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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um novo Andarilho para você

Bem-vindos a 2012 e a um novo Andarilho, meus caros companheiros de caminhada! O ano passado foi bastante intenso aqui neste espaço, e tudo isso eu devo a vocês, meus fiéis leitores; poucos, mas especiais.
Aos que me visitam esporadicamente também fica o meu registro de gratidão. Afinal, foi por conta dos visitantes esporádicos que eu consegui, na metade de 2011, superar a marca de 1.000 visualizações do Andarilho em uma semana, naquele que foi o maior post da história do Andarilho, que discutiu a homossexualidade na sociedade brasileira.

Percebi ainda impressionantes e expressivas visualizações em agosto, quando a Rede Globo lançou mais uma edição do Criança Esperança. Um post antigo, que falava sobre a polêmica em relação ao projeto disparou nos números de visitas e o Andarilho foi um dos espaços na rede mais consultados para tirar dúvidas sobre este assunto.
Tivemos ainda a "Série Wanessa", que fez um apanhado da carreira da maior cantora pop brasileira, o quadro "Você Precisa", que acabou se saindo menos religioso - no sentido da frequência de postagens - do que eu imaginava, e as postagens que tratavam sobre "A Joinville que eu queria", discutindo os problemas da minha cidade.

Enfim, 2011 foi um ano muito bom para este blog - apesar da monografia e do pouco tempo que eu tive para o Andarilho - e que se mostrou com uma qualidade muito superior a todos os outros anos de existência deste espaço.

Para 2012, em breve formado (espero), vou dar mais atenção a este querido blog. Vamos continuar aprofundando as discussões rasas das redes sociais, fazendo a cobrança necessária para um país e uma cidade (Joinville) mais justa, falando de cultura, um pouco de mim e do Set Sétima, que acabou ficando em um canto esquecido do baú da minha vida em rede.

Diante disso tudo, nada melhor do que começar o ano novo com um blog novo. Os novos recursos que eu apresento a vocês são mínimos: os visitantes podem seguir o Andarilho por e-mail (cadastre seu e-mail na barra lateral), assistir a alguns vídeos no YouTube que também são sugeridos aqui na barra lateral, além de navegar pelos blogs recomendados por este autor que vos fala.

Afora isso é só a roupa nova mesmo, sempre tentando ser o mais atrativo possível para tornar a sua visita ao Andarilho cada vez mais construtiva. Me acompanhe nesta caminhada em 2012! Sem dúvida teremos um ano incrível pela frente!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tarifa aumenta e qualidade cai: a realidade do transporte público de Joinville

Mais uma vez, na calada do fim do ano (que é mais desabitado que a madrugada em Joinville), a tarifa de ônibus da maior cidade de Santa Catarina vai sofrer reajuste.

Eu poderia, aqui, falar de um monte de coisas que são lugar-comum nos discursos sobre o aumento da tarifa: do direito ao passe livre, que é a consumação do nosso direito de ir e vir; do aumento de gastos que estudantes e trabalhadores terão com mais esse reajuste; que as empresas estão faturando alto e não abrem mão do lucro que têm, mas querem aumentá-lo cada vez mais às custas de uma prestação de serviço que deveria ser público.


Claro que inevitavelmente eu vou entrar nestas questões. Mas os motivos que me levam a este texto, a à minha crítica contra o aumento do preço da passagem de ônibus em Joinville vão muito além disso.

Neste ano eu tive a oportunidade de conhecer o transporte coletivo de algumas cidades brasileiras. E pude constatar realidades diferentes. Estive no Rio de Janeiro, Taubaté e São Paulo. Já conheço os modelos de Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. Nas diferentes situações vi preços e qualidade na pretação do serviço distintas. E Joinville se destaca, principalmente, pela qualidade dos ônibus: eles, em geral (não todos) são bem conservados e pertencem à frotas recentes. O modelo de transporte integrado, em que se pode andar por toda a cidade com apenas uma passagem também é uma vantagem de Joinville. Mas para por aí.
Nós temos corredores de ônibus mal projetados e os motoristas não trafegam neles. Dirigem, na verdade, no meio da faixa que delimita o corredor. Isso por causa dos buracos existentes nas vias.

Os motoristas, aliás, merecem um parágrafo à parte. São o exemplo do mau-humor, da anti-cordialidade e da falta de atenção no volante. Os diretores das empresas de ônibus podem até dizer que eles passam por constantes treinamentos, e eu não duvido. E também não culpo estes profissionais pelo constante mau-humor. São as condições de trabalho que afetam tanto na cordialidade deles: é complicado t
er que dirigir, cumprir horários, ficar responsável por mais de uma linha, cuidar dos equipamentos de bilhetagem que hora ou outra estragam - e eles precisam dar um jeito no problema para poderem seguir viagem -, vender passagens no ônibus, acomodar passageiros cadeirantes e ainda ter paciência de aturar o trânsito caótico e cada vez mais mal planejado de Joinville.
Ou seja, os motoristas fazem o papel de cobrador, de manutenção, de relações públicas, de motorista e de administrador do seu carro. É muita pressão!
Como consequência - e não adianta dizer que não porque quem anda de ônibus somos nós, não o senhor Moacir Bogo, presidente da Gidion - constantemente vemos situações de impaciência com ciclistas que trafegam na margem da pista (só falta o motorista passar por cima deles), desrespeito à sinalização de trânsito (não param na faixa de pedestres e furam o sinal vermelho) e desrespeito com os passageiros (a falta de cordialidade ao esperar pessoas que estão chegando de uma linha e querem acessar outra).
Diante disso, a solução seria a volta dos cobradores. Mas a passagem aumenta e nem ouvimos falar da possibilidade de retorno desta função nos coletivos de Joinville.

É verdade que o problema das lotações é comum no mundo inteiro. Aqui não se reclama da lotação por reclamar. O problema é que se o preço aumenta, o serviço tem que melhorar! Se estamos pagando mais caro, é porque, teoricamente, a quantidade de linhas e a frequência de horários de ônibus iria aumentar. Mas isso não acontece. Pelo contrário: vemos, com frequência, a extinção de algumas linhas, a fusão de outras, a redução nos horários. Além dos atrasos e da falta de sincronia entre uma linha ou outra.


Por exemplo: aqui na região do Costa e Silva onde eu moro passam três linhas de ônibus. As três passam com uma diferença de tempo inferior a três minutos cada um. Isso não dá nem o tempo que eu levo para caminhar de um ponto ao outro, no caso de eu ter perdido o ônibus. Numa visão otimista, a minha próxima oportunidade viria 30 minutos depois. Isso se não houver atrasos.

E as câmeras instaladas nos ônibus?

Alguém disse que elas servem para garantir a segurança dos passageiros. Mentira! Pude perceber que elas estão estrategicamente posicionadas para zelar pelos interesses das empresas de transporte coletivo: uma à frente do volante do motorista, focando a rua. Em caso de acidentes, pode ser usada como prova a favor da empresa ou para ferrar com o motorista. Outra é posicionada em direção à catraca, para fiscalizar se o motorista está atento às pessoas que passam em dois na roleta, às crianças grandes que passam por baixo, ou a qualquer tipo de sujeito que tente dar uma de esperto e passar sem pagar. Obviamente que Transtusa e Gidion não podem fazer nada contra o passageiro. Mas contra o motorista podem!
Daí tem mais duas. E adivinha para onde elas estão direcionadas? Sim, para as portas de saída. A intenção, novamente, é apenas zelar pelos interesses das empresas, e evitar que pessoas entrem pela porta traseira, sem pagar.

Aí alguém vai dizer. "Ah! Mas isso ajuda também na segurança. A inibir os ladrões e bandidos!". Se fosse assim, não haveria assalto à banco. E tem mais: se fosse pra garantir a segurança de alguém - que não a das empresas - as câmeras estariam dispostas de outra forma.
Ou seja. O nosso dinheiro da passagem não está sendo investido para nossa segurança. Mas para alimentar a ambição dos empresários. E a qualidade no serviço que se dane!

Teria muitas outras coisas a falar. Milhões de razões pelas quais a tarifa não deveria aumentar. Mas encerro listando a mais grave de todas: as empresas de transporte coletivo de Joinville não estão preparadas para enfrentar situações fora da rotina.

