domingo, 10 de janeiro de 2016

Os Dez Mandamentos e o papelão na dramaturgia da Record e da Globo em 2015

O ano de 2015 marcou algumas das situações mais bizarras da televisão brasileira. O conservadorismo cada vez mais doentio da sociedade, que torna incapaz de aceitar o diferente, o novo, associado a um clima de hostilidade entre as pessoas, acabou atingindo o comportamento do brasileiro diante da telinha.

É que no dia 16 de março a Rede Globo estreou sua nova novela das nove: Babilônia. Escrito a seis mãos, entre elas o experiente Gilberto Braga (de Escrava Isaura, Vale Tudo, Celebridade), junto com João Ximenes Braga e Ricardo Linhares, apoiados por um elenco estelar, com grifes como Fernanda Montenegro, Glória Pires, Adriana Esteves, o folhetim causou espanto do público já no primeiro episódio, ao exibir a cena de um beijo lésbico entre as personagens de Montenegro e Nathalia Timberg.

No dia seguinte, campanhas de boicote, inclusive vindas do Congresso Nacional, e mensagens raivosas à Natura, patrocinadora do programa, pedindo para que fosse retirada a publicidade na novela, se espalharam pelas redes sociais e, principalmente entre as igrejas.

É gente, as igrejas estão cada vez mais querendo dizer até mesmo o que deve e o que não deve passar na televisão.

Não à toa que, na semana seguinte, no dia 23 de março, a Rede Record levou ao ar aquilo que ela chamou como “a primeira novela bíblica da história da televisão”, Os Dez Mandamentos: um prato cheio para todos aqueles que estavam fazendo campanha contra a Rede Globo. E prato cheio para as igrejas também, claro. Não que a história de Vivian de Oliveira tivesse sido fiel e correta em relação aos escritos bíblicos, mas isso é detalhe diante de tudo o que a novela mostrou.

Um pouco mais adiante, caros leitores, eu devo mencionar o papelão da Record em relação à sua falta de planejamento no tocante a este projeto. Mas antes de chegar lá, quero registrar que até mesmo a gigante Globo se comportou de maneira vergonhosa diante do fracasso da sua novela e do avanço da concorrência no horário.

É que, para agradar aqueles que estavam apedrejando Babilônia, a Globo recomendou que a novela fosse totalmente alterada. Com isso, personagens ficaram descaracterizados, outros desapareceram, alguns núcleos tornaram-se inúteis, tramas que prometiam um desenrolar interessante foram descontinuadas e, aqueles que ainda se interessaram minimamente por todas aquelas coisas novas que haviam sido propostas, foram desanimando ao ver o que a narrativa estava se tornando: aos poucos, uma colcha de retalhos sem sentido.

Como as alterações não causaram nenhum efeito positivo, a Globo começou a promover um tal de estica-e-puxa na grade que ficou feio de se ver. Jornal Nacional ficava mais longo, novela mais curta, outros dias um atrasava, ou adiantava, enfim... Uma bagunça que só.

Com tudo isso, a Record se beneficiou. Em primeiro lugar, como eu disse, a onda conservadora que está inundando o país se sentiu prestigiada ao ver a adaptação de uma conhecidíssima e milenar história religiosa. Depois, com o comportamento primário da Globo, mais pessoas resolveram conferir o que havia no canal ao lado, ao perceber que a gigante da teledramaturgia estava perdida na condução do seu principal produto. E, por último, e — na minha visão — menos importante, a necessidade das pessoas de buscarem uma trama escapista, diante de tantas notícias ruins e indignantes que reinaram na imprensa nacional em 2015. Neste sentido, Os Dez Mandamentos era como uma massagem para o anseio de entretenimento longe da realidade, algo que Babilônia não estava propondo.

Mas muito do que eu disse aqui já é bem conhecido de quem acompanha notícias sobre os bastidores da TV. O ponto que eu queria chegar era especificamente sobre a trama de Os Dez Mandamentos. A novela fez história ao bater, em audiência, o principal produto da televisão brasileira (a novela das nove da Rede Globo) e ao dar índices de duas casas decimais à Record, nada acostumada a essa realidade.

