domingo, 5 de maio de 2013

Com DNA Tour, Wanessa exporta a música brasileira para o mundo


Wanessa chegou ao ponto mais alto da sua carreira. Amadurecida profissionalmente e vocalmente, lançou nesta semana o registro da sua turnê DNA, onde interpreta as canções do último disco, de mesmo nome. Além de um show de alto nível, comparado a produções internacionais, a gravação do espetáculo está à altura do que vemos no palco.
Três painéis assimétricos, mais um telão de led ao fundo, complementam a linguagem musical.

São três atos que representam, de início, as aflições humanas, o sofrimento, o purgatório; passando por assuntos terrenos, onde são experimentadas as paixões, o amor, os ambientes urbanos, o sexo e, depois dessa descoberta e da vivência desses sentimentos, a história nos leva ao encontro da paz, da plenitude, da felicidade.

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Figurino do primeiro ato do show, nas trevas
Para representar esses três momentos distintos, o show inicia com um prelúdio, onde Wanessa aparece imobilizada por uma camisa de força preta. No vídeo, todas os símbolos e movimentos remetem à angústia, à prisão, ao desconforto. A música de abertura é a que dá nome ao show, seguida por Stuck On Repeat (a versão remixada pelo americano David Audé, que chegou a ser classificada pelo New York Post como “a música mais dançante dos últimos anos”), Get Loud, Murder e Messiah.
Nos telões, confusão, loucura, desespero, pane, imagens confusas e escuras combinam com a coreografia de movimentos curtos e rápidos, o figurino negro e as feições, tanto de Wanessa quanto dos bailarinos, fechada, aflita.

Performance de Stuck on Repeat, uma das melhores
coreografias do show
O segundo ato começa com Fly, música que orna muito bem com o momento do show, que vai falar sobre as experimentações, com a entrega ao que o mundo tem para oferecer. O figurino fica mais leve, despojado e Wanessa entra em cena com um vestido vermelho, retratando as paixões que serão vivenciadas neste ato. O telão dá espaço para imagens urbanas, elementos da Terra.
Esta é a parte mais brasileira do espetáculo. As músicas em português começam a ser executadas, a começar por Deixa Rolar, com o funkeiro Naldo (única canção realmente dispensável no show), seguida por uma versão de Não Me Leve a Mal com muita percussão, bastante latinizada. Sem Querer, do terceiro álbum da cantora, ganha uma nova roupagem, com mais guitarra e uma pegada mais rock n’ roll. Wanessa lembra de sua fantástica e inigualável veia romântica ao cantar Não Resisto a Nós Dois, às lágrimas, acompanhada de um coro apaixonado e embalada somente pelo piano, dando mais leveza à música. A romanticíssima You Can’t Break a Broken Heart, de Diane Warren, compositora que já trabalhou para Celine Dion e Christina Aguilhera, emociona e traz à tona toda a qualidade e potência vocal de Wanessa, indiscutível.
Wanessa e Bryan Tanaka, em Blow Me Away, no segundo
ato
Mas o momento romântico é breve e Preta Gil entra no palco em uma das apresentações mais divertidas e animadas. Mostrando-se completamente à vontade, ela leva o público inteiro a dançar e cantar com força. Wanessa e Preta espelham uma sintonia única que faz de Amor, Amor, cantada pelas duas, um momento delicioso e irreverente.
Provando que o segundo ato é o mais rico, o show segue com Blow Me Away, interpretada numa cama, com os telões em chamas, numa apresentação caliente, sensual e empolgante com o dançarino responsável pela direção de coreografia, Bryan Tanaka, que já trabalhou com estrelas como Beyoncé, Rihanna e Jennifer Lopez.
Por fim, Shine It On, escolhida para ser o carro-chefe de divulgação do DVD encerra a parte “terrena” do DNA Tour.

