Finalmente Em Busca do Reinado tem tudo para sair do papel. A história, que já escrevo há dez anos e está na minha mente há pelo menos 14, responsável pelo nome deste blog e de tantas outras coisas na minha vida, está em vias de se tornar realidade.
Por conta disso, eu estou em uma verdadeira batalha para levar o nome desse livro ao máximo de pessoas possível! Há mais de um ano eu comecei a pesquisar intensamente diversas maneiras de publicá-lo. Inclusive compartilhei isso aqui com vocês. E creio já ter encontrado a melhor maneira de fazer isso. Por enquanto, por questões estratégicas, ainda não vou revelar qual é esse método. Contudo, o que posso adiantar é que vou precisar muito da ajuda do máximo de pessoas possível.
É por essa razão que criei meu terceiro blog: Em Busca do Reinado. Até a publicação do livro, ele vai servir como uma espécie de QG para concentrar todas as ações de divulgação. Depois, será o melhor espaço para discussão da história, da continuação dela, e de outras que eu vier a criar.
Então, convido você, leitor d'O Andarilho, a visitar também esse novo blog. E mais que isso: divulgá-lo o máximo possível. Eu gostaria muito de ter condições de estruturar uma estratégia de marketing mais agressiva. Mas esse trabalho está sendo desenvolvido exclusivamente por mim, e meus recursos são limitados para ganhar um grande alcance. Diante disso, o que me resta são os resultados orgânicos. E para isso, vou precisar muito do apoio das pessoas que me acompanham, que torcem por mim e também daquelas que, apesar de não me conhecerem, mas acreditam e confiam de alguma maneira no meu trabalho.
Muito em breve vou revelar em detalhes como vai funcionar esse processo de dar vida a Em Busca do Reinado. Até lá, espero contar com a sua ajuda para ampliar essa rede de amigos conectados a esse projeto.
Desde já agradeço muito a vocês!
Um forte abraço.
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quarta-feira, 2 de agosto de 2017
domingo, 14 de agosto de 2016
Wanessa Camargo: uma estrada de 15 anos recomeçada do zero
Não é novidade para
quem me conhece que eu acompanho o trabalho da Wanessa Camargo desde
o início da carreira. Chorei ouvindo o CD, tentei “converter” o
máximo de pessoas a gostarem, defendi os álbuns até mesmo em
trabalhos na faculdade. Tudo isso desde o início da carreira, quando
ouvi pela primeira vez O Amor Não Deixa. Aqui no blog, fiz até uma
tag “Série Wanessa” pra divulgar e falar do trabalho dela.
Receio que este seja um
dos últimos posts da Série Wanessa.
Para quem não a
acompanha, explico o porquê desse post e o motivo da minha
insatisfação. Recentemente a cantora começou a divulgar músicas
do seu novo álbum de estúdio, o oitavo (sem contar os
que são ao vivo). E eis que a sonoridade apresentada é
completamente diferente de qualquer coisa que ela já fez até aqui. As duas primeiras músicas, Vai Que Vira Amor e Coração Embriagado, são o que existe de mais sem criatividade no sertanejo
atual. É o tipo de música que só muda a letra, porque qualquer
canção, de qualquer artista ou dupla que faça esse estilo, tem
exatamente a mesma levada, o mesmo ritmo. Cansativo, para dizer o
mínimo.
Mas por que isso é
ruim? Ela não pode mudar o estilo?
Olha, poder, pode. Ela
faz o que quer com a carreira dela e eu não sou ninguém para
impedir ou chamar a atenção. Se nem a gravadora conseguiu pará-la
com essa ideia maluca (o que resultou na rescisão do contrato), o que
eu poderia fazer? No entanto, a questão principal é: o que ela
ganha com isso? Qual a estratégia por trás dessa reviravolta? Quem
é Wanessa Camargo na música brasileira? É o que vamos discutir
juntos. Siga comigo!
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Trabalhar com sonoridades diferentes não é algo incomum no mundo da música
Seria
desonesto dizer que artistas não podem trabalhar com sonoridades
diferentes daquelas que normalmente atuam. Os exemplos estão aos
montes por aí. Lá fora, Lady Gaga abandonou por uns momentos o pop
para fazer um trabalho no jazz ao lado do renomado Tony Bennett. E
ela não foi a primeira a fazer parceria com o cantor. Christina Aguilera e Amy Winehouse também já fizeram projetos similares. Mas
perceba que nem Bennett, nem qualquer uma das três cantoras
abandonaram a originalidade da sua arte para encabeçar um projeto
alheio ao que se propõem. Em todos os casos, foi uma iniciativa
paralela, complementar, que só acrescentou à carreira de todos
eles.
E
mesmo quem mudou de estilo conseguiu fazer essa transição de uma
maneira muito estratégica, respeitosa com seu público e natural. É
o caso de Taylor Swift. A antes princesa do country, hoje trabalha
com uma sonoridade focada no pop. Contudo, isso não aconteceu de uma
hora para outra. Primeiramente que o trabalho dela já atingia muito
do público que consumia música pop. Aproveitando esse nicho, as
composições da cantora começaram a misturar sonoridades (o que
pode ser percebido mais nitidamente no álbum Red), até migrar
completamente com o mais recente 1989.
Arquirrival
de Swift, Katy Perry também mudou a sonoridade. Mas aqui por conta
de uma realidade bem diferente. Perry fazia música gospel e não se
sentia realizada neste tipo de música. A falência da gravadora com
quem ela havia lançado um álbum só aumentou a insatisfação com o
seu trabalho, e ela resolveu rumar para o pop. Essa mudança, no
entanto, era consciente e planejada. Katy queria outro
público, outra música, outro alcance.
Trazendo
para a realidade brasileira, foi algo parecido com o que aconteceu
com Sandy. A filha de Xororó encerrou a dupla com o irmão e, por
consequência, desligou-se do pop romântico, investindo em algo que
já fazia parte dos seus gostos pessoais há muito tempo: a MPB, ou
pop alternativo. O público da cantora, conhecendo ela e a verdade
nessa nova proposta, a seguiu e, desde então, ela permanece com uma carreira de sucesso e uma consistência exemplar.
