Em épocas de eleição é que costumamos observar a maior quantidade
de máximas, que pipocam por todo o canto: "odeio política",
"nada muda", "vamos anular o voto", "é tudo
igual!", "todo mundo rouba na política", "vamos votar
branco", "não quero nem saber disso aí", e por aí vai.
Pode até ser que as coisas não estejam boas, que os serviços
públicos estejam morosos e ineficientes, que a educação e a saúde estejam
precarizadas, que a infraestrutura esteja sucateada e que tudo está muito caro.
Mas sinto lhe dizer, querido leitor, que nada
disso vai mudar se você não aceitar que só a política é capaz de fazer as
coisas mudarem!
O quê? Você acha que com a política não é possível mudar? Bom...
está lhe faltando, então, um pouco de lembranças das aulas de história. E aí
está outro problema: nossos queridos aluninhos brasileiros, em todas as
esferas da educação, não
gostam de estudar. E, não raro, quando estudam, é por nota ou pra conseguir
a profissão almejada. Jamais por puro, simples e rico conhecimento.
Mas voltemos: foi através de uma movimentação política que o
Brasil conseguiu sair de décadas de ditadura para viver, enfim, o regime
democrático.
Para quem não tem noção do que era a ditadura (ou esqueceu, ou
perdeu a noção de gravidade), aí vai um refresco dolorido: a ditadura proibia o
acesso à informação que eles não julgavam interessante. Certamente, portanto,
você não veria as queridas cantoras pop da atualidade com a frequência que vê,
porque, pela indumentária delas, era uma afronta à família. Seriados americanos?
Jamais! O nacionalismo impedia que se tivesse acesso, no Brasil, a uma
quantidade muito grande de produções estrangeiras.
Se você fosse um pouco mais politizado, era perseguido,
preso e torturado. E mesmo que você não fosse muito politizado, mas fosse pego
reclamando do governo com a vizinha, também era preso.
Passado o tempo da ditadura, tivemos o governo Collor, que
foi um completo fiasco e não resolveu nada os problemas históricos do Brasil de
décadas de atraso. E por um movimento político Collor foi deposto da Presidência da República.
Fora do Brasil, temos o bom exemplo de Nelson Mandela que,
com força política, conseguiu trazer um pouco mais de igualdade para a África
do Sul.
Da mesma forma, existem aquelas forças políticas que fazem o
mal: Hitler (que dispensa explicações) e George Bush só para citar exemplos.
Além daqueles casos locais de autoridades municipais que autorizam de forma
inconstitucional a exploração de um serviço público (o transporte coletivo)
para duas empresas somente por 14 anos. Por mil Lápis, Helicópteros e Sapos!
Não preciso lhes dizer quem é, né?
Ou seja, o povo tem sim poder na política. É só ver a
história! E a política tem histórico de ser suja e excludente mesmo. Basta ver na
Grécia Antiga, quando criaram o conceito de democracia: a democracia deles
excluía mulheres e escravos. Só homens tinham voz para tomar as decisões.
Ainda assim, exemplos de políticas feitas com diálogo,
respeito, maturidade existem! Basta ver a situação de movimentos sociais,
estudantis, sindicatos, entre outras organizações que lutam por dignidade com
democracia e inteligência.
Mas é preciso ampliar essa consciência. Infelizmente existem
três grupos de pessoas no nosso Brasil.
O primeiro grupo é composto por pessoas não-instruídas que
são ludibriadas com discursos que dizem apenas o que elas querem ouvir. Russomano,
candidato a prefeito para a cidade de São Paulo, disse hoje, 22 de agosto, que
queria que houvesse uma igreja em cada quarteirão. Serra, que também saiu
candidato pela capital paulista, também anda fazendo comício em diversas igrejas e
estreitando laços com pastores.
Ou seja, uma população que já é enganada e prejudicada por
pastores charlatões estão sendo usadas para arrecadação de votos de sujeitos
que se preocupam em fazer mais um discurso vazio e ludibriante, do que
instigante e construtivo.
É preciso que se diga que grande parte das lutas importantes
e necessárias para o desenvolvimento social do nosso país estão prejudicadas
por conta das igrejas.
O segundo grupo é composto pelas pessoas que proferem aquelas
máximas que listei no início do texto. São pessoas que não são instruídas e que
espalham aquelas ideias de votos brancos e nulos como se fossem solução. Não!
Não são solução, é preciso dizer, porque esse tipo de “protesto” não dá em nada
porque estes votos não são contabilizados e alguém vai ser eleito de qualquer
modo. Então porque perder o voto se existe a possibilidade de investir em
alguma proposta interessante?
Mas para estas pessoas não existe proposta interessante. E
depois reclamam que a saúde vai mal, que o trânsito tá um inferno, que as
compras estão ficando muito caras, que não tá sobrando dinheiro pro lazer, que
a escola foi interditada, que não tem parques pra criançada brincar e que tem
esgoto a céu aberto e buraco na rua.
Mas depois da oportunidade (de voto) perdida, de que adianta
reclamar, né?
O terceiro grupo faz parte das pessoas engajadas. Seja pelas
boas causas, em prol da sociedade e das minorias, seja pela causa de quem detém
o dinheiro, os privilégios e o poder.
O problema é que, deste grupo, os primeiros citados são os
mais fracos, pois condenam o preconceito e promovem a igualdade e a justiça
para trabalhadores e movimentos sociais, o que nem sempre vai de encontro com
as ideias de uma maioria preconceituosa, machista e cristã-conservadora.
Enfim, a lógica é diferente do que a maioria pensa. O impossível de mudar não é a
política, mas as pessoas. Se as pessoas mudassem, a política seria diferente.
Afinal, foram as pessoas que colocaram Collor, Hitler e Bush no poder. Eles não
chegaram lá igual uma vilã de novela conquista a riqueza dando o golpe da
barriga!
Por isso, fica aqui o apelo. Vamos lutar pela conscientização!
Hoje pode ser que o rumo da política na sua cidade, no Brasil e no mundo não te
interesse. Mas no dia que você for prejudicado diretamente, você vai se lembrar
deste longo texto aqui.
Daí pode ser tarde demais.