terça-feira, 26 de janeiro de 2016

"A 5ª Onda" no Set

A fórmula tá ficando batida, mas assim como a gente se surpreendeu positivamente com Jogos Vorazes, sempre há aquela possibilidade de achar algo bom em mais uma trama adolescente com um triângulo amoroso.

Não é o caso deste A 5ª Onda. Entenda por que lá no Set, que está de volta!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O meu sonho de publicar um livro

Queria dividir algo bem especial com vocês. Senti essa necessidade porque, nessa jornada, acho que precisarei de muita força, muito apoio, muito incentivo, especialmente dos amigos e pessoas mais próximas.

Há alguns dias assisti a um filme biográfico por nome "Magia Além das Palavras". Conta a história da criadora de Harry Potter, Joanne Rowling. Desempregada, recém-separada do marido que a abusava, órfã de mãe, com uma filha pequena para criar, ela precisou sobreviver com a ajuda de um programa assistencial do governo inglês, que a sustentava com um salário semanal e pensão para moradia.

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Contei isso pra ilustrar como ela era desconhecida e sem nenhum contato naquele ano em que resolveu levar adiante seus sonhos. Ela só tinha uma boa história na cabeça e decidiu investir nela para realizar o seu objetivo de ser uma escritora. No entanto, grande parte da relutância das editoras ao receber o material dela se devia ao fato de ela ser desconhecida. E mesmo aquela que a aceitou, pediu para que ela abreviasse o primeiro nome para que não parecesse uma autorA (por isso o J. K. e não Joanne Rowling). Puro machismo, mas, enfim, ela precisou se sujeitar para ter seu livro publicado.

E neste ponto chego a mim: óbvio que minha situação de vida não é nem um pouco parecida com a Rowling pré-Harry Potter. Tenho um ótimo trabalho, amigos que me apoiam, uma família que é meu porto seguro, não vivo de assistência do governo, MAS sou desconhecido. Fato. E é nesse ponto que me apeguei para conseguir ir adiante com meu sonho. Além disso, há uma diferença clara entre os hábitos de leitura na Europa e Estados Unidos e aqui no Brasil, né? Enfim...

Poderia tentar o Simdec? Sim, poderia. Mas confesso a vocês que estou um pouquinho mais ambicioso. Será uma alternativa caso nada dê certo, claro, mas antes quero procurar as editoras. Isso porque tenho o firme propósito de conseguir pelo menos algumas centenas de leitores pelo Brasil. Sim, tô ousado, mas até aqui ninguém me cobrou por sonhar alto rs.

Ontem passei o dia pesquisando o processo de envio de originais às editoras e o cadastramento na Biblioteca Nacional. Agora estou me organizando pra conseguir fazer isso ainda neste ano.
Quem é mais próximo a mim sabe que eu tenho vários livros escritos. Nenhum desses que estão prontos eu publicaria, por uma série de motivos, mas este no qual estou trabalhando desde 2007, ainda ganhando forma, de fantasia, este sim, é meu xodó, meu orgulho, minha cria. E é neste que vou investir.

Compartilho esse desejo, esse objetivo que tracei para minha vida neste ano para que vocês estejam a par dessa minha caminhada e, sabe-se lá como, de repente possam me ajudar e/ou incentivar de alguma maneira. Tenho vários amigos com livros já publicados e isso dá alguma experiência, que seria muito útil para mim neste momento. Ideias, afinal, também são sempre bem-vindas.

Prometo que qualquer avanço nesse sonho eu compartilho por aqui. Até lá vou lutando, sonhando, pesquisando, buscando meu espaço e fantasiando.

Espero que tudo dê certo!

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domingo, 10 de janeiro de 2016

Os Dez Mandamentos e o papelão na dramaturgia da Record e da Globo em 2015

O ano de 2015 marcou algumas das situações mais bizarras da televisão brasileira. O conservadorismo cada vez mais doentio da sociedade, que torna incapaz de aceitar o diferente, o novo, associado a um clima de hostilidade entre as pessoas, acabou atingindo o comportamento do brasileiro diante da telinha.

