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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Coisas que esquecemos que deveriam ser unanimidade universal

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Existem coisas que deveriam ser unanimidade entre todos os seres humanos, não é verdade? Por exemplo: não é admissível que existam pessoas que passam fome e sede. Da mesma forma, não é justificável o fato de que há gente que não tenha onde morar com dignidade, nem tenha acesso a serviços de saúde. O preconceito, seja qual for, jamais deveria ser incentivado, sob nenhuma hipótese. 


Por isso, eu não entendo as pessoas que fuçam argumentos para normalizar coisas que não são normais sob nenhuma ótica. “Ah, mas é rico é porque trabalhou por isso”. Ou “ah, mora na rua porque quer”. Ou “ah, não se esforçou o bastante”. Ou, “ah, não tem que dar o peixe, tem que ensinar a pescar”. Pior: “ah, mas como o mercado financeiro vai reagir a qualquer iniciativa que ajude essas pessoas?”. 


O mais aterrorizante é que, não raro, isso acontece defendido por justificativas religiosas. O que me traz ao infame Bolsonaro, essa besta quadrada que muitos insistem em chamar de presidente, mas que, na verdade, é apenas uma acidente da natureza, que permitiu vir ao mundo essa criatura abjeta que, por infortúnio do destino, acabou num cargo de poder.


O problema é que Bolsonaro está onde está porque ele é o sintoma de uma doença social. Quando um ser vivo fica doente e começa a ter bolhas purulentas e fétidas pelo corpo todo, a razão do mal-estar não são as bolhas purulentas: elas apenas são provocadas por uma enfermidade agressiva. São consequência, não causa.


No caso, Bolsonaro é a bolha purulenta e fétida causada pela doença social chamada normalização do anormal. O que seria essa normalização do anormal? Eu listo:


  • Ver antagonistas políticos como inimigos. É verdade que nós temos, como sociedade, divergências profundas sobre como resolver os problemas do mundo. Mas, no fim, o que deveríamos querer é que todos tenham acesso às condições mínimas para sobreviver com dignidade. Para Bolsonaro (e seus seguidores), não é assim. Só quem tem direito a condições humanas de vida são os que pensam como eles. O restante, que morra e vá pro inferno.

  • Ver a pobreza como preguiça. Quem pensa como Bolsonaro acha que pobreza é uma consequência da falta de vontade. É fácil você falar que é possível conquistar o que quiser só com o trabalho se você vive em condições para isso. Mas tem gente que não tem nem água potável em casa! Os problemas sociais são complexos demais para ter uma visão tão reducionista e simplista das coisas.

  • Ver o mundo como uma eterna luta de bem contra o mal. Tenham dó, minha gente! Isso deve ser muita Disney na vida das pessoas. Ninguém é completamente bom ou completamente mal. Mas, para Bolsonaro e seus seguidores, há um mal a ser derrotado e eles, os bolsonaristas, são o bem, os emissários de Deus.

  • Ver a religião como prova de moral. Religião não é sinônimo de retidão em nenhum lugar do mundo, nem na história. Aliás, religião não, né? Cristianismo. Para Bolsonaro, só presta quem é cristão. As outras crenças são apenas toleradas e devem se curvar à maioria. Os seguidores dessa anta pensam exatamente assim. Porém, se religião fosse sinônimo de moral, não haveria tantos casos de pedofilia na Igreja Católica e de lavagem de dinheiro em igrejas neopentecostais. Pior é que gente como Bolsonaro acha que as “ovelhas negras” dentro do cristianismo são exceção, não regra. Tolinhos!

  • Ver o mundo como um grande palco de teorias conspiratórias. Todo mundo já ouviu a expressão “história de pescador”, não é mesmo? Antigamente, isso era motivo de riso, mas hoje as pessoas estão acreditando nas histórias de pescador! E fazem mais esforço para acreditar em teorias da conspiração do que na realidade. A cegueira é tão absurda que eles se recusam a ouvir argumentos comprováveis para sustentar suas crendices ridículas, como a Nova Ordem Mundial, Terra Plana e outras sandices.


Há muito mais a ser dito, mas falar do Bolsonaro me dá gastrite, então vou parar. Ele é o pior mal que a humanidade já provou em décadas, sem dúvida. Um ser asqueroso e desprezível, desumano e mentiroso, egoísta e egocêntrico. Mas, como disse, o pior é saber que ele não é a doença, mas um sintoma dela. Se Bolsonaro deixar de existir, ou se recolher em sua insignificância, a ruindade e a desumanidade que ele representa continuarão existindo.


Claro, Bolsonaro não é o único ser desprezível no mundo. Tem muito empresário que tira comida dos pobres para engordar seu bolso, têm muitos outros políticos que deixam faltar oxigênio em hospitais para garantir sua decoração na casa de praia, enfim… Mas Bolsonaro concentra o que há de ruim em todas as pessoas e em todas as práticas nocivas à sociedade em si mesmo. Incrível a façanha desse sujeito!


Comecei este texto falando do que é inaceitável na sociedade e terminei falando do Bolsonaro. Enfim, pra dar alguma coerência ao que tô falando aqui, quero, então, elencar de novo o que eu acho que jamais deveria ser aceito, mas acaba sendo naturalizado pelas pessoas atualmente: gente passando fome e sede, gente sem ter onde morar dignamente, cidadãos sem acesso à saúde, o preconceito e Bolsonaro.


Deveria ser uma opinião unânime na sociedade. Ninguém deveria aceitar nada disso. Infelizmente, não é assim que acontece. É por isso que estamos caindo buraco abaixo. 


Enquanto não recuperarmos nossa humanidade, nossa capacidade de olhar o outro com compreensão e respeito, jamais seremos dignos deste mundo. É triste pensar assim, mas mais triste é saber que há quem não se importe com nada disso, que faça da sua vida uma grande bajulação ao próprio umbigo.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Os protestos em São Paulo e os tipos de pessoas

Foto: Bruno Passos, do blog Papo de Homem, que
participou de um dos dias do protesto. Pacificamente.

Tenho acompanhado os protestos em São Paulo contra o aumento da tarifa do transporte coletivo e venho sentindo uma inveja (das boas) da galera de lá. Meu sonho é que a população joinvilense fosse politizada e mobilizada dessa forma.
Porém, a grande imprensa tem divulgado notícias sobre as manifestações com aquele jeitinho joinvilense de pensar: todos baderneiros, jovens sem causa, arruaceiros, vândalos. Como eu disse esse dias, estão fazendo um recorte bem tendecioso de tudo o que está acontecendo na capital paulista.
Eu torço de verdade para que o movimento consiga alcançar o objetivo que almeja, que a tarifa seja revogada e que São Paulo seja referência de mobilização para o restante do país. Mas também torço para que, um dia, essa imprensa suja e escrota que existe e mina a cabeça de pessoas menos críticas mude sua forma de pensar, ou sucumba de vez, dando espaço a um jornalismo independente e comprometido com a prestação de serviço.
Enquanto meus sonhos não são realizados, pipocam na rede textos que retratam o avesso daquilo que a grande imprensa mostra. Mas o mais completo, profundo e reflexivo que eu li nestes últimos dias é este que apresento para vocês aqui. Ele é de autoria do Rafael Fontenelle e eu tomei conhecimento desse texto primoroso a partir de um compartilhamento de um dos meus contatos no Facebook. Eu não conheço o Rafael, mas ele me autorizou, com bastante gentileza, que eu transcrevesse as palavras dele aqui no Andarilho.
Espero que vocês gostem e que essa discussão fique ainda mais calorosa. Nós precisamos disso para, aos poucos, mudarmos o Brasil. É meu sonho!

Fico aqui vendo as fotos e os comentários sobre o protesto sobre o preço do transporte público em São Paulo, e pensando que o Brasil dá errado porque a maioria das pessoas não sabe ser.
Primeiro você tem as pessoas que são ignorantes. Não num sentido pejorativo, digo das pessoas que receberam nenhuma ou pouca educação ou tiveram nenhum ou pouco acesso à nossa chamada cultura, ou aos trâmites internos da sociedade. Essas pessoas representam uma grande maioria, e infelizmente ficam facilmente sugestionadas à malícia de outras, mais esclarecidas de como o "sistema" funciona, que usam isso em favor delas.

Daí você tem as pessoas burras. A pessoa burra é aquela que vai numa manifestação sobre o preço do transporte público em São Paulo, ou numa manifestação contra o policiamento na USP, porque acha que manifestação significa baderna. E vai com o único intuito de quebrar tudo. Ou então tem algum ideal vazio, e aproveita dele para ir lá e: quebrar tudo. Ele não quer saber pra que é aquilo, se tem uma causa política, se tem um contexto, ou se vai machucar alguém, tanto do movimento, quanto da polícia. A pessoa burra quer quebrar tudo. Essa pessoa, além de burra, é perigosa, porque descredita qualquer possibilidade de bom uso das causas, e dá armas pra determinados veículos de imprensa fazerem uma série de generalizações. A pessoa burra dá tiro no pé. Ela depreda o bem que ela pagou pra ser feito, que vai pagar pra consertar. Ela queima o ônibus onde ela mesma anda e reclama da lotação.