Também
no Brasil, Ivete Sangalo, nascida do axé, já realizou trabalhos em MPB, fez parcerias com cantores sertanejos e até lançou um álbum infantil. Mas da mesma maneira que as parceiras de Tony Bennett, foi
uma iniciativa à parte, paralela ao seu trabalho original. O axé
sempre se manteve.
Portanto,
essa experimentação é positiva e rica para qualquer artista. Faz
com que ele cresça e experimente sons e realidades que ampliam suas
próprias perspectivas dentro do seu trabalho. A mistura de
sonoridades é algo extremamente bem-vindo na música e só é
alcançada quando acontecem essas misturas. Mas esse, infelizmente,
não é o caso da Wanessa. E eu vou explicar por quê.
Com aposta no sertanejo, Wanessa Camargo mostra sua falta de identidade
Wanessa
Camargo começou fazendo o que a indústria fonográfica chama de
teen pop. Era um pop
romântico voltado majoritariamente ao público adolescente, similar
ao que faziam na época Sandy & Junior, KLB, SNZ e Felipe Dilon,
só para citar alguns exemplos. Por isso, é mentira dizer que ela
está “voltando às raízes”. Ela nunca cantou sertanejo nos seus
álbuns. Existem apenas duas composições e uma música vertida para
o português assinada pelo pai da cantora, Zezé di Camargo.
Questionado sobre a razão de não escrever mais músicas para a
própria filha, Zezé disse, à época, que era porque ela fazia uma
música muito diferente da que ele faz.
No
segundo álbum, e eu já relatei isso aqui, Wanessa dizia que estava
buscando uma sonoridade “muito mais pop”. Sempre disse que se
espelhava em Madonna e, enquanto seu pai escutava as músicas do
gosto dele, ela sempre procurava por Michael Jackson e Abba.
A
neta de Francisco saiu do teen pop com
o maduro W: um álbum com uma pegada bem mais consistente e letras
mais densas, compostas por batidas underground e guitarras bem
marcadas que davam uma encorpada nas canções de uma maneira
espetacular, mesmo nas faixas mais românticas, como Não Resisto a
Nós Dois. Decididamente, isso não tem nada de sertanejo.
Se
há algo de “sertanejo” na carreira de Wanessa é o Total,
inclusive um dos álbuns que mais gosto dela. Não por ser o melhor,
mas por fazer mais o meu estilo pessoal. Aqui, a cantora veio com uma
proposta muito parecida com Shania Twain, em um country pop muito
similar ao que Taylor Swift fazia. Ainda assim, não era sertanejo,
no sentido mais bruto da palavra. Tem até um forró no meio —
duramente criticado pelos fãs, inclusive —, mas era apenas uma
faixa em um álbum que, apesar de menos pop (não ausente de pop),
retratava o momento pessoal dela: apaixonada e recém-casada, as
músicas vieram mais doces, leves e românticas.
Ao
migrar, de fato, para o pop, Wanessa contemplou um público que já a
acompanhava e que gostava desse estilo. Quem ouvia a garota Camargo
também ouvia Britney Spears (não à toa ela foi capa da revista Vip
com a chamada “A nossa Britney), Beyoncé (inclusive ela fez o show
de abertura da apresentação da musa norte-americana) e Madonna (de
quem Wanessa fazia covers constantes em seus shows). Talvez tenha
causado algum estranhamento em alguns fãs mais acostumados com uma
levada mais romântica, mas não foi uma troca de público. Apenas
uma decisão mais firme baseada nas preferências pessoais e na
naturalidade que seus seguidores teriam em migrar para este novo
momento.
Apesar
do álbum Meu Momento, o primeiro dessa época, ser um desastre, e
ter músicas dignas de vergonha alheia (como a dispensável Máquina
Digital), Fly foi extremamente bem elogiada. Quem a acompanhava sabia
que era um projeto quase que experimental. Ou seja, Wanessa estava
tentando encontrar a melhor música para essa sua nova fase e sua
plateia sabia disso.
No
entanto, depois de se firmar neste estilo, conquistar um público bem
específico (com muita dificuldade, diga-se de passagem), Wanessa sai
das pistas para gravar um arrocha muito tosco. Ignora o já
conquistado, choca os fãs, muda a sonoridade e abandona toda a
trajetória trilhada até então.
A
justificativa, martelada por muitos veículos de imprensa e
sustentada pela própria cantora e sua equipe, é de que Wanessa
estaria “voltando às origens”. Mentira! Pode ser um retorno às
origens da família. Mas da carreira, não. Ela nunca cantou o que
está cantando agora. E mesmo se considerarmos que ela está
retornando às origens familiares, nem isso é verdade. As músicas
apresentadas até agora em nada se parecem com o que seu pai faz, nem
com que Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo — citados como
referência — faziam. Wanessa apresenta um sertanejo universitário,
preguiçoso e sem identidade.
As possíveis razões para essa mudança
Wanessa
não é burra. Na “era DNA”, ela chamou Naldo para compor uma
música para ela. O cantor, febre nacional depois da horrorosa Amor de Chocolate, fez a igualmente medonha Deixa Rolar. Infelizmente,
Naldo já tinha caído no esquecimento e a cantora não conseguiu
aproveitar o sucesso do colega para ganhar pontinhos nos charts
também.
Aí
está só um exemplo de como ela sempre esteve bem atenta ao momento
da música. Investir no sertanejo é um movimento natural de quem
quem aproveitar a demanda que existe por esse estilo musical.
Desespero por dinheiro? Não, eu não diria isso. Inclusive porque
Wanessa não precisa e porque isso é desmerecê-la. É apenas uma
necessidade pessoal, vejam:
Wanessa
vinha se apresentando em boates. A DNA Tour não conseguiu levar
aquela estrutura do DVD Brasil afora. Com aquele formato, o show
passou apenas por três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte e acumulou fracasso de público fora da capital paulista.
Algo que Wanessa sempre deixou nítido foi seu desejo de estar no
palco, de fazer um show bonito, com uma estrutura bacana, para um
público grande. E imagino ser frustrante para ela se apresentar em
lugares que, depois dela, semanas depois recebiam pessoas do calibre
de Inês Brasil. Nada contra Inês, mas é que o tipo de trabalho que
ela faz é um abismo de diferença do que o apresentado por Wanessa,
não é verdade?
