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segunda-feira, 30 de abril de 2018

A volta da Wanessa Camargo ao pop


Eu havia dito que não falaria mais sobre a Wanessa Camargo aqui no blog. Não se tratava de boicote ou qualquer coisa do tipo. Apenas foi uma decisão levando em consideração o fato de que ela parou de tocar nas minhas playlists. Da mesma forma que eu não falo, sei lá, de Aerosmith, também não havia mais sentido eu falar de alguém que não faz mais parte da minha vida musical.

Mas é impossível acompanhar um artista por 15 anos ininterruptos e ficar alheio ao que ele faz ou diz, não é mesmo? Se você consegue, lamento, mas eu não.

Contudo, o que tenho a dizer da Wanessa Camargo e da sua Mulher Gato, nova música de trabalho da cantora, não é nada que eu já não tenha dito.

No último post que tratei dessa artista, discorri sobre o fato de que é perceptível que ela transita por gêneros diferentes conforme o movimento do público. Então, se o pop romântico está em alta (época do Sandy & Junior, quando ela foi lançada), é lá que ela fica. Quando o pop internacional caiu nas graças dos brasileiros (gays, especialmente), lá foi Wanessa cantar em inglês para este público! Porém, até então, eu estava achando tudo muito orgânico, e até explico isso neste post.

O problema foi quando o feminejo ganhou espaço nas rádios brasileiras e ela decidiu jogar no lixo o público, o carinho, o respeito, o lugar que ela tinha conquistado como diva pop para lançar um álbum de qualidade, no mínimo, duvidosa (que me recusei a comentar aqui no blog, apesar de ter ouvido). O trabalho de divulgação, felizmente (para ela), funcionou e Wanessa acabou acumulando alguns bons números. Entretanto, apesar de positivos, nada que se assemelhasse à Noite de Patroa ou aos 50 Reais.

Daí que Anitta começou a despontar fora do país, o grupo Rouge voltou com força, lotando shows em turnê por todo o Brasil, Pabllo Vittar conquistou reconhecimento além-fronteiras, novos nomes começaram a surgir e dominar rádios e charts e Wanessa, o que fez? Resolveu voltar ao pop. Confesso a vocês que eu já previa isso, portanto, não foi surpresa nenhuma.

Claro, não foi uma decisão impensada: a crise econômica por qual o Brasil passou pegou em cheio os sertanejos, conforme ilustra bem claramente esta matéria do G1.

Então, se não havia muito sinal de oportunidades entre gaitas e violas, melhor voltar às boates, não é mesmo?

A Mulher Gato


Wanessa Camargo volta ao pop com a música Mulher Gato. Num primeiro olhar, podemos dizer que a música não é de total mau gosto. Ela é um símbolo da independência sexual feminina. É uma letra forte, que mostra que a mulher tem o direito de sentir prazer e desejo, de fantasiar e sair do feijão-com-arroz de todo dia. Mas se observarmos através de uma lente mais ampla, vamos ver que isso pode não ser tão orgânico assim, e representar mais o chamado “ativismo de telão” do que um discurso vindo de uma necessidade de dar voz às mulheres.

Vamos ligar os pontos: na época em que estava tentando se firmar como cantora pop dos gays, Wanessa chegou a participar de conferências junto a Jean Wyllys no Congresso Nacional e afirmava que estava interessada em conversar com a então presidente Dilma Rousseff para tratar de temas caros aos direitos dos gays e das mulheres.

Wanessa, orgulhosa de ter votado no Aécio, aquele que queria
matar o primo, conforme áudios da PF.
Os anos passaram e o mesmo hino nacional que a filha de Zezé di Camargo cantou ao lado do deputado do PSOL foi entoado no alto de um trio elétrico na Avenida Paulista cercado pelos patos da Fiesp. O mesmo ambiente era dividido por figuras torpes como Marco Feliciano, a milícia MBL, o caricato Alexandre Frota, o deputado ex-militar pré-candidato à presidência que não vale ser nomeado e companhia bela. Pode existir neste país gente mais sem senso de respeito à mulher e aos gays do que esta turma?