Daí vem as pessoas muito burras. A pessoa muito burra é aquela pessoa que é esclarecida o suficiente, e
Foto: Agência Brasil.
ainda assim assiste a televisão ou vê na internet sobre o caos e a baderna na Paulista, ou na USP, e acredita piamente que aquelas pessoas TODAS realmente saíram de suas casas apenas para ir lá e quebrar tudo. Apenas para isso. A pessoa muito burra acha MESMO que dezenas, centenas, ou milhares de pessoas são baderneiros, ou maconheiros, e que ainda bem que existe a santa polícia pra salvar o dia, e acha que bala e gás lacrimogênio é pouco. Acham 20 centavos uma mixaria, e o protesto um absurdo, pois aumentos são naturais. Não passa pela cabeça delas as pessoas que dependem desses 20 centavos diários, ou a péssima qualidade do transporte, ou quantos meios de transporte a pessoa é obrigada a pegar por dia, ou sequer se esse aumento simplesmente é ou não justo frente às concessões e ilegalidades que faz parte do governo deste país, desde sempre, independente de partido. E a pessoa muito burra, apesar de esclarecida, parece que não sabe que o voto, os direitos trabalhistas, as férias, dentre tantas coisas, foram conquistadas por meio de "badernas".

Daí tem outras duas classes de pessoas, menos perigosas, cada uma para o seu lado. Os alienados, que veem tudo e optam por achar que o mundo é assim mesmo e é uma bosta e deixam pra lá, e os internéticos, que veem tudo na internet, assinam petições, e ficam putos, cada um pro seu lado, mas se movem o máximo que a tela do computador permite (eu certamente, infelizmente, me enquadro nesse último).
Mas o problema maior do país são duas classes muitíssimo infelizes e perigosas de pessoas, que são o tomador de conta e o oposicionista.

O tomador de conta não liga muito pra em que época ou século ele está, nem pro que está acontecendo no mundo. Ele liga pra vida dos outros. O tomador de conta quer decidir por si mesmo quem tem direito a que, quem deve ir aonde, quem deve casar, quem deve sair na rua, quem deve ser preso, e quem deve morrer. Ele se sente desrespeitado pela mera existência de uma pessoa que não pensa igual ele. Mesmo que nunca a tenha visto na vida. Ele toma conta da vida dos outros, porque a dele é completamente vazia. E, nessa vida vazia e sem contexto, ele quer impor o seu pensamento ao pensamento dos outros. Nos tomadores de conta está a temível subcategoria dos xiitas, que não apenas tomam conta e apontam dedos, mas usam de suas armas para fazer sua vontade. Mas não fazem sua vontade na própria vida, nem fazem dela melhor. Toda a energia vai é pra vida do outro. Já que a dele tá mesmo uma grande bosta.

O oposicionista é o cara cuja única função no mundo é: opor. Ele não tem nenhuma ideia plausível de como mudar o país, ou a política, ou talvez nem o próprio armário. Se tiver, a ideia é de alguém que não é do partido que ele gosta, mas do partido contrário àquele que ele odeia. O que ele faz é: culpar uma coisa, em detrimento de outra. O oposicionista é aquele cara que ficou preso lá atrás, na época em que direita e esquerda faziam sentido, e que o PT e o PSDB representavam antípodas políticas no Brasil. Se mantendo nesse viés, tudo que o oposicionista faz é pegar todo e qualquer tipo de situação e culpar no governo de [insira aqui um partido ou um político conhecido]. O oposicionista da esquerda acha que é tudo culpa da direita, deste governo maléfico e aproveitador, que engole tudo e todos. Reaças. Tudo que TODOS os tucanos querem é denegrir a sociedade em proveito próprio e só isso. O oposicionista da direita, na contra mão, acha que é tudo culpa da esquerda, claro; este governo assistencialista ignorante, com suas falsas políticas de valorização de massas. Tudo culpa deles. Petralhas. Esse acha que a ditadura dos pobres está sendo maleficamente arquitetada a cada minuto. E tudo, TUDO, é culpa do Lula.

Daí, no fim de tudo, todo mundo se pergunta: é esse o país que vai sediar a Copa? Sendo que na verdade esse “país” que vai sediar a Copa tão precariamente (tanto pros que acham que vai faltar verba quanto pros que acham que isso nem deveria existir aqui, por não ser prioridade) só é essa belíssima bosta por nossa culpa. O cara que tá lá na Paulista protestando contra o aumento da passagem tá pelo menos exercendo o direito DELE, de protestar contra o governo que o representa. Em voz alta, em plena visibilidade, sem apontar dedo pra ninguém além dele mesmo. Tudo que ele quer é o direito dele, ou pelo menos ser convencido do porque esse direito foi mais limitado. Daqui até a Copa, qual tipo de brasileiro a gente vai ser?


*Este texto é de autoria de Rafael Fontenelle e foi publicado originalmente no perfil dele no Facebook.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Marco Feliciano, o arauto do ódio e da exclusão social

Escrevo este texto num momento de muita angústia, em que meu coração me instiga a desabafar. Se não o fizer, não conseguirei levar meu dia adiante. Existem coisas entaladas na garganta que precisam ser ditas e que devem ser expressas antes que seja proibido fazê-lo.

Tudo começou com o pastor Marco Feliciano. Sei bem que ele não é o arauto do ódio, porque antes já tínhamos Myrian Rios e Silas Malafaia, mas o Feliciano está num lugar onde não deveria estar. É legítimo (talvez não tanto, mas isso é outra discussão) que ele seja deputado, afinal, ele recebeu uma votação expressiva para isso e é aos seus eleitores que ele deve representar. Mas deve ficar claro o motivo da rejeição e dos protestos contra este deputado-pastor: hoje ele quer representar justamente as pessoas que não votariam nele: participantes de religiões de origem Africana, índios, feministas, gays. Enfim, as minorias.

Ele diz que deve permanecer na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias para “defender a família”. Que família?, eu pergunto. As famílias de mães solteiras? As famílias de pais solteiros? Famílias de pais divorciados? Famílias onde os pais são ausentes e os filhos são criados pelos avós, tios?  Não. Feliciano, ao falar de família, acha que todas são exatamente do jeito que ele e sua igreja querem que seja: pai, mãe e filhos. E, sinto dizer, a população brasileira não vive mais sob essa construção hegemônica de família.

Ainda assim, sob o guarda-chuva de Feliciano, estão amparados os discursos de todos os reacionários do país. E nenhum desses grupos é composto por gente boa: machistas, nazistas, defensores da ditadura militar e fundamentalistas. Afinal, esse discurso de que os gays serão culpados pela “destruição da família” não cola mais desde que o divórcio foi permitido por lei. Sobre divórcio, aliás, Jesus fala claramente e diz que “Moisés permitiu por causa da dureza dos vossos corações”. Mas sobre os gays... bem... Jesus nunca falou deles.
Não que eu negue que a Bíblia os condena. Disse apenas que Jesus nunca falou disso. Mas não é a questão deste texto. Eu aprofundei essas questões em outra publicação, que você pode conferir se quiser. E nem adianta usar isso como argumento nos comentários, porque este texto não se trata disso.

Voltando. O divórcio já foi um “golpe legal”, digamos assim, na construção evangélica da família. E as igrejas já tiveram que se adaptar a isso, se não, perderiam fiéis. Não vejo nenhum deputado esbravejando contra a lei do divórcio e propondo medidas que anulem este direito. Porém, não duvido que isso um dia possa acontecer se o Brasil virar, ao invés de uma democracia, uma teocracia.
Feliciano está me fazendo ter asco dos evangélicos, algo que eu tento com todas as minhas forças controlar porque, diferentemente da minha emoção, minha razão sabe que nem todos pensam e são como ele. Tanto é verdade que eu sou cercado de evangélicos e, por ser católico, também convivo com centenas de pessoas que têm os mesmos pensamentos defendidos por Feliciano. Mas não adianta. Feliciano instaurou estado de guerra neste país.
Desse modo, as coisas estão ficando “oito ou oitenta” e todos estão vendo apenas os extremos dos dois lados. Para os que não apoiam o movimento gay, acreditam que este é composto por um bando de baderneiros. E para os que não pensam como os evangélicos, acabam por julgar todos eles como atrasados intelectualmente, tal qual Feliciano.

Marco Feliciano, infelizmente, está a protagonizar um retrocesso gigantesco no nosso país. O Brasil, se continuar no ritmo que está, se tornará uma nação regida por leis ditadas pela Bíblia, da mesma forma que os países do Oriente Médio misturam o Estado com a religião e cumprem leis de acordo com suas orientações religiosas. Isso é muito, muito, muito perigoso.
Falam em “ditadura gay” porque, de certo, não sabem o que é ditadura. Acaso alguém está obrigando alguém a ser gay? Acaso as rádios estão proibidas de tocar música sertaneja para transmitir a voz da Madonna, da Cher, do Elton John? O movimento gay não está exigindo nenhum privilégio, apenas que sejam concedidos a eles pelos menos 76 direitos de cidadania que lhes são negados por conta da condição sexual deles. Exatamente: quem é gay perde, hoje, quase 100 direitos civis. E há ainda quem diga que ser gay é uma opção.