Portanto,
olhar fenômenos do sertanejo como Marcos & Belutti, Henrique &
Juliano, Luan Santana, Gustavo Lima, Maiara & Maraisa lotarem
estádios e casas de shows, além da experiência do próprio pai e
tio, certamente causou um desejo de mudança, uma necessidade de
conquistar aquilo ali. No lugar de batalhar na música que vinha
fazendo para garantir seu espaço (o que se conquista com o tempo,
não de um trabalho para outro), ela foi pelo mais fácil: trocou o
estilo, gravadora, empresário e começou a fazer música “linha de
produção” para abocanhar um público que naturalmente já
acompanha artistas desse estilo.
O
triste é que Wanessa Camargo chegou aqui, depois de mais de 15 anos
de carreira, sem nada. Ela não tem um estilo, não tem um público
crítico e fiel que a acompanha (com raras exceções, os fãs que
permanecem com ela o fazem pela pessoa incrível que ela é, além de
se importarem menos com a música), além de ter jogado fora uma
legião de pessoas que haviam acreditado nela depois dos trabalhos
mais recentemente lançados.
Ou
seja, com sorte, pode ser que este seja um bom momento para a
carreira dela. Por quanto tempo isso vai durar e se vai ser algo
memorável, digno de ser lembrado daqui alguns anos, só poderemos
ver mais adiante (eu acredito que não). Espero, sinceramente, que um
dia ela encontre sua verdadeira identidade e siga um caminho bem
definido. Não adianta dar a desculpa de que pessoas mudam e que isso
é natural. Os fãs atuais do ACDC não os acompanhariam se eles
decidissem fazer country music. Os fãs do Wesley Safadão não o
acompanhariam se ele decidisse gravar música erudita. Essas mudanças
bruscas na carreira de qualquer artista, quando não calculadas e com
um objetivo bem definido, são irresponsáveis e injustificáveis.
Só
espero que Wanessa um dia entenda isso para observar que o que ela
está fazendo não é sinônimo de maturidade. É uma prova de
desrespeito e indecisão.
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domingo, 14 de fevereiro de 2016
Alerta: em hipótese nenhuma compre um Windows Phone
Windows Phone é bom?,
você poderia em algum momento perguntar-se. Talvez até tenha
chegado a esse texto digitando algo assim no Google. Então... sinto
dizer, categoricamente, que não. Definitivamente, é uma porcaria.
Uma vergonha. Se eu fosse um executivo da Microsoft jamais queimaria
meu filme, prejudicaria a imagem da empresa, autorizando que fosse
comercializado algo tão ruim quanto um Windows Phone. Portanto,
reforço o alerta: em hipótese nenhuma compre um Windows Phone.
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Você poderia me
perguntar: “mas você tem um Windows Phone pra poder falar tão mal
dele?”. Sim, tenho — respondo. Um Lumia520. Daí você pergunta de novo: “Mas se é tão ruim, por que
você tem um?”. Essa é uma pergunta pertinente, então vamos
contextualizar — e creio que essa contextualização é bem
importante para vocês verificarem como o que eu estou dizendo aqui
não é nenhuma cisma com o Windows Phone.
Cheguei a ele
primeiramente por causa do design. De fato, os aparelhos da Microsoft
têm um desenho clean e atrativo. Não são aquelas coisas horrorosas
da Samsung — parece mais um tablet do que um celular e nem cabe no
bolso — nem aqueles modelos pesados da LG, Motorola ou Sony,
tampouco caros como um iPhone. Então do ponto de vista estético,
ele é bem bacana. Bonito.
E aqui vocês podem
reparar em uma coisa sobre mim: eu não sou nem um pouco chato para
as características técnicas dos smartphones. Muita gente faz a
peneira pela qualidade da câmera, o espaço de armazenamento, a
velocidade do processador, enfim. Mas para mim essas coisas nem são
lá tão importantes. Meu nível de exigência para atributos
técnicos é bem baixo, até porque não sou alguém que vive grudado
no celular. Não sou maníaco por gadgets, não fico o dia inteiro na
internet, não gosto dessa coisa de a toda hora estar conectado, mal
uso o WhatsApp (sou daqueles que continuam no SMS), não faço
questão de ficar compartilhando tudo o que estou fazendo a todo
momento.
Sendo assim, por mais
que tivessem me alertado pelo tamanho da ruindade que é um Windows
Phone, ignorei: achei que fosse implicância de programador, de gente
da TI. Pensei que fosse aversão típica dos fãs da Apple. Engano
meu.
Mas teve outra coisa
que me levou ao Windows Phone: a confiança na marca Nokia.
Quando ganhei o meu (sim, foi presente. Mas a pessoa me deu porque eu
havia manifestado interesse no aparelho), a Microsoft
ainda usava o nome da empresa finlandesa. E eu sempre tive ótimas
experiências com a Nokia, porque quase todos os meus celulares na
era pré-smartphone eram dessa marca, e eu nunca havia me
decepcionado: a bateria era boa, a vida útil do aparelho excelente,
a navegação simples, a resistência lendária.
Então aceitei o
presente com o sorriso no rosto e sem medo de ser feliz. E
inicialmente eu até defendia o produto daqueles que diziam que ele
era ruim. De fato, nos primeiros meses, eu não tinha do que
reclamar. Como usava pouco a internet pelo smartphone, não tinha uma
avaliação muito precisa da experiência. Os aplicativos mais
necessários — como calculadora, cronômetro, gravador de voz,
previsão do tempo, WhatsApp — estavam todos ali. Facebook e
Twitter, as duas redes sociais que eu mais usava até então, também.
Estava feliz. Mas foi por pouco tempo.
Bugs no Windows Phone
Meu primeiro estresse
foi um bug que impedia o aparelho de ligar. Isso poucos meses depois
de começar a usá-lo. Fiquei uns dois dias tentando e pesquisando
como solucionar. Até que não era algo difícil de se resolver,
consegui arrumar por mim mesmo, mas na própria página de ajuda da
Microsoft, onde havia o auxílio para corrigir o problema, o aviso:
aquele era um problema comum nos aparelhos Windows Phone e poderia
voltar a acontecer. Comigo não ocorreu outras vezes, mas em alguns
sites e fóruns que pesquisei via muita gente reclamando que esse
incômodo era frequente.