Passei por isso há poucos dias, na última grande chuva que ocorreu na cidade. Com o alagamento das ruas que dão acesso ao Centro, os terminais ficaram fechados e as linhas de ônibus permaneceram paradas. Observei os fiscais trabalhando para conseguir, o quanto antes, liberar os ônibus para cumprirem suas rotas. Mas não havia ninguém para dar informação. Se fôssemos perguntar, tínhamos respostas óbvias: "o terminal do Centro está alagado!". Isso eu já sabia! Eu queria saber como vou pra casa!
Daí aconteceu que eu fiquei exatamente duas horas parado no terminal Sul. E eu moro na zona Norte. Ninguém pensou em uma linha alternativa, que pudesse passar por ruas não alagadas e levar as pessoas para suas casas. Nestas horas, por mais anti-social e anti-ecológico que seja, o nosso pensamento é de que seria muito melhor se eu estivesse sozinho no meu carro. Eu pegaria um atalho tentando desviar da cheia e chegaria em casa. Um tanto mais tarde do que o comum, mas, pelo menos, não ficaria parado sem informação.

Então não adianta a prefeitura fazer planos para que as pessoas substituam o seu meio de transporte se o ônibus não funciona e a tarifa é cara.

Também não adianta dizer que está preparando uma licitação e tudo vai melhorar em 2013 ou 2014. Ou o serviço melhora, ou a passagem não aumenta.
É muito fácil para as empresas simplesmente pedirem aumento. Em qualquer outro segmento, para não perder o cliente, as coisas teriam de ser resolvidas com criatividade.

Porque eu tô relacionando criatividade com Transtusa e Gidion? Diante do exposto, ficou claro que isso é uma coisa que eles não têm.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Moradia: um direito para poucos

Se existem câncers nesta nossa sociedade capitalista, diria que um deles é o mercado imobiliário. Daí vocês me perguntam porquê dessa minha revolta com as imobiliárias.

É simples.

É um direito de todo ser humano ter um lugar para morar. Como pode alguém querer controlar esse direito? Mas, muito mais que controlar, que não seria algo lá tão demoníaco: como pode alguém ter o poder de limitar esse direito?

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A começar pela especulação imobiliária. Imóveis ficam meses, anos parados para "valorizarem". Enquanto isso, milhares de pessoas continuam sem ter uma moradia, simplesmente porque existem pessoas que, a fim de ficarem mais ricas do que já são, resolveram deixar os imóveis parados para, no futuro, resgatassem um valor mais alto do que custam no momento.


Quando, enfim, decidem vender ou alugar, cobram um valor exorbitante, capaz de fazer o cidadão ficar até décadas preso às condições da imobiliária, além de exigir uma documentação tão complexa que faz qualquer um trabalhador com menos tempo desistir do seu novo imóvel. Para agravar, não raro, a imobiliária exige um fiador. Ou seja, se a pessoa não tem um conhecido com uma boa situação financeira, capaz de emprestar o seu nome para a transação, o negócio não é fechado.


Para aumentar o exagero e a mesquinhez desse tipo de gente dada à administração imobiliária, o fiador exigido, quase sempre, precisa ter dois ou mais imóveis em seu nome. No fim das contas, só consegue comprar uma casa própria - e até alugar um imóvel - aquela pessoa financeiramente resolvida. É a mesma história dos bancos, que só fazem empréstimo se você provar que não precisa de um empréstimo.


Daí vem o governo com programas habitacionais como o "Minha Casa, Minha Vida". Mas a burocracia é a mesma, e, ainda assim, os interessados precisam de uma intermediação com as imobiliárias.


É lamentável essa situação, de ter alguém que diga se você pode ou não ter um lugar para morar. Seria desumano, mas menos ruim, se a pessoa fosse expulsa da sua morada por não pagar o que deve. Mas o problema é que as imobiliárias não dão chance e preferem deixar a pessoa sem teto a diminuir as exigências e sua mesquinharia.


Isso, muito além de causar, como já dito, uma limitação a milhares de pessoas e famílias do seu direito de ter um lugar para morar, desencadeia um problema social grave, na medida em que se torna mais fácil montar acampamento em uma área de ocupação, ou construir uma morada nas favelas, muitas vezes ilegais, prejudicando o meio-ambiente e o plano diretor das cidades.


Engana-se quem acha que as áreas mais carentes das cidades são fruto - somente - da migração desenfreada: para além disso, está a questão imobiliária que, em lugar algum, oferece facilidades a quem quer um lugar para morar.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Wanessa fala sobre a polêmica com Rafinha Bastos

Um dia, numa lanchonete que tinha como atração principal um karaokê, eu, meu chefe e meus colegas de trabalho, numa sexta-feira, fomos fazer um happy hour. Era noite já. Depois das 22 horas. Estava cheio. Eu já havia decidido, desde quando combinamos aquele happy, cantar com uma colega de trabalho no karaokê. A música estava escolhida e o chefe sabia disso. Mas ele foi à frente, cantar a música dele primeiro.
Fiquei aguardando do lado do palco com a minha colega para que, assim que meu chefe terminasse, eu pudesse tomar meu lugar e participar daquele momento de brincadeira e diversão. Logo que ele concluiu a música, anunciou:
- Agora, vem cá, Juliano! - E me abraçou. - Fiquem vocês com a vara comprida do (citou o nome da empresa)! O garoto que parece um Boneco de Olinda. Um poste sem lâmpada. E que tem pernas! - Todos riram. Todos que estavam na lanchonete. Os que jogavam sinuca pararam para ver quem era o ser que recebia aquelas elogiosas descrições. Mas eu cantei. Cantei e, envergonhado e raivoso, fui embora em seguida.

Todos riram. Era uma piada. Numa lanchonete só. Havia umas 200 pessoas lá, no máximo. Mas eu fiquei ofendido.

Nas últimas semanas o Brasil acompanhou um debate infantil e desnecessário. Como se ninguém tivesse mais nada melhor na sua própria vida com que se preocupar, fizeram uma tempestade em copo d'água.
Não é de hoje que o super sem graça e metido a sabixão (o típico caso do cara que se acha, isso é visível), Rafael Bastos, lança mais uma de suas pérolas. Dessa vez, disse, em mais um episódio de humor sem graça, que "comeria" Wanessa "e o bebê. Tô nem aí!", frisou.
Eu sempre achei esse Rafael um exemplar caso de falta de talento. E também ele já tinha disparado, diversas vezes, muitas piadas desnecessárias. Ainda assim, eram piadas. Que eu não gostava, não concordava, achava que eram ridículas e infantis, mas piadas.
Apesar disso, o cara falou mais uma besteira em rede nacional. Besteira porque expôs uma mulher grávida com todo o direito de se sentir ofendida, afinal, ela é conhecida. Por mais que não doesse em mim ou eu não achasse nada de grave, mas compreendo a situação de alguém ser motivo de chacota em rede nacional, ainda fazendo insinuações à sua gestação.
Wanessa sempre teve o direito de processar o dito humorista. Afinal, foi agredida. Como vocês verão adiante, a pena para o processo no qual Rafael Bastos está sendo enquadrado não é culpa da Wanessa. Está determinado na lei e será decidido por um juíz. Mas não tem gente que arma barraco ao sair de uma empresa porque foi chamado a atenção na frente de todo mundo? Então... Wanessa foi ridicularizada na frente do Brasil. Sim, foi piada. Mas ela tem todo o direito de se sentir ofendida.
E se você pensa o contrário, tente imaginar alguém que você ama sendo ridicularizado em rede nacional. Mesmo que seja em uma piada. Depois defenda Rafael Bastos.

A seguir, após longas semanas em silêncio, o desabafo de Wanessa. Como fã e, principalmente, como alguém que entende que seres humanos devem ser respeitados como seres humanos, me sinto na obrigação de divulgar as palavras dela:

Diante de um silêncio engasgado e em risco de sufoco, me coloco, aqui e agora, fora dessa condição.

Quero falar, não porque estão me cobrando essa palavra, não para dividir lados e opiniões e nem para ganhar defensores. Apenas quero tornar pública a minha verdade, já que se trata da minha vida e da vida do meu filho, que nascerá em poucas semanas, e também para defender a mim e a minha família de falsas acusações.

Mesmo sendo de conhecimento geral o começo de toda essa história, gostaria de voltar à ela.

Em uma segunda-feira, voltando de um trabalho para casa, alguém próximo me informou o que tinha acontecido. Chegando em casa, entrei na internet e vi o vídeo que mostrava o humorista Rafael Bastos falando sobre mim e, infelizmente, também do meu filho. Confesso que tive de rever umas três vezes para ter certeza do que estava vendo e ouvindo.

Não tive reação, só pensava em uma coisa: “calma, ele vai ´consertar´ a frase, dizer que se enganou, falou errado e pedir desculpas”. Mas isso, como todos sabem, não ocorreu dentro do programa naquela noite e nem mesmo naquela semana, seja na imprensa ou nas redes sociais.

