasileiro e talvez a relevância à literatura dele não deva ser colocada nos mesmos patamares dos nossos. Ainda assim, não é correto dizer que ele não sabe escrever (ele era professor de língua inglesa em Oxford e poliglota), nem mesmo que os romances dele são pífios (liste cinco autores que tiveram uma obra tão complexa como a dele, se você discorda).

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Tolkien estudou filologia durante toda a sua vida. Apaixonado pelas descobertas culturais reveladas no som de cada idioma, resolveu criar suas próprias línguas baseadas nos fonemas que mais lhe chamavam a atenção nos idiomas existentes.

Para que tudo fizesse sentido, ele criou uma cultura para cada povo falante de cada um dos dezenas de idiomas inventados por ele. De cada uma dessas culturas surgiram histórias que ganharam corpo, transformaram-se em lendas fantásticas e viraram - para o autor - uma mitologia da Inglaterra.

Nas suas histórias, Tolkien falou da dor da perda, da crueldade das guerras, espelhado nos dois grandes conflitos que atravessaram sua vida. Foi combatente e despediu-se de pessoas amadas nos campos de batalha. A ascensão da indústria e a destruição da natureza por consequência, e também movida pelas guerras, ascenderam nele um zelo especial pelo meio ambiente e pela singeleza da vida.

Tolkien era puro. Não há conotações sexuais em seus textos. Isso porque amou do modo mais casto possível, guardando-se por anos para a mulher a quem amou por toda a vida. Fugia da festa, da farra, concentrava-se nas suas orações (era católico fervoroso), casou, enviuvou e, em seguida, morreu por amar. A angústia de perder a sua mulher lhe trouxe o adoecimento.

Tudo isso está em seus escritos. Por momentos linear, em outros extremamente complexo e descritivo. Mas nunca raso. Ali, entre rascunhos e rabiscos, gravou suas paixões: a amizade, o amor, a natureza, os idiomas.

O nosso mundo era pequeno para tantas coisas assim. Porque nas nossas preocupações, angústias e ambições esquecemos das singelezas apontadas por Tolkien. Então ele teve que criar um mundo pré-histórico, onde os sentimentos que emanavam dos seus escritos pudessem habitar.

Nasceu Arda e nela, a Terra-média.

Então respeitemos Tolkien. O problema dessas pessoas, talvez, não seja o autor em si, mas a sua literatura, fantástica. Mesmo assim, não justifica. Para estes, analisar o contexto histórico mundial e da vida do autor é o mínimo para entender por que as coisas foram escritas daquela forma.

Conhecimento e leitura é tudo, meus amigos. Até para aqueles que se dizem letrados, mas preferem mergulhar em seus preconceitos do que nos novos mundos que a literatura é capaz de nos levar.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

domingo, 25 de novembro de 2012

Belo Monte: o grande lixeiro de dinheiro público

Projeto gráfico de Belo Monte
Por muito tempo ouvi falar da construção da usina de Belo Monte e não expus minha opinião, nem tirei nenhuma conclusão a respeito do assunto porque tudo era muito complexo e exigia um conhecimento mais profundo do que simples manifestações no Facebook.

Aliás, muitas coisas que se opinam hoje não devem ser concluídas somente a partir de comentários em redes sociais. O debate fica raso e prejudicial, mas isso é assunto para outro post.

A questão em Belo Monte era muito mais complexa: por um lado, a necessidade do Brasil de aumentar as reservas de energia, com uma solução ambientalmente correta como as hidrelétricas, que oferecem pouco impacto ambiental por não serem poluentes. Esse aumento da reserva energética é importante para estimular a indústria, tão importante num mundo abalado pela crise econômica e especialmente no Brasil que, apesar de menos afetado que os países Europeus, por exemplo, precisa lidar com importantes contrastes sociais e, por isso, não se pode dar ao luxo de andar para trás nas questões econômicas, evitando, assim, que isso afete o social.

Por outro lado havia as questões ecológicas e sociais. Diz-se que Belo Monte não vai prejudicar nenhum habitante de áreas ribeirinhas, nem índios. Ora, se não vai prejudicar, por que, então, estas pessoas não querem a obra? Por que estão protestando contra ela? E como dizer que a população ribeirinha não será afetada se a região ficará debaixo d’água, e estas pessoas vivem à beira do rio?
Ora, essas questões já seriam suficientes para que qualquer um tivesse dúvidas quanto a validade do projeto. E por mais que as hidrelétricas, do ponto de vista da produção de energia, sejam mais limpas e não poluentes, é impossível dizer que uma obra capaz de alagar uma extensa área da floresta Amazônica não vá causar impactos ambientais.
No site do projeto, noticia-se que biólogos estão fazendo a catalogação e o transporte dos animais daquela região para as localidades que não serão alagadas. Mas será, realmente, que todos os animais serão transportados? E será que eles irão se adaptar aos novos locais para onde forem levados? Sem contar as inúmeras espécies de plantas e árvores que ficarão debaixo d’água.

Mas a questão não para por aí. A matéria mais completa que li sobre o assunto foi uma entrevista da jornalista Eliane Brum com Célio Bermann, um dos mais respeitados especialistas no país na área energética, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Autor dos livros “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e Alternativas para um País Sustentável” (Livraria da Física) e “As Novas Energias no Brasil: Dilemas da Inclusão Social e Programas de Governo” (Fase), entre outros. Participou dos debates da área energética e ambiental para a elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e foi assessor de Dilma Rousseff entre 2003 e 2004, no Ministério de Minas e Energia. Ex-petista, Bermann foi um dos 40 cientistas que participaram de uma extensa pesquisa a fim de elaborar um painel sobre a obra de Belo Monte que, segundo a reportagem, foi ignorado pelo governo federal.

Como eu disse, este é um assunto que não dá para você tomar uma decisão somente com os microtextos do twitter, ou vídeos fáceis de atores globais engajados na causa, ou com aquelas imagens vazias compartilhadas no Facebook. A reportagem que eu linco aqui é extensa, mas vale a leitura, porque muito além de se ter opinião sobre o assunto, é importante que nós, brasileiros, tenhamos conhecimento a respeito dessas decisões que afetam duramente a nossa sociedade – mesmo aqueles que moram a quilômetros de nós, em uma realidade extremamente diferente – e que impactam nas questões econômicas e ambientais do nosso país.

