sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E o Oscar vai para...

Domingo acontece a cerimônia do Oscar. Eu poderia escrever um longo texto xingando a mãe do falecido Roberto Marinho por conta da Rede Globo preferir atrasar a transmissão da cerimônia pra passar o Big Brother Brasil e ainda pôr o José Wilker como comentarista. Mas vou poupar meus nervos. Não quero, tão cedo, ganhar cabelos brancos (embora vocês tenham que saber que eu tenho um ódio e um horror especial e quase incontrolável por a Globo tratar o Oscar como tapa-buraco da programação e tema-do-Mais Você-do-dia-seguinte-por-conta-dos-looks-das-celebridades).

Devidamente desabafado, explico o motivo de eu estar aqui: vou palpitar. Não, eu não vi todos os filmes e sou melhor torcedor para meus filmes prediletos (que quase nunca ganham) do que "palpiteiro". Mas me muni de informações sobre os concorrentes, li bastante, assisti ao que pude e vou listar aqui pra vocês.
Quem quiser entrar na brincadeira, pode usar os comentários.

Premiada e recordista em indicações, Meryl
Streep, acho, não ganha por ser frequente demais

Segunda-feira eu volto aqui pra comentar a premiação, os meus erros e acertos, a transmissão da Globo (eu não tenho TNT). e os looks.

Bom... lá vamos nós.

Melhor figurino: "O Artista"
Melhor fotografia: "Cavalo de Guerra"
Melhor direção de arte: "O Artista"
Maquiagem: "A Dama de Ferro"
Canção Original: "Real in Rio", do filme "Rio"
Trilha sonora: John Williams, por "As Aventuras de Tintim"
Roteiro original: "O Artista"
Roteiro adaptado: "Os Descendentes"
Efeitos visuais: "Planeta dos Macacos - A Origem"
Mixagem de som: "Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres"
Edição de som: "A Invenção de Hugo Cabret"
Edição: "A Invenção de Hugo Cabret"
Melhor animação: "Rango"
Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer, por "Histórias Cruzadas
Ator Coadjuvante: Jonah Hill, por "O Homem Que Mudou o Jogo"
Melhor atriz: Michelle Williams, por "Sete Dias com Merilyn"
"A Invenção de Hugo Cabret"
Melhor ator: George Clooney, por "Os Descendentes"
Melhor diretor: Martin Scorsese, por "A Invenção de Hugo Cabret"


Melhor filme: "A Invenção de Hugo Cabret"

As demais categorias (como curta, documentário, filme estrangeiro, etc.) não comentei por não ter a mínima noção.
Reforço: não são estes filmes para os quais estou torcendo. Falo dos meus prediletinhos na segunda-feira.

Vamos ver como me saio nessa.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Histórias Cruzadas" no Set

Diferentemente do que escrevi no texto sobre este filme lá no Set Sétima, se você É racista, assista "Histórias Cruzadas".

Explico: é que um certo crítico de cinema afirmou que somente pessoas brancas não compreenderiam o racismo velado do filme. Ou seja, que o filme, na verdade, é cínico e não ajuda em nada na conscientização acerca do preconceito racial.

Aqui fica o esclarecimento: se você é racista, precisa ver este filme para levar um chacoalhão. Se você não é racista, certamente vai ficar impressionado com a beleza deste longa.
Vale a pena ver e, claro, ler a crítica lá no Set!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Você Precisa LER: A Menina Que Roubava Livros


Sem sombra de dúvidas, um dos motivos que mais fazem o leitor ter a atenção fisgada já nas primeiras páginas deste "A Menina Que Roubava Livros" é a particularidade do narrador. Neste caso específico, da narradora: a Morte.
Sai o autor na terceira pessoa e entra a inusitada personagem cadavérica (embora ela mesma não se descreva desta forma) narrando, também, (na maior parte do tempo) em terceira pessoa. Mas, ao mesmo tempo, como uma participante dos fatos ocorridos no decorrer da leitura.