Quando o espetáculo vai começar a falar da plenitude, do nirvana, da paz, do Paraíso, Wanessa chega com Armosphere, seguida pela animadíssima Hair & Soul, que sintetiza toda a proposta do show, conforme vou falar mais adiante. Esta última, aliás, rendeu uma homenagem da plateia nos moldes do que já havia sido experimentado nas passagens de Britney Spears e Demi Lovato no Brasil, quando o público levanta plaquinhas com a inscrição “OH!”, em dado momento da canção.
O espetáculo vira uma pista de dança quando começa Worth It e sobe o morro da favela, com as batidas do funk carioca em Sticky Dough. Por fim, um dos maiores sucessos da nova fase de Wanessa, Falling For U, encerra o show.
Figurino do terceiro ato do show

É preciso dizer que, por mais que a maioria das músicas sejam cantadas em inglês, o show não perde a essência brasileira. Wanessa mistura funk e samba em muitas músicas. A percussão, que dá ares de reggaeton e axé em algumas canções, é extremamente destacada e conta, até mesmo, com um latão para dar uma sonoridade mais crua a algumas canções. O maior ato do show, o segundo, traz uma veia latina e coreografias abrasileiradas. Nota-se claramente que a intenção de Wanessa é fazer música pop, genuinamente norte-americana, mas com uma cara inteiramente brasileira, única, numa junção feliz do que há de mais popular na nossa cultura com o que existe de mais vanguarda lá fora, como o dubstep.

A escolha por retratar três momentos com sentimentos diversos não é gratuita. Além de uma linguagem que retrata sentimentos comuns a qualquer ser humano, Wanessa quis ser a voz das mulheres, ilustrando a busca por conquistas, pelo espaço, pela independência, pela liberdade, pela felicidade. Assim, passamos do primeiro momento onde os bailarinos homens assassinam as mulheres (em Murder), tapam suas bocas, vendam seus olhos, prendem-nas com sua força, até que, libertas dessas amarras, elas encontram, por meio das paixões, do amor, do prazer, da experimentação dos sentimentos, a atitude (demonstrada, principalmente, em Amor, Amor: “poderosa, atrevida, ninguém se mete mais na minha vida”, diz a letra) e, então, chegam à felicidade plena, a independência, o companheirismo entre as iguais, a beleza presente na alma em cada uma delas (Hair & Soul pode ser classificada como o título desse ato: o cabelo representando a beleza externa, numa alusão às particularidades, à liberdade, às diferenças que são muito visíveis no capilar das mulheres; e a alma, que é a beleza interior, o que elas têm de especial no íntimo de cada uma delas), além de Sticky Dough, que é um verdadeiro confronto entre os sexos, provando que as mulheres não têm nada de frágil, nem de inferior.

Wanessa dança o show inteiro, canta muito com segurança. É mulher e brasileira, mostrando ao mundo o que alguém do “sexo frágil” do “terceiro mundo” é capaz de fazer. DNA Tour é cheio de simbolismos externos ao show, inclusive. Ele nos tira o complexo de inferioridade, mostrando do que o brasileiro é capaz, que a nossa cultura, nossa verdade é completamente intensa e pode ser dominante tanto quanto a norte-americana nos é por aqui. E tudo isso feito por uma mulher, que já experimentou a pobreza, passando por uma vida mais tranquila, com dinheiro advindo do trabalho do pai, num estilo musical que desde sempre foi vítima de preconceitos, também responsável por ela sofrer preconceitos, mas que hoje, neste novo estilo, ganha o mundo com elogios e apreciação internacional, mesmo sem um trabalho intenso de divulgação fora do Brasil.

Enquanto isso, por aqui, continuam chamando Wanessa de caipira, como se isso fosse um motivo para diminuí-la. Felizmente, nenhum preconceito é capaz de diminuir alguém que, com seu brilho próprio, é capaz de ser grande. E ela mostra isso a todo momento, na sua plateia, na sua mensagem, nas suas origens, na sua história e no seu DNA.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Católico, sim. Acrítico, não


Eu vou escrever sobre a renúncia do Papa. E quando eu escrever sobre o assunto, compartilharei nas minhas redes, compostas por pessoas das mais variadas: amigos dos tempos de escola, de colégio, de faculdade, pessoas que acompanharam em minha trajetória profissional, outras que ainda caminham comigo, familiares, membros da igreja que participo. Essas pessoas são católicas, evangélicas, espíritas. Algumas acreditam em Deus, mas não têm religião. Outro grupo é composto por ateus. Tem gays, lésbicas, heterossexuais, negros, velhos, novos, casados, solteiros, enfim. Amantes de literatura e cinema e outros avessos a isso. Eu conheço muita gente, graças a Deus. E por todos nutro um respeito ímpar.

