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domingo, 3 de janeiro de 2016

O meu preconceito que me envergonha e o processo de desconstrução

Quando resolvi assumir o compromisso pessoal de manter este espaço atualizado, meio que fiz uma revisita às publicações antigas. O objetivo era verificar a periodicidade dos posts, em quais momentos eu havia sido mais dedicado ao blog e como eu me organizava para garantir que ele sempre tivesse conteúdo novo. Mas este exercício acabou resultando em uma outra reflexão, que quero compartilhar com vocês.

A primeira constatação: como o meu texto evoluiu! Não só em questão de estilo, mas na precisão da escrita mesmo. É até vergonhoso verificar como as coisas eram, a maneira como eu organizava as ideias, a forma de colocar os argumentos, enfim... E isso que eu achava que escrevia razoavelmente bem.

Mas o desconforto em ver a minha escrita anos atrás não é nada se comparado à minha evolução como pessoa. Neste item, sim, eu me senti profundamente enojado com certas coisas que eu mesmo colocava.

Machismo disfarçado de  "sou romântico"

 

A primeira coisa que notei foi como eu era machista! Num post vergonhoso intitulado “A mulher perfeita”, por exemplo, ao “analisar” o comportamento feminino em uma sexta à noite, eu escrevo: “Chuva e frio e cambada [olha que construção horrível] de mulher de top e minissaia. Quando não,
um vestidinho fino e curto. É bom ver, não nego [o grifo não é original], mas muito mais bonito seria algo menos ridículo”.

A maior escrotice, além de querer ditar com qual vestimenta as meninas podem ou não se sentir à vontade para se divertir é dizer “é bom ver, não nego”. Gente! Como eu podia pensar assim? Que ridículo! Que vergonhoso! Como se as mulheres fossem alguma mercadoria exposta para que eu diga “estão ridículas, mas é bom ver”. Como se elas estivessem se vestindo para me agradar. Como se devessem obedecer às vontades e desvontades dos machos de plantão. É bom mesmo que eu tenha evoluído nesse aspecto.

Em outro post, “Marcando posições”, destilo meu preconceito ao afirmar, taxativamente, que funk não é música. E no mesmo post, em certo “argumento”, faço mais uma colocação nojenta e machista, que não vem ao caso (tem algo a ver com “pegar” mulher).

Enfim, os exemplos são inúmeros. E a partir daí comecei a notar o quanto eu precisei exercitar a desconstrução para ser uma pessoa mais crítica e com um pouco mais de senso de justiça. Não vou dizer que hoje sou um ser perfeito, que alcancei o nirvana e sou dotado de todo o conhecimento do mundo. Não! Até porque, daqui a alguns anos, vou reler outros posts do blog e ver o quanto eu fui ridículo em novas situações.

Mas o fato é que percebi o quanto eu era preconceituoso, machista e homofóbico. Talvez ainda o seja, mas em outra medida. A diferença é que hoje me policio e sei, na maior parte das vezes, quando estou falando uma bobagem. E ainda que não tenha expressado claramente nenhuma posição homofóbica em algum texto do blog, lembro como eu me comportava na escola, como eu ria e fazia os outros rirem com “piadas” sobre alguns colegas de turma, professores e professoras que, na visão da maioria, tinham algum trejeito homossexual (como se isso significasse alguma coisa ou como se isso fosse motivo de riso).

Uma forma de agir na rede e outra na vida


E aqui vale um adendo bem importante: eu nunca fui popular. Eu nunca fui o fodão da escola. Eu nunca me considerei uma pessoa de direita, mas aqui me comportava como tal. E o mais importante: este ser que escrevia essas coisas não era eu. Não tinha nada a ver com a forma como eu vivia, falava, me comportava. Eu não era pegador, eu não era dado a cantadas, eu não era o padrão de homem macho-alfa. Ao contrário: tive ótimos professores, colegas sensacionais que foram muito importantes para que eu construísse minha visão de mundo. Ainda assim, aqui nos textos, e em alguns pensamentos e atitudes não expressas, eu exercitava todas essas coisas ruins, características tão divergentes daquelas pelas quais eu era conhecido: o garoto estudioso, tímido, artista e religioso da escola e do bairro.

Isso me fez ver o quanto a minha trajetória explica esse momento de tanto ódio e falta de reflexão que vivemos na sociedade. Percebam: eu não me considerava alguém intolerante. No dia a dia não era alguém raivoso ou violento, não tinha nenhuma característica de alguém desrespeitoso ou preconceituoso, mas no meu íntimo e, especialmente, na rede (aqui no blog), externava toda essa prodridão que existia dentro de mim. E isso que sempre fui um rapaz da igreja, católico praticante e fervoroso (outra característica que pode ser notada na história do blog).

Como a igreja e a TV podem influenciar para o mal


Mas, afinal, o que me influenciava a ser desse jeito? Primeiramente, e inegavelmente, a igreja. Não é um achismo! É uma constatação ao observar a minha vida, a minha experiência. Justamente por eu estar tão imerso nessa realidade, tão envolvido no discurso religioso fundamentalista, que eu condenava taxativamente, sem poréns ou cuidados com as palavras, o comportamento feminino.