Windows Phone e sua carência de aplicativos
Depois disso constatei
que a maioria dos aplicativos que normalmente existem para Android e
iOS simplesmente não são desenvolvidos para Windows Phone. O que eu
mais sentia falta, naquele momento, era um com os horários de
ônibus. Para algumas capitais (poucas) até tinha, mas não haviam
muitas opções. O aplicativo para as linhas de Joinville, onde moro,
só saiu ano passado. Até encontrá-lo, eu tinha que fazer a
consulta diretamente no site das empresas de transporte coletivo.
Daí outro problema:
usar a internet num Windows Phone. Não importa o navegador: a página
não abre, a visualização é péssima, trava, e depois de muito
sacrifício, a página fecha sem que você tenha conseguido ver o que
queria. Daí é preciso repetir a operação, com o dobro de
paciência.
O aplicativo do
YouTube, por exemplo, é apenas um link para visualizar o site no
Internet Explorer. Além de lento, muitos vídeos ficam cortados.
O Instagram eternamente beta do Windows Phone
O tempo passou e me
rendi ao Instagram. Embora ache a rede social incrível, a
experiência proporcionada pelo Windows Phone é horrorosa. Como ele
ainda está na versão beta, não é possível gravar vídeos, enviar
e receber mensagens privadas e, ao postar as fotos, elas são
cortadas. O pior não é nem postar, porque sabendo que o aplicativo
vai cortar a sua imagem você já produz ela de uma forma que não se
perca nenhuma informação importante. O problema é que muitas fotos
das pessoas que você segue aparecem cortadas. Daí a coisa complica.
Pior: a quantidade de
filtros é bem menor que o aplicativo original, a qualidade da foto é
comprometida quando você posta na rede social e como as atualizações
não são implementadas para o Windows Phone, vez ou outra o app dá
bugs, impedindo que você acompanhe a linha do tempo, dificultando o
carregamento das fotos (isso quando consegue carregar), enfim...
Passam-se dias até que a coisa volte ao normal. E você
impossibilitado de postar ou ver as publicações dos seus amigos.
Facebook e Twitter: apenas o básico
O Facebook é uma coisa
horrorosa. Não é possível visualizar os eventos, interagir neles,
ou criar eventos pelo aplicativo do Facebook do Windows Phone. Não é
possível responder os comentários (é necessário fazer um novo
comentário, o que deixa a coisa toda desorganizada) e também não
dá para criar álbuns de fotos. Por fim, as gifs não são
reproduzidas na linha do tempo: é necessário abri-las em um
navegador para visualizar.
O Twitter não tem
várias das funcionalidades da versão web ou do aplicativo original.
As fotos do avatar dos seguidores não aparece (às vezes elas
surgem, do nada, mas no dia seguinte somem de novo), tornando muito
complicado reconhecer com quem você fala, uma vez que no Twitter as
pessoas trocam o username com bastante regularidade. Gifs também não
são reproduzidas e qualquer arquivo multimídia precisa do navegador
para ser visto. Sem contar que a linha do tempo não atualiza
sozinha, nem mesmo tem sincronia com a web (se você vê as
notificações no computador, no app elas continuam sinalizadas como
não vistas).
Windows Phone não recebe aplicativos no mesmo instante que outros sistemas operacionais
Nem todos os bancos têm
aplicativos para o Windows Phone. Se tem, são limitados. E não só
bancos. Muita gente deixa de desenvolver para este sistema
operacional e até mesmo a Microsoft tem versões melhores dos seus
produtos para Android e iOS e disponibilizam uma opção inferior
para quem usa seus aparelhos. Exemplo disso é o Skype. Dá pra
entender isso?
Daí seus amigos estão
brincando em um aplicativo-febre — daqueles sem importância, que
ganham fama instantaneamente e logo em seguida já deixam de ser
interessantes. Mas, poxa, você também quer brincar, experimentar,
se divertir, curtir. E não consegue. No Windows Phone não dá.
Afinal, ninguém faz uma versão para ele. E aqui estou falando, por
exemplo, do Dubsmash, Kiwi, Snapchat.
Quem quiser usar um
aplicativo para encontrar uma paixão, amizade colorida, ou um amor
para toda vida também não pode ter Windows Phone. O Tinder, por
exemplo, não existe. Há uma versão limitadíssima não oficial,
mas que não permite a você interagir com quem tem o Tinder. Você
visualiza as pessoas do app original, mas não pode falar com elas,
só com quem tem o genérico do Windows Phone. E assim é com vários
outros aplicativos. Tudo genérico. Tudo limitado. E, para piorar,
com funcionalidades básicas pagas.
Até os jogos são
ruins. Um que eu gosto muito e jogava quando tinha um Android, Zumbi
Tsunami, é pago no Windows Phone. Pelo menos esse existe para quem
quiser pagar. Mas tantos outros que nem são desenvolvidos para o
sistema operacional da Microsoft.
Windows Phone: um telefone chique?
Enfim, é preciso dizer
que o Windows Phone funciona muito bem como telefone. Sim,
você pode fazer e receber chamadas, enviar e receber SMS sem nenhum
problema. E pode escolher os sons que você quer para as notificações
e deixar a tela com a organização e cor que você preferir. Terá
que lidar com travamentos, com a demora de abrir determinadas coisas,
com alguma funcionalidade fechando do nada, de repente, mas ainda
poderá usá-lo. E não dá para negar que ele é bonito, e essa
possibilidade de deixar personalizado também é bem bacana.
Mas como smartphone
não dá. Não rola. Não funciona. É pura incomodação. É
limitado. É pesado, demorado, não recebe atualizações, as versões
são inferiores... enfim... é tudo de ruim. E aqui quem fala é
alguém bem pouco exigente, como já disse, e totalmente desapegado a
essas coisas. Eu gosto de ter aplicativos, gosto de participar das
redes sociais. Mas não fico conectado o dia todo. E mesmo nesta
situação, nesta realidade, o Windows Phone não me atende. É um
horror.
A menos que você não
tenha outra opção, ou que realmente não queira mais que um
telefone para o seu dia a dia, eu deixo aqui a minha dica: não
compre um Windows Phone. Até porque, não tem jeito, ele não vai
melhorar. Ninguém vai começar, do nada, a produzir aplicativos para
ele. Ele não vai se popularizar. E tudo isso vai continuar beta, não
oficial, limitado e uma grande merda.