Em suma, o que o professor Célio Bermann revela é que a obra interessa somente às construtoras envolvidas no projeto, aos políticos que se beneficiarão dela, às empresas que fabricarão os componentes necessários para a usina e, o mais preocupante, “o que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro no curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional – e isso numa obra cujos 11.200 megawatts de potência instalada só vão funcionar quatro meses por ano por causa do funcionamento hidrológico do Xingu”, diz Bermann. É isso mesmo: dos 12 meses do ano, somente em quatro a usina produzirá energia, porque no restante dos meses o nível do rio não atende às condições mínimas possíveis para que haja produção.
E preciso dizer que precisamos de informação. Esta é a primeira arma que temos para que o dinheiro público não seja usado como convém às oligarquias e aos coronéis eternos do governo. Outra consequência da informação é o nosso conhecimento, que nos dá argumentos para poder questionar e cobrar das autoridades, da forma como for possível (voto, e-mails aos parlamentares, petições), o bom uso dos recursos públicos.
A solução, segundo o professor (e eu concordo), é mudar a cultura industrial do país. Gasta-se muita energia para produzir bens primários que são exportados e lá fora transformam-se em produtos de valor agregado que nos faz pagar mais caro quando voltam para cá. Precisamos produzir tecnologia aqui – e a Petrobras, por exemplo, está aí para provar que temos essa capacidade – e parar de depender de coisas que são produzidas lá fora.
Matéria prima custa mais caro para produzir, gasta mais energia, a gente vende barato e compra o bem manufaturado a um valor mais alto. Isso é prejudicial pra todo mundo. Menos para os empresários, que ganham dinheiro sem sair do comodismo.
Eike Batista, por exemplo,  na ocasião do lançamento do pacote de concessões para obras logísticas no Brasil, disse que aquilo era um “kit felicidade”. Sempre assim: como em Belo Monte, a maior parte do dinheiro vem do nosso bolso governo e quem explora é a iniciativa privada, cobrando por aquilo que já pagamos às custas de impressionantes impactos sociais e ambientais.

Por fim, divulgarmos, para o maior número de pessoas possível. Com uma população insatisfeita com as coisas realizadas do modo como as autoridades bem entendem, eles vão precisar rever os conceitos. Precisamos de uma sociedade consciente e informada. Isto é o primeiro passo para uma revolução, pelo menos no nosso modo de pensar e no nosso senso crítico. Mas é aí que começam as grandes transformações.

sábado, 20 de outubro de 2012

A “Avenida Brasil”, o futebol e as coisas supervalorizadas pela TV


Nesta sexta-feira, 19 de outubro de 2012, a Rede Globo apresentou o último capítulo de “Avenida Brasil”, novela do horário das 21h, escrita por João Emanuel Carneiro, mesmo autor de “A Favorita”. A repercussão da novela nas redes sociais foi um fenômeno. Durante a sexta em que seria exibido o capítulo final do folhetim, entre os assuntos mais comentados do dia, dois ou três eram relacionados à novela.
A imprensa nacional e internacional noticiou a popularidade e o alcance do programa. Portais de economia alertavam para o risco de apagão por conta da sobrecarga de energia no instante seguinte ao término da atração, quando as pessoas iriam começar a acender as luzes, tomar banho, passar a roupa do dia seguinte. Programas jornalísticos e de variedades falavam dos mistérios do desfecho da história.
Isso motivou uma onda de protestos vindos de pessoas que, ao meu ver, não teriam muita moral para ficar reclamando do fato de a novela tomar tanto espaço nas redes sociais, na internet, no jornal e na TV.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Ora, no que difere a alienação provocada por um final de novela e um final de campeonato brasileiro, ou um clássico local ou nacional de futebol, ou até mesmo a Copa do Mundo? Por que para estes espetáculos esportivos o jornalismo pode ceder espaço e para a novela não?
Aliás, a novela entra na pauta dos jornais televisivos e nas páginas principais dos importantes impressos uma vez ou outra. Já o futebol está permanentemente, diariamente, ocupando um espaço de prestígio em todas as formas jornalísticas. E não é só nos programas esportivos.
Em Joinville, por exemplo, o Jornal do Almoço, da RBS TV, dedica um bloco inteiro, de aproximadamente 10 minutos, para falar do esporte local, sendo que instantes depois a mesma emissora vai exibir um programa com quase 20 minutos de duração para falar só de esporte.
Enquanto isso, a política, a cultura, a economia da cidade só entram em pauta em situações específicas, como na época eleitoral.

Isso não é uma crítica à RBS TV. Não me incomoda que as coisas sejam assim. Só acho incoerente que as pessoas vejam isso diariamente e não se incomodem, enquanto uma vez a cada ano, durante um único dia, o jornalismo dê espaço para o final de uma novela e todo mundo fique contrariado porque estão falando disso em detrimento a outros assuntos importantes.
Também não penso que seja desperdício da parte da Globo investir nos folhetins. Alguns “críticos de redes sociais” estão divulgando imagens “denunciando” que a emissora gasta muito dinheiro com novela enquanto tem gente passando fome. Tenha a santa paciência! O que a Globo tem a ver com as pessoas passando fome? Ela pode denunciar, mostrar (nem sempre faz, é verdade), mas não é papel dela alimentar os que passam fome. Se for pensar assim, não devemos mais fazer música, cinema, nem jornalismo, porque isso gasta um dinheiro que não é pra dar comida a quem tem fome.
Da mesma forma, não quero entrar no mérito de que esse espaço todo à “Avenida Brasil” tenha sido dado unicamente por conta de interesses publicitários, ou o quanto isso mostra que a Rede Globo está mais preocupada com as novelas do que com o jornalismo e as incoerências dos seus projetos sociais. A questão aqui não é a Globo, nem qualquer emissora, site, ou rede social que tenha dado espaço ao desfecho da história de João Carneiro. A questão são as pessoas. Na sua hipocrisia, criticam uma novela enquanto o jornalismo, diariamente, está cheio de coisas inúteis.

O jornalismo precisa de reformas. Mas não é por causa das novelas.

Dito isso, é preciso esclarecer que não me incomodei com o auê que fizeram por causa da novela. Afinal, no dia seguinte tudo voltou ao normal (com a Copa ou a final do Campeonato Brasileiro isso não aconteceria). Também não acompanhei a novela e não sabia o nome de mais do que três personagens. Isso, no entanto, não quer dizer que eu não goste ou não acompanhe novelas. Tenho, sim, minhas prediletas.

A minha indignação com as formas de se fazer jornalismo que eu vejo em muitos veículos é diária. E acreditem: a novela é a que menos contribui pra isso.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Motorista se recusa a ajudar passageira em Joinville


Este texto vai inaugurar um manifesto mais que necessário por Joinville. Um manifesto em favor da melhoria da qualidade dos serviços de transporte coletivo da cidade. Chega de abuso, desrespeito e rumos para o transporte por ônibus decididos por pessoas que não o usam e, assim, ferram com a vida de quem é obrigado a usar este serviço diariamente.

Nesta quinta-feira, 18 de outubro de 2012, tive mais uma prova da falta de preparo e cortesia que acomete a maioria dos motoristas da cidade.
Uma mulher que visivelmente não costumava usar o ônibus para o seu deslocamento, embarcou na linha Benjamin Constant, da Transtusa, com saída do Terminal Central às 18h24 no ponto em frente ao Hospital Unimed com a filha pequena. Antes de passar na roleta, a mulher perguntou educadamente para o motorista se ela poderia descer pela porta da frente, pois o ônibus estava cheio e sua filha pequena poderia ter dificuldades em equilibrar-se até chegar na porta traseira. Secamente ele negou. Sem pestanejar, a mulher passou o cartão na máquina para liberar a passagem da menina e acabou rolando a catraca antes da menina passar.
Confusa, perguntou ao motorista o que ela poderia fazer: “Moço, eu nunca peguei ônibus”, avisou. “O que eu posso fazer? Perdi a passagem?”. O motorista respondeu, dizendo que não poderia fazer nada, que ela não poderia desembarcar pela porta dianteira e que ela tinha que se virar. Nervosa, ela alterou a voz, sem saber o que fazer, porque o motorista não demonstrou nem cortesia, nem vontade de ajudar. Foi por iniciativa dos outros passageiros que a menina foi pega no colo e passada por cima da roleta para o outro lado.