Lembro que em grupos de jovens e, de forma mais marcante, em um fim de semana na TV Canção Nova, onde participei de um retiro que eles denominam PHN (Por Hoje Não), o cantor Dunga comparava mulheres que se vestem mais à vontade a pedaços de carne velha expostos em um açougue. Eu cultivei comigo esse pensamento por anos. Num DVD da banda Anjos de Resgate, eles
comparavam homossexuais a bandidos e traficantes. “Se você não cuidar do seu filho, um bandido vai enganar ele, um traficante vai levá-lo para ele, um homossexual vai enganar ele”, diziam (ou algo parecido, não são as palavras exatas, mas era esse o sentido).

Lamentavelmente, vejo muitas pessoas agirem como eu agia, pensarem como eu pensava, motivados por esse tipo de influência.

E quem colocava mais lenha na fogueira era a TV. O Luiz Carlos Prates, aquele mesmo que defende administração militar nas escolas públicas, os presidentes da época da ditadura, e que disse que pobres não podem ter carros porque não sabem ler, era meu ídolo. O personagem que ele vivia no Jornal do Almoço, da RBS TV (afiliada da Rede Globo em SC), era uma inspiração para aquele garoto que sonhava em ser jornalista. Para mim, ele falava as mais profundas verdades, era sincero, não tinha meias palavras, enfim, era um exemplo. Por outro lado, pelo fato de a igreja criticar muito a “libertinagem” da TV, eu, no mesmo momento que a tinha como escola, também me considerava o supercrítico, e assim pensava que estava causando ao pensar e expressar certas coisas.

Eu não vou linkar aqui os textos que mencionei porque eles não representam o que eu penso hoje em dia e também não acho que valha a pena perder tempo com eles. São medíocres. Por outro lado, não vou excluí-los do blog, porque eles demonstram a minha evolução enquanto pessoa e cidadão, e pelo menos serviram para eu ser mais crítico comigo mesmo antes de criticar o mundo.

A raiz do ódio nosso de cada dia 

Diante disso tudo, percebo no Brasil atual um comportamento muito parecido com aquele que sempre tive: pessoas que se consideram críticas, mas que os pensamentos são resultado de uma combinação perigosa: o pior das religiões, misturado com a artificialidade do fazer pensar da TV, mais um sentimento de pessoa justa e honesta, que o coloca acima de qualquer questionamento, especialmente o próprio.

Isso não quer dizer que a TV deva ser banida da vida de qualquer pessoa. Só é urgente que ela não seja a única forma de entretenimento e informação. Também não quer dizer que alguém não possa ter uma religião, mas ela não pode ser considerada inquestionável. E sempre vale lembrar que acreditar em Deus e viver os bons ensinamentos bíblicos, por exemplo, como o amor e o respeito, é diferente de viver cegado por qualquer dogma.

Espero que eu possa melhorar cada dia mais, para que eu não seja mais um a perpetuar o machismo, a intolerância e o preconceito. E espero, ainda mais, que mais pessoas possam olhar para o seu passado, seus pensamentos e suas posições e repensem suas atitudes à luz da necessidade de uma sociedade mais humana e justa.

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terça-feira, 25 de junho de 2013

A ingenuidade de quem defende o Feliciano

Deputado-pastor-charlatão Marco Feliciano, presidente
da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
A pessoa precisa ser muito ingênua ou muito desonesta para defender o pastor-deputado Marco Feliciano, achar que ele não tinha opção, que não quis votar e não é culpa dele o projeto que – para não dar argumentos aos que defendem o parlamentar, não vou chamar de “cura gay” –, mas de proposta de alteração de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe esses profissionais de tratarem a homossexualidade como se fosse doença e de declarar, em público, que é possível reverter um “quadro de homossexualismo”. 

O argumento: não foi o Feliciano que apresentou o projeto. E daí? O autor da proposta é tão desprezível quanto ele, líder da bancada evangélica da Câmara dos Deputados, deputado João Campos (PSDB-GO). Chega a ser nojento que alguma pessoa acredite em boas intenções de gente como esses senhores. Eles até podem ter boas intenções, mas desde que tudo ocorra conforme os interesses deles. 
Deputado "bom mocinho" João Campos, claro, do PSDB

Mas seguimos com os argumentos: o presidente da Comissão, Feliciano, sequer pode votar. Por isso não teve responsabilidade na aprovação do referido projeto. E daí? Ele não pode votar, mas foi ele que colocou o projeto na pauta para votação! Insistiu nisso, declarou que fará “rebelião” na Câmara se o governo travar o projeto. Vocês ainda vão continuar dizendo que ele não tem responsabilidade sobre a proposta? 

A justificativa que motivou essa alteração na regulamentação em um Conselho Profissional – que não deveria se submeter à vontade e achismos de pessoas despreparadas e não formadas na psicologia – é que “se um heterossexual em dúvida com sua sexualidade pode procurar ajuda profissional, por que um homossexual não pode?”. Mas claro que pode! Quem está dizendo que não pode? O que não pode é o tratamento tentar conduzir a pessoa a acreditar que sentir desejo por pessoas do mesmo sexo é aberração! 

Primeiro é preciso ter a consciência – que estes deputados-charlatões não têm – que, se um heterossexual está em dúvida com sua sexualidade, ele, possivelmente, não é um heterossexual. No mínimo, bissexual. Se ocorrer apenas uma aventura, uma experiência, isso não torna a pessoa gay ou bi e também não vejo porque ela precise de ajuda. Pode se arrepender, não gostar do que fez, mas não vai entrar em um conflito interno tão grande que a faça procurar um psicólogo. 