Por desconhecimento ou total falta de honestidade, a bancada evangélica negocia fisiologicamente com este governo – que cada vez mais me decepciona – contra programas educacionais e propostas legais de criminalização da homofobia. Enquanto isso, homossexuais morrem ou são agredidos por causa do preconceito. Sim, heterossexuais são vítimas de violência também. Porém, NINGUÉM é agredido na rua simplesmente por ser heterossexual. Parece difícil de compreender, de tão banal que é isso, mas trata-se de um fato: pessoas são agredidas por serem quem são. Só por isso.
As únicas exceções nessa história são as mulheres e o povo negro. Elas sim são agredidas simplesmente por serem mulheres; e para isso existe a lei Maria da Penha. Para os negros existe a lei que criminaliza o racismo, quando negros são violentados somente por causa da cor da sua pele. Mas para os gays... bem... eles podem ser diminuídos, violentados que nada vai acontecer. Dirão “ah, agora tudo virou homofobia”, contratarão um advogado que vai dar uma desculpa qualquer e o machão de plantão sai ileso, enquanto o outro, com o nariz quebrado e graves consequências psicológicas.

Por fim, preciso dizer que estou triste com o mundo. Triste de ver cristãos tendo como bandeira o ódio. Tristes por ver gente usando a palavra de um Deus que dizem ser de amor para tirar direitos de outros cidadãos, regrar a vida daqueles que são diferentes de si, limitar a existência de seres humanos.

E estou preocupado. Porque para político ladrão o Brasil se revolta facilmente e não é difícil incitar a população a rejeitar alguém que rouba. Mas quando a injustiça parte daqueles que usam a máscara do cristianismo, os seguidores do sujeito o defendem como defenderiam o próprio Cristo, espalhando ainda mais a violência e a intolerância e colocando, na boca daquele que pregou o amor e a justiça, uma mensagem de exclusão e condenação.

domingo, 25 de novembro de 2012

Belo Monte: o grande lixeiro de dinheiro público

Projeto gráfico de Belo Monte
Por muito tempo ouvi falar da construção da usina de Belo Monte e não expus minha opinião, nem tirei nenhuma conclusão a respeito do assunto porque tudo era muito complexo e exigia um conhecimento mais profundo do que simples manifestações no Facebook.

Aliás, muitas coisas que se opinam hoje não devem ser concluídas somente a partir de comentários em redes sociais. O debate fica raso e prejudicial, mas isso é assunto para outro post.

A questão em Belo Monte era muito mais complexa: por um lado, a necessidade do Brasil de aumentar as reservas de energia, com uma solução ambientalmente correta como as hidrelétricas, que oferecem pouco impacto ambiental por não serem poluentes. Esse aumento da reserva energética é importante para estimular a indústria, tão importante num mundo abalado pela crise econômica e especialmente no Brasil que, apesar de menos afetado que os países Europeus, por exemplo, precisa lidar com importantes contrastes sociais e, por isso, não se pode dar ao luxo de andar para trás nas questões econômicas, evitando, assim, que isso afete o social.

Por outro lado havia as questões ecológicas e sociais. Diz-se que Belo Monte não vai prejudicar nenhum habitante de áreas ribeirinhas, nem índios. Ora, se não vai prejudicar, por que, então, estas pessoas não querem a obra? Por que estão protestando contra ela? E como dizer que a população ribeirinha não será afetada se a região ficará debaixo d’água, e estas pessoas vivem à beira do rio?
Ora, essas questões já seriam suficientes para que qualquer um tivesse dúvidas quanto a validade do projeto. E por mais que as hidrelétricas, do ponto de vista da produção de energia, sejam mais limpas e não poluentes, é impossível dizer que uma obra capaz de alagar uma extensa área da floresta Amazônica não vá causar impactos ambientais.
No site do projeto, noticia-se que biólogos estão fazendo a catalogação e o transporte dos animais daquela região para as localidades que não serão alagadas. Mas será, realmente, que todos os animais serão transportados? E será que eles irão se adaptar aos novos locais para onde forem levados? Sem contar as inúmeras espécies de plantas e árvores que ficarão debaixo d’água.

Mas a questão não para por aí. A matéria mais completa que li sobre o assunto foi uma entrevista da jornalista Eliane Brum com Célio Bermann, um dos mais respeitados especialistas no país na área energética, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Autor dos livros “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e Alternativas para um País Sustentável” (Livraria da Física) e “As Novas Energias no Brasil: Dilemas da Inclusão Social e Programas de Governo” (Fase), entre outros. Participou dos debates da área energética e ambiental para a elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e foi assessor de Dilma Rousseff entre 2003 e 2004, no Ministério de Minas e Energia. Ex-petista, Bermann foi um dos 40 cientistas que participaram de uma extensa pesquisa a fim de elaborar um painel sobre a obra de Belo Monte que, segundo a reportagem, foi ignorado pelo governo federal.

Como eu disse, este é um assunto que não dá para você tomar uma decisão somente com os microtextos do twitter, ou vídeos fáceis de atores globais engajados na causa, ou com aquelas imagens vazias compartilhadas no Facebook. A reportagem que eu linco aqui é extensa, mas vale a leitura, porque muito além de se ter opinião sobre o assunto, é importante que nós, brasileiros, tenhamos conhecimento a respeito dessas decisões que afetam duramente a nossa sociedade – mesmo aqueles que moram a quilômetros de nós, em uma realidade extremamente diferente – e que impactam nas questões econômicas e ambientais do nosso país.

Em suma, o que o professor Célio Bermann revela é que a obra interessa somente às construtoras envolvidas no projeto, aos políticos que se beneficiarão dela, às empresas que fabricarão os componentes necessários para a usina e, o mais preocupante, “o que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro no curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional – e isso numa obra cujos 11.200 megawatts de potência instalada só vão funcionar quatro meses por ano por causa do funcionamento hidrológico do Xingu”, diz Bermann. É isso mesmo: dos 12 meses do ano, somente em quatro a usina produzirá energia, porque no restante dos meses o nível do rio não atende às condições mínimas possíveis para que haja produção.
E preciso dizer que precisamos de informação. Esta é a primeira arma que temos para que o dinheiro público não seja usado como convém às oligarquias e aos coronéis eternos do governo. Outra consequência da informação é o nosso conhecimento, que nos dá argumentos para poder questionar e cobrar das autoridades, da forma como for possível (voto, e-mails aos parlamentares, petições), o bom uso dos recursos públicos.
A solução, segundo o professor (e eu concordo), é mudar a cultura industrial do país. Gasta-se muita energia para produzir bens primários que são exportados e lá fora transformam-se em produtos de valor agregado que nos faz pagar mais caro quando voltam para cá. Precisamos produzir tecnologia aqui – e a Petrobras, por exemplo, está aí para provar que temos essa capacidade – e parar de depender de coisas que são produzidas lá fora.
Matéria prima custa mais caro para produzir, gasta mais energia, a gente vende barato e compra o bem manufaturado a um valor mais alto. Isso é prejudicial pra todo mundo. Menos para os empresários, que ganham dinheiro sem sair do comodismo.
Eike Batista, por exemplo,  na ocasião do lançamento do pacote de concessões para obras logísticas no Brasil, disse que aquilo era um “kit felicidade”. Sempre assim: como em Belo Monte, a maior parte do dinheiro vem do nosso bolso governo e quem explora é a iniciativa privada, cobrando por aquilo que já pagamos às custas de impressionantes impactos sociais e ambientais.

Por fim, divulgarmos, para o maior número de pessoas possível. Com uma população insatisfeita com as coisas realizadas do modo como as autoridades bem entendem, eles vão precisar rever os conceitos. Precisamos de uma sociedade consciente e informada. Isto é o primeiro passo para uma revolução, pelo menos no nosso modo de pensar e no nosso senso crítico. Mas é aí que começam as grandes transformações.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Leonel e o ninho de cobras


Leonel Camasão é filiado a um partido recente, pequeno e com ideias e propostas desconhecidas da grande maioria. O problema é que, ao apresentar as ideias e a forma de trabalhar do PSOL, o povo joinvilense tenha ficado um tanto espantado.

Isso porque não é natural em Joinville que se discuta temas como igualdade, respeito, limites entre público e privado e defesa das minorias em prol do todo. Joinville é a cidade do individualismo e, infelizmente, usar o espaço político para mudar essa mentalidade, embora necessário e ideal, não é vista com simpatia e acaba afugentando votos.
Assim, quando Leonel propõe reduzir o salário do prefeito e acabar com as secretarias regionais, o povo se assusta. Ora, apesar de eu achar interessante a justificativa para a permanência e criação das secretarias regionais, nada do que foi proposto acontece. Elas têm pouca autonomia e servem basicamente para trampolim político dos secretários num futuro cargo de vereador e cabide de empregos, inchando a folha de pagamento da prefeitura.