Em seguida a mãe da menina pagou a passagem embarcada, R$ 3,10, para que, enfim, também pudesse passar. No momento em que iria passar, novamente se atrapalhou, do mesmo modo que aconteceu com a filha, e girou a catraca sem ter passado.
Nervosa e já chorando, ela repetia diversas vezes que estava confusa porque nunca tinha pegado ônibus. O motorista alterou a voz dizendo que nada podia fazer. Os passageiros, revoltados, clamavam para que o motorista, pelo menos, deixasse que ela descesse pela porta da frente, pois ela já tinha pagado a passagem. Ele apenas dizia que não poderia fazer nada, pois não iria tirar dinheiro do bolso dele para pagar a passagem para ela.

Desorientada, a mulher já ia sacando a carteira para pagar mais uma passagem quando cerca de cinco pessoas se prontificaram a pagar a passagem dela sob protestos. Uma das passageiras berrou dizendo: “Você trata ela assim porque não é com sua mãe nem com sua esposa, né, seu grosso?”. Outros protestos e xingamentos de “grosso” e “estúpido” se seguiram.
Por fim, o que restou foram as conversas em dupla dos passageiros indignados com a situação e com a falta de preparo do motorista para lidar com tal situação.

Ora, analisemos o caso: é fato que a mulher tinha um tanto de falta de senso de lógica ao rodar a catraca sem passar por ela. Ainda assim, em qualquer lugar que trabalhe com o público, a mais básica das orientações é não contar com a capacidade lógica das pessoas. Se for necessário orientar para que a pessoa possa executar ações básicas, assim deve ser feito. Da mesma forma, se a pessoa fizer perguntas óbvias, elas devem ser respondidas. Sem sarcasmo.

Assim, da mesma maneira que é visível a falta de lógica das ações da passageira protagonista desta história, também é visível a falta de preparo do motorista para lidar com o público. Talvez porque a função dele não seja ajudar as pessoas. E essa afirmação está correta. Em qualquer cidade que se preze, existe um cobrador para informar, orientar, auxiliar e óbvio, cobrar dos passageiros. Em Joinville esse profissional não existe. Com isso, os motoristas têm funções acumuladas e acabam protagonizando situações como estas.

Tá faltando respeito, preparo e cordialidade entre os motoristas de ônibus em Joinville. E esse caso não é único. Virão outros por aqui. E se não falta orientações para que os motoristas atendam bem ao público, é preciso, então, que os cobradores voltem a existir.
Chega de pagar quase R$ 3 para levar de brinde mau humor!

Se você também tem alguma denúncia de mau atendimento ou má qualidade dos serviços de transporte coletivo em Joinville, nos contate! Este espaço será aberto para denunciarmos e divulgarmos a falta de respeito da prefeitura, da Gidion, Transtusa e Passebus com a população joinvilense.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Leonel e o ninho de cobras


Leonel Camasão é filiado a um partido recente, pequeno e com ideias e propostas desconhecidas da grande maioria. O problema é que, ao apresentar as ideias e a forma de trabalhar do PSOL, o povo joinvilense tenha ficado um tanto espantado.

Isso porque não é natural em Joinville que se discuta temas como igualdade, respeito, limites entre público e privado e defesa das minorias em prol do todo. Joinville é a cidade do individualismo e, infelizmente, usar o espaço político para mudar essa mentalidade, embora necessário e ideal, não é vista com simpatia e acaba afugentando votos.
Assim, quando Leonel propõe reduzir o salário do prefeito e acabar com as secretarias regionais, o povo se assusta. Ora, apesar de eu achar interessante a justificativa para a permanência e criação das secretarias regionais, nada do que foi proposto acontece. Elas têm pouca autonomia e servem basicamente para trampolim político dos secretários num futuro cargo de vereador e cabide de empregos, inchando a folha de pagamento da prefeitura.

Mas as secretarias foram criadas por Luiz Henrique e o nome dele parece ser imaculado na Cidade dos Príncipes. Não sei por quais motivos, afinal, foi este sujeito que deu autonomia para as empresas de ônibus agirem do modo como agem hoje em dia, por exemplo, reclamando o preço da passagem que bem entendem e tratando os usuários como se fossem sardinhas.

Leonel é contra tudo isso. E pode até existir gente que concorde com as ideias dele, mas teme duas coisas: a primeira de todas é a “perda de voto”. Já que Leonel não está bem colocado nas pesquisas, pensam que vão jogar o voto fora. Malditas pessoas que votam tendo a pesquisa eleitoral como condicionante! Se todo mundo que pensasse assim efetivamente votasse em Leonel, se não o levasse à prefeitura, pelo menos o colocaria numa boa posição.
O outro motivo é o comodismo. É muito mais fácil viver numa Cidade dos Príncipes. E por que eu repito esse título? Porque somos súditos. Meros súditos do empresariado dessa cidade, dos donos das terras, dos imóveis, das igrejas e das empresas. Aprendemos e nos acostumamos e obedecer. Votar diferente significa sair da realidade de formigas: acostumadas a andar enfileiradas, se perdem quando aparece qualquer obstáculo no caminho. Assim é o joinvilense: prefere ser comandado a tomar frente da situação e decidir que as coisas devem ser diferentes.

Estamos inseridos em uma realidade de preconceito, fundamentalismo e autoritarismo. Por anos fomos comandados por oligarquias no Estado. E continuam os mesmos nomes, ainda que corruptos e com atuações questionáveis – tal como Tebaldi e Luiz Henrique – a governar o povo joinvilense e catarinense. Nesta realidade, Leonel pode ter dificuldades em governar. Não duvido que o governador do Estado, Raimundo Colombo, que é do mesmo partido do candidato Kennedy Nunes, esqueça ainda mais Joinville. Os investimentos do Estado para nós já são ínfimos; temo que Leonel na prefeitura possa causar ainda mais desagrado aos poderosos.
Será um grande desafio para ele lidar com isso: a Acij influente, que vai querer abatimento de impostos dos ricos, enquanto os pequenos empresários terão que pagar a conta não paga pelas multinacionais que porventura queiram se instalar aqui. Leonel terá escolhas difíceis e pode ter que conviver quatro anos em um ninho de cobras. Cobras que maioria dos joinvilenses alimenta a cada dois anos com as eleições em todas as esferas do poder.