Sou católico e jornalista. E o que isso tem a ver? Que tenho em mim a formação cristã, que crê em Deus e respeita a Sua Palavra, mas, tão importante quanto isso, sou crítico – natureza de jornalistas (ou deveria ser). Valorizo a sabedoria, um dos dons do Espírito Santo e graça muito valorizada por Deus, tanto que foi o pedido de Salomão que mais agradou a Deus e na Bíblia existe até um livro chamado “Sabedoria”, escrito pelo próprio Salomão.

E a sabedoria vem do questionamento, da leitura, do “ver os dois (ou mais) lados da história”. Ainda assim, como diz Tolkien, nem os mais sábios conseguem ver tudo.
Exatamente por isso que não vou conseguir agradar a todos. E não se espantem, porque na vida as coisas são assim. E não há como eu manter uma amizade e um respeito por todos esses diferentes grupos de pessoas se eu não respeitar a opinião de cada um. Da mesma forma, não há como todos esses grupos de pessoas gostarem de mim se não respeitarem os meus pensamentos, fartamente influenciados pela minha fé católica, mas também pelos meus estudos e convivência.

Como diz o ditado, se nem Cristo agradou a todos, quem sou eu para fazer isso?

Vi um contato meu, no Facebook, compartilhar um texto que dizia que não há como ser católico e “de esquerda” ao mesmo tempo, que isso é uma orientação papal. Ora, então eu não sou católico, afinal, me identifico muito mais com uma visão política de esquerda. E ser taxativo ao afirmar isso é tão incoerente com o conceito de sabedoria – como eu já disse aqui, bem apreciado por Deus – quanto qualquer outra coisa estúpida que possa ser dito. É ignorar contextos históricos e sociais nos quais os Papas de outrora disseram isso. É negar as especificidades da Igreja nas diferentes regiões do mundo. É negar o Concílio Vaticano II que determinou que a Igreja deveria estar mais próxima dos fiéis. É negar a experiência de santos, como Santa Paulina, Madre Tereza, São Francisco de Assis.

Desculpem meus amigos cristãos, mas eu critico a Igreja. Não destrutivamente, claro. Porque quero o melhor para ela e quero que ela seja cada vez melhor para o mundo. Mas também peço desculpas aos meus amigos esquerdistas porque eu sou contra o aborto, por exemplo. Se quiserem, posso falar melhor sobre isso em outra oportunidade, mas apenas sinalizei isso aqui para dizer: a partir desse ponto, vocês podem entender melhor meus pensamentos.

Dito isso, podemos conversar. Amanhã falo sobre o Papa. E, afinal, os comentários estão aqui para – de modo saudável – debatermos.

Deus abençõe a todos. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

"As Aventuras de Pi" no Set

Conforme prometido, escrevi sobre "As Aventuras de Pi", novo filme de Ang Lee, no Set Sétima. Vale a pena ler a crítica e ver o filme, claro, conforme eu já indiquei para vocês por aqui.

Para quem ainda não conferiu o longa na tela grande, segue o trailer.



segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O último post de 2012


Faltam algumas horas para terminar o ano e vou compartilhar com vocês (não sei por qual motivo, mas quero fazê-lo) a minha visão sobre o que foi 2012 na minha vida.

Péssimo. Apenas isso.

Não posso deixar de registrar, porém, que, ainda que o ano tenha sido ruim, vivi momentos bons: fiz novos amigos (especialmente no GNC Cinemas, empresa onde trabalhei por alguns meses), me formei e reencontrei pessoas que participaram da minha trajetória acadêmica na vida profissional e fui no show da Lady Gaga. O Hobbit estreou.