Agora se essa aventura lhe trouxe dúvidas quanto aos seus desejos, despertou algo que ela não conhecia e o relacionamento com pessoas do mesmo sexo tornou-se mais frequente, aí sim, a pessoa pode estar confusa e precisando de orientação. Neste caso, é bem provável que ela esteja com a sexualidade reprimida. Não sou psicólogo, mas é algo lógico! Você não procura um profissional por um deslize, mas só se aquilo se torna recorrente e está te trazendo desconforto!

Neste caso, não é possível que o psicólogo tente tratar, curar a pessoa. Desde 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) não define homossexualidade como doença. Também não é uma prática. É uma condição, uma natureza, encontrada, inclusive no reino animal de tão instintiva que é! Logo, não se pode curar o que não é doença. O papel do psicólogo, neste caso, é levar a pessoa à aceitação, para que ela possa conviver com mais harmonia diante desse desejo existente dentro de si.

Reprimir, condenar, tratar, modificar o que a pessoa é só traz infelicidades. Eu conheço, pessoalmente mesmo, uma dezena de casos de pessoas que abandonaram casamentos de longos anos para viver uma relação homossexual. Perversão? Não! Na verdade, a pessoa só não aguentou mais fingir ser o que não é. Porém, nessa altura da vida, a situação já fica muito mais complicada de se resolver. Filhos, família, tudo fica mais próximo, mais íntimo, maior. O impacto negativo na vida de ambos é extremamente alto. Pra que deixar chegar a esse ponto? Uns até nem assumem uma relação: simplesmente se divorciam e vão viver sozinhos porque não aguentam mais aquela vida. Não é o que elas, no fundo, desejam. E passam o resto da vida amargurados, pois não aceitam aquilo que a natureza lhes impôs.

E na pior das alternativas, a pessoa se suicida. É muita pressão interna, é muita negação, é muita mentira para si mesmo. E isso não decorre apenas de pessoas não tratadas, mas também – e principalmente – àqueles que são tratados (principalmente por igrejas) e amargam infelicidade para o resto da vida. Não se enganem: lembram-se daquele pastor que se diz ex-gay, acredita na cura da homossexualidade, é casado, mas confessa “não poder chegar perto de homem”? E aquela instituição americana, ligada à religião, que depois de mais de duas décadas “tratando” homossexuais pediu desculpas públicas, fechou as portas e o presidente assumiu-se gay? 

E essa especialmente aos católicos: quantos meninos visivelmente afeminados abraçam o sacerdócio para “fugir” da sua condição? A fama da Igreja de pedófila não poderia ser muito evitada se isso não fosse tratado como aberração? Afinal, em algum momento, por erro, fraqueza, e, aí sim, um distúrbio causado pela negação, a pessoa externa naquilo que tem por perto: crianças.

Não são todos os casos. Não é regra. E se formos analisar casos de pedofilia a minoria é homossexual e a maioria causada por familiares, não padres. Mas se acontece é por existir um motivo que não foi tratado lá no início (aceitação), ou foi tratado errado (negação).

Portanto, não é competência dos nobres (?) deputados tocar neste assunto. A resolução do Conselho Federal de Psicologia é profissional, pautada em dados científicos. Achismos e crendices não ajudam em nada às pessoas que se sentem realmente transtornadas com a sua sexualidade.

Cada macaco no seu galho.

E pessoas: PAREM de defender o Feliciano. Como eu disse lá no início: é muita ingenuidade, pra não dizer desonestidade, irresponsabilidade. A mídia manipula, sim. Mas a informação correta é muito fácil de achar. Você pode procurar na ciência que vai lhe orientar corretamente, ou procurar outra rede de manipulação: a igreja, que vai lhe dizer que profissionais estão errados.

Manipulação por manipulação, eu fico com a mídia. Pelo menos ela é minha profissão e eu, com as competências que tenho, posso fazer dela um lugar melhor. Coisa que nenhum deputado (pastor) pode fazer.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Marco Feliciano, o arauto do ódio e da exclusão social

Escrevo este texto num momento de muita angústia, em que meu coração me instiga a desabafar. Se não o fizer, não conseguirei levar meu dia adiante. Existem coisas entaladas na garganta que precisam ser ditas e que devem ser expressas antes que seja proibido fazê-lo.

Tudo começou com o pastor Marco Feliciano. Sei bem que ele não é o arauto do ódio, porque antes já tínhamos Myrian Rios e Silas Malafaia, mas o Feliciano está num lugar onde não deveria estar. É legítimo (talvez não tanto, mas isso é outra discussão) que ele seja deputado, afinal, ele recebeu uma votação expressiva para isso e é aos seus eleitores que ele deve representar. Mas deve ficar claro o motivo da rejeição e dos protestos contra este deputado-pastor: hoje ele quer representar justamente as pessoas que não votariam nele: participantes de religiões de origem Africana, índios, feministas, gays. Enfim, as minorias.

Ele diz que deve permanecer na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias para “defender a família”. Que família?, eu pergunto. As famílias de mães solteiras? As famílias de pais solteiros? Famílias de pais divorciados? Famílias onde os pais são ausentes e os filhos são criados pelos avós, tios?  Não. Feliciano, ao falar de família, acha que todas são exatamente do jeito que ele e sua igreja querem que seja: pai, mãe e filhos. E, sinto dizer, a população brasileira não vive mais sob essa construção hegemônica de família.