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
"A 5ª Onda" no Set
A fórmula tá ficando batida, mas assim como a gente se surpreendeu positivamente com Jogos Vorazes, sempre há aquela possibilidade de achar algo bom em mais uma trama adolescente com um triângulo amoroso.
Não é o caso deste A 5ª Onda. Entenda por que lá no Set, que está de volta!
Não é o caso deste A 5ª Onda. Entenda por que lá no Set, que está de volta!
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
O meu sonho de publicar um livro
Queria dividir algo bem especial com vocês. Senti essa necessidade
porque, nessa jornada, acho que precisarei de muita força, muito apoio,
muito incentivo, especialmente dos amigos e pessoas mais próximas.
Há alguns dias assisti a um filme biográfico por nome "Magia Além das Palavras". Conta a história da criadora de Harry Potter, Joanne Rowling. Desempregada, recém-separada do marido que a abusava, órfã de mãe, com uma filha pequena para criar, ela precisou sobreviver com a ajuda de um programa assistencial do governo inglês, que a sustentava com um salário semanal e pensão para moradia.
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Contei isso pra ilustrar como ela era desconhecida e sem nenhum contato naquele ano em que resolveu levar adiante seus sonhos. Ela só tinha uma boa história na cabeça e decidiu investir nela para realizar o seu objetivo de ser uma escritora. No entanto, grande parte da relutância das editoras ao receber o material dela se devia ao fato de ela ser desconhecida. E mesmo aquela que a aceitou, pediu para que ela abreviasse o primeiro nome para que não parecesse uma autorA (por isso o J. K. e não Joanne Rowling). Puro machismo, mas, enfim, ela precisou se sujeitar para ter seu livro publicado.
E neste ponto chego a mim: óbvio que minha situação de vida não é nem um pouco parecida com a Rowling pré-Harry Potter. Tenho um ótimo trabalho, amigos que me apoiam, uma família que é meu porto seguro, não vivo de assistência do governo, MAS sou desconhecido. Fato. E é nesse ponto que me apeguei para conseguir ir adiante com meu sonho. Além disso, há uma diferença clara entre os hábitos de leitura na Europa e Estados Unidos e aqui no Brasil, né? Enfim...
Poderia tentar o Simdec? Sim, poderia. Mas confesso a vocês que estou um pouquinho mais ambicioso. Será uma alternativa caso nada dê certo, claro, mas antes quero procurar as editoras. Isso porque tenho o firme propósito de conseguir pelo menos algumas centenas de leitores pelo Brasil. Sim, tô ousado, mas até aqui ninguém me cobrou por sonhar alto rs.
Ontem passei o dia pesquisando o processo de envio de originais às editoras e o cadastramento na Biblioteca Nacional. Agora estou me organizando pra conseguir fazer isso ainda neste ano.
Quem é mais próximo a mim sabe que eu tenho vários livros escritos. Nenhum desses que estão prontos eu publicaria, por uma série de motivos, mas este no qual estou trabalhando desde 2007, ainda ganhando forma, de fantasia, este sim, é meu xodó, meu orgulho, minha cria. E é neste que vou investir.
Compartilho esse desejo, esse objetivo que tracei para minha vida neste ano para que vocês estejam a par dessa minha caminhada e, sabe-se lá como, de repente possam me ajudar e/ou incentivar de alguma maneira. Tenho vários amigos com livros já publicados e isso dá alguma experiência, que seria muito útil para mim neste momento. Ideias, afinal, também são sempre bem-vindas.
Prometo que qualquer avanço nesse sonho eu compartilho por aqui. Até lá vou lutando, sonhando, pesquisando, buscando meu espaço e fantasiando.
Espero que tudo dê certo!
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Há alguns dias assisti a um filme biográfico por nome "Magia Além das Palavras". Conta a história da criadora de Harry Potter, Joanne Rowling. Desempregada, recém-separada do marido que a abusava, órfã de mãe, com uma filha pequena para criar, ela precisou sobreviver com a ajuda de um programa assistencial do governo inglês, que a sustentava com um salário semanal e pensão para moradia.
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Contei isso pra ilustrar como ela era desconhecida e sem nenhum contato naquele ano em que resolveu levar adiante seus sonhos. Ela só tinha uma boa história na cabeça e decidiu investir nela para realizar o seu objetivo de ser uma escritora. No entanto, grande parte da relutância das editoras ao receber o material dela se devia ao fato de ela ser desconhecida. E mesmo aquela que a aceitou, pediu para que ela abreviasse o primeiro nome para que não parecesse uma autorA (por isso o J. K. e não Joanne Rowling). Puro machismo, mas, enfim, ela precisou se sujeitar para ter seu livro publicado.
E neste ponto chego a mim: óbvio que minha situação de vida não é nem um pouco parecida com a Rowling pré-Harry Potter. Tenho um ótimo trabalho, amigos que me apoiam, uma família que é meu porto seguro, não vivo de assistência do governo, MAS sou desconhecido. Fato. E é nesse ponto que me apeguei para conseguir ir adiante com meu sonho. Além disso, há uma diferença clara entre os hábitos de leitura na Europa e Estados Unidos e aqui no Brasil, né? Enfim...
Poderia tentar o Simdec? Sim, poderia. Mas confesso a vocês que estou um pouquinho mais ambicioso. Será uma alternativa caso nada dê certo, claro, mas antes quero procurar as editoras. Isso porque tenho o firme propósito de conseguir pelo menos algumas centenas de leitores pelo Brasil. Sim, tô ousado, mas até aqui ninguém me cobrou por sonhar alto rs.
Ontem passei o dia pesquisando o processo de envio de originais às editoras e o cadastramento na Biblioteca Nacional. Agora estou me organizando pra conseguir fazer isso ainda neste ano.
Quem é mais próximo a mim sabe que eu tenho vários livros escritos. Nenhum desses que estão prontos eu publicaria, por uma série de motivos, mas este no qual estou trabalhando desde 2007, ainda ganhando forma, de fantasia, este sim, é meu xodó, meu orgulho, minha cria. E é neste que vou investir.