O burburinho que a novela causou nas redes sociais também foi uma coisa digna de registro. Foi uma trama comentada, que incomodou a Globo, mexeu também com as outras concorrentes, alterou o comportamento do brasileiro diante da TV e pegou até mesmo a própria Record desprevenida.

Mas tudo isso, devo dizer, não tem nada a ver com a qualidade da novela. Muito pelo contrário. Como também já ressaltei, a Record foi feliz por colocar na sua grade um produto certo na hora certa. Nem mesmo os efeitos digitais importados da mesma empresa responsável pelo seriado The Walking Dead são dignos de elogio, ao se considerar as questões técnicas e artísticas.

A novela parecia mais um teatro de igreja: os figurinos extremamente coloridos, a direção de arte e os cenários completamente artificiais, as atuações exageradas (quando não mecânicas), as falas impostadas demais (isso quando não se tentava fugir da formalidade e acabava caindo no extremo oposto: a coloquialidade exagerada), sem contar com o tom de pregação que a novela cultivou ao longo dos seus mais de 170 capítulos. Um martírio. Teve até extintor de incêndio que apareceu em um dos capítulos (em pleno Egito Antigo), revelando a falta de precisão da equipe técnica a certa altura, já que o ritmo de gravações estava extenuante.

A cena da travessia do Mar Vermelho, ponto alto da trama, conseguiu ser mais chata do que piada de tio velho na ceia de Natal. Blocos inteiros com closes sem diálogos, cheios de caras e bocas, com efeitos digitais vergonhosos (ok que é extremamente caro executar coisas desse tipo. Mas se viram que a coisa ia ficar tão artificial, poderiam diminuir um pouco a escala). Mas não. Na visão do elenco e da produção, a Record estava colocando no ar a sétima maravilha do mundo. Não havia nenhuma autocrítica. Iludidos pelos números, tomaram para si a crença de que o produto era inquestionável, primoroso, de fazer inveja de Hollywood. Quanto engano!

Não deu outra: após este ápice da história, a audiência caiu, segundo o Ibope. Curiosamente, essa é uma característica totalmente contrária a qualquer telenovela. Normalmente os últimos capítulos é que batem recordes, que chamam um público que não costumava acompanhar a trama, e o desfecho de qualquer novela acaba trazendo números superiores ao dia a dia de qualquer folhetim.

Em Os Dez Mandamentos, no entanto, houve uma situação brochante. Um anticlímax horroroso, imperdoável para qualquer pessoa que entenda minimamente de um roteiro. O clímax da novela era justamente a travessia do Mar Vermelho, a fuga do Egito. Ainda assim, a novela se estendeu por mais algumas semanas e, no fim das contas, não terminou. Acabou com um “continua”.

O momento-título da novela nem chegou a acontecer, porque o protagonista, Moisés, sequer chegou a entregar as tábuas da Lei para o povo hebreu. Flagrando a traição de seu povo a Deus, o profeta quebrou as pedras e, em mais uma cena cheia de closes, caras e bocas, trilha exagerada e embarrigada (que é como se diz nas situações em que uma novela se enrola demais, quando não acontece nada relevante à trama), o folhetim acabou.

Isso é consequência do papelão — dessa vez — da Record. Impressionada com os números que nem mesmo ela esperava, perdida diante da falta de domínio sobre o que fazer com a trama de sucesso que tinham em mãos, tomaram decisões diferentes em dias seguidos a respeito do que viria depois de Os Dez Mandamentos. Com uma novela inteiramente gravada (Escrava Mãe) e temendo perder aquilo que havia conquistado, a emissora da Igreja Universal primeiro disse que levaria adiante seus planos de substituir a trama bíblica pela história de escravos (chegou até a exibir chamadas da nova novela). Em seguida, afirmou que colocaria no ar A Terra Prometida, sequência direta da saga de Moisés, mas ao ver que não conseguiria produzir a tempo o novo folhetim, cortou a trajetória do povo hebreu pela metade, anunciou uma segunda temporada, terminou a novela sem terminar, colocou no ar, pela terceira vez, a reprise de séries bíblicas, e está prometendo a sequência de Os Dez Mandamentos para o primeiro semestre deste ano, em, no mínimo, 60 capítulos. Depois deve estrear a história de Josué, sucessor de Moisés, na tomada da terra prometida, que dará título à novela.