É que no dia 16 de março a Rede Globo estreou sua nova novela das nove: Babilônia. Escrito a seis mãos, entre elas o experiente Gilberto Braga (de Escrava Isaura, Vale Tudo, Celebridade), junto com João Ximenes Braga e Ricardo Linhares, apoiados por um elenco estelar, com grifes como Fernanda Montenegro, Glória Pires, Adriana Esteves, o folhetim causou espanto do público já no primeiro episódio, ao exibir a cena de um beijo lésbico entre as personagens de Montenegro e Nathalia Timberg.

No dia seguinte, campanhas de boicote, inclusive vindas do Congresso Nacional, e mensagens raivosas à Natura, patrocinadora do programa, pedindo para que fosse retirada a publicidade na novela, se espalharam pelas redes sociais e, principalmente entre as igrejas.

É gente, as igrejas estão cada vez mais querendo dizer até mesmo o que deve e o que não deve passar na televisão.

Não à toa que, na semana seguinte, no dia 23 de março, a Rede Record levou ao ar aquilo que ela chamou como “a primeira novela bíblica da história da televisão”, Os Dez Mandamentos: um prato cheio para todos aqueles que estavam fazendo campanha contra a Rede Globo. E prato cheio para as igrejas também, claro. Não que a história de Vivian de Oliveira tivesse sido fiel e correta em relação aos escritos bíblicos, mas isso é detalhe diante de tudo o que a novela mostrou.

Um pouco mais adiante, caros leitores, eu devo mencionar o papelão da Record em relação à sua falta de planejamento no tocante a este projeto. Mas antes de chegar lá, quero registrar que até mesmo a gigante Globo se comportou de maneira vergonhosa diante do fracasso da sua novela e do avanço da concorrência no horário.

É que, para agradar aqueles que estavam apedrejando Babilônia, a Globo recomendou que a novela fosse totalmente alterada. Com isso, personagens ficaram descaracterizados, outros desapareceram, alguns núcleos tornaram-se inúteis, tramas que prometiam um desenrolar interessante foram descontinuadas e, aqueles que ainda se interessaram minimamente por todas aquelas coisas novas que haviam sido propostas, foram desanimando ao ver o que a narrativa estava se tornando: aos poucos, uma colcha de retalhos sem sentido.

Como as alterações não causaram nenhum efeito positivo, a Globo começou a promover um tal de estica-e-puxa na grade que ficou feio de se ver. Jornal Nacional ficava mais longo, novela mais curta, outros dias um atrasava, ou adiantava, enfim... Uma bagunça que só.

Com tudo isso, a Record se beneficiou. Em primeiro lugar, como eu disse, a onda conservadora que está inundando o país se sentiu prestigiada ao ver a adaptação de uma conhecidíssima e milenar história religiosa. Depois, com o comportamento primário da Globo, mais pessoas resolveram conferir o que havia no canal ao lado, ao perceber que a gigante da teledramaturgia estava perdida na condução do seu principal produto. E, por último, e — na minha visão — menos importante, a necessidade das pessoas de buscarem uma trama escapista, diante de tantas notícias ruins e indignantes que reinaram na imprensa nacional em 2015. Neste sentido, Os Dez Mandamentos era como uma massagem para o anseio de entretenimento longe da realidade, algo que Babilônia não estava propondo.

Mas muito do que eu disse aqui já é bem conhecido de quem acompanha notícias sobre os bastidores da TV. O ponto que eu queria chegar era especificamente sobre a trama de Os Dez Mandamentos. A novela fez história ao bater, em audiência, o principal produto da televisão brasileira (a novela das nove da Rede Globo) e ao dar índices de duas casas decimais à Record, nada acostumada a essa realidade.

O burburinho que a novela causou nas redes sociais também foi uma coisa digna de registro. Foi uma trama comentada, que incomodou a Globo, mexeu também com as outras concorrentes, alterou o comportamento do brasileiro diante da TV e pegou até mesmo a própria Record desprevenida.

Mas tudo isso, devo dizer, não tem nada a ver com a qualidade da novela. Muito pelo contrário. Como também já ressaltei, a Record foi feliz por colocar na sua grade um produto certo na hora certa. Nem mesmo os efeitos digitais importados da mesma empresa responsável pelo seriado The Walking Dead são dignos de elogio, ao se considerar as questões técnicas e artísticas.