Mas as secretarias foram criadas por Luiz Henrique e o nome dele parece ser imaculado na Cidade dos Príncipes. Não sei por quais motivos, afinal, foi este sujeito que deu autonomia para as empresas de ônibus agirem do modo como agem hoje em dia, por exemplo, reclamando o preço da passagem que bem entendem e tratando os usuários como se fossem sardinhas.

Leonel é contra tudo isso. E pode até existir gente que concorde com as ideias dele, mas teme duas coisas: a primeira de todas é a “perda de voto”. Já que Leonel não está bem colocado nas pesquisas, pensam que vão jogar o voto fora. Malditas pessoas que votam tendo a pesquisa eleitoral como condicionante! Se todo mundo que pensasse assim efetivamente votasse em Leonel, se não o levasse à prefeitura, pelo menos o colocaria numa boa posição.
O outro motivo é o comodismo. É muito mais fácil viver numa Cidade dos Príncipes. E por que eu repito esse título? Porque somos súditos. Meros súditos do empresariado dessa cidade, dos donos das terras, dos imóveis, das igrejas e das empresas. Aprendemos e nos acostumamos e obedecer. Votar diferente significa sair da realidade de formigas: acostumadas a andar enfileiradas, se perdem quando aparece qualquer obstáculo no caminho. Assim é o joinvilense: prefere ser comandado a tomar frente da situação e decidir que as coisas devem ser diferentes.

Estamos inseridos em uma realidade de preconceito, fundamentalismo e autoritarismo. Por anos fomos comandados por oligarquias no Estado. E continuam os mesmos nomes, ainda que corruptos e com atuações questionáveis – tal como Tebaldi e Luiz Henrique – a governar o povo joinvilense e catarinense. Nesta realidade, Leonel pode ter dificuldades em governar. Não duvido que o governador do Estado, Raimundo Colombo, que é do mesmo partido do candidato Kennedy Nunes, esqueça ainda mais Joinville. Os investimentos do Estado para nós já são ínfimos; temo que Leonel na prefeitura possa causar ainda mais desagrado aos poderosos.
Será um grande desafio para ele lidar com isso: a Acij influente, que vai querer abatimento de impostos dos ricos, enquanto os pequenos empresários terão que pagar a conta não paga pelas multinacionais que porventura queiram se instalar aqui. Leonel terá escolhas difíceis e pode ter que conviver quatro anos em um ninho de cobras. Cobras que maioria dos joinvilenses alimenta a cada dois anos com as eleições em todas as esferas do poder.

Aqui nos cabe apenas refletir. Leonel tem boas propostas, boas ideias e traz um modelo de governo necessário para que Joinville seja mais educada, mais humana e justa. Mas sobreviverá ele a uma realidade de individualismo e autoritarismo predominantes no âmbito político estadual e federal no qual a cidade está inserida?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"O Andarilho" é abertamente CONTRA a candidatura de Tebaldi

Ainda falta falar de mais três candidatos ao cargo de prefeito de Joinville, mas antes que chegue a vez dele, é preciso deixar claro que este blog fará de tudo para contribuir com A NÃO ELEIÇÃO DO DEPUTADO MARCO TEBALDI.

Além dessa imagem referente ao Código Florestal, que ele votou a favor, tem os processos judiciais movidos contra ele, e o candidato insiste em dizer que isso é normal. Não sei de onde.
Além disso, enquanto prefeito, Joinville esteve constantemente envolvida em escândalos, seja por conta da corrupção ou por compra de vaga do time de Joinville em campeonato de futebol.
Tebaldi fez asfalto casca de ovo, começou e esqueceu a obra no São José (e agora diz que vai terminar), ergueu o prédio do PA do Aventureiro, não equipou e diz que o pronto atendimento é realização dele (sendo que sem médicos e equipamentos, de nada valem as paredes).

Tebaldi construiu a Arena, uma jogada (com perdão do trocadilho) extremamente eleitoreira. A obra está cheia de sérios problemas estruturais, cuja reforma completa custaria o o que foi gasto até o momento com a construção.
E as escolas que começaram a ser interditadas no início de 2009? Como seria culpa do governo atual com poucos meses de casa? Claro que foi Tebaldi que permitiu que as coisas atingissem tais níveis alarmantes. Além das enchentes, que ele nunca sequer tentou resolver.

Tebaldi foi um dos prefeitos que mais aumentou a passagem de ônibus e o serviço prestado nunca melhorou. Tebaldi deixou uma dívida milionária para a prefeitura e amargava índices de rejeição na eleição de 2008 por conta de sua péssima atuação.


O ANDARILHO NÃO QUER TEBALDI NOVAMENTE! PELO BEM DE JOINVILLE, VAMOS TIRAR TEBALDI DO SEGUNDO TURNO!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Regras de conduta no cinema

Ir ao cinema é algo mágico. Eu já disse isso aqui. Mas eu não teria escrito um texto como este se eu já tivesse tido a experiência de estar "do outro lado do balcão". O cinema é um lugar projetado para você se sentir bem e viver experiências sensoriais particulares, proporcionadas somente em um lugar como este. Mas a arquitetura não é capaz de fazer as pessoas serem mais educadas e terem o mínimo de gentileza para com os outros espectadores e, principalmente, para com os funcionários do cinema.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Sei que muitos dos que lerem este post não precisam de tais recomendações. Mas eu preciso escrever para que exista uma listagem como esta na rede. De repente, pode ser que alguém encontre, julgue útil e divulgue em uma exibidora de cinema qualquer. Da mesma forma, sempre há a possibilidade de um mal educado de plantão encontrar um texto como este. De qualquer forma, lá vão os tópicos:

1 - Quando for ao cinema, VÁ AO CINEMA!
Sei que é muito legal reunir os amigos, a família, namorar ou qualquer atividade social. Mas DENTRO de uma sala de cinema não é o lugar de você colocar a fofoca em dia, fazer piadas, tirar sarro, fazer cócegas, lavar a roupa suja ou fazer festa. Da mesma forma, é agradabilíssimo ir ao cinema e levar uma pipoca ou salgadinho para comer durante a projeção; mas, ainda assim, você está em um CINEMA, não numa Praça de Alimentação. Logo, NÃO É PIQUENIQUE. Evite fazer barulho e tenha o filme como motivo central de ter saído de casa. A pipoca e a companhia contam muito, eu sei. Mas elas não devem ser o motivo real de você estar no CINEMA. Se for, prefira um filme em casa ou qualquer outra atividade. Cinema é lugar de silêncio.

2 - Cinema não é motel
Óbvio que o escurinho é tentador e muitos vão em casais para o cinema. Ainda assim, crianças, famílias, idosos e pessoas com diversas orientações religiosas frequentam o cinema e não gostariam de participar do seu fetiche. Um beijo de vez em quando é romântico. Mão boba (pra mais) é falta de respeito. E vale sempre lembrar o ítem 1.

3 - Conheça seus direitos
É sabido que cinema não é, financeiramente, um programa muito familiar, e aquela meia-entrada sempre ajuda nas contas. Mas não vá ao cinema se achando um advogado. Procure conhecer as leis de meia-entrada, que possuem adendos estaduais e, muitas vezes, municipais. Além disso, decisões judiciais costumam favorecer as exibidoras a fazer exigências adicionais. Localize o cinema que você pretende frequentar e se informe das regras de meia-entrada. Assim, você evita desgastes e contratempos, minimizando o estresse dos funcionários do cinema e evitando situações ruins num momento de diversão.

4 - Seja honesto
As velhas regras de educação sempre valem. Não procure bancar o espertinho para garantir meia-entrada. Falsificação de documentos é crime. Falsidade ideológica também. E tudo isso é praticado por pessoas desonestas querendo se dar bem e pagar meia-entrada. Exercite sua cidadania, evite chateações para você e para os funcionários do cinema.
Além de falsificar documentos, não compre meia-entrada nas máquinas de autoatendimento se você não tem direito a ela. Não fure filas. Não ocupe poltronas que não as que você comprou (no caso de poltronas numeradas). Deste modo, ninguém sai prejudicado em seu momento de diversão: nem você, nem os funcionários do cinema, nem as outras pessoas que estão frequentando o local.

5 - Decida-se antes de entrar na fila
Não deixe para escolher o filme no caixa da bilheteria. Isso atrapalha o atendimento e causa morosidade na fila: todo mundo pode se atrasar para sua sessão; inclusive você.
E muito importante: mais que decidir antes de entrar na fila, entre na fila com certa antecedência de começar a sessão! O seu atraso não é culpa do atendimento demorado, nem do tamanho da fila: atraso é culpa somente sua!