Fato é que, com tudo isso, muito embora conquiste audiência e, de alguma maneira, um espaço de mais prestígio na produção de telenovelas, a Record demonstra amadorismo e falta de confiança em sua própria capacidade de fazer dar certo uma história anteriormente planejada (A Escrava Mãe) e revela estar perdida na administração da sua programação.

Embora a Rede Globo tenha perdido, em audiência, algumas batalhas, ela segue como vencedora da guerra. Ainda que a qualidade das histórias apresentadas tenha decaído muito nos últimos anos, os aspectos técnicos da emissora carioca são imbatíveis. E é sintomático perceber que, mesmo com resultados aquém dos habituais e perdendo público para a internet, para a TV sob demanda e os canais fechados, a Globo mantém-se como líder absoluta na teledramaturgia nacional. Tanto em qualidade técnica quanto em alcance.

Enquanto a Record não acreditar na própria capacidade e tratar a sua programação como uma brincadeira de criança, que desiste, retoma e volta atrás quando quer, ela nunca será uma Rede Globo. Esteja o Mar Vermelho aberto ou completamente fechado.

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domingo, 3 de janeiro de 2016

O meu preconceito que me envergonha e o processo de desconstrução

Quando resolvi assumir o compromisso pessoal de manter este espaço atualizado, meio que fiz uma revisita às publicações antigas. O objetivo era verificar a periodicidade dos posts, em quais momentos eu havia sido mais dedicado ao blog e como eu me organizava para garantir que ele sempre tivesse conteúdo novo. Mas este exercício acabou resultando em uma outra reflexão, que quero compartilhar com vocês.

A primeira constatação: como o meu texto evoluiu! Não só em questão de estilo, mas na precisão da escrita mesmo. É até vergonhoso verificar como as coisas eram, a maneira como eu organizava as ideias, a forma de colocar os argumentos, enfim... E isso que eu achava que escrevia razoavelmente bem.

Mas o desconforto em ver a minha escrita anos atrás não é nada se comparado à minha evolução como pessoa. Neste item, sim, eu me senti profundamente enojado com certas coisas que eu mesmo colocava.

Machismo disfarçado de  "sou romântico"

 

A primeira coisa que notei foi como eu era machista! Num post vergonhoso intitulado “A mulher perfeita”, por exemplo, ao “analisar” o comportamento feminino em uma sexta à noite, eu escrevo: “Chuva e frio e cambada [olha que construção horrível] de mulher de top e minissaia. Quando não,
um vestidinho fino e curto. É bom ver, não nego [o grifo não é original], mas muito mais bonito seria algo menos ridículo”.

A maior escrotice, além de querer ditar com qual vestimenta as meninas podem ou não se sentir à vontade para se divertir é dizer “é bom ver, não nego”. Gente! Como eu podia pensar assim? Que ridículo! Que vergonhoso! Como se as mulheres fossem alguma mercadoria exposta para que eu diga “estão ridículas, mas é bom ver”. Como se elas estivessem se vestindo para me agradar. Como se devessem obedecer às vontades e desvontades dos machos de plantão. É bom mesmo que eu tenha evoluído nesse aspecto.

Em outro post, “Marcando posições”, destilo meu preconceito ao afirmar, taxativamente, que funk não é música. E no mesmo post, em certo “argumento”, faço mais uma colocação nojenta e machista, que não vem ao caso (tem algo a ver com “pegar” mulher).

Enfim, os exemplos são inúmeros. E a partir daí comecei a notar o quanto eu precisei exercitar a desconstrução para ser uma pessoa mais crítica e com um pouco mais de senso de justiça. Não vou dizer que hoje sou um ser perfeito, que alcancei o nirvana e sou dotado de todo o conhecimento do mundo. Não! Até porque, daqui a alguns anos, vou reler outros posts do blog e ver o quanto eu fui ridículo em novas situações.