A novela parecia mais um teatro de igreja: os figurinos extremamente coloridos, a direção de arte e os cenários completamente artificiais, as atuações exageradas (quando não mecânicas), as falas impostadas demais (isso quando não se tentava fugir da formalidade e acabava caindo no extremo oposto: a coloquialidade exagerada), sem contar com o tom de pregação que a novela cultivou ao longo dos seus mais de 170 capítulos. Um martírio. Teve até extintor de incêndio que apareceu em um dos capítulos (em pleno Egito Antigo), revelando a falta de precisão da equipe técnica a certa altura, já que o ritmo de gravações estava extenuante.

A cena da travessia do Mar Vermelho, ponto alto da trama, conseguiu ser mais chata do que piada de tio velho na ceia de Natal. Blocos inteiros com closes sem diálogos, cheios de caras e bocas, com efeitos digitais vergonhosos (ok que é extremamente caro executar coisas desse tipo. Mas se viram que a coisa ia ficar tão artificial, poderiam diminuir um pouco a escala). Mas não. Na visão do elenco e da produção, a Record estava colocando no ar a sétima maravilha do mundo. Não havia nenhuma autocrítica. Iludidos pelos números, tomaram para si a crença de que o produto era inquestionável, primoroso, de fazer inveja de Hollywood. Quanto engano!

Não deu outra: após este ápice da história, a audiência caiu, segundo o Ibope. Curiosamente, essa é uma característica totalmente contrária a qualquer telenovela. Normalmente os últimos capítulos é que batem recordes, que chamam um público que não costumava acompanhar a trama, e o desfecho de qualquer novela acaba trazendo números superiores ao dia a dia de qualquer folhetim.

Em Os Dez Mandamentos, no entanto, houve uma situação brochante. Um anticlímax horroroso, imperdoável para qualquer pessoa que entenda minimamente de um roteiro. O clímax da novela era justamente a travessia do Mar Vermelho, a fuga do Egito. Ainda assim, a novela se estendeu por mais algumas semanas e, no fim das contas, não terminou. Acabou com um “continua”.

O momento-título da novela nem chegou a acontecer, porque o protagonista, Moisés, sequer chegou a entregar as tábuas da Lei para o povo hebreu. Flagrando a traição de seu povo a Deus, o profeta quebrou as pedras e, em mais uma cena cheia de closes, caras e bocas, trilha exagerada e embarrigada (que é como se diz nas situações em que uma novela se enrola demais, quando não acontece nada relevante à trama), o folhetim acabou.

Isso é consequência do papelão — dessa vez — da Record. Impressionada com os números que nem mesmo ela esperava, perdida diante da falta de domínio sobre o que fazer com a trama de sucesso que tinham em mãos, tomaram decisões diferentes em dias seguidos a respeito do que viria depois de Os Dez Mandamentos. Com uma novela inteiramente gravada (Escrava Mãe) e temendo perder aquilo que havia conquistado, a emissora da Igreja Universal primeiro disse que levaria adiante seus planos de substituir a trama bíblica pela história de escravos (chegou até a exibir chamadas da nova novela). Em seguida, afirmou que colocaria no ar A Terra Prometida, sequência direta da saga de Moisés, mas ao ver que não conseguiria produzir a tempo o novo folhetim, cortou a trajetória do povo hebreu pela metade, anunciou uma segunda temporada, terminou a novela sem terminar, colocou no ar, pela terceira vez, a reprise de séries bíblicas, e está prometendo a sequência de Os Dez Mandamentos para o primeiro semestre deste ano, em, no mínimo, 60 capítulos. Depois deve estrear a história de Josué, sucessor de Moisés, na tomada da terra prometida, que dará título à novela.

Fato é que, com tudo isso, muito embora conquiste audiência e, de alguma maneira, um espaço de mais prestígio na produção de telenovelas, a Record demonstra amadorismo e falta de confiança em sua própria capacidade de fazer dar certo uma história anteriormente planejada (A Escrava Mãe) e revela estar perdida na administração da sua programação.

Embora a Rede Globo tenha perdido, em audiência, algumas batalhas, ela segue como vencedora da guerra. Ainda que a qualidade das histórias apresentadas tenha decaído muito nos últimos anos, os aspectos técnicos da emissora carioca são imbatíveis. E é sintomático perceber que, mesmo com resultados aquém dos habituais e perdendo público para a internet, para a TV sob demanda e os canais fechados, a Globo mantém-se como líder absoluta na teledramaturgia nacional. Tanto em qualidade técnica quanto em alcance.

