domingo, 13 de janeiro de 2013

"As Aventuras de Pi" no Set

Conforme prometido, escrevi sobre "As Aventuras de Pi", novo filme de Ang Lee, no Set Sétima. Vale a pena ler a crítica e ver o filme, claro, conforme eu já indiquei para vocês por aqui.

Para quem ainda não conferiu o longa na tela grande, segue o trailer.



segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O último post de 2012


Faltam algumas horas para terminar o ano e vou compartilhar com vocês (não sei por qual motivo, mas quero fazê-lo) a minha visão sobre o que foi 2012 na minha vida.

Péssimo. Apenas isso.

Não posso deixar de registrar, porém, que, ainda que o ano tenha sido ruim, vivi momentos bons: fiz novos amigos (especialmente no GNC Cinemas, empresa onde trabalhei por alguns meses), me formei e reencontrei pessoas que participaram da minha trajetória acadêmica na vida profissional e fui no show da Lady Gaga. O Hobbit estreou.

Apesar disso, os motivos para lamúrias foram exponencialmente maiores que em qualquer outro ano da minha vida.

Após o baque que tive com a inesperada interrupção do Coopermovimento, precisei me reestabelecer profissionalmente. Isso demorou. Fiquei quase três meses desempregado, sem esperanças de que pudesse trabalhar em qualquer um dos lugares onde já tinha passado ou que, embora ainda não tivesse trabalhado, mas que colegas e amigos estavam.
Mas, por fim, como nada tinha dado certo, precisei trabalhar no cinema, que foi muito bom em diversos aspectos, mas que não ajudava na minha vida financeira em colapso e que comprometeu outros setores da minha vida, como os casamentos que eu cantava e as atividades na igreja.
A saúde, por muitas vezes, ficou em frangalhos. Nada extremamente grave, porém, graças a Deus. Mas não foi um ano tranquilo para meu querido corpo. Sinusite e amigdalite, como sempre, ocuparam grande espaço na agenda dos meus dias. Assim como na minha família as coisas não estiveram tão bem no que diz respeito à saúde durante o ano.
Em casa, a situação não era das melhores. E ainda não é.
Mal viajei. Não fui ao Beto Carrero. Não consegui alcançar diversos objetivos e planos. Não consegui renovar a carteira de motorista.

A passagem de ônibus de Joinville foi confirmada em R$ 3 (antecipada) e o projeto político dos próximos anos não condiz com o que eu acredito, com meus princípios.

Enfim, etecétera, etecétera.

Claro que não posso considerar um ano inválido. Wanessa já diz em uma de suas músicas: "Não me impeça de errar, nem de me machucar: eu me fortaleço". Mas, amigos, confesso: não foi fácil. Desde passar a virada jogando paciência por causa da chuva torrencial que caía em Florianópolis na noite de 31 de dezembro de 2011 até a incerteza de tempo bom neste 31 de dezembro de 2012.

Pra 2013 a regra que fica é a seguinte: faça as coisas que você gosta. Faça as coisas que o seu coração mandar. Sua vida, sua felicidade e sua saúde são mais importantes que qualquer outra coisa, mesmo que existam pessoas que não gostem ou não concordem com a sua decisão. Mas atenção para a única condição: não prejudicar ninguém, pois se você não estiver prejudicando ninguém com a atitude, não há problemas.

Daí que está a questão: você já parou para pensar o quanto suas decisões podem estragar com os planos de uma (ou umas) pessoa(s), ou levar-lhe uma felicidade incomum? São nas pequenas coisas que a gente torna o mundo melhor.
Por isso, não hesite em sorrir, cantar e ser solidário. Saiba que a sua vida é muito importante e ela será melhor ainda se as pessoas que convivem com você estiverem bem. 

Já diz a música: "Olhe do seu lado, tanta gente teve tudo e acabou na solidão. Cuida da semente, você vai colher aquilo que plantou e trata bem da gente, pois você vai ser tratado da maneira que ensinou."

Espero um 2013 melhor. Assim como em 2012, não vou baixar minha cabeça para as dificuldades. Mas espero que a vida seja mais generosa comigo neste ano que há de vir. De minha parte, vou me esforçar muito.

E óbvio. Nunca vou perder a fé em Deus. Nada, também, foi tão grave que o dia seguinte não resolvesse. Nada tão perturbador que um sorriso não acalmasse. Nada tão cruel que olhar para as pessoas queridas não amenizasse. Mas todo mundo sempre deseja um ano cheio de conquistas, não é verdade?

Tive algumas em 2012. Mas espero, sinceramente, que 2013 me reserve muitas coisas melhores.

A mim, à minha família, e a todos que estão comigo, diariamente, aqui no blog. De modo muito especial aos amigos de verdade. Nada melhor que a felicidade para nos dar motivos reais para sorrir.