Daí querer voltar ao pop depois de dar as costas a um público que a acolheu e cantar uma letra dita feminista depois de dar voz a pessoas que não estão nem aí para o direito das mulheres é no mínimo vergonhoso. E aqueles versos que deveriam representar liberdade sexual passam a ser nada mais do que vulgaridade.

A diferença entre empoderamento e vulgaridade está no quão natural e verdadeiro é o discurso. Se observarmos os últimos movimentos de Wanessa Camargo, pode até ser que exista alguma verdade no que ela diz (a influência de Madonna acaba fazendo um mea culpa), mas o que aparenta é apenas oportunismo.

E, desse jeito, vai ser difícil conquistar novos públicos.

Qual vai ser o próximo gênero: depois do retorno triunfal de Ivete Sangalo, o axé?

domingo, 18 de agosto de 2013

Contagem regressiva para "É pop?"


O segundo semestre de 2013 vai ser bem agitado para os amantes de música pop. Lady Gaga, Katy Perry, Miley Cyrus, Beyoncé, Britney Spears e Rihanna estão entre as cantoras que vão lançar novos trabalhos nos próximos meses.

Selena Gomes, Demi Lovato e Wanessa já lançaram os seus recentemente. O Andarilho vai acompanhar cada lançamento, comentar os clipes, as apresentações de divulgação, os singles e discutir sobre o papel de cada uma na música pop nacional e internacional.

Devem entrar na roda de discussão, ainda, a recém-produzida Anitta, Luíza Possi - que está voltando aos holofotes em uma pegada bem pop - além das estrelas internacionais Madonna, Celine Dion (que também está prestes a lançar um novo trabalho), Cher, Nicki Minaj e Christina Aguilera.

Inadvertidamente, podem aparecer citações a Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, The Wanted, Taylor Swift, One Direction, Justin Bieber, Justin Timberlake e Michael Jackson.

É a estreia do "É pop?" para os amantes da música pop, aqui no Andarilho.

domingo, 7 de agosto de 2011

DNA: O Melhor Álbum pop brasileiro tem nível internacional

Pra encerrar a Série Wanessa, vamos tratar do que motivou o Andarilho falar tanto dessa cantora nas últimas semanas: seu novo CD, "DNA".
Este é o melhor álbum pop já produzido no Brasil. Talvez o único, pelo menos neste estilo. E é triste ler textos de ditos críticos musicais fazendo comparações internacionais ao novo trabalho de Wanessa.
É bem verdade que "DNA" é totalmente em inglês, tem nível internacional - pela qualidade e bom gosto da produção, a finalização, entre outros fatores. Mas, ainda assim, é um disco brasileiro feito para brasileiros. Tem reais chances de despontar lá fora, mas ele, ainda, não é uma tentativa de projetar Wanessa para o mundo. O primeiro alvo é mesmo o Brasil, é preciso lembrar.
Sendo assim, por mais que o disco tenha canções que lembrem "Born This Way", da Gaga (como Murder), Madonna e Shakira (com a excelente Blow Me Away), ele é de ótimo nível porque não tem a pretenção de competir com essas três divas do pop mundial.

O álbum abre com a música que dá título ao trabalho. DNA usa o badalado dubstep, efeito que é presença obrigatória nas músicas pop europeias. Uma ótima música que, assim como Fly de "Meu Momento", é o grito que Wanessa dá pedindo atenção ao seu trabalho: "este é meu DNA", diz ela. Perfeita para pistas de dança e muito pessoal, que diz exatamente ao que o álbum veio, tanto em questões musicais, quanto das pretenções da artista e, especialmente, ao tom que o disco quer seguir.
A versão original da elogiada Stuck On Repeat vem em seguida. Música morninha, mas com uma letra inteligente e interessante. Murder, como já dito, caberia perfeitamente em "Born This Way". Mas é ótima. Uma das melhores do CD.