Enquanto a Record não acreditar na própria capacidade e tratar a sua programação como uma brincadeira de criança, que desiste, retoma e volta atrás quando quer, ela nunca será uma Rede Globo. Esteja o Mar Vermelho aberto ou completamente fechado.

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domingo, 3 de janeiro de 2016

O meu preconceito que me envergonha e o processo de desconstrução

Quando resolvi assumir o compromisso pessoal de manter este espaço atualizado, meio que fiz uma revisita às publicações antigas. O objetivo era verificar a periodicidade dos posts, em quais momentos eu havia sido mais dedicado ao blog e como eu me organizava para garantir que ele sempre tivesse conteúdo novo. Mas este exercício acabou resultando em uma outra reflexão, que quero compartilhar com vocês.

A primeira constatação: como o meu texto evoluiu! Não só em questão de estilo, mas na precisão da escrita mesmo. É até vergonhoso verificar como as coisas eram, a maneira como eu organizava as ideias, a forma de colocar os argumentos, enfim... E isso que eu achava que escrevia razoavelmente bem.

Mas o desconforto em ver a minha escrita anos atrás não é nada se comparado à minha evolução como pessoa. Neste item, sim, eu me senti profundamente enojado com certas coisas que eu mesmo colocava.

Machismo disfarçado de  "sou romântico"

 

A primeira coisa que notei foi como eu era machista! Num post vergonhoso intitulado “A mulher perfeita”, por exemplo, ao “analisar” o comportamento feminino em uma sexta à noite, eu escrevo: “Chuva e frio e cambada [olha que construção horrível] de mulher de top e minissaia. Quando não,
um vestidinho fino e curto. É bom ver, não nego [o grifo não é original], mas muito mais bonito seria algo menos ridículo”.

A maior escrotice, além de querer ditar com qual vestimenta as meninas podem ou não se sentir à vontade para se divertir é dizer “é bom ver, não nego”. Gente! Como eu podia pensar assim? Que ridículo! Que vergonhoso! Como se as mulheres fossem alguma mercadoria exposta para que eu diga “estão ridículas, mas é bom ver”. Como se elas estivessem se vestindo para me agradar. Como se devessem obedecer às vontades e desvontades dos machos de plantão. É bom mesmo que eu tenha evoluído nesse aspecto.

Em outro post, “Marcando posições”, destilo meu preconceito ao afirmar, taxativamente, que funk não é música. E no mesmo post, em certo “argumento”, faço mais uma colocação nojenta e machista, que não vem ao caso (tem algo a ver com “pegar” mulher).

Enfim, os exemplos são inúmeros. E a partir daí comecei a notar o quanto eu precisei exercitar a desconstrução para ser uma pessoa mais crítica e com um pouco mais de senso de justiça. Não vou dizer que hoje sou um ser perfeito, que alcancei o nirvana e sou dotado de todo o conhecimento do mundo. Não! Até porque, daqui a alguns anos, vou reler outros posts do blog e ver o quanto eu fui ridículo em novas situações.

Mas o fato é que percebi o quanto eu era preconceituoso, machista e homofóbico. Talvez ainda o seja, mas em outra medida. A diferença é que hoje me policio e sei, na maior parte das vezes, quando estou falando uma bobagem. E ainda que não tenha expressado claramente nenhuma posição homofóbica em algum texto do blog, lembro como eu me comportava na escola, como eu ria e fazia os outros rirem com “piadas” sobre alguns colegas de turma, professores e professoras que, na visão da maioria, tinham algum trejeito homossexual (como se isso significasse alguma coisa ou como se isso fosse motivo de riso).

Uma forma de agir na rede e outra na vida


E aqui vale um adendo bem importante: eu nunca fui popular. Eu nunca fui o fodão da escola. Eu nunca me considerei uma pessoa de direita, mas aqui me comportava como tal. E o mais importante: este ser que escrevia essas coisas não era eu. Não tinha nada a ver com a forma como eu vivia, falava, me comportava. Eu não era pegador, eu não era dado a cantadas, eu não era o padrão de homem macho-alfa. Ao contrário: tive ótimos professores, colegas sensacionais que foram muito importantes para que eu construísse minha visão de mundo. Ainda assim, aqui nos textos, e em alguns pensamentos e atitudes não expressas, eu exercitava todas essas coisas ruins, características tão divergentes daquelas pelas quais eu era conhecido: o garoto estudioso, tímido, artista e religioso da escola e do bairro.