No dia seguinte, toda mídia comentava o acontecido. Nos próximos dias, não havia uma pessoa que me encontrasse que não comentasse o assunto.

Confesso que o que era insuportável ficou pior ainda, pois, como se diz na linguagem comum: “vi e ouvi o nome do meu filho na roda” e a única pessoa capaz de estancar essa história, não o fez!

A cada dia que se somava de silêncio do outro lado, mais indignada e machucada me sentia. O assunto também indignou o público e eu não tenho nenhuma culpa disso. Já que a escolha de dizer o que queria em um programa ao vivo e em rede nacional, assistido por muitos, não foi minha.

Essa história foi tomando proporções maiores com cada atitude que o próprio humorista tinha. Aqui do meu lado, nada se ouviu sobre o assunto pois, inocentemente, ainda acreditava em alguma atitude de arrependimento.

A gota d’água, para mim, foi assistir a um vídeo produzido e postado pelo humorista onde ele, em uma churrascaria, ironiza toda essa história.

Em quase 11 anos como cantora já me senti e fui ofendida, já me julgaram de diversas maneiras, mas foi uma escolha minha quando resolvi seguir essa carreira e dar “a cara a bater”, porém, desta vez foi diferente. Rafael Bastos ofendeu, agrediu verbalmente, ironizou e polemizou com o meu filho.

E qual mãe no mundo não defenderia, até com sua própria vida, o seu filho?

Estou apenas desempenhando o maior papel que a vida me deu: ser mãe. Para defendê-lo, vi na Justiça de nosso democrático país, o melhor caminho. Por isso, entrei com um processo criminal de injúria que, segundo nossa Constituição e Código Penal, artigo 140 se aplica perfeitamente ao ocorrido, já que o crime de injúria consiste em ofender verbalmente a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a moral, abatendo o ânimo da vítima.

Quando a notícia desse processo chegou ao conhecimento público, todos se apegaram a parte mais sensacionalista do caso, já que no artigo 140 a pena descrita para esse crime é de detenção de 1 a 6 meses. Esqueceram de dizer que a pena também se aplica com multa que pode ter um valor simbólico com doação de cestas básicas ou chegar a qualquer valor estipulado por um Juiz. E qual será o valor estipulado a ele se tivermos ganho de causa, não cabe a mim ou minha família decidirmos, isso cabe a Justiça.

Sinceramente, não estou interessada em dinheiro nenhum, muito menos que ele seja encarcerado em prisão alguma. Apenas desejo que esse processo faça o humorista repensar sua forma ofensiva de falar, disfarçada erroneamente em liberdade de expressão. Desejo a ele o arrependimento e que compreenda o ferimento que causou.

Gostaria de esclarecer, também, que eu e minha família não temos relação alguma com qualquer afastamento ou retorno envolvendo o humorista. Seria até pretensioso pensar que temos esse poder, já que a Band é uma empresa privada com seus donos, dirigentes e empregados e essa, sendo assim, se torna a única responsável por suas decisões. Qualquer notícia envolvendo esse poder fictício e covarde é falsa e mentirosa.

Muitas pessoas enviaram mensagens me pedindo para perdoar, mas só se perdoa quem pede desculpas e está arrependido. Eu não tive essa opção.

Essa é minha verdade e também a primeira e última vez que falarei publicamente sobre esse assunto. Tudo o que tinha para dizer eu disse aqui. Não sei se todos compreenderam minhas razões lendo este texto, mas peço, encarecidamente, pelo respeito ao meu silêncio de agora em diante.

Estou em um momento muito especial e sensível da minha vida e preciso de um pouco de paz, para receber meu filho com toda serenidade possível.

Obrigado pela atenção e espaço.

Wanessa Godoi Camargo Buaiz

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O homossexualidade e a sociedade brasileira


Infelizmente, no mundo em que vivemos, impera a lei do mais forte. Nos primórdios dos tempos, o ser mais forte, respeitado e poderoso era a mulher: era ela quem gerava a vida. Dela vinha a posteridade. Assim como as plantas brotavam do chão e embelezavam a terra, os homens acreditavam que a mulher era o ser sagrado e único capaz de dar origem à outra vida humana. Quando os homens descobriram que sozinha a mulher nada podia, mas precisava do macho para procriar, iniciou o império masculino-machista: a mulher foi obrigada a obedecer o homem e, por muito tempo, não passou de mero objeto de pertence. Não era um ser humano: para o pai de uma menina recém-nascida, era a vergonha da família. Para o noivo, um pertence a ser conquistado no casamento. Para o marido, um objeto sexual e servil.

Algumas mulheres aprenderam que o seu lugar não era servir e sabiam da sua capacidade de realizar as mesmas tarefas que os homens, com a mesma qualidade, e lutaram por seus direitos no decorrer das épocas. Essas tornaram-se as mulheres que até hoje são a favor da justiça e contra o preconceito.
Não é para estas que vou falar neste texto.

Outras se acomodaram e aprenderam que o macho é quem manda, e passaram a achar natural essa soberania masculina; com o passar dos tempos, isso se tornou até inconsciente. E no decorrer da história da humanidade, muitas mulheres continuaram com a imagem do homem superior, dono do lar, partícipe da procriação, senhor da família e, a mulher, apenas sua companheira, ajudante do lar e, mais tarde, ajudante -também - das contas a pagar. A sociedade acatou isso. E prega isso até hoje.

Porém, desde os tempos mais remotos da história humana, existiram os homossexuais. Inicialmente, eles não eram a escória da socieadade. Muito pelo contrário. Na condição de escravas, as mulheres serviam apenas para procriar. Quando os homens estavam em busca de prazer, procuravam seus iguais.

Daí pode-se explicar porque tantas religiões condenam a prática homossexual: nos tempos remotos, ela estava ligada somente à promiscuidade, sem nenhuma carga de sentimento presente. Mas, da mesma forma como ficou provado - ao contrário do que a Igreja dizia - que negros, índios e mulheres têm sentimentos, sabemos, hoje, que os homossexuais também têm sentimentos. Dizer que gays e lésbicas não amam é o mesmo que concordar com islâmicos que cortam o clítoris das adolescentes assim que menstruam pela primeira vez, por acreditar que mulher não pode sentir prazer. Que elas não têm sentimentos. É retrógrado.

Mas se antigamente a homossexualidade era ligada à promiscuidade, hoje isso não se configura uma regra. Na verdade, sabemos, inclusive, que não se trata de uma doença, por exemplo. A Organização Mundial da Saúde já recomendou, há muitos anos, que não se usasse o termo "homossexualismo" porque o sufixo "ismo" indica doença, e não é o caso. A homossexualidade está ligada a fatores genéticos. Nada de "mãe que criou o filho brincando de boneca", ou "pai ausente". É no gene que isso está definido. Isso é ciência, não achismo. Portanto, não se trata de uma opção sexual, mas sim de uma orientação definida pelo próprio organismo da pessoa.

Até é impensado que alguém possa querer escolher envergonhar os pais, ser chacota da sala de aula, correr o risco de não ser aceito em uma proposta de trabalho, se submeter a situações de risco à criminalidade e violência ainda maior, ser ofendido, marginalizado, criminalizado, discriminado, ser motivo de piada, ser condenado, excluído, mal visto, pré-julgado, mandado ao inferno, impedido de doar sangue, ter direitos negados, ficar se escondendo para demonstrar afeto à alguém, entre tantos outros pontos negativos na sociedade dirigidos aos gays.

Partindo dessa breve contextualização histórico-científica, vamos abordar os principais pontos condenados por aqueles que insistem em julgar e reprimir os homossexuais:


Homossexualidade e promiscuidade
A promiscuidade NÃO É uma característica exclusiva, muito menos predominante dos homossexuais. Listemos apenas algumas ocasiões onde a promiscuidade está incutida e não se enquadra no "meio gay": o carnaval, propaganda de cerveja, letra de música sertaneja, letra de funk, bailarinas de programa de auditório, programas humorísticos da TV aberta, filmes (especialmente as comédias jovens americanas), as cantadas ridículas disparadas por homens para as mulheres em qualquer local público, as buzinadas que as mulheres recebem ao caminhar na rua, o comportamento jovem em qualquer concentração de rapazes e garotas com o álcool como ingrediente, festas em geral (as mulheres, geralmente, pagam menos pra haver muitas opções para os homens) e letras de rap americano.