O segundo motivo que prende o leitor é a forma como a obra é organizada. Capítulos relativamente curtos, linguagem leve, trechos que destacam pensamentos importantes e, por vezes, até adiantam alguns acontecimentos. Nem por isso somos tomados pela decepção de um spoiler; pelo contrário: nos aguçam ainda mais a curiosidade. Afinal, a narradora já adianta desde o início: "EIS UM PEQUENO FATO: Você vai morrer". Se o leitor morre, certamente os personagens da história também morrem.

Mas, aqui, o que interessa é saber como eles morrem.

Enfim, o terceiro - e, diga-se de passagem, o mais importante e relevante - motivo que nos fisga é a própria história sobre "uma menina, algumas palavras, um acordeonista, uns alemães fanáticos, um lutador judeu e uma porção de roubos".
Liesel Meminger é uma garota que é confiada, já crescida, a pais adotivos em plena alemanha nazista. A menina sofre com a morte do irmão mais novo que deveria lhe fazer companhia na casa dos novos pais. Além, é claro, da angústia de ter sido separada da mãe.
Para aliviar a dor, ela conta com o carinho de Hans Huberman, seu pai adotivo, com a amizade do garoto Rudy Steiner e com um passatempo peculiar: roubar livros.
Inicialmente analfabeta, na medida que a menina vai descobrindo as palavras, também passa a conhecer mais sobre o mundo ao qual está inserida e, cada vez mais, passa a entender a importância e o perigo que a palavra têm na história da humanidade, especialmente depois que seu pai resolve esconder um judeu no porão de casa.

Diferente de tantas histórias que se passam neste período histórico, "A Menina Que Roubava Livros" não apela para emoções baratas facilmente conquistadas com o conhecimento prévio a respeito da maneira atroz que os "não-alemães" eram tratados na Alemanha de Hitler. Apesar disso, a decisão do autor australiano Markus Zusak em ambientar seu romance na época da Segunda Guerra é decisiva para que os acontecimentos tenham o peso que têm; e a menina não compreenderia o quanto a palavra - que ela tanto amava - poderia ser consoladora ou destruidora.

Não me recai nenhum tipo de remorso, diria, ao afirmar que, na verdade, o personagem principal desta história é a palavra. Por mais "não palpável" e único que possa ser a Morte contar a história, ou tomar como coisa boa uma menina roubando, a maior peculiaridade de "A Menina Que Roubava Livros" é exatamente o poder de nos levar a refletir sobre o peso que têm a palavra, seja falada ou escrita.

Aliás, é imprescindível destacar que, para conferir realismo à trama, e na impossibilidade - óbvia - de escrever o livro na língua dos personagens, o autor insere expressões genuinamente germânicas para que lembremos que os personagens são alemães e as histórias se passam na Alemanha; logo, todos falam alemão.

E, aqui, cabe uma reflexão ainda mais profunda do quanto as pessoas vulgarizam a palavra e não valorizam o idioma natal.

Mas é claro que aos assassinos da língua portuguesa e aos que acham que a palavra é menos importante que tudo, nenhuma dessas reflexões fará sentido. Aliás, a estes, nem existe a vontade de descobrir o prazer em abir um livro.

É esta a principal lição que "A Menina Que Roubava Livros" nos passa: o quanto o interesse pelas palavras diz do caráter das pessoas; não importa se leem mal ou bem, ou  nem leem. Aqueles que sabem o que falam, têm sede de leitura e senso de justiça são capazes de dominar o mundo; diante delas, muitas coisas, por convenção, ditas avassaladoras, são mais fracas: "Jamais dispararei uma arma", pensou certo personagem. "Não precisarei fazê-lo". Ideias e palavras são mais poderosas. Para o bem e para o mal.

Lembrem-se que, para os cristãos, Deus criou o universo com a palavra. "No princípio era o Verbo (...). Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito" (João, 1).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Os Descendentes" no Set

No ritmo de se atualizar - cinematograficamente - antes da cerimônia do Oscar, este andarilho que vos fala rumou à sala escura conferir a nova produção de Alexandre Payne, com George Clooney: "Os Descendentes". A crítica deste quintuplamente indicado ao prêmio da Academia de Hollywood você confere no Set Sétima. Não deixe de dar uma passadinha por lá!


domingo, 5 de fevereiro de 2012

O drama do rio Cachoeira

O rio Cachoeira, em Joinville, é um personagem vivo na cidade. Apesar de estar morto.
Sim, é contraditório. Mas é impossível vir a Joinville e não vê-lo. Ele corta a cidade.
Por isso, ele é garoto-propaganda de tantas campanhas políticas. Sempre no mesmo papel: o de "futuramente despoluído". Uns foram mais criativos, e inventaram de navegar por suas águas. Não deu certo, claro.
A Rede Globo, quando mandou a equipe do "JN no Ar" para cá, não deixou de citá-lo. Enfim... é inevitável falar dele.