6 - Seja educado!
Funcionários do cinema não são seus escravos. Portanto, SEJA EDUCADO. Ninguém está lá querendo que você não assista aos filmes. Muito pelo contrário. Grosseria não vai fazer ninguém se sensibilizar com seu problema e te ajudar. Seja sincero e honesto que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso (assim como o seu) vai estar à sua disposição.
Jogue o lixo no lixo. Evite desperdiçar alimentos, jogando pipoca no chão. Controle o ímpeto de bagunça dos menores (as crianças não costumam "pintar e bordar" na sua casa, certo?). DESLIGUE O CELULAR (nada de "modo silencioso"); desconecte-se do mundo lá fora enquanto você estiver numa sala de cinema. Afinal, se você tiver alguma pessoa próxima em estado terminal, você não estaria se divertindo, certo?
Seja gentil: ceda sua vez, respeite os mais idosos, portadores de necessidades especiais.
NÃO CALCE SUAS CRIANÇAS COM TÊNIS QUE BRILHAM!
Tenha em mente que você está num lugar público. Se você tem qualquer tipo de repulsa em sentar ao lado de um desconhecido, você está no lugar errado. Aquela história de "deixar uma poltrona vazia" não é gentil, uma vez que, de poltrona em poltrona, muitas famílias ou casais serão obrigados a sentar separados ou nem poderão ver o filme que programaram.

7 - Em síntese: NÃO FUME, NÃO CONVERSE, DESLIGUE O CELULAR, NÃO SE ACHE O ADVOGADO, NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO, SEJA HONESTO E EDUCADO.

Num local público, as boas experiências só podem ser plenas se todos colaborarem com educação e honestidade. Caso contrário, não há tecnologia e arquitetura capaz de tornar a sua diversão um momento compensador.

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

O drama do rio Cachoeira

O rio Cachoeira, em Joinville, é um personagem vivo na cidade. Apesar de estar morto.
Sim, é contraditório. Mas é impossível vir a Joinville e não vê-lo. Ele corta a cidade.
Por isso, ele é garoto-propaganda de tantas campanhas políticas. Sempre no mesmo papel: o de "futuramente despoluído". Uns foram mais criativos, e inventaram de navegar por suas águas. Não deu certo, claro.
A Rede Globo, quando mandou a equipe do "JN no Ar" para cá, não deixou de citá-lo. Enfim... é inevitável falar dele.

Foi por isso que, ainda na faculdade, na disciplina de "Meios TV II", meu grupo resolveu entrevistar a Sra. Jutta Haggemann, uma conhecedora nata da história de Joinville, para que ela contasse tudo o que ela sabe, já ouviu e já viveu em relação ao rio Cachoeira.
O resultado foi este. Modéstia à parte, ficou muito lindo.

Além da edição de imagens, creditada a mim, eu ajudei na produção, afinal, conheço dona Jutta há algum tempo. Também participei na edição de texto e finalização.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Paz Reinará

Tudo o que é branco é vazio
No branco não existe nada
Não existe nem ouro, nem prata
Nem caminhos, nem a PAZ
                                          Que é branca


Tudo o que é preto é escuro
Nada se vê, tudo se esconde
Se esconde o caráter e a inteligência
Mas põe em destaque a morte, a GUERRA
                                                   Que é preta


Porém, no branco, podemos desenhar
Escrever e criar
Pintar esperanças coloridas
de um mundo melhor.
E do branco tão vazio
podemos pintar a felicidade:
Vidas, sonhos, alegria de verdade.
E formar do tão vazio
Uma vida colorida
Sorrir, sem medo de chorar.

No preto podemos tentar escrever,
desenhar
Mas nada vai aparecer
O preto sempre será o superior
Agora... se pintarmos com o branco
Só o branco aparecerá
E, quem sabe...
A paz reinará


O texto é de minha autoria. A música que acompanha o post é "If a Could", interpretada por Celine Dion no DVD "A New Day Live in Las Vegas" (SONY MUSIC). Letra de Ron Miller, música de Ken Hirsch e Marti Sharron. A tradução da canção você pode encontrar neste site.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Hipocrisia nas religiões: o motivo do atraso social brasileiro

Novo templo IURD: réplica da construção de Salomão
"Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai que vê num lugar oculto, recompensar-te-á" (Mateus 5, 5-6).

Parece que muitos religiosos esqueceram-se deste ensinamento de Jesus. Sim, ele também disse "Ide ao mundo e levai o evangelho à toda criatura", mas... além das palavras, Jesus ensinou aos cristãos a forma de levar este evangelho.

Jesus nunca empurrava nada "goela abaixo". Jesus nunca julgou, nunca condenou, nunca apontou o dedo, nunca excluiu, nunca cobrou. E Jesus também não invadia o espaço, a intimidade das pessoas; as suas vidas, o seu dia-a-dia, a sua rotina para falar de Deus.

Jesus não ficava toda hora falando "Glória a Deus", nem diminuía alguém por sua religião, profissão ou ideologias. Jesus, com atitudes, mostrava a melhor forma de viver e de se tratar o próximo.

Pois bem. Mesmo os não-cristãos precisam reconhecer que a figura de Jesus era inspiradora. Judeu, não se deixava levar pelos pensamentos pequenos dos iguais daquela época. Num tempo em que aquele povo não se dava com os samaritanos, julgando-os menores diante de Deus, Jesus contou uma parábola em que o homem-bom, que ajudou alguém que estava precisando de auxílio, era, justamente, um samaritano. Da mesma forma, protagonizou uma longa conversa com uma samaritana, que chegou a estranhar o fato de um judeu estar conversando com ela. Jesus não tinha preconceitos.

Valdomiro Santiago e o slogan: "A mão de Deus está aqui"
E sempre que Jesus fazia algo de bom, alimentando os famintos, realizando curas ou discursando com palavras de conforto, orientava as pessoas a não falarem de onde haviam conseguido ajuda. Ele não queria créditos para si. Queria apenas fazer o bem, pensar o bem e instigar as pessoas a agirem de modo igual.

Diante disso tudo é curioso que os líderes religiosos cristãos da atualidade estejam tão na contra-mão do que Jesus, de fato, fazia. É comum ver tais sujeitos unindo forças para fazer o mal e propagar o preconceito, a intolerância, a ditadura, o desrespeito e o ódio.

Odeiam os espíritas, os ateus, os maçônicos, os praticantes de religiões afrodescendentes, os muçulmanos, os gays, os socialistas e comunistas, os movimentos sociais e estudantis, entre tantos outros grupos sociais. Fazem campanhas para boicotar cantores, grupos musicais, filmes, programas de televisão e acham o demônio e mensagens subliminares em tudo que lhes apraz.
E pior: usam o povo, cobrando por suas "bem-feitorias" e afirmando que a graça só será obtida com a compra de travesseiros milagrosos, martelos da cura, óleos da unção e tantas outras bugingangas crentes.

Como se não bastasse, vinculam suas igrejas a programas de televisão, dominam os espaços vagos nas emissoras de TV, criam até slogans para seus empreendimentos/igrejas (um recurso exclusivamente comercial e nada bíblico) e estapam suas imagens nas placas das faixadas dos templos, auto intitulando-se "mensageiros de Deus".

Com toda essa triste realidade, a sociedade brasileira, e as leis de um país que deveria ser laico, acabam prejudicadas. Não se decide mais pelo bem da população, mas para o agrado dessas pessoas que não estão nem aí para Jesus. O Cristo é apenas o garoto-propaganda de suas empresas/igrejas que, beneficiadas pelo não-pagamento de impostos, lucram às custas da fé de gente humilde.

Daí forma-se a bancada evangélica na Câmara Federal para defender a moral, os bons costumes e a família. Mas esquecem de lembrar que o conceito de moral, bons costumes e família é diferente nas diferentes culturas. E que o Brasil não é um país de uma cultura só.

R.R.Soares viu que Edir Macedo se deu bem
e seguiu carreira solo
Ainda dizem que Sodoma e Gomorra foi queimada por causa dos gays. Tenho minhas desconfianças. Pra mim, ambas as cidades estavam cheias de pastores... digo... hipócritas!

"Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso." (Marcos 12,40).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um novo Andarilho para você

Bem-vindos a 2012 e a um novo Andarilho, meus caros companheiros de caminhada! O ano passado foi bastante intenso aqui neste espaço, e tudo isso eu devo a vocês, meus fiéis leitores; poucos, mas especiais.
Aos que me visitam esporadicamente também fica o meu registro de gratidão. Afinal, foi por conta dos visitantes esporádicos que eu consegui, na metade de 2011, superar a marca de 1.000 visualizações do Andarilho em uma semana, naquele que foi o maior post da história do Andarilho, que discutiu a homossexualidade na sociedade brasileira.

Percebi ainda impressionantes e expressivas visualizações em agosto, quando a Rede Globo lançou mais uma edição do Criança Esperança. Um post antigo, que falava sobre a polêmica em relação ao projeto disparou nos números de visitas e o Andarilho foi um dos espaços na rede mais consultados para tirar dúvidas sobre este assunto.
Tivemos ainda a "Série Wanessa", que fez um apanhado da carreira da maior cantora pop brasileira, o quadro "Você Precisa", que acabou se saindo menos religioso - no sentido da frequência de postagens - do que eu imaginava, e as postagens que tratavam sobre "A Joinville que eu queria", discutindo os problemas da minha cidade.