Boas energias e um universo de bênçãos para todos, de modo que 2013 seja inesquecivelmente bom!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tolkien e a literatura


Uma pessoa tem direito de dizer que não gosta de Machado de Assis, talvez pela forma ou vocabulário, ou até mesmo pelas histórias que ele conta. Mas jamais - repito: jamais - vai poder desdenhar ou diminuir tudo o que ele representa e a importância dele para a língua portuguesa, para o Brasil e para a literatura mundial, inclusive.

Por isso penso, com a mesma convicção, que ninguém pode desdenhar, diminuir ou desmerecer o trabalho de Tolkien. E eu percebo muito isso, principalmente - pasmem - por professores de literatura.
Ok, ele não era brasileiro e talvez a relevância à literatura dele não deva ser colocada nos mesmos patamares dos nossos. Ainda assim, não é correto dizer que ele não sabe escrever (ele era professor de língua inglesa em Oxford e poliglota), nem mesmo que os romances dele são pífios (liste cinco autores que tiveram uma obra tão complexa como a dele, se você discorda).

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Tolkien estudou filologia durante toda a sua vida. Apaixonado pelas descobertas culturais reveladas no som de cada idioma, resolveu criar suas próprias línguas baseadas nos fonemas que mais lhe chamavam a atenção nos idiomas existentes.

Para que tudo fizesse sentido, ele criou uma cultura para cada povo falante de cada um dos dezenas de idiomas inventados por ele. De cada uma dessas culturas surgiram histórias que ganharam corpo, transformaram-se em lendas fantásticas e viraram - para o autor - uma mitologia da Inglaterra.

Nas suas histórias, Tolkien falou da dor da perda, da crueldade das guerras, espelhado nos dois grandes conflitos que atravessaram sua vida. Foi combatente e despediu-se de pessoas amadas nos campos de batalha. A ascensão da indústria e a destruição da natureza por consequência, e também movida pelas guerras, ascenderam nele um zelo especial pelo meio ambiente e pela singeleza da vida.

Tolkien era puro. Não há conotações sexuais em seus textos. Isso porque amou do modo mais casto possível, guardando-se por anos para a mulher a quem amou por toda a vida. Fugia da festa, da farra, concentrava-se nas suas orações (era católico fervoroso), casou, enviuvou e, em seguida, morreu por amar. A angústia de perder a sua mulher lhe trouxe o adoecimento.

Tudo isso está em seus escritos. Por momentos linear, em outros extremamente complexo e descritivo. Mas nunca raso. Ali, entre rascunhos e rabiscos, gravou suas paixões: a amizade, o amor, a natureza, os idiomas.

O nosso mundo era pequeno para tantas coisas assim. Porque nas nossas preocupações, angústias e ambições esquecemos das singelezas apontadas por Tolkien. Então ele teve que criar um mundo pré-histórico, onde os sentimentos que emanavam dos seus escritos pudessem habitar.

Nasceu Arda e nela, a Terra-média.

Então respeitemos Tolkien. O problema dessas pessoas, talvez, não seja o autor em si, mas a sua literatura, fantástica. Mesmo assim, não justifica. Para estes, analisar o contexto histórico mundial e da vida do autor é o mínimo para entender por que as coisas foram escritas daquela forma.

Conhecimento e leitura é tudo, meus amigos. Até para aqueles que se dizem letrados, mas preferem mergulhar em seus preconceitos do que nos novos mundos que a literatura é capaz de nos levar.

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domingo, 25 de novembro de 2012

Belo Monte: o grande lixeiro de dinheiro público

Projeto gráfico de Belo Monte
Por muito tempo ouvi falar da construção da usina de Belo Monte e não expus minha opinião, nem tirei nenhuma conclusão a respeito do assunto porque tudo era muito complexo e exigia um conhecimento mais profundo do que simples manifestações no Facebook.

Aliás, muitas coisas que se opinam hoje não devem ser concluídas somente a partir de comentários em redes sociais. O debate fica raso e prejudicial, mas isso é assunto para outro post.

A questão em Belo Monte era muito mais complexa: por um lado, a necessidade do Brasil de aumentar as reservas de energia, com uma solução ambientalmente correta como as hidrelétricas, que oferecem pouco impacto ambiental por não serem poluentes. Esse aumento da reserva energética é importante para estimular a indústria, tão importante num mundo abalado pela crise econômica e especialmente no Brasil que, apesar de menos afetado que os países Europeus, por exemplo, precisa lidar com importantes contrastes sociais e, por isso, não se pode dar ao luxo de andar para trás nas questões econômicas, evitando, assim, que isso afete o social.