Aqui nos cabe apenas refletir. Leonel tem boas propostas, boas ideias e traz um modelo de governo necessário para que Joinville seja mais educada, mais humana e justa. Mas sobreviverá ele a uma realidade de individualismo e autoritarismo predominantes no âmbito político estadual e federal no qual a cidade está inserida?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"O Andarilho" é abertamente CONTRA a candidatura de Tebaldi

Ainda falta falar de mais três candidatos ao cargo de prefeito de Joinville, mas antes que chegue a vez dele, é preciso deixar claro que este blog fará de tudo para contribuir com A NÃO ELEIÇÃO DO DEPUTADO MARCO TEBALDI.

Além dessa imagem referente ao Código Florestal, que ele votou a favor, tem os processos judiciais movidos contra ele, e o candidato insiste em dizer que isso é normal. Não sei de onde.
Além disso, enquanto prefeito, Joinville esteve constantemente envolvida em escândalos, seja por conta da corrupção ou por compra de vaga do time de Joinville em campeonato de futebol.
Tebaldi fez asfalto casca de ovo, começou e esqueceu a obra no São José (e agora diz que vai terminar), ergueu o prédio do PA do Aventureiro, não equipou e diz que o pronto atendimento é realização dele (sendo que sem médicos e equipamentos, de nada valem as paredes).

Tebaldi construiu a Arena, uma jogada (com perdão do trocadilho) extremamente eleitoreira. A obra está cheia de sérios problemas estruturais, cuja reforma completa custaria o o que foi gasto até o momento com a construção.
E as escolas que começaram a ser interditadas no início de 2009? Como seria culpa do governo atual com poucos meses de casa? Claro que foi Tebaldi que permitiu que as coisas atingissem tais níveis alarmantes. Além das enchentes, que ele nunca sequer tentou resolver.

Tebaldi foi um dos prefeitos que mais aumentou a passagem de ônibus e o serviço prestado nunca melhorou. Tebaldi deixou uma dívida milionária para a prefeitura e amargava índices de rejeição na eleição de 2008 por conta de sua péssima atuação.


O ANDARILHO NÃO QUER TEBALDI NOVAMENTE! PELO BEM DE JOINVILLE, VAMOS TIRAR TEBALDI DO SEGUNDO TURNO!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ensino Integral: uma solução não tão boa quanto parece

A seguir vocês vão poder ler um texto da minha irmã, Bruna Reinert. Pedi para que ela escrevesse sobre o Ensino Médio Integral, experiência do governo do estado implantado em algumas escolas de Santa Catarina enquanto o atual candidato a prefeito, Marco Tebaldi, era secretário estadual da educação. Minha irmã foi duramente prejudicada com a falta de preparo pedagógico e estrutural da escola para tal iniciativa. E nem era culpa dos professores. Em conversa com uma orientadora do colégio, à época que minha irmã ainda estudava em período integral (pediu para mudar justamente por conta da péssima qualidade do projeto), ela me disse que a ideia foi empurrada goela abaixo e não foram dadas as condições mínimas para que a escola pudesse trabalhar dessa forma.
Historicamente, o ensino de responsabilidade do governo do Estado em Santa Catarina, é ruim e continua sendo. Por isso talvez haveria diferença na qualidade do ensino integral lá e aqui. Penso que não. Joinville acabou de sair do turno intermediário. É hora de melhorar a qualidade do ensino regular, valorizar sempre e cada vez mais os professores, trabalhar para aumento da qualidade da infraestrutura educacional da cidade e oferecer opções no contraturno. Ainda não temos como suportar Ensino Integral em escola pública, nem mesmo arcar com possibilidades tecnológicas mirabolantes aquém do necessário para que o ambiente escolar seja bom.
O exemplo vocês podem ver a seguir:



Teríamos laboratórios, salas com televisões, um bom auditório, uma sala de informática adequada, quadra de esportes, cursos técnicos, aulas de conversação para inglês e espanhol, tempo necessário para fazer as tarefas e trabalhos na escola já que ficaríamos oito horas lá. E o grande objetivo era tirar os jovens da rua e melhorar a imagem da escola estadual. Tudo isso foi o que prometeram para as escolas que adotariam o Ensino Médio Integral.
            
Todas essas novidades foram apresentadas para os alunos do 9º ano do ensino fundamental, para ajudar na escolha de uma escola depois que se formassem. E foi por isso que eu fui para o Arnaldo Moreira Douat, no Costa e Silva, que adotou o Ensino Integral, apesar de não ter estrutura nenhuma para comportar isso. Mas a promessa de receber uma boa verba para ajudar a escola fez com que eles tivessem esperança de uma escola com uma estrutura melhor.
            
Já nos primeiros dias de aula o problema mais comum das escolas estaduais apareceu: a falta de professores. Ficávamos duas, três aulas sem atividades por falta de profissionais e só podíamos recorrer ao ping-pong já que a escola, até algumas semanas atrás, não tinha quadra. Resolvido o problema com os professores, agora o drama era os laboratórios, auditório, biblioteca e sala de informática. Nada disso era bom, auditório caindo aos pedaços, depois veio a “reforma”, laboratório sem espaço nenhum, biblioteca sempre fechada e sala de informática com quase todos os computadores estragados. Quando viram que não era possível resolver todos estes problemas, esqueceram da escola, porque, segundo a direção, a verba não tinha vindo como o prometido. Acho que não preciso nem comentar muito dos “cursos técnicos” que davam pra gente que eram, na verdade, o ping-pong,, capoeira, dança e xadrez.Até hoje tento entender o que isso vai acrescentar no currículo. Os horários que serviriam pra pudéssemos fazer os trabalhos e tarefas se resumiam às duas últimas aulas somente nas segundas-feiras. Mas depois retiraram esse horário e nos liberavam mais cedo todas as segundas pra fazermos os trabalhos em casa. Quando questionamos isso falaram que não estávamos fazendo nada mais do que a nossa obrigação.

Depois de todas as coisas erradas que estavam acontecendo e como todos os alunos viram que estávamos sendo prejudicados, decidimos fazer uma paralisação para pedir a liberação da quadra e cobrar as promessas não compridas. Não adiantou nada, pois, ao que parece, aluno de escola estadual não tem voz. Nada mudou.
            
Acho que por último e não menos importante é a questão da “aula de conversação”. Em espanhol, depois de quase meio ano perdido sem professor, encontraram alguém realmente bom. Nossas aulas só se resumiam a trabalhos e atividades. E a aula de inglês, foi a motivadora por eu ter saído do Ensino Médio Integral. Em inglês a professora não tinha diploma, estava no primeiro ano da faculdade e do cursinho de inglês. O que a gente fazia na aula? Cantávamos e líamos duas linhas do livro de inglês para a “aula de conversação”.
            
Não exagerei em nada do que disse, muito pelo contrário, estou meio que amenizando as coisas. As salas climatizadas, que falavam que iríamos ter, chegou no começo do inverno só com os condicionadores de ar pregados na parede. Ainda fazíamos as tarefas em casa, éramos obrigados a fazer os “cursos técnicos” mesmo se não gostássemos ou mesmo sabendo da inutilidade deles. Alunos e, principalmente, professores – que são muito mal pagos – estavam esgotados muito antes do meio do ano, as aulas não estavam rendendo por isso. Nenhuma promessa ou objetivo da Ensino Médio Integral foi cumprida, nenhum objetivo alcançado. Só conseguiram, por um tempo limitado, ocupar os jovens o dia inteiro. Apesar disso, meses depois do início do ano letivo, muitos decidiram desistir de estudar.