Enfim, 2011 foi um ano muito bom para este blog - apesar da monografia e do pouco tempo que eu tive para o Andarilho - e que se mostrou com uma qualidade muito superior a todos os outros anos de existência deste espaço.

Para 2012, em breve formado (espero), vou dar mais atenção a este querido blog. Vamos continuar aprofundando as discussões rasas das redes sociais, fazendo a cobrança necessária para um país e uma cidade (Joinville) mais justa, falando de cultura, um pouco de mim e do Set Sétima, que acabou ficando em um canto esquecido do baú da minha vida em rede.

Diante disso tudo, nada melhor do que começar o ano novo com um blog novo. Os novos recursos que eu apresento a vocês são mínimos: os visitantes podem seguir o Andarilho por e-mail (cadastre seu e-mail na barra lateral), assistir a alguns vídeos no YouTube que também são sugeridos aqui na barra lateral, além de navegar pelos blogs recomendados por este autor que vos fala.

Afora isso é só a roupa nova mesmo, sempre tentando ser o mais atrativo possível para tornar a sua visita ao Andarilho cada vez mais construtiva. Me acompanhe nesta caminhada em 2012! Sem dúvida teremos um ano incrível pela frente!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Moradia: um direito para poucos

Se existem câncers nesta nossa sociedade capitalista, diria que um deles é o mercado imobiliário. Daí vocês me perguntam porquê dessa minha revolta com as imobiliárias.

É simples.

É um direito de todo ser humano ter um lugar para morar. Como pode alguém querer controlar esse direito? Mas, muito mais que controlar, que não seria algo lá tão demoníaco: como pode alguém ter o poder de limitar esse direito?

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A começar pela especulação imobiliária. Imóveis ficam meses, anos parados para "valorizarem". Enquanto isso, milhares de pessoas continuam sem ter uma moradia, simplesmente porque existem pessoas que, a fim de ficarem mais ricas do que já são, resolveram deixar os imóveis parados para, no futuro, resgatassem um valor mais alto do que custam no momento.


Quando, enfim, decidem vender ou alugar, cobram um valor exorbitante, capaz de fazer o cidadão ficar até décadas preso às condições da imobiliária, além de exigir uma documentação tão complexa que faz qualquer um trabalhador com menos tempo desistir do seu novo imóvel. Para agravar, não raro, a imobiliária exige um fiador. Ou seja, se a pessoa não tem um conhecido com uma boa situação financeira, capaz de emprestar o seu nome para a transação, o negócio não é fechado.


Para aumentar o exagero e a mesquinhez desse tipo de gente dada à administração imobiliária, o fiador exigido, quase sempre, precisa ter dois ou mais imóveis em seu nome. No fim das contas, só consegue comprar uma casa própria - e até alugar um imóvel - aquela pessoa financeiramente resolvida. É a mesma história dos bancos, que só fazem empréstimo se você provar que não precisa de um empréstimo.


Daí vem o governo com programas habitacionais como o "Minha Casa, Minha Vida". Mas a burocracia é a mesma, e, ainda assim, os interessados precisam de uma intermediação com as imobiliárias.


É lamentável essa situação, de ter alguém que diga se você pode ou não ter um lugar para morar. Seria desumano, mas menos ruim, se a pessoa fosse expulsa da sua morada por não pagar o que deve. Mas o problema é que as imobiliárias não dão chance e preferem deixar a pessoa sem teto a diminuir as exigências e sua mesquinharia.


Isso, muito além de causar, como já dito, uma limitação a milhares de pessoas e famílias do seu direito de ter um lugar para morar, desencadeia um problema social grave, na medida em que se torna mais fácil montar acampamento em uma área de ocupação, ou construir uma morada nas favelas, muitas vezes ilegais, prejudicando o meio-ambiente e o plano diretor das cidades.


Engana-se quem acha que as áreas mais carentes das cidades são fruto - somente - da migração desenfreada: para além disso, está a questão imobiliária que, em lugar algum, oferece facilidades a quem quer um lugar para morar.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Wanessa fala sobre a polêmica com Rafinha Bastos

Um dia, numa lanchonete que tinha como atração principal um karaokê, eu, meu chefe e meus colegas de trabalho, numa sexta-feira, fomos fazer um happy hour. Era noite já. Depois das 22 horas. Estava cheio. Eu já havia decidido, desde quando combinamos aquele happy, cantar com uma colega de trabalho no karaokê. A música estava escolhida e o chefe sabia disso. Mas ele foi à frente, cantar a música dele primeiro.
Fiquei aguardando do lado do palco com a minha colega para que, assim que meu chefe terminasse, eu pudesse tomar meu lugar e participar daquele momento de brincadeira e diversão. Logo que ele concluiu a música, anunciou:
- Agora, vem cá, Juliano! - E me abraçou. - Fiquem vocês com a vara comprida do (citou o nome da empresa)! O garoto que parece um Boneco de Olinda. Um poste sem lâmpada. E que tem pernas! - Todos riram. Todos que estavam na lanchonete. Os que jogavam sinuca pararam para ver quem era o ser que recebia aquelas elogiosas descrições. Mas eu cantei. Cantei e, envergonhado e raivoso, fui embora em seguida.

Todos riram. Era uma piada. Numa lanchonete só. Havia umas 200 pessoas lá, no máximo. Mas eu fiquei ofendido.

Nas últimas semanas o Brasil acompanhou um debate infantil e desnecessário. Como se ninguém tivesse mais nada melhor na sua própria vida com que se preocupar, fizeram uma tempestade em copo d'água.
Não é de hoje que o super sem graça e metido a sabixão (o típico caso do cara que se acha, isso é visível), Rafael Bastos, lança mais uma de suas pérolas. Dessa vez, disse, em mais um episódio de humor sem graça, que "comeria" Wanessa "e o bebê. Tô nem aí!", frisou.
Eu sempre achei esse Rafael um exemplar caso de falta de talento. E também ele já tinha disparado, diversas vezes, muitas piadas desnecessárias. Ainda assim, eram piadas. Que eu não gostava, não concordava, achava que eram ridículas e infantis, mas piadas.
Apesar disso, o cara falou mais uma besteira em rede nacional. Besteira porque expôs uma mulher grávida com todo o direito de se sentir ofendida, afinal, ela é conhecida. Por mais que não doesse em mim ou eu não achasse nada de grave, mas compreendo a situação de alguém ser motivo de chacota em rede nacional, ainda fazendo insinuações à sua gestação.
Wanessa sempre teve o direito de processar o dito humorista. Afinal, foi agredida. Como vocês verão adiante, a pena para o processo no qual Rafael Bastos está sendo enquadrado não é culpa da Wanessa. Está determinado na lei e será decidido por um juíz. Mas não tem gente que arma barraco ao sair de uma empresa porque foi chamado a atenção na frente de todo mundo? Então... Wanessa foi ridicularizada na frente do Brasil. Sim, foi piada. Mas ela tem todo o direito de se sentir ofendida.
E se você pensa o contrário, tente imaginar alguém que você ama sendo ridicularizado em rede nacional. Mesmo que seja em uma piada. Depois defenda Rafael Bastos.

A seguir, após longas semanas em silêncio, o desabafo de Wanessa. Como fã e, principalmente, como alguém que entende que seres humanos devem ser respeitados como seres humanos, me sinto na obrigação de divulgar as palavras dela:

Diante de um silêncio engasgado e em risco de sufoco, me coloco, aqui e agora, fora dessa condição.

Quero falar, não porque estão me cobrando essa palavra, não para dividir lados e opiniões e nem para ganhar defensores. Apenas quero tornar pública a minha verdade, já que se trata da minha vida e da vida do meu filho, que nascerá em poucas semanas, e também para defender a mim e a minha família de falsas acusações.

Mesmo sendo de conhecimento geral o começo de toda essa história, gostaria de voltar à ela.

Em uma segunda-feira, voltando de um trabalho para casa, alguém próximo me informou o que tinha acontecido. Chegando em casa, entrei na internet e vi o vídeo que mostrava o humorista Rafael Bastos falando sobre mim e, infelizmente, também do meu filho. Confesso que tive de rever umas três vezes para ter certeza do que estava vendo e ouvindo.

Não tive reação, só pensava em uma coisa: “calma, ele vai ´consertar´ a frase, dizer que se enganou, falou errado e pedir desculpas”. Mas isso, como todos sabem, não ocorreu dentro do programa naquela noite e nem mesmo naquela semana, seja na imprensa ou nas redes sociais.

No dia seguinte, toda mídia comentava o acontecido. Nos próximos dias, não havia uma pessoa que me encontrasse que não comentasse o assunto.

Confesso que o que era insuportável ficou pior ainda, pois, como se diz na linguagem comum: “vi e ouvi o nome do meu filho na roda” e a única pessoa capaz de estancar essa história, não o fez!