Compartilho esse desejo, esse objetivo que tracei para minha vida neste ano para que vocês estejam a par dessa minha caminhada e, sabe-se lá como, de repente possam me ajudar e/ou incentivar de alguma maneira. Tenho vários amigos com livros já publicados e isso dá alguma experiência, que seria muito útil para mim neste momento. Ideias, afinal, também são sempre bem-vindas.
Prometo que qualquer avanço nesse sonho eu compartilho por aqui. Até lá vou lutando, sonhando, pesquisando, buscando meu espaço e fantasiando.
Espero que tudo dê certo!
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domingo, 10 de janeiro de 2016
Os Dez Mandamentos e o papelão na dramaturgia da Record e da Globo em 2015
O ano de 2015 marcou
algumas das situações mais bizarras da televisão brasileira. O
conservadorismo cada vez mais doentio da sociedade, que torna incapaz
de aceitar o diferente, o novo, associado a um clima de hostilidade
entre as pessoas, acabou atingindo o comportamento do brasileiro
diante da telinha.
É que no dia 16 de
março a Rede Globo estreou sua nova novela das nove: Babilônia.
Escrito a seis mãos, entre elas o experiente Gilberto Braga (de
Escrava Isaura, Vale Tudo, Celebridade), junto com João Ximenes
Braga e Ricardo Linhares, apoiados por um elenco estelar, com grifes
como Fernanda Montenegro, Glória Pires, Adriana Esteves, o folhetim
causou espanto do público já no primeiro episódio, ao exibir a
cena de um beijo lésbico entre as personagens de Montenegro e
Nathalia Timberg.
No dia seguinte,
campanhas de boicote, inclusive vindas do Congresso Nacional, e
mensagens raivosas à Natura, patrocinadora do programa, pedindo para
que fosse retirada a publicidade na novela, se espalharam pelas redes
sociais e, principalmente entre as igrejas.
É gente, as igrejas
estão cada vez mais querendo dizer até mesmo o que deve e o que não
deve passar na televisão.
Não à toa que, na
semana seguinte, no dia 23 de março, a Rede Record levou ao ar
aquilo que ela chamou como “a primeira novela bíblica da história
da televisão”, Os Dez Mandamentos: um prato cheio para todos
aqueles que estavam fazendo campanha contra a Rede Globo. E prato
cheio para as igrejas também, claro. Não que a história de Vivian
de Oliveira tivesse sido fiel e correta em relação aos escritos
bíblicos, mas isso é detalhe diante de tudo o que a novela mostrou.
Um pouco mais adiante,
caros leitores, eu devo mencionar o papelão da Record em relação à
sua falta de planejamento no tocante a este projeto. Mas antes de
chegar lá, quero registrar que até mesmo a gigante Globo se
comportou de maneira vergonhosa diante do fracasso da sua novela e do
avanço da concorrência no horário.
É que, para agradar
aqueles que estavam apedrejando Babilônia, a Globo recomendou que a
novela fosse totalmente alterada. Com isso, personagens ficaram
descaracterizados, outros desapareceram, alguns núcleos
tornaram-se inúteis, tramas que prometiam um desenrolar interessante
foram descontinuadas e, aqueles que ainda se interessaram minimamente
por todas aquelas coisas novas que haviam sido propostas, foram desanimando ao ver o que a narrativa estava se tornando: aos poucos, uma colcha de
retalhos sem sentido.
Como as alterações
não causaram nenhum efeito positivo, a Globo começou a promover um
tal de estica-e-puxa na grade que ficou feio de se ver. Jornal
Nacional ficava mais longo, novela mais curta, outros dias um
atrasava, ou adiantava, enfim... Uma bagunça que só.
Com tudo isso, a Record
se beneficiou. Em primeiro lugar, como eu disse, a onda conservadora
que está inundando o país se sentiu prestigiada ao
ver a adaptação de uma conhecidíssima e milenar história
religiosa. Depois, com o comportamento primário da Globo, mais
pessoas resolveram conferir o que havia no canal ao lado, ao perceber
que a gigante da teledramaturgia estava perdida na
condução do seu principal produto. E, por último, e — na minha
visão — menos importante, a necessidade das pessoas de buscarem
uma trama escapista, diante de tantas notícias ruins e indignantes
que reinaram na imprensa nacional em 2015. Neste sentido, Os Dez
Mandamentos era como uma massagem para o anseio de entretenimento
longe da realidade, algo que Babilônia não estava propondo.
Mas muito do que eu
disse aqui já é bem conhecido de quem acompanha notícias sobre os
bastidores da TV. O ponto que eu queria chegar era especificamente
sobre a trama de Os Dez Mandamentos. A novela fez história ao bater,
em audiência, o principal produto da televisão brasileira (a novela
das nove da Rede Globo) e ao dar índices de duas casas decimais à
Record, nada acostumada a essa realidade.
O burburinho que a
novela causou nas redes sociais também foi uma coisa digna de
registro. Foi uma trama comentada, que incomodou a Globo, mexeu
também com as outras concorrentes, alterou o comportamento do
brasileiro diante da TV e pegou até mesmo a própria Record
desprevenida.
Mas tudo isso, devo
dizer, não tem nada a ver com a qualidade da novela. Muito pelo
contrário. Como também já ressaltei, a Record foi feliz por
colocar na sua grade um produto certo na hora certa. Nem mesmo os
efeitos digitais importados da mesma empresa responsável pelo
seriado The Walking Dead são dignos de elogio, ao se considerar as
questões técnicas e artísticas.
A novela parecia mais
um teatro de igreja: os figurinos extremamente coloridos, a direção
de arte e os cenários completamente artificiais, as atuações
exageradas (quando não mecânicas), as falas impostadas demais (isso
quando não se tentava fugir da formalidade e acabava caindo no
extremo oposto: a coloquialidade exagerada), sem contar com o tom de
pregação que a novela cultivou ao longo dos seus mais de 170
capítulos. Um martírio. Teve até extintor de incêndio que
apareceu em um dos capítulos (em pleno Egito Antigo), revelando a
falta de precisão da equipe técnica a certa altura, já que o ritmo
de gravações estava extenuante.