Quando as pessoas associam homossexualidade à promiscuidade, estão pensando no homossexual como um ser que só pensa em sexo. E não é nada disso. O que ocorre, apenas, é que a pessoa homossexual não se sente atraída pelo sexo oposto. Portanto, ela não consegue desenvolver um sentimento de relacionamento amoroso, afetivo e sexual a dois, com uma pessoa do sexo oposto. O sexo é só mais um elemento, não o centro de tudo.

Há heterossexuais que são promíscuos e há os que não são. Com os homossexuais, funciona exatamente da mesma forma.

Homossexualidade e pedofilia Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aliás, eu não me recordo de notícias onde o agressor sexual de um menor era gay. Muito pelo contrário: a grande parte das notícias envolvendo casos de abuso sexual contra crianças relatam que os crimes foram cometidos por familiares próximos. Ou seja: pais, padrastos, avôs e tios. Padres e pastores também se enquadram nesta lista. Ou seja, teoricamente, todas estas figuras são heterossexuais.

E mais: pedofilia não está ligada ao abuso sexual de crianças com o mesmo sexo do agressor. Em muitos casos, meninas são agredidas. Por homens, obviamente. É muito raro encontrar mulheres agressoras, embora exista e, quando ocorre, elas não são lésbicas.


Homossexualidade e Deus
Como cristão católico, tenho ciência da condenação imposta por Deus aos homossexuais descrita em Levítico e em I Coríntios. Mas paremos para analisar a Bíblia dentro do seu contexto histórico e teológico, e não apenas a tomemos como um livro cuja verdade deve ser seguida ao pé da letra.

Inicialmente, temos aquele ponto que citei lá no início do texto: nos anos A.C, a homossexualidade era, majoritariamente, tratada como algo promíscuo: os homens abandonavam suas mulheres para buscar prazer com outros homens. Não havia o que falei acima, sobre o sentimento. Era prazer. Eles tinham uma mulher, mas a trocavam. Semelhante a isso, o adultério também é condenado. Não deixa de ser um adultério.

Mas esta não era a realidade nos anos D.C, quando São Paulo escreveu sua epístola aos habitantes da cidade de Corinto. Apesar disso, a população desta cidade vivia no mundo do crime, do desrespeito e da prostituição. Além do pensamento de Paulo ter sido extremamente influenciado pelas questões machistas-históricas que também já listei.

Mas agora passemos para a questão teológica da análise: Jesus, sendo Deus, segundo o cristianismo, em nenhum momento condenou a prática homossexual. Diriam os fanáticos que é porque não houve um fato que o levaria a isso. Eu discordo. Vejam o que Jesus disse a respeito da antiga lei:

"Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova: 'Mestre, qual é o maior mandamento da lei?'. Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito'. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas'". (Mateus 22, 34-40).

Se ainda assim nossos amigos conservadores não acreditarem que Deus não é tão radical contra algo que ele mesmo criou (segundo a ciência, um fator genético, natural, encontrado, inclusive, no reino animal), podemos analisar outros fatos que a antiga lei condenava e que Jesus, o Cristo, Senhor máximo do cristianismo e regente de todos os dogmas das milhares de placas de igrejas de todos os pastores brasileiros e internacionais, deu nova luz:

O que dizer da parábola do bom samaritano? Os samaritanos eram tidos pelos judeus (Jesus era judeu) como um povo indigno do olhar divino, e Jesus se referiu ao samaritano como sendo o homem-bom da sua mais conhecida parábola. (Lucas 10, 25-37). Não obstante a isso, Jesus se dirigiu à samaritana, igualmente impura para os judeus, o que causou espanto a ela mesma. (João 4, 1-26).

E mais: a mulher adúltera, prostituta, que iria ser morta a pedras pelos fariseus e doutores da lei, a quem Jesus salvou com uma de suas falas mais emblemáticas: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra." (João, 8, 7).

E o ladrão ao lado da cruz? Mal pela vida toda, mostrou fé e confiança em Jesus no último momento, sendo que em nenhum momento ele havia respeitado sequer o maior mandamento que já citamos aqui! (Lucas, 23, 40-43).

Acho que temos indícios suficientes que o que mais importa para Deus, e para o próprio Cristo, é o amor. Independente de sexo. Respeito mútuo e amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas: isto é a lei. O que salva é a fé (Conforme Lucas 18, 42; Lucas 17, 6; Marcos 10, 52; Mateus 15, 28; entre outras). Quando ao resto, discutirei no próximo post (as igrejas e suas hipocrisias).


Homossexualidade e violência
Recentemente, em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina, um rapaz morreu agredido a golpes de chutes e faca por outros três garotos. Eles brigavam por uma menina.

Da mesma forma, todos os fins de semana, por festas em todo o Brasil e o mundo, quantas brigas são motivadas pelos machões enciumados e esquentadinhos nas baladas e bailes heteros? Em balada gay, isso raramente acontece.

Da mesma forma, não existem registros, nem fatos, nem inquéritos criminais, de pessoas que foram assassinadas ou violentadas por serem heterossexuais. Mas por serem gays, sim. Muita gente é violentada todos os dias e existem absurdos índices de homicídios.

Como se não bastasse, pela pressão psicológica imposta pelas igrejas e pela própria sociedade, muitos jovens tiram a própria vida por acreditarem estar pecando. Porque acham que são problemáticos ou anormais e porque creem que vão pro inferno se viverem numa vida homossexual. É sabido que isso acontece, mas, infelizmente, não há estatísticas, porque dados envolvendo suicídios não são divulgados.

Além disso, existe a violência em casa. Pais e mães que agridem verbal e fisicamente seus filhos quando descobrem sua condição sexual. E pra piorar, os expulsam de casa. E por quê?


Homossexualidade e os direitos humanos e civis
É muito complicado, ainda, embora sem motivos, tratar com naturalidade dois homens ou duas mulheres se beijando na rua. Mas matar esse tabu é mais do que urgente.

Casais homossexuais se obrigam a demonstrar afeto na surdina, no escuro, nos cantos. Não estão cometendo crime algum, mas são obrigados a se misturar a traficantes, drogados e ao risco em geral se quiserem dar um abraço mais afetuoso ou um beijo. Isso é a porta de entrada para o assassinato. Afinal, há quem se aproveite dessa situação para matar um homossexual, porque está num lugar deserto e não há testemunhas. Absurdo? Mas acontece!

Além disso, existem casais que passam anos construindo uma vida juntos e não podem assumir todas as conquistas como um bem conjunto, unicamente porque a legislação brasileira não permite o casamento gay, embora a união civil já seja uma realidade - contestada por alguns juízes, é verdade - mas atestada pelo Supremo Tribunal Federal.


Homossexualidade e a perpetuação da espécie humana
Milhares de crianças no mundo todo estão órfãs, esperando adoção. Foram largadas ao mundo porque alguém as pôs no mundo sem planejamento. Nem sempre são fruto de relações conflituosas. Muitas vezes nasceram no seio de uma família, mas são indesejadas.

Do lado de quem quer adotar, há preferência: bebês brancos. De olhos claros, se possível. Assim, aquelas crianças mais crescidas crescem órfãs e às vezes chegam à juventude sem terem tido uma família.

Na China (país mais populoso do mundo), a quantidade de filhos por casal é limitada a um. Com medo de aumentar a população contra a vontade do governo, muitas vezes, ao nascer uma menina, os pais matam a criança, ou a abandonam em qualquer lugar (como na foto ao lado). Quem tem mais de um filho, paga multa.

E se o mundo não fosse cheio de miseráveis e todo mundo conseguisse levar uma vida razoável e digna, os recursos naturais do planeta seriam insuficientes para dar conta da população mundial.

A água é um recurso renovável, porém, finito. Sabem por quê? Simplesmente porque ela não consegue se renovar com a mesma velocidade do crescimento populacional. Exatamente por isso, dentro de menos de 25 anos, centenas de novos países vão sofrer com a falta d'água (alguns já sofrem com isso).

Querem encher ainda mais o mundo?

Ah! E só um "p.s.": os homossexuais ainda são minoria. E sempre foram. Logo, não são eles que serão responsáveis pelo extermínio da espécie humana. E apesar de não terem atração pelo sexo oposto, não lhes foi tirada a condição natural de procriação.
Considerações Finais
Diante de tudo isso é preciso PARARMOS com esse discurso de ódio. Se o seu ódio por gays é pelas questões religiosas, lembre-se do que Jesus disse: "Não julgueis e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Porque olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?" (Mateus, 7, 1-4).

