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domingo, 6 de agosto de 2017

A volta da Xuxa que nos encantou

Xuxa Meneghel é um inquestionável fenômeno da história da televisão brasileira. Não é uma figura unânime, é verdade, mas inegavelmente ela foi importante para muita gente (eu inclusive, e é bom que isso fique bem claro desde aqui), seja porque divertia nossas manhãs, seja porque despertou em muitos meninos e meninas muitos sonhos, muita criatividade, muita imaginação.

Xuxa em "Xuxa no Mundo da Imaginação": lento e sem graça
Portanto, era triste observar a decadência que a eterna Rainha dos Baixinhos vinha protagonizando de uns anos para cá. Desde 2002, quando ela decidiu interromper a carreira que vinha construindo com foco no público adolescente para reembarcar em um projeto infantil a bordo do pavoroso Xuxa no Mundo da Imaginação (2002-2004), a senhora Meneghel não acertou a mão em nenhum novo programa.

Seu TV Xuxa (2005-2014) mudou de público, de horário, de formato, de tom, de dia de exibição, enfim, incontáveis vezes. Era uma espécie de tapa-buraco da Rede Globo. Até que a emissora dos Marinho desistiu: Xuxa era aquele tipo de tralha que a gente guarda em casa unicamente pelo valor sentimental, mas sem utilidade alguma. Depois de meses na geladeira, a loira se tocou que não era mais indispensável para a emissora carioca e decidiu se aventurar na TV do bispo Edir Macedo.

O primeiro programa na Record: chato e sem conteúdo.
Quando chegou à TV Record, em 2015, eu, pessoalmente, queria muito que esse projeto desse certo. Xuxa tem carisma, tem história, tem bagagem para assumir um programa de TV. Mais que isso: precisava de uma casa que acreditasse nela, que a desse espaço e que não a encarasse apenas como um tapa-buraco, mas como uma peça-chave, fundamental para os bons números de uma emissora. E a Record, ao que parecia, estava confiando nisso. Faltava à emissora da Universal um programa que saísse daquele melodrama de assistencialismo chato, ou do jornalismo policialesco, ou das novelas bíblicas sem criatividade, e trouxesse algo novo. Xuxa representava isso.

Porém, o Xuxa Meneghel não tinha assunto! Depois de relembrar o passado construído na Globo, a loira não tinha mais o que dizer. Ela levou a Cláudia (do meme), visitava as pessoas que a apreciavam por seu trabalho no Xou da Xuxa, enfim... era um ode ao passado. Ruim para a Record, porque Xuxa não estava construindo uma nova estrada, mas insistindo em olhar para trás, para a Globo, e ruim para a própria Xuxa que, aos poucos, começava a ficar chata e entediante, inclusive para mim.

Nos tempos áureos do Xou da Xuxa, onde ela parou no tempo
No início, resolvi acompanhar todos os Xuxa Meneghel. Conforme as semanas foram passando, essa tarefa começou a se tornar cada vez mais obrigatória e menos prazerosa, até que desisti completamente. A Record também desistiu, porque tirou Xuxa da apresentação ao vivo e passou a gravar o programa. Foi a primeira baixa.

A audiência era a prova de que o desinteresse não era um caso isolado meu. E bastava eu lembrar que existia um programa da Xuxa às segundas-feiras e resolver sintonizá-lo, para sentir aquele embaraço, aquele tédio. Era impossível digerir o programa até o final. Ele simplesmente não tinha conteúdo, resumindo-se a brincadeiras entediantes, convidados desconhecidos de atrações desconhecidas da Record e da Xuxa se engalfinhando com seu namorado.

Dancing Brasil: o renascer de Xuxa


O que nos traz ao Dancing Brasil. Formato original da ABC norte-americana, baseado no Dancing With The Stars, a atração reúne famosos disputando um prêmio em dinheiro. Para chegar a ele, os convidados devem passar por uma série de provas que consistem em dançar diferentes ritmos musicais a cada semana. Aqueles que recebem a pior nota do júri são eliminados pelo público.

Se lá fora o interessante é acompanhar artistas não familiarizados com as pistas de dança aprenderem ritmos diferentes a cada programa, aqui a atração principal é Xuxa. Sim! Finalmente a loira se encontrou, por mais que a rigidez da direção (que acaba estragando todos os realities da Record, por tirar a desenvoltura e a naturalidade dos apresentadores) obrigue a apresentadora a se ater totalmente ao teleprompter.

Os convidados são completamente inexpressivos. É um conjunto de artistas da Record, que se perdem naquelas novelas repetitivas e maçantes. Mesmo que muitos sejam ex-globais, tenham carreira no teatro e até passagem pelo cinema, a Record estraga com todos, por envolvê-los em projetos incapazes de extrair alguma memória afetiva popular (com raras exceções, uma delas, justamente por ser um ponto fora da curva, divide a apresentação com Xuxa: Sérgio Marone). Um leve destaque se dá por aqueles que não têm carreira na Record, como músicos e atletas. Mas nem todos são unanimidade. Então, em geral, não são os artistas fazendo papel de dançarinos que emprestam algum divertimento ao programa. Tudo é Xuxa.
Enfim, Xuxa se encontrou no "Dancing Brasil".

Xuxa dança (ao contrário dos apresentadores desse programa nos diversos países para os quais é licenciado), contraria os jurados (é o escape de personalidade dela que ela consegue imprimir ao show), faz piada com os convidados e se porta como aquela tia que não entende de nada do assunto, mas diverte pelos seus comentários non sense.

Finalmente, portanto, temos a Xuxa que todos gostamos de volta à TV. E eu esperei terminar uma temporada do Dancing Brasil para ver se o ritmo (perdoem o trocadilho) desse programa não iria cair, como aconteceu com o Xuxa Meneghel. E não! Xuxa só melhorou: começou a ficar mais à vontade à frente do programa e levantou a audiência da Record, fato impensável no seu programa anterior. Tal fato demonstra a aceitação do público e o quando a loira, dessa vez, está agradando.

Enfim, Xuxa tem tudo para voltar a divertir a todos verdadeiramente. Precisou ela entender que, para isso, era necessário pavimentar uma nova estrada, e não ficar resgatando as coisas lá de trás, por mais incríveis e memoráveis que elas tenham sido. Confesso que sinto um pouco por ela estar fazendo isso utilizando-se de um formato não original, licenciado. Mas, quem sabe, esse seja o primeiro passo para que ela venha nos brindar com novas atrações, que reacendam o encanto que a eterna Rainha dos Baixinhos (e agora dos bailarinos) sempre nos proporcionou.

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