Mais uma vez, na calada do fim do ano (que é mais desabitado que a madrugada em Joinville), a tarifa de ônibus da maior cidade de Santa Catarina vai sofrer reajuste.
Eu poderia, aqui, falar de um monte de coisas que são lugar-comum nos discursos sobre o aumento da tarifa: do direito ao passe livre, que é a consumação do nosso direito de ir e vir; do aumento de gastos que estudantes e trabalhadores terão com mais esse reajuste; que as empresas estão faturando alto e não abrem mão do lucro que têm, mas querem aumentá-lo cada vez mais às custas de uma prestação de serviço que deveria ser público.
Claro que inevitavelmente eu vou entrar nestas questões. Mas os motivos que me levam a este texto, a à minha crítica contra o aumento do preço da passagem de ônibus em Joinville vão muito além disso.
Neste ano eu tive a oportunidade de conhecer o transporte coletivo de algumas cidades brasileiras. E pude constatar realidades diferentes. Estive no Rio de Janeiro, Taubaté e São Paulo. Já conheço os modelos de Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. Nas diferentes situações vi preços e qualidade na pretação do serviço distintas. E Joinville se destaca, principalmente, pela qualidade dos ônibus: eles, em geral (não todos) são bem conservados e pertencem à frotas recentes. O modelo de transporte integrado, em que se pode andar por toda a cidade com apenas uma passagem também é uma vantagem de Joinville. Mas para por aí.
Nós temos corredores de ônibus mal projetados e os motoristas não trafegam neles. Dirigem, na verdade, no meio da faixa que delimita o corredor. Isso por causa dos buracos existentes nas vias.
Os motoristas, aliás, merecem um parágrafo à parte. São o exemplo do mau-humor, da anti-cordialidade e da falta de atenção no volante. Os diretores das empresas de ônibus podem até dizer que eles passam por constantes treinamentos, e eu não duvido. E também não culpo estes profissionais pelo constante mau-humor. São as condições de trabalho que afetam tanto na cordialidade deles: é complicado ter que dirigir, cumprir horários, ficar responsável por mais de uma linha, cuidar dos equipamentos de bilhetagem que hora ou outra estragam - e eles precisam dar um jeito no problema para poderem seguir viagem -, vender passagens no ônibus, acomodar passageiros cadeirantes e ainda ter paciência de aturar o trânsito caótico e cada vez mais mal planejado de Joinville.
Ou seja, os motoristas fazem o papel de cobrador, de manutenção, de relações públicas, de motorista e de administrador do seu carro. É muita pressão!
Como consequência - e não adianta dizer que não porque quem anda de ônibus somos nós, não o senhor Moacir Bogo, presidente da Gidion - constantemente vemos situações de impaciência com ciclistas que trafegam na margem da pista (só falta o motorista passar por cima deles), desrespeito à sinalização de trânsito (não param na faixa de pedestres e furam o sinal vermelho) e desrespeito com os passageiros (a falta de cordialidade ao esperar pessoas que estão chegando de uma linha e querem acessar outra).
Diante disso, a solução seria a volta dos cobradores. Mas a passagem aumenta e nem ouvimos falar da possibilidade de retorno desta função nos coletivos de Joinville.
É verdade que o problema das lotações é comum no mundo inteiro. Aqui não se reclama da lotação por reclamar. O problema é que se o preço aumenta, o serviço tem que melhorar! Se estamos pagando mais caro, é porque, teoricamente, a quantidade de linhas e a frequência de horários de ônibus iria aumentar. Mas isso não acontece. Pelo contrário: vemos, com frequência, a extinção de algumas linhas, a fusão de outras, a redução nos horários. Além dos atrasos e da falta de sincronia entre uma linha ou outra.
Por exemplo: aqui na região do Costa e Silva onde eu moro passam três linhas de ônibus. As três passam com uma diferença de tempo inferior a três minutos cada um. Isso não dá nem o tempo que eu levo para caminhar de um ponto ao outro, no caso de eu ter perdido o ônibus. Numa visão otimista, a minha próxima oportunidade viria 30 minutos depois. Isso se não houver atrasos.
E as câmeras instaladas nos ônibus?
Os motoristas, aliás, merecem um parágrafo à parte. São o exemplo do mau-humor, da anti-cordialidade e da falta de atenção no volante. Os diretores das empresas de ônibus podem até dizer que eles passam por constantes treinamentos, e eu não duvido. E também não culpo estes profissionais pelo constante mau-humor. São as condições de trabalho que afetam tanto na cordialidade deles: é complicado ter que dirigir, cumprir horários, ficar responsável por mais de uma linha, cuidar dos equipamentos de bilhetagem que hora ou outra estragam - e eles precisam dar um jeito no problema para poderem seguir viagem -, vender passagens no ônibus, acomodar passageiros cadeirantes e ainda ter paciência de aturar o trânsito caótico e cada vez mais mal planejado de Joinville.
Ou seja, os motoristas fazem o papel de cobrador, de manutenção, de relações públicas, de motorista e de administrador do seu carro. É muita pressão!