Mas o fato é que percebi o quanto eu era preconceituoso, machista e homofóbico. Talvez ainda o seja, mas em outra medida. A diferença é que hoje me policio e sei, na maior parte das vezes, quando estou falando uma bobagem. E ainda que não tenha expressado claramente nenhuma posição homofóbica em algum texto do blog, lembro como eu me comportava na escola, como eu ria e fazia os outros rirem com “piadas” sobre alguns colegas de turma, professores e professoras que, na visão da maioria, tinham algum trejeito homossexual (como se isso significasse alguma coisa ou como se isso fosse motivo de riso).

Uma forma de agir na rede e outra na vida


E aqui vale um adendo bem importante: eu nunca fui popular. Eu nunca fui o fodão da escola. Eu nunca me considerei uma pessoa de direita, mas aqui me comportava como tal. E o mais importante: este ser que escrevia essas coisas não era eu. Não tinha nada a ver com a forma como eu vivia, falava, me comportava. Eu não era pegador, eu não era dado a cantadas, eu não era o padrão de homem macho-alfa. Ao contrário: tive ótimos professores, colegas sensacionais que foram muito importantes para que eu construísse minha visão de mundo. Ainda assim, aqui nos textos, e em alguns pensamentos e atitudes não expressas, eu exercitava todas essas coisas ruins, características tão divergentes daquelas pelas quais eu era conhecido: o garoto estudioso, tímido, artista e religioso da escola e do bairro.

Isso me fez ver o quanto a minha trajetória explica esse momento de tanto ódio e falta de reflexão que vivemos na sociedade. Percebam: eu não me considerava alguém intolerante. No dia a dia não era alguém raivoso ou violento, não tinha nenhuma característica de alguém desrespeitoso ou preconceituoso, mas no meu íntimo e, especialmente, na rede (aqui no blog), externava toda essa prodridão que existia dentro de mim. E isso que sempre fui um rapaz da igreja, católico praticante e fervoroso (outra característica que pode ser notada na história do blog).

Como a igreja e a TV podem influenciar para o mal


Mas, afinal, o que me influenciava a ser desse jeito? Primeiramente, e inegavelmente, a igreja. Não é um achismo! É uma constatação ao observar a minha vida, a minha experiência. Justamente por eu estar tão imerso nessa realidade, tão envolvido no discurso religioso fundamentalista, que eu condenava taxativamente, sem poréns ou cuidados com as palavras, o comportamento feminino.

Lembro que em grupos de jovens e, de forma mais marcante, em um fim de semana na TV Canção Nova, onde participei de um retiro que eles denominam PHN (Por Hoje Não), o cantor Dunga comparava mulheres que se vestem mais à vontade a pedaços de carne velha expostos em um açougue. Eu cultivei comigo esse pensamento por anos. Num DVD da banda Anjos de Resgate, eles
comparavam homossexuais a bandidos e traficantes. “Se você não cuidar do seu filho, um bandido vai enganar ele, um traficante vai levá-lo para ele, um homossexual vai enganar ele”, diziam (ou algo parecido, não são as palavras exatas, mas era esse o sentido).

Lamentavelmente, vejo muitas pessoas agirem como eu agia, pensarem como eu pensava, motivados por esse tipo de influência.

E quem colocava mais lenha na fogueira era a TV. O Luiz Carlos Prates, aquele mesmo que defende administração militar nas escolas públicas, os presidentes da época da ditadura, e que disse que pobres não podem ter carros porque não sabem ler, era meu ídolo. O personagem que ele vivia no Jornal do Almoço, da RBS TV (afiliada da Rede Globo em SC), era uma inspiração para aquele garoto que sonhava em ser jornalista. Para mim, ele falava as mais profundas verdades, era sincero, não tinha meias palavras, enfim, era um exemplo. Por outro lado, pelo fato de a igreja criticar muito a “libertinagem” da TV, eu, no mesmo momento que a tinha como escola, também me considerava o supercrítico, e assim pensava que estava causando ao pensar e expressar certas coisas.

Eu não vou linkar aqui os textos que mencionei porque eles não representam o que eu penso hoje em dia e também não acho que valha a pena perder tempo com eles. São medíocres. Por outro lado, não vou excluí-los do blog, porque eles demonstram a minha evolução enquanto pessoa e cidadão, e pelo menos serviram para eu ser mais crítico comigo mesmo antes de criticar o mundo.