Se o seu ódio é por perder os seus direitos civis para ceder a outrem, fique tranquilo: brancos não perderam seus direitos para ceder aos negros, homens não perderam direitos para ceder às mulheres, pessoas fisicamente perfeitas não perderam direitos para ceder à quem tem necessidades especiais. Não é agora que isso vai mudar. Muito pelo contrário: homens brancos e fisicamente perfeitos continuam sendo os que têm mais direitos e oportunidades no mundo.

Agora se o seu ódio é porque o conceito de família está sendo deteriorado, fique tranquilo: se amarmos uns aos outros, não é preciso a família do modo tradicional. Com respeito e carinho, todos viverão bem. Mas enquanto lutarmos cegamente, unicamente por convenção, que a família tem de ser pai, mãe e filhos (o cachorro e o papagaio, quando possível), haverão mulheres sendo violentadas sem poder se separar (para manter a família), problemas financeiros familiares porque o pai é dependente químico (para manter a família), filhos infelizes porque os pais querem que eles sigam uma carreira pré-determinada (para manter a família) e tantos outros problemas que só o amor e uma família construída com sentimentos verdadeiros e duradouros, cheios de carinho e respeito - e não a família padrão - é que vão impedir.

Enfim, se seu ódio não tiver explicação, nem motivos, nem argumentos, se interne. Você é infeliz, mal-amado e o problema não está na homossexualidade. Está em você.



Créditos das fotos:

3ª foto: Elza Fiuza/ABr
4ª foto: Thiago Bernardes/UOL
Demais: DIVULGAÇÃO

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terça-feira, 22 de março de 2011

Águas do Pacífico sofrem com baixo oxigênio. Espécies estão morrendo.

Hoje é o dia mundial da água e o Andarilho não poderia deixar de comentar sobre o assunto. Por isso, fiz uma pausa nas nossas discussões sobre os problemas de Joinville.
Um dos temas mais recorrentes aqui neste espaço é a preservação do meio ambiente e, principalmente, a garantia da qualidade de vida - sustentável - dos seres humanos. E para garantir a nossa qualidade de vida, é preciso que a natureza esteja vivendo em harmonia.

Hoje trago uma questão interessante a respeito da água. Que ela é finita e as reservas próprias pra consumo humano são mínimas, todos nós já sabemos (ou deveríamos saber). Falar pra fechar as torneiras enquanto escovam-se os dentes, lavar o carro com balde e não mangueira, limpar a calçada com vassoura e não jato d'água e reutilizar a água da máquina na limpeza da casa também já são práticas que deveriam estar mais que assimiladas na população. Por isso, não vale ocupar linhas e tempo para reforçar tais coisas. Corra atrás do prejuízo se você ainda não faz nada disso.

A questão que trago hoje diz respeito às águas dos oceanos.

Muitos céticos acreditam que a água não vai acabar, e mesmo se acabar a solução está na dessalinização dos oceanos. Mas além de todos os impactos ambientais que essa prática acarreta, como a sobra do sal, a quantidade de energia gasta e os impactos no ecossistema, outro problema já está sendo detectado nos mares do nosso planeta.

Um documentário exibido há pouco tempo pela National Geografic mostrou a baixa oxigenação dos oceanos e o aumento de algas que eliminam a base da cadeia alimentar aquática. Afetando a base da cadeia alimentar, todo o restante da estrutura fica comprometida: os corais morrem, os peixes ficam sem comer e animais maiores, consequentemente, também ficam sem alimento por conta da mortandade dos peixes.
Além disso, a própria composição da água fica alterada e isso já acarreta prejuízos em toda a costa oeste dos Estados Unidos, atingindo o Canadá e México, além de estar se espalhando na região da linha do Equador para vários outros pontos do Oceano Pacífico.

Essas regiões estão apresentando características na água encontradas em regiões afetadas por erupções vulcânicas. A concentração de elementos nocivos à vida de diversas espécies é muito alta. Não falarei quais tipos de substâncias porque não cheguei a anotar, mas o vídeo mostrava claramente como a área era deserta de peixes. Eles não tinham como se alimentar, nem como sobreviver pela baixa quantidade de oxigênio encontrado na água.

É interessante ressaltar que essas coisas estão acontecendo devido à poluição do ar. Por muito tempo se acreditou que o fato do oceano neutralizar as emissões de gazes poluentes na atmosfera era algo bom, mas diante desses fatos mostrados no documentário da National Geografic, é possível ver que essa neutralização está matando o Oceano Pacífico, se alastrando e deve trazer consequências à vida humana.

Muito além de prejudicar práticas já comuns na humanidade hoje, como a pesca, tal interferência impossibilita a dessalinização da água, já que seu composto químico está alterado.

Ou seja, resta aos céticos se renderem às reações da natureza e começarem a preservar. Menos poluição e mais consciência, para que nossos oceanos continuem vivos e povoados e nossa água potável não acabe e seja extraída conscientemente dos lugares onde a natureza, em sua grandiosa generosidade, nos dá.

E, como não poderia deixar de ser, se diariamente você quiser ficar mais informado sobre as questões da água e da natureza, indico dois excelentes blogs atualizadíssimos e com informações quentes de prevenção e consequências da nossa vida descuidada com os bens naturais:
Planeta Água e Consciência com Ciência.

terça-feira, 15 de março de 2011

A Joinville que eu queria: Saúde

A saúde é uma questão crítica não só em Joinville, mas em todo o Brasil. Especialmente nas grandes cidades, que acabam tendo que atender - também - a demanda da região metropolitana. Apesar de não podermos considerar a região de Joinville como "metropolitana" (por não ter padrões de metrópole e também por Joinville não ser capital), as características são as mesmas.

Antes de resolver o problema de atender a demanda, é preciso resolver a questão da falta de médicos que, obviamente, está totalmente ligada ao atendimento da demanda.
Faltam médicos. E por um motivo bem simples: salário. Eles precisam ser bem remunerados. Pagar bem os médicos não é nada mais que justo. Mas é preciso pagar BEM. Médico deveria receber salário de político. Como os "poderosos" vão bater o pé e dizer que é exagero, é preciso, pelo menos, aumentar generosamente o salário desses profissionais; porque, se não, eles não se interessam em trabalhar em organismos públicos. Até fazem concurso, mas nada os prende porque o salário não é atrativo.

Em Joinville paga-se R$ 2.300 para um médico (foi o valor que eu vi a prefeitura oferecendo no último concurso público). Salário de miséria. O rendimento deles não deveria ser menos que R$ 5 mil, e tenho dito.

Resolvido o problema salarial, é preciso cobrar do governo estadual mais presença no Hospital Regional e no Hospital Infantil, administrados pelo governo de Santa Catarina. São estes dois hospitais que têm que atender a demanda da região, e não o São José, que é municipal e está cumprindo a função que era do estado.

Mas pensemos nos problemas aqui da cidade, que é o objetivo. Tudo começa com a prevenção. Saneamento básico (que já está em expansão), lixeiras nas ruas (conforme citei no post de ontem) e educação - nas escolas mesmo - de práticas de segurança e saúde, como a etiqueta da tosse e prevenção a DSTs.

Aquelas Agentes de Saúde que passam nas famílias fazendo sondagem da ultima consulta, preventivos, etc, também fazem um bom trabalho. Mas é preciso intensificar.

Depois vem o atendimento básico, com coisas que são básicas e nunca pensadas. Pra começar a instalação de bancos, cadeiras nos postos, para as pessoas aguardarem. Esperar em pé pelo atendimento é o fim da picada. Na sala de espera para o médico até tem bancos nos postos. Mas quando a pessoa está esperando pra ser chamada na triagem, ou na recepção, tem que esperar em pé.
Aliás, organização é o que menos tem nos postos de saúde. A comunicação é improvisada e não funciona. É preciso melhorar isso com o quadro de médicos e vagas e placas padrões com informações importantes para os pacientes. Senha eletrônica para atendimento na recepção e mais espaço para as pessoas.

Ainda nos postos de saúde é preciso acabar com as filas da madrugada. Isso é desumano e injusto. Isso se resolve com a contratação de mais médicos e a reserva de um profissional só para atender casos específicos (como pacientes diabéticos e idosos, que recebem atendimento preferencial).
Os médicos devem ser específicos de um posto de saúde. Deve haver uma equipe para cada unidade, e não compartilhamento, para agilizar o atendimento de todos.

Ainda na unidade básica é preciso efetivação das chamadas "Policlínicas", que são postos de saúde com atendimento de especialistas. Já existem duas na cidade. São necessárias, pelo menos, mais oito. E elas precisam de equipamentos para exames mais específicos, pra desafogar os hospitais e reduzir o tempo de espera por uma consulta com especialista.