Como consequência - e não adianta dizer que não porque quem anda de ônibus somos nós, não o senhor Moacir Bogo, presidente da Gidion - constantemente vemos situações de impaciência com ciclistas que trafegam na margem da pista (só falta o motorista passar por cima deles), desrespeito à sinalização de trânsito (não param na faixa de pedestres e furam o sinal vermelho) e desrespeito com os passageiros (a falta de cordialidade ao esperar pessoas que estão chegando de uma linha e querem acessar outra).
Diante disso, a solução seria a volta dos cobradores. Mas a passagem aumenta e nem ouvimos falar da possibilidade de retorno desta função nos coletivos de Joinville.
É verdade que o problema das lotações é comum no mundo inteiro. Aqui não se reclama da lotação por reclamar. O problema é que se o preço aumenta, o serviço tem que melhorar! Se estamos pagando mais caro, é porque, teoricamente, a quantidade de linhas e a frequência de horários de ônibus iria aumentar. Mas isso não acontece. Pelo contrário: vemos, com frequência, a extinção de algumas linhas, a fusão de outras, a redução nos horários. Além dos atrasos e da falta de sincronia entre uma linha ou outra.
Por exemplo: aqui na região do Costa e Silva onde eu moro passam três linhas de ônibus. As três passam com uma diferença de tempo inferior a três minutos cada um. Isso não dá nem o tempo que eu levo para caminhar de um ponto ao outro, no caso de eu ter perdido o ônibus. Numa visão otimista, a minha próxima oportunidade viria 30 minutos depois. Isso se não houver atrasos.
E as câmeras instaladas nos ônibus?
Alguém disse que elas servem para garantir a segurança dos passageiros. Mentira! Pude perceber que elas estão estrategicamente posicionadas para zelar pelos interesses das empresas de transporte coletivo: uma à frente do volante do motorista, focando a rua. Em caso de acidentes, pode ser usada como prova a favor da empresa ou para ferrar com o motorista. Outra é posicionada em direção à catraca, para fiscalizar se o motorista está atento às pessoas que passam em dois na roleta, às crianças grandes que passam por baixo, ou a qualquer tipo de sujeito que tente dar uma de esperto e passar sem pagar. Obviamente que Transtusa e Gidion não podem fazer nada contra o passageiro. Mas contra o motorista podem!
Daí tem mais duas. E adivinha para onde elas estão direcionadas? Sim, para as portas de saída. A intenção, novamente, é apenas zelar pelos interesses das empresas, e evitar que pessoas entrem pela porta traseira, sem pagar.Aí alguém vai dizer. "Ah! Mas isso ajuda também na segurança. A inibir os ladrões e bandidos!". Se fosse assim, não haveria assalto à banco. E tem mais: se fosse pra garantir a segurança de alguém - que não a das empresas - as câmeras estariam dispostas de outra forma.
Ou seja. O nosso dinheiro da passagem não está sendo investido para nossa segurança. Mas para alimentar a ambição dos empresários. E a qualidade no serviço que se dane!
Teria muitas outras coisas a falar. Milhões de razões pelas quais a tarifa não deveria aumentar. Mas encerro listando a mais grave de todas: as empresas de transporte coletivo de Joinville não estão preparadas para enfrentar situações fora da rotina.
Passei por isso há poucos dias, na última grande chuva que ocorreu na cidade. Com o alagamento das ruas que dão acesso ao Centro, os terminais ficaram fechados e as linhas de ônibus permaneceram paradas. Observei os fiscais trabalhando para conseguir, o quanto antes, liberar os ônibus para cumprirem suas rotas. Mas não havia ninguém para dar informação. Se fôssemos perguntar, tínhamos respostas óbvias: "o terminal do Centro está alagado!". Isso eu já sabia! Eu queria saber como vou pra casa!
Daí aconteceu que eu fiquei exatamente duas horas parado no terminal Sul. E eu moro na zona Norte. Ninguém pensou em uma linha alternativa, que pudesse passar por ruas não alagadas e levar as pessoas para suas casas. Nestas horas, por mais anti-social e anti-ecológico que seja, o nosso pensamento é de que seria muito melhor se eu estivesse sozinho no meu carro. Eu pegaria um atalho tentando desviar da cheia e chegaria em casa. Um tanto mais tarde do que o comum, mas, pelo menos, não ficaria parado sem informação.
Então não adianta a prefeitura fazer planos para que as pessoas substituam o seu meio de transporte se o ônibus não funciona e a tarifa é cara.
Também não adianta dizer que está preparando uma licitação e tudo vai melhorar em 2013 ou 2014. Ou o serviço melhora, ou a passagem não aumenta.
É muito fácil para as empresas simplesmente pedirem aumento. Em qualquer outro segmento, para não perder o cliente, as coisas teriam de ser resolvidas com criatividade.
Porque eu tô relacionando criatividade com Transtusa e Gidion? Diante do exposto, ficou claro que isso é uma coisa que eles não têm.
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