Ainda assim, sob o guarda-chuva de Feliciano, estão amparados os discursos de todos os reacionários do país. E nenhum desses grupos é composto por gente boa: machistas, nazistas, defensores da ditadura militar e fundamentalistas. Afinal, esse discurso de que os gays serão culpados pela “destruição da família” não cola mais desde que o divórcio foi permitido por lei. Sobre divórcio, aliás, Jesus fala claramente e diz que “Moisés permitiu por causa da dureza dos vossos corações”. Mas sobre os gays... bem... Jesus nunca falou deles.
Não que eu negue que a Bíblia os condena. Disse apenas que Jesus nunca falou disso. Mas não é a questão deste texto. Eu aprofundei essas questões em outra publicação, que você pode conferir se quiser. E nem adianta usar isso como argumento nos comentários, porque este texto não se trata disso.

Voltando. O divórcio já foi um “golpe legal”, digamos assim, na construção evangélica da família. E as igrejas já tiveram que se adaptar a isso, se não, perderiam fiéis. Não vejo nenhum deputado esbravejando contra a lei do divórcio e propondo medidas que anulem este direito. Porém, não duvido que isso um dia possa acontecer se o Brasil virar, ao invés de uma democracia, uma teocracia.
Feliciano está me fazendo ter asco dos evangélicos, algo que eu tento com todas as minhas forças controlar porque, diferentemente da minha emoção, minha razão sabe que nem todos pensam e são como ele. Tanto é verdade que eu sou cercado de evangélicos e, por ser católico, também convivo com centenas de pessoas que têm os mesmos pensamentos defendidos por Feliciano. Mas não adianta. Feliciano instaurou estado de guerra neste país.
Desse modo, as coisas estão ficando “oito ou oitenta” e todos estão vendo apenas os extremos dos dois lados. Para os que não apoiam o movimento gay, acreditam que este é composto por um bando de baderneiros. E para os que não pensam como os evangélicos, acabam por julgar todos eles como atrasados intelectualmente, tal qual Feliciano.

Marco Feliciano, infelizmente, está a protagonizar um retrocesso gigantesco no nosso país. O Brasil, se continuar no ritmo que está, se tornará uma nação regida por leis ditadas pela Bíblia, da mesma forma que os países do Oriente Médio misturam o Estado com a religião e cumprem leis de acordo com suas orientações religiosas. Isso é muito, muito, muito perigoso.
Falam em “ditadura gay” porque, de certo, não sabem o que é ditadura. Acaso alguém está obrigando alguém a ser gay? Acaso as rádios estão proibidas de tocar música sertaneja para transmitir a voz da Madonna, da Cher, do Elton John? O movimento gay não está exigindo nenhum privilégio, apenas que sejam concedidos a eles pelos menos 76 direitos de cidadania que lhes são negados por conta da condição sexual deles. Exatamente: quem é gay perde, hoje, quase 100 direitos civis. E há ainda quem diga que ser gay é uma opção.

Por desconhecimento ou total falta de honestidade, a bancada evangélica negocia fisiologicamente com este governo – que cada vez mais me decepciona – contra programas educacionais e propostas legais de criminalização da homofobia. Enquanto isso, homossexuais morrem ou são agredidos por causa do preconceito. Sim, heterossexuais são vítimas de violência também. Porém, NINGUÉM é agredido na rua simplesmente por ser heterossexual. Parece difícil de compreender, de tão banal que é isso, mas trata-se de um fato: pessoas são agredidas por serem quem são. Só por isso.
As únicas exceções nessa história são as mulheres e o povo negro. Elas sim são agredidas simplesmente por serem mulheres; e para isso existe a lei Maria da Penha. Para os negros existe a lei que criminaliza o racismo, quando negros são violentados somente por causa da cor da sua pele. Mas para os gays... bem... eles podem ser diminuídos, violentados que nada vai acontecer. Dirão “ah, agora tudo virou homofobia”, contratarão um advogado que vai dar uma desculpa qualquer e o machão de plantão sai ileso, enquanto o outro, com o nariz quebrado e graves consequências psicológicas.

Por fim, preciso dizer que estou triste com o mundo. Triste de ver cristãos tendo como bandeira o ódio. Tristes por ver gente usando a palavra de um Deus que dizem ser de amor para tirar direitos de outros cidadãos, regrar a vida daqueles que são diferentes de si, limitar a existência de seres humanos.

E estou preocupado. Porque para político ladrão o Brasil se revolta facilmente e não é difícil incitar a população a rejeitar alguém que rouba. Mas quando a injustiça parte daqueles que usam a máscara do cristianismo, os seguidores do sujeito o defendem como defenderiam o próprio Cristo, espalhando ainda mais a violência e a intolerância e colocando, na boca daquele que pregou o amor e a justiça, uma mensagem de exclusão e condenação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Hipocrisia nas religiões: o motivo do atraso social brasileiro

Novo templo IURD: réplica da construção de Salomão
"Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai que vê num lugar oculto, recompensar-te-á" (Mateus 5, 5-6).