Foi por isso que, ainda na faculdade, na disciplina de "Meios TV II", meu grupo resolveu entrevistar a Sra. Jutta Haggemann, uma conhecedora nata da história de Joinville, para que ela contasse tudo o que ela sabe, já ouviu e já viveu em relação ao rio Cachoeira.
O resultado foi este. Modéstia à parte, ficou muito lindo.

Além da edição de imagens, creditada a mim, eu ajudei na produção, afinal, conheço dona Jutta há algum tempo. Também participei na edição de texto e finalização.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O Cinema de Mazzaropi


Amanhã tem a defesa da minha monografia para que eu, enfim, consiga minha formação como jornalista. O meu tema é: "O Papel de Mazzaropi na História do Cinema Nacional".
Diante disso, e da comemoração do centenário do nascimento do cineasta lembrado neste ano, nada mais propício do que lançar o "quadro" "Ano do Jeca".
Durante este ano, vou fazer postagens sobre um dos maiores e mais bem-sucedidos cineastas da história do país. Dentro de pouco, vou falar especificamente dele, para quem não o conhece. Mas dada à minha apresentação que ocorrerá amanhã, posto aqui um trecho (editado) da minha análise.

Boa leitura! E espero vocês por aqui com frequência, para conhecerem um pouco mais deste grande artista nacional!

Em certa cena de “Jeca e a Égua Milagrosa” (1980), alguns homens de pensamentos políticos e religiosos distintos começam a brigar. Os socos e chutes têm a pretensão de soarem violentos. Os personagens jogam um ao outro por cima das mesas e cadeiras. A desordem é grande. Os brigões se atiram ao chão, rolando em meio aos golpes.

Mas eles não se machucam. Não é compreensível quem está apanhando de quem. Não há nenhuma ferida, sequer algum hematoma e muito menos alguma gota de sangue, embora a briga tivesse sido pesada e dois dos personagens tenham ficado desacordados.

No meio da confusão, alguém dispara um tiro. Como a briga já havia terminado, Raimundo, o personagem de Mazzaropi, sai de trás de uma moita, do outro lado da rua, com a calça nas mãos e reclama: “Vâmo pará de tiroteio aí que quase me acertaram um tiro!”. E a esquete cômica está finalizada.

A falta de lógica na direção pode ser percebida na cena subsequente. Nos momentos finais da briga, o dono do bar percebe a aproximação do delegado com o padre e um policial. Exatamente neste momento é disparado o tiro que desperta a ira do personagem de Mazzaropi atrás da moita. Os brigões, a mando do dono do bar, acomodam os homens desacordados sentados, com a cabeça apoiada na mesa, como se estivessem dormindo sob os braços. O delegado, no momento em que passa em frente ao bar, pergunta: “Tudo certo por aí?”. O proprietário responde: “Por aqui tudo certo. É só alegria! Tudo na paz!”.

Será que o delegado não percebera nada estranho? A resposta forçada do dono do bar não teria chamado a atenção da autoridade policial? Não seria incomum dois homens dormindo em uma mesa de bar, à tarde, no meio de uma roda de conversa?

Sim. É ilógico. Mas as ilogicidades não param por aí. Logo depois que o delegado sai de cena, os dois desacordados levantam e vão embora raivosos e jurando vingança. A vitalidade dos dois não era de alguém que havia acabado de levar uma surra e ficar desacordado.