A raiz do ódio nosso de cada dia 

Diante disso tudo, percebo no Brasil atual um comportamento muito parecido com aquele que sempre tive: pessoas que se consideram críticas, mas que os pensamentos são resultado de uma combinação perigosa: o pior das religiões, misturado com a artificialidade do fazer pensar da TV, mais um sentimento de pessoa justa e honesta, que o coloca acima de qualquer questionamento, especialmente o próprio.

Isso não quer dizer que a TV deva ser banida da vida de qualquer pessoa. Só é urgente que ela não seja a única forma de entretenimento e informação. Também não quer dizer que alguém não possa ter uma religião, mas ela não pode ser considerada inquestionável. E sempre vale lembrar que acreditar em Deus e viver os bons ensinamentos bíblicos, por exemplo, como o amor e o respeito, é diferente de viver cegado por qualquer dogma.

Espero que eu possa melhorar cada dia mais, para que eu não seja mais um a perpetuar o machismo, a intolerância e o preconceito. E espero, ainda mais, que mais pessoas possam olhar para o seu passado, seus pensamentos e suas posições e repensem suas atitudes à luz da necessidade de uma sociedade mais humana e justa.

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domingo, 25 de janeiro de 2015

Brasil: séculos de atraso. E a culpa, sinto dizer, não é do PT

Primeiramente é preciso deixar claro que eu não sou filiado a partido algum. Eu tenho uma ideologia humanista, o que me coloca numa posição política mais à esquerda – e só isso já bastaria para não ser classificado como petista (ou petralha, como queiram), afinal, ao contrário do que muitos querem crer, há anos o PT abandonou as históricas bandeiras de esquerda. Mas nem mesmo dentre os partidos verdadeiramente de esquerda eu não me filio, pois não sinto segurança para tal. Dito isso, prosseguimos.

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Fiz questão de deixar isso claro para que este não seja interpretado como um texto de apologia ou defesa ao PT, Lula ou Dilma. É apenas uma reflexão sobre o Brasil, nossa história e as contradições no discurso daqueles que acreditam que o atraso que o nosso país sofre com relação a outras nações é culpa desse governo que está aí.

A história do Brasil já começou mal. A cultura indígena que existia aqui foi esmagada pelo imperialismo português que, não contente apenas em “catequisar” os índios e tomar as terras destes, carregaram para a Europa muitas das nossas riquezas, como as madeiras do pau-brasil, riquíssimas para colorir tecidos, e os minérios. 

Quando a coisa apertou por lá, a família Real veio todinha para cá, não sem provocar mais estragos. O Brasil nunca foi uma terra palco de projetos de desenvolvimento em prol das pessoas que aqui moravam. Éramos apenas curral de enriquecimento alheio, morada de índios renegados, escravos importados e, mais tarde, de imigrantes desafortunados, praticamente expulsos de uma Europa falida e em crise, que tiveram que enfrentar as jornadas desumanas nas grandes lavouras de café ou as terras atoladas dos mangues do sul.

Hoje vivemos o mais longo período democrático da história. Antes disso, em mais de cinco séculos de existência, sofremos com exploração atrás de exploração, golpe atrás de golpe, falcatrua atrás de falcatrua. E, convenhamos, nada disso é culpa do PT.

Hoje, claro, pagamos caro – literalmente – pelo país que construíram para nós. Pagamos caro por causa de uma corrupção enraizada no poder que é tão histórica quanto o descaso que o Brasil sofreu por aqueles responsáveis por torná-lo uma nação. Sempre sofremos com corrupção, sempre tivemos que pagar mais caro pelas coisas, sempre as tecnologias chegaram aqui com defasagem de tempo. Sempre estivemos à mercê de grupos religiosos ditando nosso modo de vida.

Isso é ruim? Sim, é péssimo. Mas por outro lado faz parte da construção de uma nação rica e próspera. O que precisamos é investir, acima de tudo, em educação e mudar essa cultura de reclamantes do Facebook e porta vozes do achismo para compreendermos mais a nossa história e a nossa sociedade. Porque se não for assim, nunca evoluiremos.