Parece que muitos religiosos esqueceram-se deste ensinamento de Jesus. Sim, ele também disse "Ide ao mundo e levai o evangelho à toda criatura", mas... além das palavras, Jesus ensinou aos cristãos a forma de levar este evangelho.

Jesus nunca empurrava nada "goela abaixo". Jesus nunca julgou, nunca condenou, nunca apontou o dedo, nunca excluiu, nunca cobrou. E Jesus também não invadia o espaço, a intimidade das pessoas; as suas vidas, o seu dia-a-dia, a sua rotina para falar de Deus.

Jesus não ficava toda hora falando "Glória a Deus", nem diminuía alguém por sua religião, profissão ou ideologias. Jesus, com atitudes, mostrava a melhor forma de viver e de se tratar o próximo.

Pois bem. Mesmo os não-cristãos precisam reconhecer que a figura de Jesus era inspiradora. Judeu, não se deixava levar pelos pensamentos pequenos dos iguais daquela época. Num tempo em que aquele povo não se dava com os samaritanos, julgando-os menores diante de Deus, Jesus contou uma parábola em que o homem-bom, que ajudou alguém que estava precisando de auxílio, era, justamente, um samaritano. Da mesma forma, protagonizou uma longa conversa com uma samaritana, que chegou a estranhar o fato de um judeu estar conversando com ela. Jesus não tinha preconceitos.

Valdomiro Santiago e o slogan: "A mão de Deus está aqui"
E sempre que Jesus fazia algo de bom, alimentando os famintos, realizando curas ou discursando com palavras de conforto, orientava as pessoas a não falarem de onde haviam conseguido ajuda. Ele não queria créditos para si. Queria apenas fazer o bem, pensar o bem e instigar as pessoas a agirem de modo igual.

Diante disso tudo é curioso que os líderes religiosos cristãos da atualidade estejam tão na contra-mão do que Jesus, de fato, fazia. É comum ver tais sujeitos unindo forças para fazer o mal e propagar o preconceito, a intolerância, a ditadura, o desrespeito e o ódio.

Odeiam os espíritas, os ateus, os maçônicos, os praticantes de religiões afrodescendentes, os muçulmanos, os gays, os socialistas e comunistas, os movimentos sociais e estudantis, entre tantos outros grupos sociais. Fazem campanhas para boicotar cantores, grupos musicais, filmes, programas de televisão e acham o demônio e mensagens subliminares em tudo que lhes apraz.
E pior: usam o povo, cobrando por suas "bem-feitorias" e afirmando que a graça só será obtida com a compra de travesseiros milagrosos, martelos da cura, óleos da unção e tantas outras bugingangas crentes.

Como se não bastasse, vinculam suas igrejas a programas de televisão, dominam os espaços vagos nas emissoras de TV, criam até slogans para seus empreendimentos/igrejas (um recurso exclusivamente comercial e nada bíblico) e estapam suas imagens nas placas das faixadas dos templos, auto intitulando-se "mensageiros de Deus".

Com toda essa triste realidade, a sociedade brasileira, e as leis de um país que deveria ser laico, acabam prejudicadas. Não se decide mais pelo bem da população, mas para o agrado dessas pessoas que não estão nem aí para Jesus. O Cristo é apenas o garoto-propaganda de suas empresas/igrejas que, beneficiadas pelo não-pagamento de impostos, lucram às custas da fé de gente humilde.

Daí forma-se a bancada evangélica na Câmara Federal para defender a moral, os bons costumes e a família. Mas esquecem de lembrar que o conceito de moral, bons costumes e família é diferente nas diferentes culturas. E que o Brasil não é um país de uma cultura só.

R.R.Soares viu que Edir Macedo se deu bem
e seguiu carreira solo
Ainda dizem que Sodoma e Gomorra foi queimada por causa dos gays. Tenho minhas desconfianças. Pra mim, ambas as cidades estavam cheias de pastores... digo... hipócritas!

"Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso." (Marcos 12,40).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um novo Andarilho para você

Bem-vindos a 2012 e a um novo Andarilho, meus caros companheiros de caminhada! O ano passado foi bastante intenso aqui neste espaço, e tudo isso eu devo a vocês, meus fiéis leitores; poucos, mas especiais.
Aos que me visitam esporadicamente também fica o meu registro de gratidão. Afinal, foi por conta dos visitantes esporádicos que eu consegui, na metade de 2011, superar a marca de 1.000 visualizações do Andarilho em uma semana, naquele que foi o maior post da história do Andarilho, que discutiu a homossexualidade na sociedade brasileira.

Percebi ainda impressionantes e expressivas visualizações em agosto, quando a Rede Globo lançou mais uma edição do Criança Esperança. Um post antigo, que falava sobre a polêmica em relação ao projeto disparou nos números de visitas e o Andarilho foi um dos espaços na rede mais consultados para tirar dúvidas sobre este assunto.
Tivemos ainda a "Série Wanessa", que fez um apanhado da carreira da maior cantora pop brasileira, o quadro "Você Precisa", que acabou se saindo menos religioso - no sentido da frequência de postagens - do que eu imaginava, e as postagens que tratavam sobre "A Joinville que eu queria", discutindo os problemas da minha cidade.

Enfim, 2011 foi um ano muito bom para este blog - apesar da monografia e do pouco tempo que eu tive para o Andarilho - e que se mostrou com uma qualidade muito superior a todos os outros anos de existência deste espaço.