Isso me fez ver o quanto a minha trajetória explica esse momento de tanto ódio e falta de reflexão que vivemos na sociedade. Percebam: eu não me considerava alguém intolerante. No dia a dia não era alguém raivoso ou violento, não tinha nenhuma característica de alguém desrespeitoso ou preconceituoso, mas no meu íntimo e, especialmente, na rede (aqui no blog), externava toda essa prodridão que existia dentro de mim. E isso que sempre fui um rapaz da igreja, católico praticante e fervoroso (outra característica que pode ser notada na história do blog).

Como a igreja e a TV podem influenciar para o mal


Mas, afinal, o que me influenciava a ser desse jeito? Primeiramente, e inegavelmente, a igreja. Não é um achismo! É uma constatação ao observar a minha vida, a minha experiência. Justamente por eu estar tão imerso nessa realidade, tão envolvido no discurso religioso fundamentalista, que eu condenava taxativamente, sem poréns ou cuidados com as palavras, o comportamento feminino.

Lembro que em grupos de jovens e, de forma mais marcante, em um fim de semana na TV Canção Nova, onde participei de um retiro que eles denominam PHN (Por Hoje Não), o cantor Dunga comparava mulheres que se vestem mais à vontade a pedaços de carne velha expostos em um açougue. Eu cultivei comigo esse pensamento por anos. Num DVD da banda Anjos de Resgate, eles
comparavam homossexuais a bandidos e traficantes. “Se você não cuidar do seu filho, um bandido vai enganar ele, um traficante vai levá-lo para ele, um homossexual vai enganar ele”, diziam (ou algo parecido, não são as palavras exatas, mas era esse o sentido).

Lamentavelmente, vejo muitas pessoas agirem como eu agia, pensarem como eu pensava, motivados por esse tipo de influência.

E quem colocava mais lenha na fogueira era a TV. O Luiz Carlos Prates, aquele mesmo que defende administração militar nas escolas públicas, os presidentes da época da ditadura, e que disse que pobres não podem ter carros porque não sabem ler, era meu ídolo. O personagem que ele vivia no Jornal do Almoço, da RBS TV (afiliada da Rede Globo em SC), era uma inspiração para aquele garoto que sonhava em ser jornalista. Para mim, ele falava as mais profundas verdades, era sincero, não tinha meias palavras, enfim, era um exemplo. Por outro lado, pelo fato de a igreja criticar muito a “libertinagem” da TV, eu, no mesmo momento que a tinha como escola, também me considerava o supercrítico, e assim pensava que estava causando ao pensar e expressar certas coisas.

Eu não vou linkar aqui os textos que mencionei porque eles não representam o que eu penso hoje em dia e também não acho que valha a pena perder tempo com eles. São medíocres. Por outro lado, não vou excluí-los do blog, porque eles demonstram a minha evolução enquanto pessoa e cidadão, e pelo menos serviram para eu ser mais crítico comigo mesmo antes de criticar o mundo.

A raiz do ódio nosso de cada dia 

Diante disso tudo, percebo no Brasil atual um comportamento muito parecido com aquele que sempre tive: pessoas que se consideram críticas, mas que os pensamentos são resultado de uma combinação perigosa: o pior das religiões, misturado com a artificialidade do fazer pensar da TV, mais um sentimento de pessoa justa e honesta, que o coloca acima de qualquer questionamento, especialmente o próprio.

Isso não quer dizer que a TV deva ser banida da vida de qualquer pessoa. Só é urgente que ela não seja a única forma de entretenimento e informação. Também não quer dizer que alguém não possa ter uma religião, mas ela não pode ser considerada inquestionável. E sempre vale lembrar que acreditar em Deus e viver os bons ensinamentos bíblicos, por exemplo, como o amor e o respeito, é diferente de viver cegado por qualquer dogma.

Espero que eu possa melhorar cada dia mais, para que eu não seja mais um a perpetuar o machismo, a intolerância e o preconceito. E espero, ainda mais, que mais pessoas possam olhar para o seu passado, seus pensamentos e suas posições e repensem suas atitudes à luz da necessidade de uma sociedade mais humana e justa.

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