Por outro lado havia as questões ecológicas e sociais. Diz-se que Belo Monte não vai prejudicar nenhum habitante de áreas ribeirinhas, nem índios. Ora, se não vai prejudicar, por que, então, estas pessoas não querem a obra? Por que estão protestando contra ela? E como dizer que a população ribeirinha não será afetada se a região ficará debaixo d’água, e estas pessoas vivem à beira do rio?
Ora, essas questões já seriam suficientes para que qualquer um tivesse dúvidas quanto a validade do projeto. E por mais que as hidrelétricas, do ponto de vista da produção de energia, sejam mais limpas e não poluentes, é impossível dizer que uma obra capaz de alagar uma extensa área da floresta Amazônica não vá causar impactos ambientais.
No site do projeto, noticia-se que biólogos estão fazendo a catalogação e o transporte dos animais daquela região para as localidades que não serão alagadas. Mas será, realmente, que todos os animais serão transportados? E será que eles irão se adaptar aos novos locais para onde forem levados? Sem contar as inúmeras espécies de plantas e árvores que ficarão debaixo d’água.

Mas a questão não para por aí. A matéria mais completa que li sobre o assunto foi uma entrevista da jornalista Eliane Brum com Célio Bermann, um dos mais respeitados especialistas no país na área energética, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Autor dos livros “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e Alternativas para um País Sustentável” (Livraria da Física) e “As Novas Energias no Brasil: Dilemas da Inclusão Social e Programas de Governo” (Fase), entre outros. Participou dos debates da área energética e ambiental para a elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e foi assessor de Dilma Rousseff entre 2003 e 2004, no Ministério de Minas e Energia. Ex-petista, Bermann foi um dos 40 cientistas que participaram de uma extensa pesquisa a fim de elaborar um painel sobre a obra de Belo Monte que, segundo a reportagem, foi ignorado pelo governo federal.

Como eu disse, este é um assunto que não dá para você tomar uma decisão somente com os microtextos do twitter, ou vídeos fáceis de atores globais engajados na causa, ou com aquelas imagens vazias compartilhadas no Facebook. A reportagem que eu linco aqui é extensa, mas vale a leitura, porque muito além de se ter opinião sobre o assunto, é importante que nós, brasileiros, tenhamos conhecimento a respeito dessas decisões que afetam duramente a nossa sociedade – mesmo aqueles que moram a quilômetros de nós, em uma realidade extremamente diferente – e que impactam nas questões econômicas e ambientais do nosso país.

Em suma, o que o professor Célio Bermann revela é que a obra interessa somente às construtoras envolvidas no projeto, aos políticos que se beneficiarão dela, às empresas que fabricarão os componentes necessários para a usina e, o mais preocupante, “o que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro no curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional – e isso numa obra cujos 11.200 megawatts de potência instalada só vão funcionar quatro meses por ano por causa do funcionamento hidrológico do Xingu”, diz Bermann. É isso mesmo: dos 12 meses do ano, somente em quatro a usina produzirá energia, porque no restante dos meses o nível do rio não atende às condições mínimas possíveis para que haja produção.
E preciso dizer que precisamos de informação. Esta é a primeira arma que temos para que o dinheiro público não seja usado como convém às oligarquias e aos coronéis eternos do governo. Outra consequência da informação é o nosso conhecimento, que nos dá argumentos para poder questionar e cobrar das autoridades, da forma como for possível (voto, e-mails aos parlamentares, petições), o bom uso dos recursos públicos.
A solução, segundo o professor (e eu concordo), é mudar a cultura industrial do país. Gasta-se muita energia para produzir bens primários que são exportados e lá fora transformam-se em produtos de valor agregado que nos faz pagar mais caro quando voltam para cá. Precisamos produzir tecnologia aqui – e a Petrobras, por exemplo, está aí para provar que temos essa capacidade – e parar de depender de coisas que são produzidas lá fora.
Matéria prima custa mais caro para produzir, gasta mais energia, a gente vende barato e compra o bem manufaturado a um valor mais alto. Isso é prejudicial pra todo mundo. Menos para os empresários, que ganham dinheiro sem sair do comodismo.
Eike Batista, por exemplo,  na ocasião do lançamento do pacote de concessões para obras logísticas no Brasil, disse que aquilo era um “kit felicidade”. Sempre assim: como em Belo Monte, a maior parte do dinheiro vem do nosso bolso governo e quem explora é a iniciativa privada, cobrando por aquilo que já pagamos às custas de impressionantes impactos sociais e ambientais.

Por fim, divulgarmos, para o maior número de pessoas possível. Com uma população insatisfeita com as coisas realizadas do modo como as autoridades bem entendem, eles vão precisar rever os conceitos. Precisamos de uma sociedade consciente e informada. Isto é o primeiro passo para uma revolução, pelo menos no nosso modo de pensar e no nosso senso crítico. Mas é aí que começam as grandes transformações.