Depois da unidade básica temos as unidades de urgência, chamadas de PAs ou UPAs. Em Joinville temos na zona Sul (Itaum), outra no Norte (Costa e Silva) e outra no Leste (Aventureiro). Existe projeto para mais uma unidade no Vila Nova e eu acredito que mais duas ainda sejam necessárias na Zona Sul e outro na Zona Norte, especificamente no Jardim Paraíso.
Um hospital na Zona Sul também deveria começar a ser pensado. Isso iria desafogar o São José, o Regional, atender a crescente população daquela região (que vai crescer ainda mais com a UFSC e a GM) e servir também à população de Araquari, que fica próxima e sempre recorre ao São José.

O São José, aliás, precisa, com urgência, terminar sua ampliação.

O problema é que tudo na saúde é muito caro e moroso. Mas também é o mais necessário. É preciso vontade. Tem coisas que são inadmissíveis: porque é tão fácil aumentar o salário dos parlamentares e os médicos continuam com esse salário injusto para a função e importância deles? Porque se dá tanto valor pra obras gigantescas e sem importância e pouco valor para o que realmente vai tornar a vida das pessoas melhor?
Falta vontade e senso de prioridade. E tenho dito.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Joinville que eu queria


Joinville fez aniversário esta semana e, como bom joinvilense, preciso escrever sobre. Sei que muitos (muitos não, né?, porque quase ninguém lê isso aqui), mas... bem... continuando: alguns dos que me leem não são de Joinville; mas eu gosto e preciso falar daqui, afinal, é o lugar onde moro e onde vou morar até um futuro próximo (e breve, espero). Até quarta-feira que vem (espero), que é quando se completa uma semana do aniversário da cidade, postarei melhorias simples, mas que deixariam Joinville mais bonita, humana, agradável, próspera e feliz.
As propostas são:

* Infraestrutura: transporte aquático para São Francisco pelo Cachoeira, metrô de superfície, readequação do modelo de transporte coletivo, elevados e alargamento de ruas, melhorias no aeroporto e na rodoviária e projetos de prevenção às enchentes.

* Saúde: Conclusão do Hospital São José, efetivação das policlínicas, valorização dos médicos, mais Pronto Atendimentos 24horas, melhorias nos postos de saúde, saúde preventiva e hospital na zona Sul.

* Cultura: melhorias no Complexo Cultural Antarctica e na Estação Ferroviária, o Teatro Municipal, estruturação da rota dos museus, adequação do Centreventos para seu verdadeiro fim e da Biblioteca Pública.

* Turismo e lazer: efetivação dos parques de Joinville, fortalecimento do Barco Príncipe, aproveitamento da proximidade com São Francisco do Sul.


Nos próximos posts eu vou esmiuçar o que penso sobre cada um desses tópicos, que são os pontos que mais me incomodam em Joinville. Não, não estou me candidatando a prefeito de Joinville. São apenas coisas que sempre penso e pensei, mas nunca expus. Essa é a chance de mostrar que, apesar de querer sair daqui por N motivos, tenho carinho por esta cidade e quero lhe ver bem.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mulher morre enquanto pastor tenta curá-la orando

Eu confesso pra vocês, antes de mais nada, que uma das discriminações que eu faço (não diria preconceito, porque já é um conceito formado) é com evangélicos. Digo isso porque é preciso ficar bem claro a minha posição, diante do que vou falar.
Porém, eu procuro respeitar. Se existe um valor do qual eu prezo é o respeito. E apesar de não concordar com muitas práticas, opiniões, atitudes e peculiaridades dessa vertente religiosa, eu respeito.
É necessário dizer, também, que eu tenho muitos amigos e colegas evangélicos e os amo. Da mesma forma, existem evangélicos que o são, mas que não importunam a vida dos outros, e não são esses que me incomodam. Na verdade, o que me incomoda não é uma pessoa ser evangélica, mas sim, ser fanática. Um fanático religioso está entre os piores tipos de seres humanos que podem existir. E aqui me refiro a todo o tipo de fanatismo religioso, e não especificamente aos evangélicos. Mas em qualquer cultura, fanatismo é prejudicial.
E aqui entra o que eu quero dizer:

Pensem comigo: uma pessoa com problemas cardíacos, portadora de marcapasso, necessitada de atenção médica constante cai, desmaia, passa mal. Qual a sua atitude? Respondeu certo quem disse: "chamar socorro médico".
Pois é, mas não foi isso que os fiéis - e especialmente o pastor - de uma Igreja do Evangelho Quadrangular, em Joinville, pensaram. Para eles, orar iria fazer a enferma ficar melhor.
Foi daí que transferiram ela para o altar e depois para uma sala reservada. E continuando a orar. E depois de muito suplicar sem resultados, a mulher morreu.
Quando o atendimento médico chegou, somente 50 minutos depois do mau-súbito, a vítima ainda estava viva, mas os socorristas não conseguiram mais fazer nada. Detalhes do ocorrido você pode ver neste link.

Esse tipo de gente vive num mundo de hipocrisia e preconceito e pensa que Deus compactua com tudo isso. O caso da mulher morta durante o culto em Joinville, que acabei de relatar, é só mais um exemplo.
Vivemos em um estado laico, no entando, existe uma bancada evangélica na Câmara dos Deputados para atender os benefícios exclusivos de tal população, tirando de toda a sociedade brasileira tantos outros direitos que não condizem com os princípios evangélicos.

Jesus foi claro na mensagem que veio trazer. Ele disse que iria deixar apenas dois mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Nisso se resume toda a lei e os profetas (Mateus, 22, 34-40). Estas são palavras de Jesus. E a cada dia os evangélicos abrem uma nova igreja, com placa diferente (com motivos financeiros óbvios), uma nova "luz" à Bíblia e inventam um demônio novo a cada instante.

Ontem eu acompanhava o twitter da cantora gospel Ana Paula Valadão, e ela ensinava a lidar com o "espírito de Jezabel". Alguém pode me mostrar onde estão essas orientações na Bíblia? De onde os evangélicos tiram tanto demônio, tanto encosto e preconceito?

Pra finalizar, só tenho mais uma coisa a dizer: Jesus vai estar voltando no céu e os evangélicos ainda estarão tentando descobrir quando que o "chip" vai começar a ser implantado nos seres humanos.

Bando de hipócritas! (Mateus, 6, 5s) - E foi o próprio Jesus que disse isso.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A chuva em Joinville e no resto do Brasil

O mês de janeiro sempre é responsável por trazer um inconveniente trágico: a chuva. Mas... peraí! A chuva não é um elemento da natureza, existente desde sempre e sem força para causar tragédias como furacões e vulcões o fazem? A resposta seria sim, mas não é o que estamos observando nos últimos anos.
Chuvas frequentes associadas ao intransigência da população, da especulação imobiliária e ao descaso político e social estão desolando a vida de milhões de pessoas. Em novembro de 2008, pela segunda vez na história da cidade, Blumenau, em Santa Catarina, teve de enfrentar aquele tipo de enchente que obriga uma cidade a recomeçar do zero. E não só ela. Várias cidades catarinenses foram afetadas.
Ano passado a bela Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, enfrentou a fúria das águas: elas encharcaram os morros que desabaram e causaram mortes. Este ano o Rio de Janeiro viu repetir a mesma cena, mas com mais intensidade e em outra região: na serra.
E de quem é a culpa?

Joinville é uma cidade conhecida pela frequência de precipitações. Segundo estudiosos em metereologia, esta é uma das cidades com a maior frequência de chuva do país. Então fica claro que estamos acostumados aos guarda-chuvas. Ainda assim, passamos por alagamentos e perdas há muito tempo e essa realidade nunca muda. Pelo contrário: cada ano a coisa piora.
Pelo que eu sei, na China, por exemplo, os prédios são construídos para que a estrutura consiga se manter em pé em um caso de terremoto. No Chile isso também ocorre. Eles fazem isso porque sabem que essas regiões são muito propícias a abalos císmicos. Mas aqui no Brasil a coisa não funciona desse modo.
Jutta Hagemann, joinvilense e historiadora entusiasta, conta que as enchentes sempre aconteceram na cidade, desde a chegada dos imigrantes, em 1851.