Agora eu me pergunto, o que o Ensino Integral tem de bom?

Bruna Reinert tem 16 anos e está no primeiro ano do Ensino Médio. Assim como dezenas de alunos, ela saiu do turno integral por insatisfação e agora está no turno da noite. Outros alunos trocaram de escola e, segundo ela, ainda há os que pararam de estudar, desmotivados. De acordo com a escola, foi necessário fechar uma das turmas do Ensino Médio Integral por falta de alunos.


domingo, 30 de setembro de 2012

Udo: a menina dos olhos de Luiz Henrique


Está tudo lá: um gesto marcante (antes as mãos juntas “por toda Santa Catarina”, agora, a batidinha na palma da mão “com mãos limpas”), a cartilha do Plano 15 e a ideia de passar a imagem de um político “gente como a gente”. Tudo bem, isso pode ser somente coincidências de marketing. Mas é inegável que Udo Döhler é um bonequinho de Luiz Henrique que, estando no senado, precisa de um discípulo fiel aqui na maior cidade de Santa Catarina para garantir seu reduto eleitoral.

Ao contrário do que aparece na propaganda eleitoral, Udo não é um cara que sai andando pela sua indústria ou por seu hospital cumprimentando e conversando com todo mundo. Sequer é visto com frequência. E eu conheço mais gente que trabalha/trabalhava nessas duas empresas do que a quantidade que já foi mostrada na propaganda do candidato.

Não concordo com a estratégia dos adversários de ficar apelando para suposições, tal como o possível racismo de Udo, ou do fato de o Dona Helena não atender pobres. Mais: apesar de ser fato o episódio das funcionárias da Döhler amarradas, não penso que isso contribua com o debate político, até porque tenho certeza que, se eleito, Udo não vai ficar amarrando ninguém em nenhum lugar.

Mas o que põe em discussão a qualidade da administração de Udo é o jeito Luiz Henrique de governar. LHS fez grandes obras para Joinville. E apenas grandes, porque úteis nem todas eram. Basta ver o Centreventos, cuja adaptação para shows, por exemplo, pode custar até R$ 25 mil. O Juarez Machado é mais um auditório de luxo do que teatro. Pra piorar, o prédio foi erguido em cima do que era pra ser o Teatro Municipal. E até hoje não temos o Teatro Municipal.
Luiz Henrique jogou a cavalaria da Polícia Militar junto com máquinas retroescavadeiras em cima dos comerciantes de rua do calçadão da Rua do Príncipe, para abrir uma rua que complicou ainda mais o trânsito do Centro. E sobre o álibi de estar melhorando o sistema de transporte coletivo da cidade, autorizou – anticonstitucionalmente, sem licitação – a exploração do serviço por 14 anos para a Transtusa e Gidion, que até hoje praticam preços abusivos, garantidos pelo acordo entre as empresas e a prefeitura, além de exercer um atendimento à população aquém do necessário, de péssima qualidade.
O asfalto, feito a torto e a direita, foi realizado sem drenagem e sem saneamento básico. Com os anos, os bairros começaram a sofrer com os alagamentos e os rios ficavam ainda piores com o esgoto não tratado despejado neles.
Enquanto isso, LHS continuava com suas obras megalomaníacas, que o fez ser a maior personalidade política da cidade, imbatível por aqui.
Hoje, ele está lá em Brasília defendendo o novo Código Florestal que beneficia os ruralistas, legaliza a destruição do que resta da Mata Atlântica e aprova o desmatamento da floresta Amazônica.
Não tenho dúvida que Udo vai governar sob a sombra de LHS. Até porque a atitude de se candidatar não partiu de Udo, mas de um “namoro” longo que o ex-prefeito manteve com o empresário para que o PMDB retomasse a administração municipal.

Diante disso tudo nos resta saber: como ficará o transporte coletivo na cidade? Será que Udo fará alguma coisa para destituir do poder os seus amiguinhos da Transtusa e da Gidion? Será que Udo vai continuar a atender a cidade com uma nova rede de tratamento de esgoto? Será que Udo vai fazer alguma coisa para despoluir o Rio Cachoeira que sua empresa tanto ajudou a poluir com as toxinas despejadas nele? Será que Udo vai realmente pensar nas pessoas diante do seu histórico à frente da Acij e da defesa dos interesses do empresariado da cidade? Quem terá mais peso nas decisões de Udo? Seus amigos da Acij afoitos pela especulação imobiliária, pelo enchimento da cidade com veículos por parte das concessionárias, ou o povo com a necessidade de moradia e de transporte coletivo de qualidade?

Deixemos as possibilidades de racismo, mulheres amarradas, xenofobia e toxinas no Cachoeira de lado: será que Udo quer governar Joinville por vontade própria? Será que ele vai ser prefeito para os joinvilenses ou para os empresários da cidade? Será que ele quer defender os interesses da população ou do Luiz Henrique? Udo seria o melhor prefeito para Joinville?

sábado, 29 de setembro de 2012

Hebe: um pedaço do que havia de brasileiro na nossa TV


Por mais óbvias que sejam, existem situações na vida que você acha que tão cedo não vai vivenciar. Existem aquelas pessoas que são tão ícones que, por alguns instantes, você acha que não são humanos, e por isso sempre estarão ali, presentes, como estátuas de cera que nunca mudam de aparência; ou, talvez, só troquem de roupa e penteado. Não nos ocorre que, como qualquer um de nós, elas estão sujeitas a frustrações, irritações, erros e a morte.

Por isso é com imensa tristeza que soube, hoje, da morte da apresentadora Hebe Camargo. Hebe fazia parte do restrito grupo de pessoas da televisão que está se extinguindo, tal como Silvio Santos. Quando essa “leva” de monstros da TV nos faltarem, o que nos restará? Comediantes stand-up? Modinhas do Multishow e da MTV? Os babaquinhas do CQC e Pânico? Programas com fórmulas enlatadas vindas dos EUA e Europa?
Por isso, além de perdermos mais uma parcela daquilo que existe de mais icônico na TV brasileira, estamos, aos poucos, perdendo a própria essência, a natureza, a originalidade, a qualidade da nossa televisão (que cada vez mais perde sua brasilidade) com a partida de Hebe Camargo.

Os programas de Hebe, durante toda a sua vida, não eram dados a intelectualidades. Apesar disso, ela não deixava de criticar a dura realidade vivida por muitos brasileiros. Também não deixava de incentivar a solidariedade e chamar atenção para as falcatruas de uma política desrespeitosa praticada no nosso país. Os convidados dela, em sua maioria, não eram mais que produtos da indústria cultural brasileira ou personalidades que o SBT queria emplacar na mídia. Ainda assim, Hebe fez parte de um tempo célebre da cultura nacional, cantando ao lado de Roberto Carlos, Agnaldo Rayol e Demônios da Garoa. Hebe entrevistou Mazzaropi, a presidenta Dilma, sempre com seu jeito informal e leve, o que tornava acessível a suas conversas, independentemente de quem era o entrevistado. Com Hebe nós ríamos, nos emocionávamos. Hebe tinha um brilho tão grande que não precisou estar na maior emissora do país para se tornar alguém inesquecível e ímpar. Mas também não escondia a alegria de estar no palco do Faustão (se comportava como uma criança gritando: “Olhem, estou na Globo!”) ou em uma entrevista no Fantástico.