A cena da travessia do
Mar Vermelho, ponto alto da trama, conseguiu ser mais chata do que
piada de tio velho na ceia de Natal. Blocos inteiros com closes sem
diálogos, cheios de caras e bocas, com efeitos digitais vergonhosos
(ok que é extremamente caro executar coisas desse tipo. Mas se viram
que a coisa ia ficar tão artificial, poderiam diminuir um pouco a
escala). Mas não. Na visão do elenco e da produção, a Record
estava colocando no ar a sétima maravilha do mundo. Não havia
nenhuma autocrítica. Iludidos pelos números, tomaram para si a
crença de que o produto era inquestionável, primoroso, de fazer
inveja de Hollywood. Quanto engano!
Não deu outra: após
este ápice da história, a audiência caiu, segundo o Ibope.
Curiosamente, essa é uma característica totalmente contrária a
qualquer telenovela. Normalmente os últimos capítulos é que batem
recordes, que chamam um público que não costumava acompanhar a
trama, e o desfecho de qualquer novela acaba trazendo números
superiores ao dia a dia de qualquer folhetim.
Em Os Dez Mandamentos,
no entanto, houve uma situação brochante. Um anticlímax horroroso,
imperdoável para qualquer pessoa que entenda minimamente de um
roteiro. O clímax da novela era justamente a travessia do Mar
Vermelho, a fuga do Egito. Ainda assim, a novela se estendeu por mais
algumas semanas e, no fim das contas, não terminou. Acabou com um
“continua”.
O momento-título da
novela nem chegou a acontecer, porque o protagonista, Moisés, sequer
chegou a entregar as tábuas da Lei para o povo hebreu. Flagrando a
traição de seu povo a Deus, o profeta quebrou as pedras e, em mais
uma cena cheia de closes, caras e bocas, trilha exagerada e
embarrigada (que é como se diz nas situações em que uma novela se
enrola demais, quando não acontece nada relevante à trama), o
folhetim acabou.
Isso é consequência
do papelão — dessa vez — da Record. Impressionada com os números
que nem mesmo ela esperava, perdida diante da falta de domínio sobre
o que fazer com a trama de sucesso que tinham em mãos, tomaram
decisões diferentes em dias seguidos a respeito do que viria depois
de Os Dez Mandamentos. Com uma novela inteiramente gravada (Escrava
Mãe) e temendo perder aquilo que havia conquistado, a emissora da
Igreja Universal primeiro disse que levaria adiante seus planos de
substituir a trama bíblica pela história de escravos (chegou até a
exibir chamadas da nova novela). Em seguida, afirmou que colocaria no
ar A Terra Prometida, sequência direta da saga de Moisés, mas ao
ver que não conseguiria produzir a tempo o novo folhetim, cortou a
trajetória do povo hebreu pela metade, anunciou uma segunda
temporada, terminou a novela sem terminar, colocou no ar, pela
terceira vez, a reprise de séries bíblicas, e está prometendo a
sequência de Os Dez Mandamentos para o primeiro semestre deste ano,
em, no mínimo, 60 capítulos. Depois deve estrear a história de
Josué, sucessor de Moisés, na tomada da terra prometida, que dará
título à novela.
Fato é que, com tudo
isso, muito embora conquiste audiência e, de alguma maneira, um
espaço de mais prestígio na produção de telenovelas, a Record
demonstra amadorismo e falta de confiança em sua própria capacidade
de fazer dar certo uma história anteriormente planejada (A Escrava
Mãe) e revela estar perdida na administração da sua programação.
Embora a Rede Globo
tenha perdido, em audiência, algumas batalhas, ela segue como
vencedora da guerra. Ainda que a qualidade das histórias
apresentadas tenha decaído muito nos últimos anos, os aspectos
técnicos da emissora carioca são imbatíveis. E é sintomático
perceber que, mesmo com resultados aquém dos habituais e perdendo
público para a internet, para a TV sob demanda e os canais fechados,
a Globo mantém-se como líder absoluta na teledramaturgia nacional.
Tanto em qualidade técnica quanto em alcance.
Enquanto a Record não
acreditar na própria capacidade e tratar a sua programação como
uma brincadeira de criança, que desiste, retoma e volta atrás
quando quer, ela nunca será uma Rede Globo. Esteja o Mar Vermelho
aberto ou completamente fechado.
APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!
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domingo, 3 de janeiro de 2016
O meu preconceito que me envergonha e o processo de desconstrução
Quando resolvi assumir
o compromisso pessoal de manter este espaço atualizado, meio que fiz
uma revisita às publicações antigas. O objetivo era verificar a
periodicidade dos posts, em quais momentos eu havia sido mais
dedicado ao blog e como eu me organizava para garantir que ele sempre
tivesse conteúdo novo. Mas este exercício acabou resultando em uma
outra reflexão, que quero compartilhar com vocês.
A primeira constatação:
como o meu texto evoluiu! Não só em questão de estilo, mas na
precisão da escrita mesmo. É até vergonhoso verificar como as
coisas eram, a maneira como eu organizava as ideias, a forma de
colocar os argumentos, enfim... E isso que eu achava que
escrevia razoavelmente bem.
Mas o desconforto em
ver a minha escrita anos atrás não é nada se comparado à minha
evolução como pessoa. Neste item, sim, eu me senti profundamente
enojado com certas coisas que eu mesmo colocava.
um vestidinho fino e curto. É
bom ver, não nego [o
grifo não é original],
mas muito mais bonito seria algo menos ridículo”.Machismo disfarçado de "sou romântico"
A primeira coisa que notei foi como eu era machista! Num post vergonhoso intitulado “A mulher perfeita”, por exemplo, ao “analisar” o comportamento feminino em uma sexta à noite, eu escrevo: “Chuva e frio e cambada [olha que construção horrível] de mulher de top e minissaia. Quando não,
A
maior escrotice, além de querer ditar com qual vestimenta as meninas
podem ou não se sentir à vontade para se divertir é dizer “é
bom ver, não nego”.
Gente! Como eu podia pensar assim? Que ridículo! Que vergonhoso!
Como se as mulheres fossem alguma mercadoria exposta para que eu diga
“estão ridículas, mas é bom ver”. Como se elas estivessem se
vestindo para me agradar. Como se devessem obedecer às vontades e
desvontades dos machos de plantão. É bom mesmo que eu tenha
evoluído nesse aspecto.