A educação é necessária, primeiramente, para desmistificarmos mitos enraizados no nosso cotidiano. Um deles é que os Estados Unidos são modelo. Não são. Os norte-americanos só conseguem ser modelo de um capitalismo selvagem, excludente e, diferentemente do que costumamos ver na mídia e no cinema, sofrem com a pobreza, com a violência e com o descaso na saúde, por exemplo. Afinal, lá não existe tratamento de saúde de graça.

Outro mito é o exemplo Europeu. Ok, talvez isso não seja exatamente um mito porque, realmente, em muitos países da Europa a qualidade de vida é ótima, as cidades são humanizadas e a educação é invejável. Mas a que custo eles chegaram nesse patamar? O continente europeu é milenar. Eles também tiveram de passar por ditaduras, guerras, doenças, crises, fome, escravidão, revoluções, mortes – e tudo isso mais de uma vez – para então chegarem ao nível de civilidade que muitos têm. E na civilidade e na educação que nascem as cidades mais bonitas, as pessoas mais saudáveis e a vida mais tranquila, embora isso não seja regra.

Do oriente, então, nem se fala. Pelo que consta eles são alguns dos povos até mais antigos que os próprios Europeus.

Mas, voltando à Europa, é importante lembrar que a riqueza deles não foi/é consequência apenas do sangue, suor e lágrimas dos seus conterrâneos, não. Até hoje a África, o Oriente Médio e a América Latina – incluindo nós brasileiros – pagamos pela ganância e pela exploração europeia. 

A questão não é culpar o Velho Continente pelas nossas mazelas. Nós poderíamos muito bem dar a volta por cima, como fizeram os coreanos. O objetivo de trazer essas questões à tona é encararmos a realidade: somos frutos da exploração, carregamos na nossa veia o sangue de corruptos e exploradores e não queremos – ao menos não deveríamos querer – explorar outros povos para garantir nossas riquezas.

Se não quisermos pagar caro pela nossa evolução, como a Europa teve de fazer, teremos que aprender. E novamente menciono a importância da educação. E a partir daí, dando a devida atenção a este item, poderemos evoluir. Mas isso leva tempo e temos exemplos no mundo todo disso, dessa demora pelos resultados.

Portanto, não é correto, justo, nem honesto culpar o PT pelo atraso do Brasil. O atraso que vivemos é fruto da história. E muitos dos que estarão lendo esse texto podem não saber, mas cultivam em si um pensamento retrógrado que em nada contribui para a nossa evolução.

Exemplo disso é a nossa ainda predileção pelos veículos individuais, pela construção de estradas cada vez maiores roubando o espaço que deveria ser dado a transportes alternativos, como a bicicleta o os coletivos. É a nossa preguiça em ler e adquirir conhecimento, e preferir formar opiniões com base no achismo e nas mídias tradicionais. É o nosso apego a pensamentos ultrapassados e retrógrados, especialmente os que defendem o núcleo familiar tradicional que inexiste, já foi realidade há anos e hoje não representa o nosso modo de vida.

O machismo não nos deixa evoluir, a implicância com movimentos sociais, a adoração à meritocracia, o desejo pela vingança e pela pena de morte, a mercantilização da educação e da saúde, o desrespeito com a natureza, enfim. Enquanto não formos mais humanos, enquanto não pararmos de achar que o dinheiro é o centro de tudo e enquanto não atualizarmos nosso pensamento e não colocarmos as nossas necessidades dentro de uma visão atenta à nossa realidade contemporânea, não evoluiremos.

E a culpa disso não é do PT. É, sim, de cada um de nós.

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domingo, 30 de novembro de 2014

Um adeus sob lágrimas ao eterno Chaves

Por causa dessa vida corrida e cruel só soube da morte de Roberto Bolaños, o eterno Chaves, no sábado, dia 29. Fiquei sentido, afinal, o ator foi o responsável por alguns dos grandes momentos da minha infância e me acompanha até hoje, diariamente, na minha vida.

Mas foi somente neste domingo, 30, que a ficha caiu. Ao ver um vídeo produzido pelo SBT homenageando o ator e contando um pouco da trajetória dele, chorei. Mas chorei muito. Copiosamente. Solucei, abracei a minha mãe e chorei mais. Nunca, em toda a minha vida (graças a Deus), eu fiquei tão triste com a morte de alguém.