Por fim, como nos resta poucas palavras em um momento desse, basta dizer que é muito bom viver num tempo em que se é capaz de ver pessoas com a grandiosidade de Hebe na ativa. Já que não tive a oportunidade de viver nos tempos de Mazzaropi, de Chacrinha, ou enquanto viveram Tolkien, Lewis, Machado de Assis ou Monteiro Lobato, pelo menos posso dizer que eu estive num tempo onde viveu Hebe Camargo.

Descanse em paz, Hebe.

Hebe morreu na madrugada de sexta para sábado do dia 29 de setembro de 2012, aos 83 anos, enquanto dormia. Sofreu de ataque cardíaco após lutar bravamente durante anos contra o câncer. Ela tinha, pouco antes de sua morte, acertado a volta para o SBT depois de uma temporada na Rede TV e se dizia muito feliz. Uma eterna guerreira que nunca permitiu que o sorriso deixasse o seu rosto.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Divulgado o segundo trailer oficial de "Uma Jornada Inesperada"

Há três meses do lançamento de "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", a Warner Bros. divulga o segundo trailer oficial da nova saga fantástica do cinema. Na verdade, o terceiro, se formos contar com aquele de alguns segundos de imagens novas. O trailer ainda não tem legenda em português, mas elas são, por enquanto, dispensáveis, justamente porque o que mais chama a atenção no vídeo é o aspecto visual: fotografia, arte, efeitos visuais, figurino, maquiagem impecáveis. E, é claro, a trilha inconfundível de Howard Shore.

"O Hobbit" está prometendo muito. A promessa é grande! Vamos ver se vai cumprir.

Abaixo, o trailer:



"O Hobbit" se passa 60 anos antes dos eventos de "O Senhor dos Anéis". Ele conta como Bilbo Bolseiro achou o Um Anel na caverna de Gollum, ainda sem saber que se tratava do lendário Anel de Sauron. O filme será baseado no livro homônimo de J.R.R. Tolkien.

O roteiro foi escrito a oito mãos por Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens e Guillermo del Toro. A direção é de Peter Jackson, mesmo diretor da Trilogia do Anel. Junto com ele, devem voltar outros atores presentes na trilogia: Ian McKellen (Gandalf), Orlando Bloom (Legolas), Christopher Lee (Saruman), Hugo Weaving (Elrond), Andy Serkis (Gollum) e Cate Blanchet (Galadriel). Howard Shore volta a comandar a trilha sonora e a Weta, mesma responsável pelos efeitos especiais de "O Senhor dos Anéis", "Distrito 9" e "Avatar", estará assumindo um dos postos mais importantes para o sucesso dos dois longas.

"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" será lançado em dezembro deste ano. A segunda parte, "O Hobbit - A Desolação de Smaug" deve chegar aos cinemas em dezembro de 2013. A terceira parte, "O Hobbit - Lá e De Volta Outra Vez", está programada para 18 de julho de 2014.

domingo, 2 de setembro de 2012

Kennedy: aquele que diz só o que o povo quer ouvir


O primeiro problema do senhor Kennedy Nunes para prefeito é o fato de ele ser evangélico. E não é apenas um achismo meu. Na própria Bíblia, livro-referência de qualquer cristão, Jesus é claro ao dizer “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Se você é um missionário cristão e tem compromissos eclesiásticos, você não deve estar a serviço de César. Mais do que dar dinheiro, é trabalhar para ele. E aqui entendamos César como todo o contexto político atual, que envolve jogo de interesses e alianças multipartidárias que atendam aos interesses dos partidos em todas as esferas geográficas: locais, regionais, estaduais e federais.

O segundo problema, que está além do religioso, é as questões políticas e culturais. Não sejamos hipócritas. É óbvio que estaremos sujeitos aos princípios do prefeito para qualquer manifestação que a população queira fazer: grandes eventos que não sejam evangélicos (missas campais, eventos espíritas, passeastas feministas, passeatas levantando discussões como a legalização de certos tipos de drogas e lutas por direitos LGBT).
Aqui não falo concordando ou não com essas causas porque não vem ao caso. Também não estou me posicionando diretamente ao que eu creio que seja o pensamento do candidato Kennedy. A questão é: uma cidade não pode ser governada pelo pensamento de uma pessoa. A população de um município deve ter a liberdade de expressar suas diferentes formas de pensar e de crer. E um candidato evangélico põe em sérios riscos este direito conquistado desde o fim da ditadura militar: o direito à democracia, ao respeito multicultural e à expressão de ideias e opiniões diversas. Enfim, o respeito à diversidade.

Para além dessas questões ideológicas, temos o próprio histórico do Kennedy. Como parlamentar na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, sua principal missão era se projetar como prefeito e não atuar como deputado. Fez poucas coisas que trouxessem melhorias significativas para Joinville. Pelo contrário, mesmo sendo do mesmo partido do governador, jamais cobrou melhorias na educação estadual e vemos diversos colégios administrados pelo estado freqüentemente sendo interditados pela vigilância sanitária e com falta de professores e infraestrutura, além de não fazer nada para impedir que fossem fechados dez leitos no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, afogando ainda mais o São José, que mesmo sendo municipal precisa atender a demanda da região.
Uma prova simples do que eu falo: em algum programa da candidatura do Kennedy é mencionado algo relevante que ele fez em sua carreira como deputado estadual?
Fica a reflexão.

Por último, vem as propostas. Para o transporte coletivo, a única proposta é a redução do valor da passagem em R$ 0,35. Logo a passagem volta ao preço que está e a qualidade do serviço não vai ser melhorada, afinal, isso o Kennedy parece ignorar. É a prova que ele pouco conhece das verdadeiras melhorias que precisamos no transporte coletivo de Joinville.
E o maior e grande discurso do Kennedy é o alargamento de ruas e a chuva de elevados que ele quer trazer à cidade. Eu gosto e concordo com a ideia de elevados, mas em alguns pontos altamente críticos e perigosos da cidade, criteriosamente selecionados e que, pelo que me ocorre, não mais que dois (aquele cruzamento da Marquês de Olinda com a Ottokar Doerffel e na Santos Dumont com a Tuiuti, pra agilizar o acesso ao Jardim Paraíso e melhorar o tráfego para o aeroporto).
Ainda assim, elevados não são soluções inteligentes para a mobilidade urbana. É preciso investir mais em transporte coletivo (e não só reduzir R$ 0,35 a passagem), melhorar as ciclovias e ciclofaixas da cidade e as calçadas, dando alternativas para além do transporte individual aos joinvilenses. Isso é um convenção no mundo todo: as soluções para a mobilidade urbana estão em substituir o transporte individual pelo coletivo. E o Kennedy ainda não compreendeu isso.

