Vou falar dos novos (e mais recentes) lançamentos de três
das maiores cantoras pop da atualidade: Katy Perry com Roar, Lady Gaga com
Applause e Britney Spears com Work Bitch. Em comum, está o desejo das três em
não arriscar; não fazer mudanças bruscas nas suas devidas sonoridades.
Especialmente Katy Perry e Britney Spears.
Ainda que essa reflexão tenha começado dessa forma, este não
é um texto comparativo. É, quem sabe, uma espécie de “balanço”. Não tenho o
objetivo de colocar no mesmo patamar, nem depreciar ninguém. Também não sou
especialista: tudo é apenas a minha humilde opinião de alguém que gosta e
acompanha o trabalho dessas três grandes vozes do pop internacional.
Katy Perry - Roar
Katy foi a primeira a lançar o single do seu novo álbum,
Prism, e retornou com uma música fácil, de refrão contagiante e,
posteriormente, um clipe engraçadinho e lúdico. Essas coisas soam familiares?
Exatamente, lembram muito o antecessor Teenage Dream.
O que causou contrariedade em muita gente é que, nos teasers
de divulgação de Roar, a nova música – e principalmente o novo álbum – eram
caracterizados como trabalhos completamente díspares do mostrado no último
trabalho de Katy. A peruca azul foi queimada, os doces enterrados e, ao final
de tudo isso, surge um single totalmente “aplicável” a Teenage Dream.
Também teve toda a confusão quanto a um possível plágio de
Brave, ótima canção de Sara Bairelles. Uma suposição completamente tosca por
vários motivos: a não ser pelo teclado demarcando o tempo nas estrofes de ambas
as músicas, elas em nada se parecem. Brave, aliás, foi lançada em abril: quatro
meses depois da finalização de Roar, segundo os produtores de Katy e a própria
cantora. Sara, aliás, também achou a comparação absurda numa das entrevistas
concedidas por ela em que o assunto surgiu na pauta.
Enfim, Roar pode até não ser tão diferente do que ouvimos em
Teenage Dream, como as pessoas esperavam. Mas é uma ótima canção, contagiante,
marcante, com vocais excelentes e uma produção magnífica.
Lady Gaga – Applause
Gaga anunciou o seu retorno de uma forma bem... Gaga. Bom...
segundo prometido pela cantora, a lua entraria em eclipse solar, todos os
vulcões do planeta entrariam em erupção ao mesmo tempo e os extraterrestres se
revelariam. Ok, exagero. Mas, enfim, ela prometeu aquela revolução da música,
que seria uma explosão de sei-lá-o-quê e... bem, a gente sabe e já previa, nada
disso aconteceu.
Applause é uma música boa, criativa e, ao contrário do que
dizem os haters, não é uma súplica de Gaga por atenção e aplausos. Eu achei, na
verdade, uma canção que demonstra justamente aquilo que qualquer pessoa que
trabalha com arte quer. É o combustível motivador para cantores, atores, musicistas, bailarinos, enfim... Quem trabalha com arte,
cultura, vive de aplauso. Neste sentido eu acho a letra até uma representante
da classe. Achei digna.
A batida também é excelente. O pop de Lady Gaga fica cada
vez mais refinado. Embora as músicas do The Fame, com um ponto alto em The Fame
Monster, tivessem sido mais “tragáveis” ao grande público, elas eram, também,
mais “farofas”. Em Born This Way, a Mother Monster já trouxe canções mais bem
produzidas e com arranjos e vocais mais complexos. E Applause é uma
demonstração de que a musicalidade de Gaga está evoluindo sempre mais, apesar
de suas extravagâncias.
Britney Spears – Work
Bitch
Britney se revelou, em seu retorno, mais marqueteira do que
foi em Femme Fatale. Colocou uma contagem regressiva em seu site, disparou
sutis declarações nas redes sociais, liberou os comentários dos produtores e
compositores que estão trabalhando no novo álbum e, claro, contou com a ajuda
dos paparazzi documentando todos os seus passos.
Um dia antes da estreia oficial, eis que vaza Work Bitch. E
o que era pra ser uma música com nova sonoridade, uma letra mais consistente
que não ficasse falando só de paparazzi e pista de dança – coisas prometidas
pelos seus produtores – se mostrou exatamente isso: um vazio na letra e no
ritmo.
Na balada ela vai funcionar. Os aficionados por música
eletrônica – aqueles para os quais letra e voz são apenas artigos de luxo numa
canção – também vão se acabar. Mas para qualquer pessoa que seja um pouco mais
crítica e menos paga pau de Britney Spears, ficou a decepção. A música é o
Will.I.Am – principal produtor do álbum – cuspido e escarrado. Britney não
canta: fala. E não há nada de novo. Mesmo no gélido e impessoal Femme Fatale, a
princesa do pop trouxe elementos novos para a sua música logo de cara, com o
dubstep em Hold It Against Me.
De repente, o pior dessa história com a Britney Spears seja
a expectativa criada em torno de um novo trabalho dela. Ainda tenho a esperança
que as outras músicas do álbum sejam mais maduras. O que imagino é que Britney tenha ficado com medo de errar, de não conseguir boas colocações em meio a tantos
lançamentos de gente de peso. Aproveitou o sucesso estrondoso da péssima Scream
& Shout para garantir-se no topo dos charts e lançou uma farofa autotunada
para garantir seu espaço.
Um comentário:
Achei ótima sua matéria e sua linguagem, notei bem sua "critica" aos produtos que já ouvimos e notei que em relação a Britney, por mais razão que tenha e concordo, falou com mais "negatividade" digamos. Enfim, você pode não ser especialista, mas ao falar dela parecia um.
Postar um comentário