Apesar disso, os motivos para lamúrias foram exponencialmente maiores que em qualquer outro ano da minha vida.

Após o baque que tive com a inesperada interrupção do Coopermovimento, precisei me reestabelecer profissionalmente. Isso demorou. Fiquei quase três meses desempregado, sem esperanças de que pudesse trabalhar em qualquer um dos lugares onde já tinha passado ou que, embora ainda não tivesse trabalhado, mas que colegas e amigos estavam.
Mas, por fim, como nada tinha dado certo, precisei trabalhar no cinema, que foi muito bom em diversos aspectos, mas que não ajudava na minha vida financeira em colapso e que comprometeu outros setores da minha vida, como os casamentos que eu cantava e as atividades na igreja.
A saúde, por muitas vezes, ficou em frangalhos. Nada extremamente grave, porém, graças a Deus. Mas não foi um ano tranquilo para meu querido corpo. Sinusite e amigdalite, como sempre, ocuparam grande espaço na agenda dos meus dias. Assim como na minha família as coisas não estiveram tão bem no que diz respeito à saúde durante o ano.
Em casa, a situação não era das melhores. E ainda não é.
Mal viajei. Não fui ao Beto Carrero. Não consegui alcançar diversos objetivos e planos. Não consegui renovar a carteira de motorista.

A passagem de ônibus de Joinville foi confirmada em R$ 3 (antecipada) e o projeto político dos próximos anos não condiz com o que eu acredito, com meus princípios.

Enfim, etecétera, etecétera.

Claro que não posso considerar um ano inválido. Wanessa já diz em uma de suas músicas: "Não me impeça de errar, nem de me machucar: eu me fortaleço". Mas, amigos, confesso: não foi fácil. Desde passar a virada jogando paciência por causa da chuva torrencial que caía em Florianópolis na noite de 31 de dezembro de 2011 até a incerteza de tempo bom neste 31 de dezembro de 2012.

Pra 2013 a regra que fica é a seguinte: faça as coisas que você gosta. Faça as coisas que o seu coração mandar. Sua vida, sua felicidade e sua saúde são mais importantes que qualquer outra coisa, mesmo que existam pessoas que não gostem ou não concordem com a sua decisão. Mas atenção para a única condição: não prejudicar ninguém, pois se você não estiver prejudicando ninguém com a atitude, não há problemas.

Daí que está a questão: você já parou para pensar o quanto suas decisões podem estragar com os planos de uma (ou umas) pessoa(s), ou levar-lhe uma felicidade incomum? São nas pequenas coisas que a gente torna o mundo melhor.
Por isso, não hesite em sorrir, cantar e ser solidário. Saiba que a sua vida é muito importante e ela será melhor ainda se as pessoas que convivem com você estiverem bem. 

Já diz a música: "Olhe do seu lado, tanta gente teve tudo e acabou na solidão. Cuida da semente, você vai colher aquilo que plantou e trata bem da gente, pois você vai ser tratado da maneira que ensinou."

Espero um 2013 melhor. Assim como em 2012, não vou baixar minha cabeça para as dificuldades. Mas espero que a vida seja mais generosa comigo neste ano que há de vir. De minha parte, vou me esforçar muito.

E óbvio. Nunca vou perder a fé em Deus. Nada, também, foi tão grave que o dia seguinte não resolvesse. Nada tão perturbador que um sorriso não acalmasse. Nada tão cruel que olhar para as pessoas queridas não amenizasse. Mas todo mundo sempre deseja um ano cheio de conquistas, não é verdade?

Tive algumas em 2012. Mas espero, sinceramente, que 2013 me reserve muitas coisas melhores.

A mim, à minha família, e a todos que estão comigo, diariamente, aqui no blog. De modo muito especial aos amigos de verdade. Nada melhor que a felicidade para nos dar motivos reais para sorrir.

Boas energias e um universo de bênçãos para todos, de modo que 2013 seja inesquecivelmente bom!