Para 2012, em breve formado (espero), vou dar mais atenção a este querido blog. Vamos continuar aprofundando as discussões rasas das redes sociais, fazendo a cobrança necessária para um país e uma cidade (Joinville) mais justa, falando de cultura, um pouco de mim e do Set Sétima, que acabou ficando em um canto esquecido do baú da minha vida em rede.

Diante disso tudo, nada melhor do que começar o ano novo com um blog novo. Os novos recursos que eu apresento a vocês são mínimos: os visitantes podem seguir o Andarilho por e-mail (cadastre seu e-mail na barra lateral), assistir a alguns vídeos no YouTube que também são sugeridos aqui na barra lateral, além de navegar pelos blogs recomendados por este autor que vos fala.

Afora isso é só a roupa nova mesmo, sempre tentando ser o mais atrativo possível para tornar a sua visita ao Andarilho cada vez mais construtiva. Me acompanhe nesta caminhada em 2012! Sem dúvida teremos um ano incrível pela frente!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O homossexualidade e a sociedade brasileira


Infelizmente, no mundo em que vivemos, impera a lei do mais forte. Nos primórdios dos tempos, o ser mais forte, respeitado e poderoso era a mulher: era ela quem gerava a vida. Dela vinha a posteridade. Assim como as plantas brotavam do chão e embelezavam a terra, os homens acreditavam que a mulher era o ser sagrado e único capaz de dar origem à outra vida humana. Quando os homens descobriram que sozinha a mulher nada podia, mas precisava do macho para procriar, iniciou o império masculino-machista: a mulher foi obrigada a obedecer o homem e, por muito tempo, não passou de mero objeto de pertence. Não era um ser humano: para o pai de uma menina recém-nascida, era a vergonha da família. Para o noivo, um pertence a ser conquistado no casamento. Para o marido, um objeto sexual e servil.

Algumas mulheres aprenderam que o seu lugar não era servir e sabiam da sua capacidade de realizar as mesmas tarefas que os homens, com a mesma qualidade, e lutaram por seus direitos no decorrer das épocas. Essas tornaram-se as mulheres que até hoje são a favor da justiça e contra o preconceito.
Não é para estas que vou falar neste texto.

Outras se acomodaram e aprenderam que o macho é quem manda, e passaram a achar natural essa soberania masculina; com o passar dos tempos, isso se tornou até inconsciente. E no decorrer da história da humanidade, muitas mulheres continuaram com a imagem do homem superior, dono do lar, partícipe da procriação, senhor da família e, a mulher, apenas sua companheira, ajudante do lar e, mais tarde, ajudante -também - das contas a pagar. A sociedade acatou isso. E prega isso até hoje.

Porém, desde os tempos mais remotos da história humana, existiram os homossexuais. Inicialmente, eles não eram a escória da socieadade. Muito pelo contrário. Na condição de escravas, as mulheres serviam apenas para procriar. Quando os homens estavam em busca de prazer, procuravam seus iguais.

Daí pode-se explicar porque tantas religiões condenam a prática homossexual: nos tempos remotos, ela estava ligada somente à promiscuidade, sem nenhuma carga de sentimento presente. Mas, da mesma forma como ficou provado - ao contrário do que a Igreja dizia - que negros, índios e mulheres têm sentimentos, sabemos, hoje, que os homossexuais também têm sentimentos. Dizer que gays e lésbicas não amam é o mesmo que concordar com islâmicos que cortam o clítoris das adolescentes assim que menstruam pela primeira vez, por acreditar que mulher não pode sentir prazer. Que elas não têm sentimentos. É retrógrado.

Mas se antigamente a homossexualidade era ligada à promiscuidade, hoje isso não se configura uma regra. Na verdade, sabemos, inclusive, que não se trata de uma doença, por exemplo. A Organização Mundial da Saúde já recomendou, há muitos anos, que não se usasse o termo "homossexualismo" porque o sufixo "ismo" indica doença, e não é o caso. A homossexualidade está ligada a fatores genéticos. Nada de "mãe que criou o filho brincando de boneca", ou "pai ausente". É no gene que isso está definido. Isso é ciência, não achismo. Portanto, não se trata de uma opção sexual, mas sim de uma orientação definida pelo próprio organismo da pessoa.

Até é impensado que alguém possa querer escolher envergonhar os pais, ser chacota da sala de aula, correr o risco de não ser aceito em uma proposta de trabalho, se submeter a situações de risco à criminalidade e violência ainda maior, ser ofendido, marginalizado, criminalizado, discriminado, ser motivo de piada, ser condenado, excluído, mal visto, pré-julgado, mandado ao inferno, impedido de doar sangue, ter direitos negados, ficar se escondendo para demonstrar afeto à alguém, entre tantos outros pontos negativos na sociedade dirigidos aos gays.

Partindo dessa breve contextualização histórico-científica, vamos abordar os principais pontos condenados por aqueles que insistem em julgar e reprimir os homossexuais:


Homossexualidade e promiscuidade
A promiscuidade NÃO É uma característica exclusiva, muito menos predominante dos homossexuais. Listemos apenas algumas ocasiões onde a promiscuidade está incutida e não se enquadra no "meio gay": o carnaval, propaganda de cerveja, letra de música sertaneja, letra de funk, bailarinas de programa de auditório, programas humorísticos da TV aberta, filmes (especialmente as comédias jovens americanas), as cantadas ridículas disparadas por homens para as mulheres em qualquer local público, as buzinadas que as mulheres recebem ao caminhar na rua, o comportamento jovem em qualquer concentração de rapazes e garotas com o álcool como ingrediente, festas em geral (as mulheres, geralmente, pagam menos pra haver muitas opções para os homens) e letras de rap americano.