Fica claro, portanto, que o cinema de Mazzaropi não é dotado de inovações estéticas nem refinamento no que diz respeito à continuidade e direção. Não há criatividade na elaboração dos cenários. Fassoni (1977), numa crítica a “Jecão, Um Fofoqueiro no Céu” (1977), chega a dizer que “[Pio] Zamuner e Mazzaropi chegaram ao ridículo, desta feita, ao conceberem, com a imaginação de um recém-nascido, a cenografia para o seu céu-inferno”. Isso não quer dizer que ele não se resolva tecnicamente. De acordo com Matos (2010), os equipamentos pertencentes à PAM Filmes eram de última geração. Mesmo antes de ter uma produtora própria, Mazzaropi já contava com equipamentos de alta tecnologia na Companhia Vera Cruz. E o próprio Fassoni (1977), numa de suas duras críticas ao cineasta, reconheceu que os filmes de Mazzaropi vinha evoluindo, e “haviam adquirido uma qualidade técnica mais apurada, seus temas mais recentes tinham um recheio mais plausível” (FASSONI, 1977).

Ainda assim, no que diz respeito à direção, tudo é muito comum e pouco ousado. Integrante da chanchada paulista (DIAS, 2010) – filmes populares, geralmente cômicos, que se utilizavam de participações musicais cantando marchinhas carnavalescas – as produções de Mazzaropi eram acusadas de contar com atores inexpressivos e direção precária (LOYOLA, 1965). Para os críticos, isso se devia aos baixos salários que a PAM Filmes pagava aos seus funcionários e atores.

Mas nem por isso todos os filmes tinham pouca qualidade artística. Participaram das produções de Mazzaropi atores que viriam ganhar reconhecimento nacional, como Tarcísio Meira. Apesar de grande esmero em diversos aspectos, o mesmo cuidado não era levado em consideração na montagem e edição dos materiais. Mazzaropi sacrificava o roteiro na busca de uma boa piada. Ou seja, o filme só era bom quando as piadas também eram. A justificativa do artista era que os improvisos e erros garantiam espontaneidade à fita.

Se isso pode ser encarado por alguns como um modo positivo, autoral e particular de conduzir um filme, logo este pensamento já pode ser descartado na medida em que conhecemos, muito além da forma de conduzir um filme, a maneira como Mazzaropi conduzia as gravações. Na maioria das vezes não havia cuidado com a continuidade e com a própria direção de arte e figurino: usavam-se roupas, no filme, inadequadas à época em que ele se passava.

Ainda que tudo acontecesse em prol das piadas, Mazzaropi não precisava de uma história engraçada e um roteiro totalmente cômico para ficar satisfeito com o trabalho. Em diversas ocasiões percebemos piadas deslocadas, fora do contexto da história que está sendo contada, como já exemplificado aqui. Ou seja: para Mazzaropi, qualquer momento no roteiro era propício para se fazer uma piada, por mais deslocada que ela pudesse parecer. Não era necessário que a estrutura do roteiro corroborasse isso. Sendo assim, os demais temas que o ator julgava digno de estar presente nos argumentos, se faziam presentes, mesmo que não fossem engraçados. E entre os assuntos mais trabalhados pelo cineasta estavam a política e a religião.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Paz Reinará

Tudo o que é branco é vazio
No branco não existe nada
Não existe nem ouro, nem prata
Nem caminhos, nem a PAZ
                                          Que é branca


Tudo o que é preto é escuro
Nada se vê, tudo se esconde
Se esconde o caráter e a inteligência
Mas põe em destaque a morte, a GUERRA
                                                   Que é preta


Porém, no branco, podemos desenhar
Escrever e criar
Pintar esperanças coloridas
de um mundo melhor.
E do branco tão vazio
podemos pintar a felicidade:
Vidas, sonhos, alegria de verdade.
E formar do tão vazio
Uma vida colorida
Sorrir, sem medo de chorar.

No preto podemos tentar escrever,
desenhar
Mas nada vai aparecer
O preto sempre será o superior
Agora... se pintarmos com o branco
Só o branco aparecerá
E, quem sabe...
A paz reinará


O texto é de minha autoria. A música que acompanha o post é "If a Could", interpretada por Celine Dion no DVD "A New Day Live in Las Vegas" (SONY MUSIC). Letra de Ron Miller, música de Ken Hirsch e Marti Sharron. A tradução da canção você pode encontrar neste site.