Xuxa em "Xuxa no Mundo da Imaginação": lento e sem graça |
Seu TV Xuxa (2005-2014) mudou de público, de horário, de formato, de tom, de dia de exibição, enfim, incontáveis vezes. Era uma espécie de tapa-buraco da Rede Globo. Até que a emissora dos Marinho desistiu: Xuxa era aquele tipo de tralha que a gente guarda em casa unicamente pelo valor sentimental, mas sem utilidade alguma. Depois de meses na geladeira, a loira se tocou que não era mais indispensável para a emissora carioca e decidiu se aventurar na TV do bispo Edir Macedo.
O primeiro programa na Record: chato e sem conteúdo. |
Porém, o Xuxa Meneghel não tinha assunto! Depois de relembrar o passado construído na Globo, a loira não tinha mais o que dizer. Ela levou a Cláudia (do meme), visitava as pessoas que a apreciavam por seu trabalho no Xou da Xuxa, enfim... era um ode ao passado. Ruim para a Record, porque Xuxa não estava construindo uma nova estrada, mas insistindo em olhar para trás, para a Globo, e ruim para a própria Xuxa que, aos poucos, começava a ficar chata e entediante, inclusive para mim.
Nos tempos áureos do Xou da Xuxa, onde ela parou no tempo |
A audiência era a prova de que o desinteresse não era um caso isolado meu. E bastava eu lembrar que existia um programa da Xuxa às segundas-feiras e resolver sintonizá-lo, para sentir aquele embaraço, aquele tédio. Era impossível digerir o programa até o final. Ele simplesmente não tinha conteúdo, resumindo-se a brincadeiras entediantes, convidados desconhecidos de atrações desconhecidas da Record e da Xuxa se engalfinhando com seu namorado.
Dancing Brasil: o renascer de Xuxa
O que nos traz ao Dancing Brasil. Formato original da ABC norte-americana, baseado no Dancing With The Stars, a atração reúne famosos disputando um prêmio em dinheiro. Para chegar a ele, os convidados devem passar por uma série de provas que consistem em dançar diferentes ritmos musicais a cada semana. Aqueles que recebem a pior nota do júri são eliminados pelo público.
Se lá fora o interessante é acompanhar artistas não familiarizados com as pistas de dança aprenderem ritmos diferentes a cada programa, aqui a atração principal é Xuxa. Sim! Finalmente a loira se encontrou, por mais que a rigidez da direção (que acaba estragando todos os realities da Record, por tirar a desenvoltura e a naturalidade dos apresentadores) obrigue a apresentadora a se ater totalmente ao teleprompter.
Os convidados são completamente inexpressivos. É um conjunto de artistas da Record, que se perdem naquelas novelas repetitivas e maçantes. Mesmo que muitos sejam ex-globais, tenham carreira no teatro e até passagem pelo cinema, a Record estraga com todos, por envolvê-los em projetos incapazes de extrair alguma memória afetiva popular (com raras exceções, uma delas, justamente por ser um ponto fora da curva, divide a apresentação com Xuxa: Sérgio Marone). Um leve destaque se dá por aqueles que não têm carreira na Record, como músicos e atletas. Mas nem todos são unanimidade. Então, em geral, não são os artistas fazendo papel de dançarinos que emprestam algum divertimento ao programa. Tudo é Xuxa.
Enfim, Xuxa se encontrou no "Dancing Brasil". |
Xuxa dança (ao contrário dos apresentadores desse programa nos diversos países para os quais é licenciado), contraria os jurados (é o escape de personalidade dela que ela consegue imprimir ao show), faz piada com os convidados e se porta como aquela tia que não entende de nada do assunto, mas diverte pelos seus comentários non sense.
Finalmente, portanto, temos a Xuxa que todos gostamos de volta à TV. E eu esperei terminar uma temporada do Dancing Brasil para ver se o ritmo (perdoem o trocadilho) desse programa não iria cair, como aconteceu com o Xuxa Meneghel. E não! Xuxa só melhorou: começou a ficar mais à vontade à frente do programa e levantou a audiência da Record, fato impensável no seu programa anterior. Tal fato demonstra a aceitação do público e o quando a loira, dessa vez, está agradando.
Enfim, Xuxa tem tudo para voltar a divertir a todos verdadeiramente. Precisou ela entender que, para isso, era necessário pavimentar uma nova estrada, e não ficar resgatando as coisas lá de trás, por mais incríveis e memoráveis que elas tenham sido. Confesso que sinto um pouco por ela estar fazendo isso utilizando-se de um formato não original, licenciado. Mas, quem sabe, esse seja o primeiro passo para que ela venha nos brindar com novas atrações, que reacendam o encanto que a eterna Rainha dos Baixinhos (e agora dos bailarinos) sempre nos proporcionou.
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