Quando as pessoas associam homossexualidade à promiscuidade, estão pensando no homossexual como um ser que só pensa em sexo. E não é nada disso. O que ocorre, apenas, é que a pessoa homossexual não se sente atraída pelo sexo oposto. Portanto, ela não consegue desenvolver um sentimento de relacionamento amoroso, afetivo e sexual a dois, com uma pessoa do sexo oposto. O sexo é só mais um elemento, não o centro de tudo.

Há heterossexuais que são promíscuos e há os que não são. Com os homossexuais, funciona exatamente da mesma forma.

Homossexualidade e pedofilia Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aliás, eu não me recordo de notícias onde o agressor sexual de um menor era gay. Muito pelo contrário: a grande parte das notícias envolvendo casos de abuso sexual contra crianças relatam que os crimes foram cometidos por familiares próximos. Ou seja: pais, padrastos, avôs e tios. Padres e pastores também se enquadram nesta lista. Ou seja, teoricamente, todas estas figuras são heterossexuais.

E mais: pedofilia não está ligada ao abuso sexual de crianças com o mesmo sexo do agressor. Em muitos casos, meninas são agredidas. Por homens, obviamente. É muito raro encontrar mulheres agressoras, embora exista e, quando ocorre, elas não são lésbicas.


Homossexualidade e Deus
Como cristão católico, tenho ciência da condenação imposta por Deus aos homossexuais descrita em Levítico e em I Coríntios. Mas paremos para analisar a Bíblia dentro do seu contexto histórico e teológico, e não apenas a tomemos como um livro cuja verdade deve ser seguida ao pé da letra.

Inicialmente, temos aquele ponto que citei lá no início do texto: nos anos A.C, a homossexualidade era, majoritariamente, tratada como algo promíscuo: os homens abandonavam suas mulheres para buscar prazer com outros homens. Não havia o que falei acima, sobre o sentimento. Era prazer. Eles tinham uma mulher, mas a trocavam. Semelhante a isso, o adultério também é condenado. Não deixa de ser um adultério.

Mas esta não era a realidade nos anos D.C, quando São Paulo escreveu sua epístola aos habitantes da cidade de Corinto. Apesar disso, a população desta cidade vivia no mundo do crime, do desrespeito e da prostituição. Além do pensamento de Paulo ter sido extremamente influenciado pelas questões machistas-históricas que também já listei.

Mas agora passemos para a questão teológica da análise: Jesus, sendo Deus, segundo o cristianismo, em nenhum momento condenou a prática homossexual. Diriam os fanáticos que é porque não houve um fato que o levaria a isso. Eu discordo. Vejam o que Jesus disse a respeito da antiga lei:

"Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova: 'Mestre, qual é o maior mandamento da lei?'. Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito'. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas'". (Mateus 22, 34-40).

Se ainda assim nossos amigos conservadores não acreditarem que Deus não é tão radical contra algo que ele mesmo criou (segundo a ciência, um fator genético, natural, encontrado, inclusive, no reino animal), podemos analisar outros fatos que a antiga lei condenava e que Jesus, o Cristo, Senhor máximo do cristianismo e regente de todos os dogmas das milhares de placas de igrejas de todos os pastores brasileiros e internacionais, deu nova luz:

O que dizer da parábola do bom samaritano? Os samaritanos eram tidos pelos judeus (Jesus era judeu) como um povo indigno do olhar divino, e Jesus se referiu ao samaritano como sendo o homem-bom da sua mais conhecida parábola. (Lucas 10, 25-37). Não obstante a isso, Jesus se dirigiu à samaritana, igualmente impura para os judeus, o que causou espanto a ela mesma. (João 4, 1-26).

E mais: a mulher adúltera, prostituta, que iria ser morta a pedras pelos fariseus e doutores da lei, a quem Jesus salvou com uma de suas falas mais emblemáticas: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra." (João, 8, 7).

E o ladrão ao lado da cruz? Mal pela vida toda, mostrou fé e confiança em Jesus no último momento, sendo que em nenhum momento ele havia respeitado sequer o maior mandamento que já citamos aqui! (Lucas, 23, 40-43).

Acho que temos indícios suficientes que o que mais importa para Deus, e para o próprio Cristo, é o amor. Independente de sexo. Respeito mútuo e amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas: isto é a lei. O que salva é a fé (Conforme Lucas 18, 42; Lucas 17, 6; Marcos 10, 52; Mateus 15, 28; entre outras). Quando ao resto, discutirei no próximo post (as igrejas e suas hipocrisias).


Homossexualidade e violência
Recentemente, em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina, um rapaz morreu agredido a golpes de chutes e faca por outros três garotos. Eles brigavam por uma menina.

Da mesma forma, todos os fins de semana, por festas em todo o Brasil e o mundo, quantas brigas são motivadas pelos machões enciumados e esquentadinhos nas baladas e bailes heteros? Em balada gay, isso raramente acontece.

