Leonel Camasão é filiado a um partido recente, pequeno e com
ideias e propostas desconhecidas da grande maioria. O problema é que, ao
apresentar as ideias e a forma de trabalhar do PSOL, o povo joinvilense tenha
ficado um tanto espantado.
Isso porque não é natural em Joinville que se discuta temas
como igualdade, respeito, limites entre público e privado e defesa das minorias
em prol do todo. Joinville é a cidade do individualismo e, infelizmente, usar o
espaço político para mudar essa mentalidade, embora necessário e ideal, não é
vista com simpatia e acaba afugentando votos.
Assim, quando Leonel propõe reduzir o salário do prefeito e
acabar com as secretarias regionais, o povo se assusta. Ora, apesar de eu achar
interessante a justificativa para a permanência e criação das secretarias
regionais, nada do que foi proposto acontece. Elas têm pouca autonomia e servem
basicamente para trampolim político dos secretários num futuro cargo de
vereador e cabide de empregos, inchando a folha de pagamento da prefeitura.
Mas as secretarias foram criadas por Luiz Henrique e o nome
dele parece ser imaculado na Cidade dos Príncipes. Não sei por quais motivos,
afinal, foi este sujeito que deu autonomia para as empresas de ônibus agirem do
modo como agem hoje em dia, por exemplo, reclamando o preço da passagem que bem
entendem e tratando os usuários como se fossem sardinhas.
Leonel é contra tudo isso. E pode até existir gente que
concorde com as ideias dele, mas teme duas coisas: a primeira de todas é a
“perda de voto”. Já que Leonel não está bem colocado nas pesquisas, pensam que
vão jogar o voto fora. Malditas pessoas que votam tendo a pesquisa eleitoral
como condicionante! Se todo mundo que pensasse assim efetivamente votasse em
Leonel, se não o levasse à prefeitura, pelo menos o colocaria numa boa posição.
O outro motivo é o comodismo. É muito mais fácil viver numa
Cidade dos Príncipes. E por que eu repito esse título? Porque somos súditos. Meros súditos do
empresariado dessa cidade, dos donos das terras, dos imóveis, das igrejas e das
empresas. Aprendemos e nos acostumamos e obedecer. Votar diferente significa
sair da realidade de formigas: acostumadas a andar enfileiradas, se perdem
quando aparece qualquer obstáculo no caminho. Assim é o joinvilense: prefere
ser comandado a tomar frente da situação e decidir que as coisas devem ser
diferentes.
Estamos inseridos em uma realidade de preconceito,
fundamentalismo e autoritarismo. Por anos fomos comandados por oligarquias no
Estado. E continuam os mesmos nomes, ainda que corruptos e com atuações
questionáveis – tal como Tebaldi e Luiz Henrique – a governar o povo
joinvilense e catarinense. Nesta realidade, Leonel pode ter dificuldades em
governar. Não duvido que o governador do Estado, Raimundo Colombo, que é do
mesmo partido do candidato Kennedy Nunes, esqueça ainda mais Joinville. Os
investimentos do Estado para nós já são ínfimos; temo que Leonel na prefeitura
possa causar ainda mais desagrado aos poderosos.
Será um grande desafio para ele lidar com isso: a Acij
influente, que vai querer abatimento de impostos dos ricos, enquanto os
pequenos empresários terão que pagar a conta não paga pelas multinacionais que
porventura queiram se instalar aqui. Leonel terá escolhas difíceis e pode ter
que conviver quatro anos em um ninho de cobras. Cobras que maioria dos
joinvilenses alimenta a cada dois anos com as eleições em todas as esferas do
poder.
Aqui nos cabe apenas refletir. Leonel tem boas propostas,
boas ideias e traz um modelo de governo necessário para que Joinville seja mais
educada, mais humana e justa. Mas sobreviverá ele a uma realidade de
individualismo e autoritarismo predominantes no âmbito político estadual e
federal no qual a cidade está inserida?
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