A cada dia que se somava de silêncio do outro lado, mais indignada e machucada me sentia. O assunto também indignou o público e eu não tenho nenhuma culpa disso. Já que a escolha de dizer o que queria em um programa ao vivo e em rede nacional, assistido por muitos, não foi minha.

Essa história foi tomando proporções maiores com cada atitude que o próprio humorista tinha. Aqui do meu lado, nada se ouviu sobre o assunto pois, inocentemente, ainda acreditava em alguma atitude de arrependimento.

A gota d’água, para mim, foi assistir a um vídeo produzido e postado pelo humorista onde ele, em uma churrascaria, ironiza toda essa história.

Em quase 11 anos como cantora já me senti e fui ofendida, já me julgaram de diversas maneiras, mas foi uma escolha minha quando resolvi seguir essa carreira e dar “a cara a bater”, porém, desta vez foi diferente. Rafael Bastos ofendeu, agrediu verbalmente, ironizou e polemizou com o meu filho.

E qual mãe no mundo não defenderia, até com sua própria vida, o seu filho?

Estou apenas desempenhando o maior papel que a vida me deu: ser mãe. Para defendê-lo, vi na Justiça de nosso democrático país, o melhor caminho. Por isso, entrei com um processo criminal de injúria que, segundo nossa Constituição e Código Penal, artigo 140 se aplica perfeitamente ao ocorrido, já que o crime de injúria consiste em ofender verbalmente a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a moral, abatendo o ânimo da vítima.

Quando a notícia desse processo chegou ao conhecimento público, todos se apegaram a parte mais sensacionalista do caso, já que no artigo 140 a pena descrita para esse crime é de detenção de 1 a 6 meses. Esqueceram de dizer que a pena também se aplica com multa que pode ter um valor simbólico com doação de cestas básicas ou chegar a qualquer valor estipulado por um Juiz. E qual será o valor estipulado a ele se tivermos ganho de causa, não cabe a mim ou minha família decidirmos, isso cabe a Justiça.

Sinceramente, não estou interessada em dinheiro nenhum, muito menos que ele seja encarcerado em prisão alguma. Apenas desejo que esse processo faça o humorista repensar sua forma ofensiva de falar, disfarçada erroneamente em liberdade de expressão. Desejo a ele o arrependimento e que compreenda o ferimento que causou.

Gostaria de esclarecer, também, que eu e minha família não temos relação alguma com qualquer afastamento ou retorno envolvendo o humorista. Seria até pretensioso pensar que temos esse poder, já que a Band é uma empresa privada com seus donos, dirigentes e empregados e essa, sendo assim, se torna a única responsável por suas decisões. Qualquer notícia envolvendo esse poder fictício e covarde é falsa e mentirosa.

Muitas pessoas enviaram mensagens me pedindo para perdoar, mas só se perdoa quem pede desculpas e está arrependido. Eu não tive essa opção.

Essa é minha verdade e também a primeira e última vez que falarei publicamente sobre esse assunto. Tudo o que tinha para dizer eu disse aqui. Não sei se todos compreenderam minhas razões lendo este texto, mas peço, encarecidamente, pelo respeito ao meu silêncio de agora em diante.

Estou em um momento muito especial e sensível da minha vida e preciso de um pouco de paz, para receber meu filho com toda serenidade possível.

Obrigado pela atenção e espaço.

Wanessa Godoi Camargo Buaiz

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O homossexualidade e a sociedade brasileira


Infelizmente, no mundo em que vivemos, impera a lei do mais forte. Nos primórdios dos tempos, o ser mais forte, respeitado e poderoso era a mulher: era ela quem gerava a vida. Dela vinha a posteridade. Assim como as plantas brotavam do chão e embelezavam a terra, os homens acreditavam que a mulher era o ser sagrado e único capaz de dar origem à outra vida humana. Quando os homens descobriram que sozinha a mulher nada podia, mas precisava do macho para procriar, iniciou o império masculino-machista: a mulher foi obrigada a obedecer o homem e, por muito tempo, não passou de mero objeto de pertence. Não era um ser humano: para o pai de uma menina recém-nascida, era a vergonha da família. Para o noivo, um pertence a ser conquistado no casamento. Para o marido, um objeto sexual e servil.

Algumas mulheres aprenderam que o seu lugar não era servir e sabiam da sua capacidade de realizar as mesmas tarefas que os homens, com a mesma qualidade, e lutaram por seus direitos no decorrer das épocas. Essas tornaram-se as mulheres que até hoje são a favor da justiça e contra o preconceito.
Não é para estas que vou falar neste texto.

Outras se acomodaram e aprenderam que o macho é quem manda, e passaram a achar natural essa soberania masculina; com o passar dos tempos, isso se tornou até inconsciente. E no decorrer da história da humanidade, muitas mulheres continuaram com a imagem do homem superior, dono do lar, partícipe da procriação, senhor da família e, a mulher, apenas sua companheira, ajudante do lar e, mais tarde, ajudante -também - das contas a pagar. A sociedade acatou isso. E prega isso até hoje.

Porém, desde os tempos mais remotos da história humana, existiram os homossexuais. Inicialmente, eles não eram a escória da socieadade. Muito pelo contrário. Na condição de escravas, as mulheres serviam apenas para procriar. Quando os homens estavam em busca de prazer, procuravam seus iguais.

Daí pode-se explicar porque tantas religiões condenam a prática homossexual: nos tempos remotos, ela estava ligada somente à promiscuidade, sem nenhuma carga de sentimento presente. Mas, da mesma forma como ficou provado - ao contrário do que a Igreja dizia - que negros, índios e mulheres têm sentimentos, sabemos, hoje, que os homossexuais também têm sentimentos. Dizer que gays e lésbicas não amam é o mesmo que concordar com islâmicos que cortam o clítoris das adolescentes assim que menstruam pela primeira vez, por acreditar que mulher não pode sentir prazer. Que elas não têm sentimentos. É retrógrado.

Mas se antigamente a homossexualidade era ligada à promiscuidade, hoje isso não se configura uma regra. Na verdade, sabemos, inclusive, que não se trata de uma doença, por exemplo. A Organização Mundial da Saúde já recomendou, há muitos anos, que não se usasse o termo "homossexualismo" porque o sufixo "ismo" indica doença, e não é o caso. A homossexualidade está ligada a fatores genéticos. Nada de "mãe que criou o filho brincando de boneca", ou "pai ausente". É no gene que isso está definido. Isso é ciência, não achismo. Portanto, não se trata de uma opção sexual, mas sim de uma orientação definida pelo próprio organismo da pessoa.

Até é impensado que alguém possa querer escolher envergonhar os pais, ser chacota da sala de aula, correr o risco de não ser aceito em uma proposta de trabalho, se submeter a situações de risco à criminalidade e violência ainda maior, ser ofendido, marginalizado, criminalizado, discriminado, ser motivo de piada, ser condenado, excluído, mal visto, pré-julgado, mandado ao inferno, impedido de doar sangue, ter direitos negados, ficar se escondendo para demonstrar afeto à alguém, entre tantos outros pontos negativos na sociedade dirigidos aos gays.

Partindo dessa breve contextualização histórico-científica, vamos abordar os principais pontos condenados por aqueles que insistem em julgar e reprimir os homossexuais:


Homossexualidade e promiscuidade
A promiscuidade NÃO É uma característica exclusiva, muito menos predominante dos homossexuais. Listemos apenas algumas ocasiões onde a promiscuidade está incutida e não se enquadra no "meio gay": o carnaval, propaganda de cerveja, letra de música sertaneja, letra de funk, bailarinas de programa de auditório, programas humorísticos da TV aberta, filmes (especialmente as comédias jovens americanas), as cantadas ridículas disparadas por homens para as mulheres em qualquer local público, as buzinadas que as mulheres recebem ao caminhar na rua, o comportamento jovem em qualquer concentração de rapazes e garotas com o álcool como ingrediente, festas em geral (as mulheres, geralmente, pagam menos pra haver muitas opções para os homens) e letras de rap americano.

Quando as pessoas associam homossexualidade à promiscuidade, estão pensando no homossexual como um ser que só pensa em sexo. E não é nada disso. O que ocorre, apenas, é que a pessoa homossexual não se sente atraída pelo sexo oposto. Portanto, ela não consegue desenvolver um sentimento de relacionamento amoroso, afetivo e sexual a dois, com uma pessoa do sexo oposto. O sexo é só mais um elemento, não o centro de tudo.

Há heterossexuais que são promíscuos e há os que não são. Com os homossexuais, funciona exatamente da mesma forma.

Homossexualidade e pedofilia Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aliás, eu não me recordo de notícias onde o agressor sexual de um menor era gay. Muito pelo contrário: a grande parte das notícias envolvendo casos de abuso sexual contra crianças relatam que os crimes foram cometidos por familiares próximos. Ou seja: pais, padrastos, avôs e tios. Padres e pastores também se enquadram nesta lista. Ou seja, teoricamente, todas estas figuras são heterossexuais.