Além disso, muitas das propostas que ele vem citando são projetos que já estão contemplados com um dinheiro trazido do BNDES pelo governo do estado e estão em fase de licitação (como as melhorias na Santos Dumont).
Precisamos ter cuidado com pessoas de boa lábia e comunicabilidade. Estas sabem se fazer passar por solucionadores de problemas. Mas basta pensarmos um pouco mais pra identificarmos que as soluções não são exatamente aquelas. Pode até ser o que o povo quer ouvir e ver. Mas não é o que ele precisa.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A não compreendida importância da política



Em épocas de eleição é que costumamos observar a maior quantidade de máximas, que pipocam por todo o canto: "odeio política", "nada muda", "vamos anular o voto", "é tudo igual!", "todo mundo rouba na política", "vamos votar branco", "não quero nem saber disso aí", e por aí vai.
Pode até ser que as coisas não estejam boas, que os serviços públicos estejam morosos e ineficientes, que a educação e a saúde estejam precarizadas, que a infraestrutura esteja sucateada e que tudo está muito caro. Mas sinto lhe dizer, querido leitor, que nada disso vai mudar se você não aceitar que só a política é capaz de fazer as coisas mudarem!

O quê? Você acha que com a política não é possível mudar? Bom... está lhe faltando, então, um pouco de lembranças das aulas de história. E aí está outro problema: nossos queridos aluninhos brasileiros, em todas as esferas da educação, não gostam de estudar. E, não raro, quando estudam, é por nota ou pra conseguir a profissão almejada. Jamais por puro, simples e rico conhecimento.

Mas voltemos: foi através de uma movimentação política que o Brasil conseguiu sair de décadas de ditadura para viver, enfim, o regime democrático.
Para quem não tem noção do que era a ditadura (ou esqueceu, ou perdeu a noção de gravidade), aí vai um refresco dolorido: a ditadura proibia o acesso à informação que eles não julgavam interessante. Certamente, portanto, você não veria as queridas cantoras pop da atualidade com a frequência que vê, porque, pela indumentária delas, era uma afronta à família. Seriados americanos? Jamais! O nacionalismo impedia que se tivesse acesso, no Brasil, a uma quantidade muito grande de produções estrangeiras.
Se você fosse um pouco mais politizado, era perseguido, preso e torturado. E mesmo que você não fosse muito politizado, mas fosse pego reclamando do governo com a vizinha, também era preso.

Passado o tempo da ditadura, tivemos o governo Collor, que foi um completo fiasco e não resolveu nada os problemas históricos do Brasil de décadas de atraso. E por um movimento político Collor foi deposto da Presidência da República.

Fora do Brasil, temos o bom exemplo de Nelson Mandela que, com força política, conseguiu trazer um pouco mais de igualdade para a África do Sul.

Da mesma forma, existem aquelas forças políticas que fazem o mal: Hitler (que dispensa explicações) e George Bush só para citar exemplos. Além daqueles casos locais de autoridades municipais que autorizam de forma inconstitucional a exploração de um serviço público (o transporte coletivo) para duas empresas somente por 14 anos. Por mil Lápis, Helicópteros e Sapos! Não preciso lhes dizer quem é, né?

Ou seja, o povo tem sim poder na política. É só ver a história! E a política tem histórico de ser suja e excludente mesmo. Basta ver na Grécia Antiga, quando criaram o conceito de democracia: a democracia deles excluía mulheres e escravos. Só homens tinham voz para tomar as decisões.
Ainda assim, exemplos de políticas feitas com diálogo, respeito, maturidade existem! Basta ver a situação de movimentos sociais, estudantis, sindicatos, entre outras organizações que lutam por dignidade com democracia e inteligência.

Mas é preciso ampliar essa consciência. Infelizmente existem três grupos de pessoas no nosso Brasil.

O primeiro grupo é composto por pessoas não-instruídas que são ludibriadas com discursos que dizem apenas o que elas querem ouvir. Russomano, candidato a prefeito para a cidade de São Paulo, disse hoje, 22 de agosto, que queria que houvesse uma igreja em cada quarteirão. Serra, que também saiu candidato pela capital paulista, também anda fazendo comício em diversas igrejas e estreitando laços com pastores.
Ou seja, uma população que já é enganada e prejudicada por pastores charlatões estão sendo usadas para arrecadação de votos de sujeitos que se preocupam em fazer mais um discurso vazio e ludibriante, do que instigante e construtivo.
É preciso que se diga que grande parte das lutas importantes e necessárias para o desenvolvimento social do nosso país estão prejudicadas por conta das igrejas.

O segundo grupo é composto pelas pessoas que proferem aquelas máximas que listei no início do texto. São pessoas que não são instruídas e que espalham aquelas ideias de votos brancos e nulos como se fossem solução. Não! Não são solução, é preciso dizer, porque esse tipo de “protesto” não dá em nada porque estes votos não são contabilizados e alguém vai ser eleito de qualquer modo. Então porque perder o voto se existe a possibilidade de investir em alguma proposta interessante?
Mas para estas pessoas não existe proposta interessante. E depois reclamam que a saúde vai mal, que o trânsito tá um inferno, que as compras estão ficando muito caras, que não tá sobrando dinheiro pro lazer, que a escola foi interditada, que não tem parques pra criançada brincar e que tem esgoto a céu aberto e buraco na rua.
Mas depois da oportunidade (de voto) perdida, de que adianta reclamar, né?

O terceiro grupo faz parte das pessoas engajadas. Seja pelas boas causas, em prol da sociedade e das minorias, seja pela causa de quem detém o dinheiro, os privilégios e o poder.
O problema é que, deste grupo, os primeiros citados são os mais fracos, pois condenam o preconceito e promovem a igualdade e a justiça para trabalhadores e movimentos sociais, o que nem sempre vai de encontro com as ideias de uma maioria preconceituosa, machista e cristã-conservadora.

Enfim, a lógica é diferente do que a maioria pensa. O impossível de mudar não é a política, mas as pessoas. Se as pessoas mudassem, a política seria diferente. Afinal, foram as pessoas que colocaram Collor, Hitler e Bush no poder. Eles não chegaram lá igual uma vilã de novela conquista a riqueza dando o golpe da barriga!

Por isso, fica aqui o apelo. Vamos lutar pela conscientização! Hoje pode ser que o rumo da política na sua cidade, no Brasil e no mundo não te interesse. Mas no dia que você for prejudicado diretamente, você vai se lembrar deste longo texto aqui.

Daí pode ser tarde demais.


domingo, 5 de agosto de 2012

O (não) reconhecimento do legado de Mazzaropi


A identificação popular, por si só, sem o aval de críticos ou da elite intelectual, nunca foi motivo suficiente para registrar a relevância de alguma obra na história da arte. O popular, na realidade, no decorrer dos tempos, e até hoje, é tido como algo de menos prestígio em relação a obras de arte reconhecidas pela crítica especializada e pelos próprios produtores artísticos.