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O álbum segue badalado, ainda sem dar um "respiro", com a já conhecida Worth It e o primeiro single oficial, Sticky Dough, a música que muitos vêm comentando sem entender nada. Trata-se de uma faixa bem brasileira que mistura as batidas pop com o samba e funk carioca. Conta com a participação da desconhecida DJ BamBam, que canta os trechos da música onde a voz é mais "fininha". Portanto, não se trata da voz da Wanessa "trabalhada para esconder suas limitações vocais", como alguns vêm dizendo (sem saber do que falam). É BamBam cantando com Wanessa. Tem um refrão pegajoso e uma letra sem sentido. Puramente comercial e só.
Get Loud vem em seguida mantendo o tom badalado do álbum. Boa música. Falling For U presenteia todos com uma das músicas mais contagiantes cantadas por Wanessa. A ótima Blow Me Away, com seu som castelhano misturado às batidas pop, sustenta o ritmo do disco.
A nona é Rescue Mission. Interessante, a faixa compara um romance a uma missão de resgate e usa, inteligentemente, elementos como o som de um helicóptero, falas radiofônicas e batidas cardíacas, dando aquela sensação gostosa de estar ouvindo mais que uma música, mas uma radionovela, ou quase isso.
Tonight Forever é uma música gostosa e que é responsável por diminuir a "velocidade" do CD, já acalmando os ânimos para as músicas finais. Ótima, por sinal.
A penúltima é High, ótima canção onde Wanessa mostra muito do seu potencial vocal. E, pra encerrar, It's Over, a única balada romântica do disco. Emocionante, de letra triste, indispensável e que prova toda a capacidade vocal da cantora, a faixa de encerramento nos faz lembrar que, apesar de Wanessa ter, no seu DNA, a veia pop necessária para fazer o melhor álbum pop produzido no Brasil, cantar músicas românticas continua sendo seu talento principal.

Em tempo: o disco tem três faixas-bônus: a versão de Stuck On Repeat elogiada no New York Post, remixada por David Audé; uma Worth It para pistas de dança, por Mister Jam; e um epílogo que encerra, de fato, o álbum.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Série Wanessa: A discografia volátil e a busca pelo pop


Faltam apenas dois dias para o lançamento oficial nacional do novo CD de Wanessa: "DNA". Enquanto isso, o Andarilho continua com a série Wanessa. No post de hoje, vamos relembrar a discografia da cantora e entender porque este DNA não é fruto - somente - desse moda pop que se espalhou por diversos países com o advento de nomes como Kesha, Katy Perry, Lady Gaga e, mais tradicionalmente, Britney Spears e Madonna.

O primeiro CD foi lançado em 2000. Chamado simplesmente "Wanessa Camargo" - o nome artístico adotado, então, pela cantora - contava com sucessos como "O Amor Não Deixa", "Apaixonada Por Você" e "Eu Posso Te Sentir". Quase experimental, o disco trazia composições de Zezé di Camargo, uma regravação do Kid Abelha (com composição de Hebert Vianna - Educação Sentimental II) e uma versão para "Born To Give My Love To You", traduzida para "Eu Nasci Pra Amar Você". Muito romântico, o disco buscava algumas levadas pop, mas muito ingênuas, com canções como "Fuga" e "Deixa Pra Lá".


O segundo álbum, também intitulado "Wanessa Camargo", trouxe sucessos como "Eu Quero Ser o Seu Amor" e "Tanta Saudade". Neste CD, havia uma faixa bônus com o clipe de "Eu Posso Te Sentir", do primeiro trabalho, e uma entrevista, na qual Wanessa revelava estar "sempre buscando uma levada mais pop". Desde então, se podia ver que o objetivo e o gosto da cantora se voltavam para algo que sempre a chamou atenção em Madonna, por exemplo, sua cantora-referência.
Wanessa sempre foi fã confessa da Rainha do Pop, participando dos shows e interpretando sucessos de Madonna em suas turnês pelo país.

Além do hit de abertura, o segundo CD de Wanessa trazia "Tudo Bem", "Um Grande Amor", "Gostar de Mim" e "Enfeitiçada", menos melosas e mais condizentes com o que Wanessa expressava como sendo o seu desejo com seus trabalhos em diante.

Mas as pretenções de Wanessa não se confirmaram no terceiro álbum, lançado em 2002. O primeiro single, "Um Dia... Meu Primeiro Amor", além de extremamente romântico, tinha letra ingênua e rasa. Apesar disso, o CD guardava grandes composições e sucessos que perduram até hoje, como "Sem Querer". Mais madura e segura da sua voz, o novo trabalho, novamente, era intitulado com o nome da cantora.