E mais: pedofilia não está ligada ao abuso sexual de crianças com o mesmo sexo do agressor. Em muitos casos, meninas são agredidas. Por homens, obviamente. É muito raro encontrar mulheres agressoras, embora exista e, quando ocorre, elas não são lésbicas.


Homossexualidade e Deus
Como cristão católico, tenho ciência da condenação imposta por Deus aos homossexuais descrita em Levítico e em I Coríntios. Mas paremos para analisar a Bíblia dentro do seu contexto histórico e teológico, e não apenas a tomemos como um livro cuja verdade deve ser seguida ao pé da letra.

Inicialmente, temos aquele ponto que citei lá no início do texto: nos anos A.C, a homossexualidade era, majoritariamente, tratada como algo promíscuo: os homens abandonavam suas mulheres para buscar prazer com outros homens. Não havia o que falei acima, sobre o sentimento. Era prazer. Eles tinham uma mulher, mas a trocavam. Semelhante a isso, o adultério também é condenado. Não deixa de ser um adultério.

Mas esta não era a realidade nos anos D.C, quando São Paulo escreveu sua epístola aos habitantes da cidade de Corinto. Apesar disso, a população desta cidade vivia no mundo do crime, do desrespeito e da prostituição. Além do pensamento de Paulo ter sido extremamente influenciado pelas questões machistas-históricas que também já listei.

Mas agora passemos para a questão teológica da análise: Jesus, sendo Deus, segundo o cristianismo, em nenhum momento condenou a prática homossexual. Diriam os fanáticos que é porque não houve um fato que o levaria a isso. Eu discordo. Vejam o que Jesus disse a respeito da antiga lei:

"Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova: 'Mestre, qual é o maior mandamento da lei?'. Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito'. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas'". (Mateus 22, 34-40).

Se ainda assim nossos amigos conservadores não acreditarem que Deus não é tão radical contra algo que ele mesmo criou (segundo a ciência, um fator genético, natural, encontrado, inclusive, no reino animal), podemos analisar outros fatos que a antiga lei condenava e que Jesus, o Cristo, Senhor máximo do cristianismo e regente de todos os dogmas das milhares de placas de igrejas de todos os pastores brasileiros e internacionais, deu nova luz:

O que dizer da parábola do bom samaritano? Os samaritanos eram tidos pelos judeus (Jesus era judeu) como um povo indigno do olhar divino, e Jesus se referiu ao samaritano como sendo o homem-bom da sua mais conhecida parábola. (Lucas 10, 25-37). Não obstante a isso, Jesus se dirigiu à samaritana, igualmente impura para os judeus, o que causou espanto a ela mesma. (João 4, 1-26).

E mais: a mulher adúltera, prostituta, que iria ser morta a pedras pelos fariseus e doutores da lei, a quem Jesus salvou com uma de suas falas mais emblemáticas: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra." (João, 8, 7).

E o ladrão ao lado da cruz? Mal pela vida toda, mostrou fé e confiança em Jesus no último momento, sendo que em nenhum momento ele havia respeitado sequer o maior mandamento que já citamos aqui! (Lucas, 23, 40-43).

Acho que temos indícios suficientes que o que mais importa para Deus, e para o próprio Cristo, é o amor. Independente de sexo. Respeito mútuo e amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas: isto é a lei. O que salva é a fé (Conforme Lucas 18, 42; Lucas 17, 6; Marcos 10, 52; Mateus 15, 28; entre outras). Quando ao resto, discutirei no próximo post (as igrejas e suas hipocrisias).


Homossexualidade e violência
Recentemente, em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina, um rapaz morreu agredido a golpes de chutes e faca por outros três garotos. Eles brigavam por uma menina.

Da mesma forma, todos os fins de semana, por festas em todo o Brasil e o mundo, quantas brigas são motivadas pelos machões enciumados e esquentadinhos nas baladas e bailes heteros? Em balada gay, isso raramente acontece.

Da mesma forma, não existem registros, nem fatos, nem inquéritos criminais, de pessoas que foram assassinadas ou violentadas por serem heterossexuais. Mas por serem gays, sim. Muita gente é violentada todos os dias e existem absurdos índices de homicídios.

Como se não bastasse, pela pressão psicológica imposta pelas igrejas e pela própria sociedade, muitos jovens tiram a própria vida por acreditarem estar pecando. Porque acham que são problemáticos ou anormais e porque creem que vão pro inferno se viverem numa vida homossexual. É sabido que isso acontece, mas, infelizmente, não há estatísticas, porque dados envolvendo suicídios não são divulgados.

Além disso, existe a violência em casa. Pais e mães que agridem verbal e fisicamente seus filhos quando descobrem sua condição sexual. E pra piorar, os expulsam de casa. E por quê?


Homossexualidade e os direitos humanos e civis
É muito complicado, ainda, embora sem motivos, tratar com naturalidade dois homens ou duas mulheres se beijando na rua. Mas matar esse tabu é mais do que urgente.

Casais homossexuais se obrigam a demonstrar afeto na surdina, no escuro, nos cantos. Não estão cometendo crime algum, mas são obrigados a se misturar a traficantes, drogados e ao risco em geral se quiserem dar um abraço mais afetuoso ou um beijo. Isso é a porta de entrada para o assassinato. Afinal, há quem se aproveite dessa situação para matar um homossexual, porque está num lugar deserto e não há testemunhas. Absurdo? Mas acontece!

Além disso, existem casais que passam anos construindo uma vida juntos e não podem assumir todas as conquistas como um bem conjunto, unicamente porque a legislação brasileira não permite o casamento gay, embora a união civil já seja uma realidade - contestada por alguns juízes, é verdade - mas atestada pelo Supremo Tribunal Federal.


Homossexualidade e a perpetuação da espécie humana
Milhares de crianças no mundo todo estão órfãs, esperando adoção. Foram largadas ao mundo porque alguém as pôs no mundo sem planejamento. Nem sempre são fruto de relações conflituosas. Muitas vezes nasceram no seio de uma família, mas são indesejadas.

Do lado de quem quer adotar, há preferência: bebês brancos. De olhos claros, se possível. Assim, aquelas crianças mais crescidas crescem órfãs e às vezes chegam à juventude sem terem tido uma família.

Na China (país mais populoso do mundo), a quantidade de filhos por casal é limitada a um. Com medo de aumentar a população contra a vontade do governo, muitas vezes, ao nascer uma menina, os pais matam a criança, ou a abandonam em qualquer lugar (como na foto ao lado). Quem tem mais de um filho, paga multa.

E se o mundo não fosse cheio de miseráveis e todo mundo conseguisse levar uma vida razoável e digna, os recursos naturais do planeta seriam insuficientes para dar conta da população mundial.

A água é um recurso renovável, porém, finito. Sabem por quê? Simplesmente porque ela não consegue se renovar com a mesma velocidade do crescimento populacional. Exatamente por isso, dentro de menos de 25 anos, centenas de novos países vão sofrer com a falta d'água (alguns já sofrem com isso).

Querem encher ainda mais o mundo?

Ah! E só um "p.s.": os homossexuais ainda são minoria. E sempre foram. Logo, não são eles que serão responsáveis pelo extermínio da espécie humana. E apesar de não terem atração pelo sexo oposto, não lhes foi tirada a condição natural de procriação.
Considerações Finais
Diante de tudo isso é preciso PARARMOS com esse discurso de ódio. Se o seu ódio por gays é pelas questões religiosas, lembre-se do que Jesus disse: "Não julgueis e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Porque olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?" (Mateus, 7, 1-4).

Se o seu ódio é por perder os seus direitos civis para ceder a outrem, fique tranquilo: brancos não perderam seus direitos para ceder aos negros, homens não perderam direitos para ceder às mulheres, pessoas fisicamente perfeitas não perderam direitos para ceder à quem tem necessidades especiais. Não é agora que isso vai mudar. Muito pelo contrário: homens brancos e fisicamente perfeitos continuam sendo os que têm mais direitos e oportunidades no mundo.

Agora se o seu ódio é porque o conceito de família está sendo deteriorado, fique tranquilo: se amarmos uns aos outros, não é preciso a família do modo tradicional. Com respeito e carinho, todos viverão bem. Mas enquanto lutarmos cegamente, unicamente por convenção, que a família tem de ser pai, mãe e filhos (o cachorro e o papagaio, quando possível), haverão mulheres sendo violentadas sem poder se separar (para manter a família), problemas financeiros familiares porque o pai é dependente químico (para manter a família), filhos infelizes porque os pais querem que eles sigam uma carreira pré-determinada (para manter a família) e tantos outros problemas que só o amor e uma família construída com sentimentos verdadeiros e duradouros, cheios de carinho e respeito - e não a família padrão - é que vão impedir.

Enfim, se seu ódio não tiver explicação, nem motivos, nem argumentos, se interne. Você é infeliz, mal-amado e o problema não está na homossexualidade. Está em você.



Créditos das fotos:

3ª foto: Elza Fiuza/ABr
4ª foto: Thiago Bernardes/UOL
Demais: DIVULGAÇÃO

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