Cheguei a questionar à minha mãe: “Por que a gente chora por alguém que nem conhece?”. E ela respondeu: “Porque somos humanos. Somos sensíveis.”

Mas não era só por isso.

(Devo confessar para vocês que comecei, neste momento, a chorar de novo. Vai ser difícil escrever esse texto, mas vamos lá).

Chaves representa tudo o que há de mais importante na minha infância. Já contei em outras ocasiões aqui que eu nunca fui menino da rua. Minha diversão era ficar em frente à TV. Nem podia fazer algo diferente. E nessa realidade, Bolaños sempre foi uma das minhas companhias prediletas.

Cada situação, cada “pegação no pé” entre as crianças da Vila retratavam exatamente aquilo que acontecia na escola. Um coleguinha querendo tirar sarro do outro, alguém sempre tentando levar vantagem, outra pessoa que era a encarnação de alguma crença/lenda – tal qual a Bruxa do 71 – enfim... O que acontecia na Vila era mais ou menos o que eu vivia diariamente. No fim das contas, tudo terminava em brincadeira. Tudo era uma brincadeira. Com muita inocência, muitos sorrisos, muita diversão, muita inocência.

Ao chegar em casa, embora muitos dos meus colegas de classe já preferissem “Malhação”, eu ainda fugia da série da Globo. Junto ao meu café da tarde, normalmente pão fatiado com doce de leite, ainda vestindo uniforme da escola, estava Chaves. Depois Chapolin. Só fui conhecer “Malhação” depois que o SBT mudou o horário do seriado mexicano.

Cresci rindo das idiotices do Quico, das trapalhadas do Chaves e com a bondade maliciosa do Sr. Madruga. Me afino até hoje com os episódios do choque (Curto Circuito), em Acapulco e com um outro em que o Quico questiona a insistência do Professor Girafales de só presentear Dona Florinda com flores, enquanto essa sempre oferece apenas café ao namorado: tudo fruto da criatividade e do humor simples e familiar criado por Bolaños.

Por favor, poupem-me de acusações de machismo ou homofobia dos textos dele. Apenas parem de dar um tom político a uma série que nunca teve tal pretensão (embora nos fizesse ter nós na garganta com questões sobre a pobreza e a fome). Também não me façam crer ainda mais na chatice do mundo dizendo que temos que valorizar mais as coisas daqui. Sabem por quê? Porque o que eu mais valorizo de verdade, e o que mais importa para mim, é aquilo que está no meu coração.

O Chespirito, o Chaves, o Chapolin me fizeram dar sorrisos sinceros. Me trouxeram a companhia em momentos de solidão, foram meus amigos de brincadeira e sentaram-se comigo à mesa do café (na verdade, sentam até hoje). Esses são sentimentos tão sinceros quanto as lágrimas que derramei neste domingo.

Lembram do meu texto sobre a Hebe Camargo em que eu falava que um pouco da televisão brasileira havia morrido com ela? Então... a morte de Bolaños me fez ver uma dura realidade: aos poucos a minha infância – que existe em mim até hoje – também está morrendo. Pelo menos eu tenho as memórias felizes e esperançosas que me fazem, dia após dia, ser um adulto melhor.

Vá em paz, Roberto Bolaños. Porque desde que nasceu, você sempre trouxe mais paz e alegria para a nossa alma. E isso nunca poderá ser mudado.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Os lançamentos de Katy, Gaga e Britney



Vou falar dos novos (e mais recentes) lançamentos de três das maiores cantoras pop da atualidade: Katy Perry com Roar, Lady Gaga com Applause e Britney Spears com Work Bitch. Em comum, está o desejo das três em não arriscar; não fazer mudanças bruscas nas suas devidas sonoridades. Especialmente Katy Perry e Britney Spears. 

Ainda que essa reflexão tenha começado dessa forma, este não é um texto comparativo. É, quem sabe, uma espécie de “balanço”. Não tenho o objetivo de colocar no mesmo patamar, nem depreciar ninguém. Também não sou especialista: tudo é apenas a minha humilde opinião de alguém que gosta e acompanha o trabalho dessas três grandes vozes do pop internacional.