O fato é que Joinville tem pontos abaixo do nível do mar, como o Centro, por onde passa o Rio Cachoeira e sofre, além da chuva, com a influência das marés. Se isso é típico da cidade, porque ninguém nunca fez nada? Porque não existem sistemas especiais de captação da água da chuva, redes pluviais largas, piscinões e o que mais a tecnologia permitir? Certamente essas coisas são mais simples e baratas que estruturas prediais a prova de terremotos, não? Será que desde 1851, durante o crescimento da cidade, entre as várias enchentes que ocorrem, nunca NINGUÉM sentiu a necessidade de fazer algo? Faltou dinheiro? Faltou tempo?
Não dá para culparmos - somente - o governo atual. Porque os outros prefeitos também nunca fizeram nada?


Além do descaso das autoridades, temos o agravante da falta de educação da população que joga lixo nas ruas; as águas levam para os bueiros e entopem as bocas de lobo. Sem educação, não há político que faça a realidade das enchentes mudarem. E aqui a culpa é somente dos atuais moradores, porque não creio que em 1851 eles tivessem muito lixo pra jogar na rua...

Da mesma forma que em Joinville, no Rio de Janeiro as autoridades sabiam do risco que aquelas regiões corriam. Mas não fizeram nada! E da mesma forma como aqui, a população sabe que tem que agir de modo diferente e mais respeitoso com a natureza e não o faz.
O que não pode acontecer é ficarmos - nós e as autoridades - parados sem mudanças de atitudes. Isso é regressão. Isso é querer morrer.


terça-feira, 27 de abril de 2010

O caso crítico da Busscar

É só você prestar bastante atenção. Em algum momento da sua vida você já embarcou, ou ao menos já viu um ônibus Busscar, empresa com sede em Joinville, SC. Essa marca já foi uma das maiores exportadoras de carrocerias de ônibus da América Latina, só ficava atrás da gaúcha Marcopollo. O motivo nem era a falta de clientes: é que na Busscar o processo sempre foi artesanal: monta-se o ônibus conforme o desejo do cliente, inclusive alongando o chassi. Na Marcopollo, o processo segue as restrições das máquinas e da linha de produção massivamente mecânica.

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Não à toa, vários artistas nacionais encomendaram seus ônibus de viagens na Busscar. Até a Rede Globo tem um para o quadro Garota Fantástica, da revista eletrônica dominical da emissora.
São mais de 60 anos de história, produtos exclusivos rodando no mundo inteiro e uma marca de fazer tremer qualquer concorrente. A rodoviária de Joinville leva o nome daquele que foi o presidente da empresa por anos: Harold Nielson.
Estou eu contando uma história de alegrias e sucesso? Não. Infelizmente, não. Pelo menos no que se refere à ultima década.

Há menos de dois anos a Busscar tinha mais de 6 mil funcionários. E há menos de dois meses quase 2 mil participaram de um programa de demissão voluntária devido à situação econômica da empresa. Naquela época, a fabricante de carrocerias já não tinha seus 6 mil colaboradores.
Ninguém mais empresta dinheiro para a empresa joinvilense. O governo também não ajuda mais. Os funcionários estão desacreditados. As famílias que dependem da fábrica estão desesperadas. E o município teme uma situação de descontrole econômico na cidade. Ou seja, a história é mais triste e grave do que se pode imaginar.
O problema não vem de hoje. Em 2001 o negócio da família Nielson já não ia bem das pernas. Na ocasião, todas as esferas do governo: municipal, estadual e federal fizeram o possível para liberar ajudas e empréstimos milhonários para resgatar a empresa do vermelho.
Pouco tempo depois, tomou fôlego, mas já não era a mesma, apesar de querer se fazer "a empresa forte": contratou dezenas de funcionários, liberou horas extras descontroladas, não adotou nenhum forte procedimento de economia e houve até registros de chefias boicotando a empresa. Além da falta de organização na linha de produção e o visível descompromisso de muitos colaboradores com o trabalho. Isso que eu falo é fato. Apesar da falta de registros, foi justamente a época que, por 6 meses, eu trabalhei lá.
Não estou vomitando no prato que comi, até porque alguns de meus familiares ainda dependem da Busscar e desejo muito que ela volte a ser o que era em sua era de ouro. Mas minha crítica vai à administração desta fábrica.
É do conhecimento da maioria dos joinvilenses as fortes ligações evangélicas dos proprietários da Busscar com a igreja que frequentam. Tem um pastor que vive fazendo orações e dando conselhos para os funcionários. Isso não seria nada prejudicial se não fosse em demasia. Soube, há pouco, que o presidente Cláudio Nielson doou cerca de R$ 50 mil nesses últimos dias para o tal pastor. Além disso, a Busscar sempre patrocinou programas da tal igreja na África. A causa até é louvável se não houvesse tantas outras famílias precisando do bom senso da empresa aqui mesmo, na sua cidade-sede.
Como se não bastasse, há um lugar para orações no coração do parque fabril. Nada mau, se a pessoa não fosse liberada para, a qualquer momento, fazer a tal oração. Ao passar por lá, tenham certeza, ouvia-se mais roncos do que louvores.

Não foi somente a igreja, porém, que afundou a Busscar. Aí ainda tem alguma história mal contada. O mercado está aquecido (vide os índices das concorrentes, como Marcopollo e Comil), pedidos haviam aos montes, e o motivo da paralização da fabricação foi, nada mais, nada menos que... a falta de matéria prima. Isso mesmo! Não faltavam pedidos, não faltavam chassis. Na verdade havia até mais pedidos do que a capacidade de atendimento, e sempre tinha sido assim desde a retomada no início dos anos 2000. Mas a Busscar não pagava mais os fornecedores, e não tinha mais créditos com eles. Nem com os bancos. E nem com o governo, que já tinha dado todos os tipos de auxílio na última crise.
Venderam a recreativa pela metade do que valia (o Grenil, um belo espaço para funcionários e familiares) para quitar dívidas e está à espera de um repasse federal referente ao IPI, que continuava sendo cobrado da Busscar, mesmo com a insenção.
Ainda assim, a soma da dívida é maior que este valor, e maior que o valor do próprio patrimônio. Muitas soluções já foram apresentadas, mas parece que o Sr. Cláudio Nilson prefere achar que vai ganhar o céu doando R$ 50 mil para seu pastor, do que ajudando as milhares de famílias que dependem daquele emprego. É lamentável.

O Sindicato dos Mecânicos sugeriu abrir o capital (a empresa é Sociedade Anônima de Capital Fechado), vender a marca (segundo boatos, a Marcopollo tinha interesse), enfim... era só ter vontade de agir. Já disse Carlito Merss, prefeito de Joinville: "O problema da Busscar não é do mercado, é administrativo". E é fato: não há uma organização de comunicação institucional, o próprio alto escalão da empresa está sem informações, a comunidade não tem satisfação de nada, a imprensa está às cegas (e sempre teve, mesmo nos bons momentos o atendimento aos veículos de comunicação era péssimo) e isso demonstra tudo aquilo que a empresa é e aquele lugar para onde, sem mudanças de atitude, eles nunca vão chegar: o sucesso.

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domingo, 21 de junho de 2009

O dia em que o Brasil parou: jornalistas por formação, já!

Essa semana o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu por encerrar a discussão a respeito da formação jornalística. Ou seja, para o STF, jornalista não precisa ter diploma de curso superior.
Abro outro parágrafo, pois não me cabe fazer aqui uma defesa do diploma jornalístico. Até mesmo porque eu sou suspeito em falar. Estou no quarto ano da faculdade e desde que entrei tenho trabalhado duro para, sozinho, custear meus estudos ralando de sol a sol, muitas vezes sujeitando-me a empregos que não gostava para lutar por um sonho. Sim, quase maioria dos estudantes no mundo faz isso, é verdade. Mas eles sabem que depois de formados, só eles poderão exercer a profissão que escolheram. Cada profissão tem a sua peculiaridade que só a academia pode esclarecer as dúvidas e ensinar as técnicas, práticas e teorias para o exercício da profissão.
Mas essa semana descobri que todo esse meu esforço foi em vão. Incrível como pessoas que deveriam ser inteligentes, como o Ministro Gilmar Mendes, até pelo cargo que ocupa, tem uma visão tão imatura de uma atividade tão importante para a sociedade, capaz tanto de reparar os maiores conflitos, quanto de cometer os mais fatais erros para uma nação.
Como sou suspeito em defender o diploma, vou discorrer apenas sobre fatos previsíveis em decorrência dessa infeliz decisão do STF. É claro, vou acabar, consequentemente, defendendo o diploma.
Eu sempre escrevi bem (é o que dizem). Nunca tive grandiosas dificuldades com as letras. Desde o primário, as professoras elogiavam minha capacidade de formular e organizar minhas ideias. Ganhei vários prêmios por redações feitas na escola do ensino fundamental. Comecei a escrever contos, crônicas, poesias e romances na quarta série, com 10 anos. Minha pontuação em todos os vestibulares que eu fiz foi excelente, salva, principalmente, pelas redações (inclusive na Federal, só não passei pela alta concorrência, mas minha colocação foi satisfatória para quem nem cursinho havia feito). No entanto, na minha primeira nota em Redação Jornalística I, no segundo semestre de curso, foi ridícula, desesperadora, estupidamente preocupante. Pensei: "será que por toda a vida escrevi tão mal assim?".

