quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A saga da casa própria e a dor de sonhar



Eu não tenho uma sugestão de como resolver o problema da falta de acesso à moradia no Brasil. É um direito de qualquer pessoa, mas embora tudo seja propagandeado com muito alarde, como se fosse muito fácil, a realidade não é assim.

Penso que todos têm o direito de morar em um lugar digno e humano, com um mínimo de conforto, organização, espaço e beleza. Mas a exclusão social começa quando o crédito só fica “acessível” a pessoas com renda menor em empreendimentos que não são casas, nem apartamentos, nem mesmo apertamentos: são lugares para dormir com um banheiro. Só.

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Não é exagero. É a realidade. E o mais triste é abrir o jornal e ver que a imprensa, em vez de criticar, compactua com isso chamando de “tendência”. Pior: “preferência”. Me diz, respondam com sinceridade: quem gosta de viver em uma caixa de fósforo?

Para ilustrar e também explicar o motivo do meu desabafo, vou contar o que está acontecendo comigo. 

No início deste ano comecei a sondar alguns amigos que compraram apartamentos recentemente para entender como tinha se dado o processo e estabelecer uma meta de poupança para conseguir dar entrada no meu imóvel. Um amigo me disse R$ 10 mil, outro R$ 8 mil e outra, que comprou na planta, chegou a pagar somente R$ 2 mil. Me animei e estabeleci que juntaria, até escolher a morada, R$ 10 mil. Achava um preço justo para entrada.
Assim, bolei uma estratégia para guardar dinheiro sem comprometer minhas finanças, dívidas e a minha vida. Fui negociar umas coisas pendentes e claro que nenhum banco ajuda no processo, né? Com o Bradesco, por exemplo, passei bons bocados e só fui atendido quando ameacei recorrer ao Banco Central. O Santander pode ser o motivo de outra dor de cabeça, que só vou descobrir no futuro, mas isso são outras histórias.

Vida financeira organizada, era hora de pesquisar construtoras, imobiliárias, projetos, zoneamento, etc. Fui listando algumas coisas, vendo o que eu podia e o que não podia, sonhando, olhando até que o fim do ano se aproximando e, com ele, o fim do prazo para juntar o meu dinheiro. Então já comecei a buscar contatos mais próximos, conversando com corretores e me mostrando interessado em alguns empreendimentos.

Hoje, quarta-feira, 21 de agosto de 2013, foi o dia que, mais que todos os outros (tive muitos outros dias de desânimo), caí em no mais profundo deles com essa minha jornada: esse meu empenho, esse esforço diário de economizar. Além de todos os desânimos com projetos e sonhos profissionais furados que já disse aqui, caí na real de que ter uma casa não é privilégio de quem ganha pouco.
Nessa hora lembrei-me da minha vida de funcionário do cinema, com um salário mínimo mensal. Nem pra se manter de aluguel esse salário daria, e eu também já disse isso aqui

Descobri que com a minha renda atual a entrada deveria ser, no mínimo, de R$ 50 mil. Isso mesmo. Mais de 50% do valor do imóvel. E eu ainda moro com meus pais e tenho condições de juntar mais dinheiro (situação discutível, mas não vou entrar em detalhes aqui). Imaginem quem mora de aluguel? Como vai conseguir juntar dinheiro para comprar uma casa? Quantos anos serão necessários? Quando vai conseguir? Do jeito que os preços aumentam (tanto das construções, quanto do aluguel), como conseguir morar em um lugar digno, da própria pessoa?
Felizmente esse é o menor problema que atravesso hoje na minha vida. Sim, é um problema. Ser impedido de adquirir algo, ter o que é seu, realizar uma conquista é um problema. Mas problema maior são as pessoas que não têm formação, vivem com um salário de miséria, já têm família e pagam aluguel.

Vivemos em um mundo muito desumano. Nenhum grande empresário ou bancário pensa nisso quando vê seu lucro reduzir 1% por causa da alta do dólar. Acham que é o fim do mundo. Daí demitem e aumentam os preços repassando ao proletariado o custo da sua ganância.
Não, minha gente. O capitalismo não é bom nem mesmo para quem trabalha, se rala, se esforça para conseguir algo. As historinhas de superação que você lê no jornal são somente anestésicos para lhe fazer acreditar que o mundo é justo.

Sinto lhes informar: não é. Não há justiça no mundo. E para quem é rico é muito fácil dizer que um sonho pode ser realizado com o mínimo de esforço. Você precisa se prostituir muito nessa vida se quiser conseguir algum conforto a mais. E enquanto os que têm o poder político e econômico não viverem a experiência de ver seus sonhos tolhidos, eles não vão fazer nada para mudar a realidade de quem trabalha de sol a sol para continuar a sonhar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Juliano parabéns pelo seu post e desejo que Deus nosso pai te ajude na compra de sua casa. Abraços Henrique do seu ministério de música

Unknown disse...

É verdade Juliano concordo com você,cada vez menos espaço e quando se consegue vem a maior tristeza,ter que fazer tudo sob medida e tirar da onde mais dinheiro?? casa própria ou caixa própria é um absurdo mesmo. Parabéns pelo Blog :).

Artur Barz disse...

E o que ocorreria se houvessem imobiliárias estatais que estabelecessem preços populares para aluguéis e imoveis? Penso, talvez que poderia haver vários prédios populares, tanto nas preferias qnto no centro da cidade...