Da mesma forma, não existem registros, nem fatos, nem inquéritos criminais, de pessoas que foram assassinadas ou violentadas por serem heterossexuais. Mas por serem gays, sim. Muita gente é violentada todos os dias e existem absurdos índices de homicídios.

Como se não bastasse, pela pressão psicológica imposta pelas igrejas e pela própria sociedade, muitos jovens tiram a própria vida por acreditarem estar pecando. Porque acham que são problemáticos ou anormais e porque creem que vão pro inferno se viverem numa vida homossexual. É sabido que isso acontece, mas, infelizmente, não há estatísticas, porque dados envolvendo suicídios não são divulgados.

Além disso, existe a violência em casa. Pais e mães que agridem verbal e fisicamente seus filhos quando descobrem sua condição sexual. E pra piorar, os expulsam de casa. E por quê?


Homossexualidade e os direitos humanos e civis
É muito complicado, ainda, embora sem motivos, tratar com naturalidade dois homens ou duas mulheres se beijando na rua. Mas matar esse tabu é mais do que urgente.

Casais homossexuais se obrigam a demonstrar afeto na surdina, no escuro, nos cantos. Não estão cometendo crime algum, mas são obrigados a se misturar a traficantes, drogados e ao risco em geral se quiserem dar um abraço mais afetuoso ou um beijo. Isso é a porta de entrada para o assassinato. Afinal, há quem se aproveite dessa situação para matar um homossexual, porque está num lugar deserto e não há testemunhas. Absurdo? Mas acontece!

Além disso, existem casais que passam anos construindo uma vida juntos e não podem assumir todas as conquistas como um bem conjunto, unicamente porque a legislação brasileira não permite o casamento gay, embora a união civil já seja uma realidade - contestada por alguns juízes, é verdade - mas atestada pelo Supremo Tribunal Federal.


Homossexualidade e a perpetuação da espécie humana
Milhares de crianças no mundo todo estão órfãs, esperando adoção. Foram largadas ao mundo porque alguém as pôs no mundo sem planejamento. Nem sempre são fruto de relações conflituosas. Muitas vezes nasceram no seio de uma família, mas são indesejadas.

Do lado de quem quer adotar, há preferência: bebês brancos. De olhos claros, se possível. Assim, aquelas crianças mais crescidas crescem órfãs e às vezes chegam à juventude sem terem tido uma família.

Na China (país mais populoso do mundo), a quantidade de filhos por casal é limitada a um. Com medo de aumentar a população contra a vontade do governo, muitas vezes, ao nascer uma menina, os pais matam a criança, ou a abandonam em qualquer lugar (como na foto ao lado). Quem tem mais de um filho, paga multa.

E se o mundo não fosse cheio de miseráveis e todo mundo conseguisse levar uma vida razoável e digna, os recursos naturais do planeta seriam insuficientes para dar conta da população mundial.

A água é um recurso renovável, porém, finito. Sabem por quê? Simplesmente porque ela não consegue se renovar com a mesma velocidade do crescimento populacional. Exatamente por isso, dentro de menos de 25 anos, centenas de novos países vão sofrer com a falta d'água (alguns já sofrem com isso).

Querem encher ainda mais o mundo?

Ah! E só um "p.s.": os homossexuais ainda são minoria. E sempre foram. Logo, não são eles que serão responsáveis pelo extermínio da espécie humana. E apesar de não terem atração pelo sexo oposto, não lhes foi tirada a condição natural de procriação.
Considerações Finais
Diante de tudo isso é preciso PARARMOS com esse discurso de ódio. Se o seu ódio por gays é pelas questões religiosas, lembre-se do que Jesus disse: "Não julgueis e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Porque olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?" (Mateus, 7, 1-4).

Se o seu ódio é por perder os seus direitos civis para ceder a outrem, fique tranquilo: brancos não perderam seus direitos para ceder aos negros, homens não perderam direitos para ceder às mulheres, pessoas fisicamente perfeitas não perderam direitos para ceder à quem tem necessidades especiais. Não é agora que isso vai mudar. Muito pelo contrário: homens brancos e fisicamente perfeitos continuam sendo os que têm mais direitos e oportunidades no mundo.

Agora se o seu ódio é porque o conceito de família está sendo deteriorado, fique tranquilo: se amarmos uns aos outros, não é preciso a família do modo tradicional. Com respeito e carinho, todos viverão bem. Mas enquanto lutarmos cegamente, unicamente por convenção, que a família tem de ser pai, mãe e filhos (o cachorro e o papagaio, quando possível), haverão mulheres sendo violentadas sem poder se separar (para manter a família), problemas financeiros familiares porque o pai é dependente químico (para manter a família), filhos infelizes porque os pais querem que eles sigam uma carreira pré-determinada (para manter a família) e tantos outros problemas que só o amor e uma família construída com sentimentos verdadeiros e duradouros, cheios de carinho e respeito - e não a família padrão - é que vão impedir.

Enfim, se seu ódio não tiver explicação, nem motivos, nem argumentos, se interne. Você é infeliz, mal-amado e o problema não está na homossexualidade. Está em você.



Créditos das fotos:

3ª foto: Elza Fiuza/ABr
4ª foto: Thiago Bernardes/UOL
Demais: DIVULGAÇÃO

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