Em
outro post, “Marcando posições”, destilo meu preconceito ao
afirmar, taxativamente, que funk não é música. E no mesmo post, em
certo “argumento”, faço mais uma colocação nojenta e machista,
que não vem ao caso (tem algo a ver com “pegar” mulher).
Enfim,
os exemplos são inúmeros. E a partir daí comecei a notar o quanto
eu precisei exercitar a desconstrução para ser uma pessoa mais
crítica e com um pouco mais de senso de justiça. Não vou dizer que
hoje sou um ser perfeito, que alcancei o nirvana e sou dotado de todo
o conhecimento do mundo. Não! Até porque, daqui a alguns anos, vou
reler outros posts do blog e ver o quanto eu fui ridículo em novas
situações.
Mas
o fato é que percebi o quanto eu era preconceituoso, machista e
homofóbico. Talvez ainda o seja, mas em outra medida. A diferença é
que hoje me policio e sei, na maior parte das vezes, quando estou
falando uma bobagem. E ainda que não tenha expressado claramente
nenhuma posição homofóbica em algum texto do blog, lembro como eu
me comportava na escola, como eu ria e fazia os outros rirem com
“piadas” sobre alguns colegas de turma, professores e professoras
que, na visão da maioria, tinham algum trejeito homossexual (como se
isso significasse alguma coisa ou como se isso fosse motivo de riso).
Uma forma de agir na rede e outra na vida
E
aqui vale um adendo bem importante: eu nunca fui popular. Eu nunca
fui o fodão da escola. Eu nunca me considerei uma pessoa de direita,
mas aqui me comportava como tal. E o mais importante: este
ser que escrevia essas coisas não era eu.
Não tinha nada a ver com a forma como eu vivia, falava, me
comportava. Eu não era pegador, eu não era dado a cantadas, eu não
era o padrão de homem macho-alfa. Ao contrário: tive ótimos
professores, colegas sensacionais que foram muito importantes para
que eu construísse minha visão de mundo. Ainda assim, aqui nos
textos, e em alguns pensamentos e atitudes não expressas, eu
exercitava todas essas coisas ruins, características tão
divergentes daquelas pelas quais eu era conhecido: o garoto
estudioso, tímido, artista e religioso da escola e do bairro.
Isso
me fez ver o quanto a minha trajetória explica esse momento de tanto
ódio e falta de reflexão que vivemos na sociedade. Percebam: eu não
me considerava alguém intolerante. No dia a dia não era alguém
raivoso ou violento, não tinha nenhuma característica de alguém
desrespeitoso ou preconceituoso, mas no meu íntimo e, especialmente,
na rede (aqui no blog), externava toda essa prodridão que existia
dentro de mim. E isso que sempre fui um rapaz da igreja, católico
praticante e fervoroso (outra característica que pode ser notada na
história do blog).
Como a igreja e a TV podem influenciar para o mal
Mas, afinal, o que me influenciava a ser desse jeito? Primeiramente, e inegavelmente, a igreja. Não é um achismo! É uma constatação ao observar a minha vida, a minha experiência. Justamente por eu estar tão imerso nessa realidade, tão envolvido no discurso religioso fundamentalista, que eu condenava taxativamente, sem poréns ou cuidados com as palavras, o comportamento feminino.
Lembro que em grupos de jovens e, de forma mais marcante, em um fim de semana na TV Canção Nova, onde participei de um retiro que eles denominam PHN (Por Hoje Não), o cantor Dunga comparava mulheres que se vestem mais à vontade a pedaços de carne velha expostos em um açougue. Eu cultivei comigo esse pensamento por anos. Num DVD da banda Anjos de Resgate, eles
Lamentavelmente,
vejo muitas pessoas agirem como eu agia, pensarem como eu pensava,
motivados por esse tipo de influência.
E
quem colocava mais lenha na fogueira era a TV. O Luiz Carlos Prates,
aquele mesmo que defende administração militar nas escolas
públicas, os presidentes da época da ditadura, e que disse que
pobres não podem ter carros porque não sabem ler, era meu ídolo. O
personagem que ele vivia no Jornal do Almoço, da RBS TV (afiliada da
Rede Globo em SC), era uma inspiração para aquele garoto que
sonhava em ser jornalista. Para mim, ele falava as mais profundas
verdades, era sincero, não tinha meias palavras, enfim, era um
exemplo. Por outro lado, pelo fato de a igreja criticar muito a
“libertinagem” da TV, eu, no mesmo momento que a tinha como
escola, também me considerava o supercrítico, e assim pensava que
estava causando ao pensar e expressar certas coisas.
Eu
não vou linkar aqui os textos que mencionei porque eles não
representam o que eu penso hoje em dia e também não acho que valha
a pena perder tempo com eles. São medíocres. Por outro lado, não
vou excluí-los do blog, porque eles demonstram a minha evolução
enquanto pessoa e cidadão, e pelo menos serviram para eu ser mais
crítico comigo mesmo antes de criticar o mundo.
A raiz do ódio nosso de cada dia
Diante
disso tudo, percebo no Brasil atual um comportamento muito parecido
com aquele que sempre tive: pessoas que se consideram críticas, mas
que os pensamentos são resultado de uma combinação perigosa: o
pior das religiões, misturado com a artificialidade do fazer pensar
da TV, mais um sentimento de pessoa justa e honesta, que o coloca
acima de qualquer questionamento, especialmente o próprio.
Isso
não quer dizer que a TV deva ser banida da vida de qualquer pessoa.
Só é urgente que ela não seja a única forma de entretenimento e
informação. Também não quer dizer que alguém não possa ter uma
religião, mas ela não pode ser considerada inquestionável. E
sempre vale lembrar que acreditar em Deus e viver os bons
ensinamentos bíblicos, por exemplo, como o amor e o respeito, é
diferente de viver cegado por qualquer dogma.
Espero
que eu possa melhorar cada dia mais, para que eu não seja mais um a
perpetuar o machismo, a intolerância e o preconceito. E espero,
ainda mais, que mais pessoas possam olhar para o seu passado, seus
pensamentos e suas posições e repensem suas atitudes à luz da
necessidade de uma sociedade mais humana e justa.
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