Entrar em uma redação de jornal sem ter as mínimas noções de lead e pirâmide invertida, o be-a-bá, o verbo to be jornalismo é um crime à nossa sociedade. E foi justamente por eu não saber nada disso que minha primeira nota foi tão ínfima. Aos poucos, fui aprendendo e cada vez mais aprimorando meu texto. Sim, é escrevendo que se aprende, não há outro jeito. Mas o almejante a médico não entra num hospital e mata um monte de gente até aprender a operar. A comparação é grave demais? Então porque maioria dos meus leitores detesta a Rede Globo? Se informação é algo sem importância, mídia nenhuma nos incomodaria de nenhuma forma.
Escrever bem não é sinônimo de ser um bom jornalista. O texto do advogado é diferente do texto de um técnico que escreve manuais, que é diferente do texto do médico. Que é diferente do texto jornalístico. Cada um aprende sua forma de escrever. O curso que tenho e minhas escritas ao longo da vida não seriam suficientes para me fazer redigir um bom contrato, ou escrever um manual de instruções. Tudo isso deve ser aliado à teoria, a um conhecimento científico e específico daquela profissão. Daí alguns justificam: "ah!, mas jornalista não entende de tudo!". Realmente, não entende. Mas o ofício do jornalista não é ser multidisciplinar. É saber perguntar, saber escolher a fonte e tirar dela as informações que precisa. E quem não é formado pode até ser um curioso nato, capaz que arrancar as informações mais confidenciais de quem quer que seja, mas muito provavelmente não terá nenhuma noção de ética profissional e, pior ainda, não saberá traduzir às pessoas aquilo que apurou; num texto construído, como já disse, não para um jornal e sim para qualquer outra coisa.
E jornalismo não é só escrever. É a base de tudo, é verdade. Mas não se resume a isso. Cérebro de camarão quem pensa que é só isso.
E para deixar a vida da sociedade ainda mais complicada, tem as novas tecnologias, tal como a internet. Se nem entre jornalistas profissionais e empresas de longa data no exercício jornalístico, multimídias e nem as academias encontraram a forma exclusiva da linguagem da internet PARA O JORNALISMO, porque um açougueiro saberia? Ou um historiador? Ou um advogado? Ou um economista? Desde meados de 2002 a internet já tem um alcance considerável. Já faz mais de sete anos e não se encontrou a solução, e agora abrimos oportunidade para, mais uma vez, um pequeno grupo de empresários interessados somente no lucro descobrir essa nova linguagem. Já não bastou a televisão, o rádio... passaremos pela mesma mazela justo na "era da informação"?
Em nota, eu já soube do pronunciamento da Rede Globo e do Grupo RBS (Rede Brasil Sul, afiliada da Globo e terceiro maior grupo de comunicação do país, com atividade em SC e no RS). Ambas defenderam a decisão do Supremo, confortaram escolas e alunos, dizendo que o curso não perderá o seu valor e que continuarão contratando aqueles que tenham formação. Mas dizem ser importante que o diploma não seja uma exigência para que faça parte das redações, também, especialistas "para uma informação de maior qualidade".
É necessário que tenhamos em mente que não passar por um banco acadêmico torna qualquer pessoa mais manipulável, pois não há discussão, análise, estudo social, econômico, político, antropológico e histórico do nosso planeta para que a pessoa desenvolva o nível de senso crítico necessário para entrar na mídia. Tudo isso há na faculdade. Quem não senta nessas cadeiras, é catequizado na bíblia dos grupos midiáticos, toma aquilo como regra e repassa no seu exercício, então, pseudojornalístico, formando uma sociedade cada vez menos crítica. Exemplo disso? O próprio recurso contra o diploma jornalístico que só se tornou conhecido publicamente depois que foi julgado. Para as empresas não era interessante que a sociedade participasse dessa discussão. Assim como não é interessante pagar um salário justo para o profissional da imprensa (que já não é justo), nem mesmo ter no seu quadro de funcionários pessoas questionadoras, mais preocupadas com o exercício social da profissão, do que com os interesses econômicos dos seletos grandes conglomerados de comunicação do nosso país. Eu sei que é num desses que vou trabalhar, talvez. Mas a academia me torna forte suficiente para me dar noção de onde estou e não me deixar corromper.
Meu último texto aqui no Andarilho foi sobre Assis Chateubriant. O cara que envenenou as veias do bom jornalismo que nosso país poderia ter. A TV tornou-se fantoche dos grandes empresários, e os jornais, salvo as exceções, venderam-se à publicidade, graças a Chatô. Se alguém quiser saber o "jornalista" que ele era, procure algum artigo que ele tenha escrito. Você vai ter uma aula de como não fazer jornalismo. Chateubriant era advogado. Nada contra os advogados, mas ninguém ainda conseguiu plantar uma árvore no meio do mar. Como dizia o antigo ditado: cada macaco no seu galho.

domingo, 1 de março de 2009

A Teoria da Conspiração

Eu não gosto muito de fazer parte de grupinhos, ou pertencer a determinadas "associações", se pode-se chamar assim. Não sou filiado a nenhum partido, não pertenço a nenhum movimento social, embora tenha meus princípios.
Mas de todas as "associações" que conheço, a mais incrível e a que mais me chama a atenção - não por eu concordar, mas por vezes até achar graça - é a chamada "Teoria da Conspiração". Maioria de quem adere a ela não se autodeclara como participante, mas pensa exatamente como qualquer outro integrante pensaria, embora não haja reunião de "conspiradores".
Algumas coisas eu acho simplesmente curiosas. Olhar manchete e fotos de jornais (principalmente Folha e Estadão) dá um bom caldo para teorias conspiratórias.
Certa vez prestávamos atenção, em uma aula de Meios Impressos na faculdade, numa capa do Estadão com uma foto rasgada (expressão para foto grande) do Lula passando por baixo de uma cerca de arame, quase ao chão, enquanto a manchete dizia algo como "Confiança no Brasil está em queda".
A foto não tinha nada a ver com a manchete, embora subliminarmente poderíamos dizer, numa conspiração, que era o Lula que tava levando o Brasil ao chão, já que na foto o presidente estava quase caindo.
Talvez um monte de gente ache isso tudo que eu falei uma baboseira, mas então pode ser um sinal de que você não é tão conspiratório assim.
Daí tiramos mais um tanto de histórias, no mínimo, interessantes. Há que diga que o casamento da Fátima Bernardes e do Willian Bonner, da Angélica com o Luciano Huck foi nada mais que jogada de marketing da Rede Globo. E tantas outras que, como eu não sou tão conspiratório, não enxergo muito além. Só escuto longe.
E a história de que os cientistas já poderiam ter achado o remédio para o câncer e a AIDS, mas não fazem nenhum esforço para um avanço nos resultados clínicos e de pesquisa, para continuarem vendendo coquetel e quimioterapia? Há quem diga que é mais lucrativo para os laboratórios elaborarem coquetéis e remédios de quimioterapia do que vender, de uma vez, um medicamento curativo. Se isso for mais que conspiração realmente é grave.
Coisa parecida, mas menos grave é a conspiração dos vírus de computador. Alguns dizem que quem espalha os vírus são as próprias empresas fabricantes de software antivírus. Isso porque, se não tiver mais vírus, não precisa mais de antivírus, daí eles não têm mais o que vender! Será?
Tem aquelas mais difundidas, do tipo: povo educado é povo que questiona, melhor não investir na educação. Ou... se está doente no hospital, vamos deixar morrer porque é menos um pra tratar. Ainda pior: os traficantes têm de ficar impunes para os grandões da sociedade camuflarem-se melhor no meio da máfia da corrupção e das drogas...
Enfim, pode ser que essas coisas tenham lá sua lógica, mas a verdade é que em tudo podemos ver conspiração. E ela pode tanto nos ajudar a ser mais críticos e não aceitar as coisas facilmente, como podem nos cegar para o que realmente é verdade, e nos aprisionar em uma vida limitada a ver chifre em cabeça de cavalo.