Em 2004, Wanessa lança "Transparente". Apesar da fuga completa da "busca pelo pop" mostrada em 2002, esse novo trabalho, CD/DVD, foi o registro de um show ocorrido no Claro Hall, no Rio de Janeiro. Wanessa apresenta um show dançante e animado, interpreta músicas de Madonna e dança com muita sensualidade. "Me Engana Que Eu Gosto" é o primeiro single desse novo trabalho.
Apesar de predominantemente pop, a cantora relembra seus sucessos românticos. Das quatro músicas inéditas no álbum, duas são românticas: "Difícil é Controlar a Paixão" e "Metade de Mim", que também viram singles.

Até então Wanessa vinha numa crescente, demonstrando, sempre, cada vez mais interesse em se aproximar de uma música mais pop. O auge dessa busca pode ser conferido em "W". Sombrio, intenso e impactante, o trabalho é lançado em 2005 depois de crises pessoais na vida da cantora, refletidos claramente nas fotos do encarte e no próprio sentimento que as músicas emanavam.
Além das canções românticas que chegaram a embalar até novela (caso de "Não Resisto a Nós Dois"), grande parte do álbum contava com batidas coordenadas pelos DJs Zegon e Apollo 9, além do reggaeton de "Amor, Amor". Até hoje, é considerado um dos álbuns mais inteligentes da carreira de Wanessa.

"Total" chegou em 2008 com uma sonoridade totalmente diferente do que havia sido feita até então por Wanessa. Nada de pop, nem de misturas de reggaeton e presença de DJs, nem os melodramas dos três primeiros álbuns. "Não Tô Pronta Pra Perdoar" é o primeiro single que mostra exatamente qual é a cara do CD: estilo country, muito parecido com o feito por Shania Twain.

A sonoridade do CD pode ser explicada pelo momento em que Wanessa vivia: recém-casada, a cantora expressou no seu trabalho a totalidade dos sentimentos que afloravam nas suas relações pessoais. Nada de sensualidade e coreografias elaboradas que vinham evoluindo até então: "Total" era um disco para ser cantado.


Mas o desejo de Wanessa foi - sempre - chegar nas rádios pop. Buscara isso em toda sua trajetória artística e havia meio que "chutado o balde" ao lançar "Total", já que seria impossível emplacar as músicas desse álbum nas rádios em que Wanessa almejava escutar sua voz.

Diante disso, traçou novas metas junto com seu marido - e agora empresário - Marcus Buaiz: divorciou-se (artisticamente) do sobrenome Camargo, convidou um rapper para fazer um dueto no primeiro single e lançou "Meu Momento": um grito ao fim do preconceito contra ela e um aviso do que estaria por vir: Wanessa não era mais a menina romântica. Estava decidida a traçar novos caminhos.

Com letras que sempre pedem atenção para o seu trabalho ("Ouça o que eu tenho pra falar, veja o que eu tenho pra mostrar"), "Meu Momento" não tem a mesma maturidade de "W", por exemplo. É, sim, uma espécie de experimetação, da mesma forma que o primeiro álbum havia sido. Mas, agora, com uma nova sonoridade.

Apesar do grito de "sou diferente" ter sido lançado e ecoado, "Meu Momento" não foi um CD forte. "Fly", com o rapper Ja Rule, emplacou, surpreendeu, bateu recordes. "Não Me Leve a Mal", segundo single do álbum, também foi muito bem aceito, mas o disco não tinha nenhuma outra música com força para single.


Wanessa gravou, então, o Music Ticket: um cartão com um código que, ao ser informado no site da cantora, disponibilizava quatro músicas recém-gravadas. Tratava-se de sucessos estonteantes como "Falling For You", "Worth It" e "Stuck On Repeat", que viriam a se tornar fenômenos nas pistas de dança e rádios do país e do exterior. Além dessas, "Party Line" também integrava as músicas promocionais do cartão.


Agora o resultado desses anos de trabalho abrindo caminho no meio da mata fechada vai começar a aparecer. Wanessa chegou onde queria. A maturidade, como sempre ocorreu com ela, vai vir com o tempo. E por comprovação em fatos podemos ter certeza: essa evolução virá acompanhada com muita qualidade.