Se observarmos a história da arte poderemos constatar que muitos artistas só foram reconhecidos muito depois de sua morte – e daí, elitizados. Enquanto viviam, ainda eram motivo de desconfiança por parte dos “consumidores de arte”. Em muitos aspectos e para muitas pessoas, a arte é tida como uma representação de status social. Por essas razões, algo só é entendido como obra de arte a partir do momento em que se detecta um reconhecimento intelectual.

No caso do cinema brasileiro, isso é muito visível. E nem estamos falando de Mazzaropi ainda. De acordo com uma matéria publicada na revista "Cult" com um dossiê de Glauber Rocha, o próprio criador da chamada “Estética da Fome” fez um cinema conceituado por diversos nomes internacionais do cinema – como o diretor Martin Scorsese – dirigiu e escreveu longas que são marcos na história do cinema brasileiro, não teve reconhecimento, no Brasil, enquanto estava atuante e vivia para contribuir com a sétima arte nacional.

Hoje, por analisar o contexto social e histórico da época, a obra de Glauber é lembrada e aplaudida no Brasil e também no exterior. As pessoas compreenderam as alegorias presentes em suas películas e que faziam duras críticas ao modo de viver e de pensar da época. Hoje Glauber tem um reconhecimento que não gozou em plenitude na época em que fazia seus filmes.

Mas Mazzaropi continua à margem.

Cena de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", premiado filme
de Glauber Rocha
A obra de Glauber Rocha, por exemplo, está protegida e amparada na Cinemateca Nacional, um espaço que recebe incentivo fiscal do governo federal e é patrocinada pela Petrobras, uma estatal. O Museu do Mazzaropi é mantido por um Instituto fundado pela iniciativa privada: a empresa que mantém o Hotel Fazenda Mazzaropi, que nada tem a ver com a família do cineasta-comediante, e não há qualquer programa governamental de apoio e preservação ao legado de Mazzaropi. Nem mesmo em Taubaté, cidade onde está instalado o museu, há qualquer tipo de propaganda do governo municipal usando Mazzaropi como motor de propaganda turística.

O sertão do sudeste e centro-oeste, o jeca, o sertanejo da região cafeeira, nunca foram motivo de apreciação artística. A música sertaneja de raiz só chegou à cidade quando se “romantizou”. As modas de viola, que contavam causos e animavam as noites no sítio, até hoje não caem muito ao gosto de quem busca refinamento na música.

O país preferiu falar do sertão nordestino, da seca e dos males das regiões áridas do Brasil. E quem falou de lá, no cinema ou na literatura, foi muito lembrado – e com razão. Na década de 1960, a nouvelle vague brasileira tinha o objetivo de “imprimir o Brasil em película”. E essa procura de uma identidade nacional acabou por se tornar um retrato do sertão nordestino. Neste movimento é que sugiu “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), de Glauber Rocha, indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Cena de "Jeca Tatu", a maior bilheteria da história de
Mazzaropi, livre adaptação da obra de Monteiro Lobato
Mas o sertanejo da região de São Paulo e Minas Gerais, do interior do sudeste e do centro-oeste brasileiro, que não convivia com a seca, mas também tinha seus problemas, e precisava enfrentar os grandes latifundiários, a falta de saneamento e saúde pública, via os filhos viajando em debandada para as capitais, ou suas pequenas e pacatas cidades se transformarem em polo industrial, pela proximidade com São Paulo, não foi retratado. Sua roça foi minguando e perdendo espaço para o asfalto e as facilidades da tecnologia e quase nada se falou dele.

Mazzaropi esteve lá para falar desse sertanejo. Ele falou do jeca de Monteiro Lobato, criado em Taubaté e lá instalou sua indústria de cinema. Ele falou dos imigrantes portugueses e japoneses e ele mesmo representava o italiano que saiu da Europa para tentar uma vida melhor no Brasil, mas acabou apenas transferindo para cá novas dificuldades, instalando-se nas lavouras de café para garantir a sobrevivência. Aos poucos, esses sertanejos foram tentar melhor condições de vida na cidade, e Mazzaropi esteve com suas histórias na capital paulista, além de falar do jeca que vinha para a cidade, do que já morava na cidade ou simplesmente levar, no cinema, o jeca para quem um dia morou na roça e se encontrava numa vida limitada às linhas de produção.

Este texto é um trecho adaptado e extraído de "O Papel de Mazzaropi na História do Cinema Nacional", monografia de minha autoria concluída neste ano (2012).

terça-feira, 31 de julho de 2012

Três títulos já são cotados para nomear "O Hobbit 3"

ATUALIZADO! (31/07/12 - 20:55)
O título do segundo filme mudou; de "Lá e De Volta Outra Vez" passa a ser "A Desolação de Smaug". O terceiro ficou como "A Batalha dos Cinco Exércitos", como anunciado aqui neste espaço há pouco.

Continuamos acompanhando.

A SEGUIR, POSTAGEM DE 31/07/12 - 20:45

E o Andarilho segue com atualizações sobre o terceiro filme de "O Hobbit". Após o anúncio oficial de que a nova adaptação do livro de J.R.R Tolkien será dividido em três partes, a New Line Cinema já começa a registrar possíveis nomes para o longa.

"Riddles in the Dark" (Adivinhas no Escuro), "The Desolation of Smaug" (A Desolação de Smaug) e "The Battle of The Five Armies" (A Batalha dos Cinco Exércitos) são os nomes cotados.

Na prática, o nome mais provável é o último, já que os capítulos "Adivinhas no Escuro" e "A Desolação de Smaug", de acordo com o livro, não ficam tão no final da narrativa. Cinematograficamente falando, também, em se tratando de uma trilogia contínua, como em "O Senhor dos Anéis", a adequação de uma batalha para clímax da história também é mais provável.

"O Hobbit" se passa 60 anos antes dos eventos de "O Senhor dos Anéis". Ele conta como Bilbo Bolseiro achou o Um Anel na caverna de Gollum, ainda sem saber que se tratava do lendário Anel de Sauron. O filme será baseado no livro homônimo de J.R.R. Tolkien.

O roteiro foi escrito a oito mãos por Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens e Guillermo del Toro. A direção é de Peter Jackson, mesmo diretor da Trilogia do Anel. Junto com ele, devem voltar outros atores presentes na trilogia: Ian McKellen (Gandalf), Orlando Bloom (Legolas), Christopher Lee (Saruman), Hugo Weaving (Elrond), Andy Serkis (Gollum) e Cate Blanchet (Galadriel). Howard Shore volta a comandar a trilha sonora e a Weta, mesma responsável pelos efeitos especiais de "O Senhor dos Anéis", "Distrito 9" e "Avatar", estará assumindo um dos postos mais importantes para o sucesso dos dois longas.

"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" será lançado em dezembro deste ano. A segunda parte, "O Hobbit - Lá e De Volta Outra Vez" deve chegar aos cinemas em dezembro de 2013. A terceira parte, ainda sem nome, está programada para o segundo semestre de 2014.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!