Katy Perry - Roar
Katy foi a primeira a lançar o single do seu novo álbum, Prism, e retornou com uma música fácil, de refrão contagiante e, posteriormente, um clipe engraçadinho e lúdico. Essas coisas soam familiares? Exatamente, lembram muito o antecessor Teenage Dream.

O que causou contrariedade em muita gente é que, nos teasers de divulgação de Roar, a nova música – e principalmente o novo álbum – eram caracterizados como trabalhos completamente díspares do mostrado no último trabalho de Katy. A peruca azul foi queimada, os doces enterrados e, ao final de tudo isso, surge um single totalmente “aplicável” a Teenage Dream. 

Também teve toda a confusão quanto a um possível plágio de Brave, ótima canção de Sara Bairelles. Uma suposição completamente tosca por vários motivos: a não ser pelo teclado demarcando o tempo nas estrofes de ambas as músicas, elas em nada se parecem. Brave, aliás, foi lançada em abril: quatro meses depois da finalização de Roar, segundo os produtores de Katy e a própria cantora. Sara, aliás, também achou a comparação absurda numa das entrevistas concedidas por ela em que o assunto surgiu na pauta.

Enfim, Roar pode até não ser tão diferente do que ouvimos em Teenage Dream, como as pessoas esperavam. Mas é uma ótima canção, contagiante, marcante, com vocais excelentes e uma produção magnífica.



Lady Gaga – Applause
Gaga anunciou o seu retorno de uma forma bem... Gaga. Bom... segundo prometido pela cantora, a lua entraria em eclipse solar, todos os vulcões do planeta entrariam em erupção ao mesmo tempo e os extraterrestres se revelariam. Ok, exagero. Mas, enfim, ela prometeu aquela revolução da música, que seria uma explosão de sei-lá-o-quê e... bem, a gente sabe e já previa, nada disso aconteceu.
Applause é uma música boa, criativa e, ao contrário do que dizem os haters, não é uma súplica de Gaga por atenção e aplausos. Eu achei, na verdade, uma canção que demonstra justamente aquilo que qualquer pessoa que trabalha com arte quer. É o combustível motivador para cantores, atores, musicistas, bailarinos, enfim... Quem trabalha com arte, cultura, vive de aplauso. Neste sentido eu acho a letra até uma representante da classe. Achei digna.

A batida também é excelente. O pop de Lady Gaga fica cada vez mais refinado. Embora as músicas do The Fame, com um ponto alto em The Fame Monster, tivessem sido mais “tragáveis” ao grande público, elas eram, também, mais “farofas”. Em Born This Way, a Mother Monster já trouxe canções mais bem produzidas e com arranjos e vocais mais complexos. E Applause é uma demonstração de que a musicalidade de Gaga está evoluindo sempre mais, apesar de suas extravagâncias.



Britney Spears – Work Bitch
Britney se revelou, em seu retorno, mais marqueteira do que foi em Femme Fatale. Colocou uma contagem regressiva em seu site, disparou sutis declarações nas redes sociais, liberou os comentários dos produtores e compositores que estão trabalhando no novo álbum e, claro, contou com a ajuda dos paparazzi documentando todos os seus passos.

Um dia antes da estreia oficial, eis que vaza Work Bitch. E o que era pra ser uma música com nova sonoridade, uma letra mais consistente que não ficasse falando só de paparazzi e pista de dança – coisas prometidas pelos seus produtores – se mostrou exatamente isso: um vazio na letra e no ritmo.
Na balada ela vai funcionar. Os aficionados por música eletrônica – aqueles para os quais letra e voz são apenas artigos de luxo numa canção – também vão se acabar. Mas para qualquer pessoa que seja um pouco mais crítica e menos paga pau de Britney Spears, ficou a decepção. A música é o Will.I.Am – principal produtor do álbum – cuspido e escarrado. Britney não canta: fala. E não há nada de novo. Mesmo no gélido e impessoal Femme Fatale, a princesa do pop trouxe elementos novos para a sua música logo de cara, com o dubstep em Hold It Against Me.

De repente, o pior dessa história com a Britney Spears seja a expectativa criada em torno de um novo trabalho dela. Ainda tenho a esperança que as outras músicas do álbum sejam mais maduras. O que imagino é que Britney tenha ficado com medo de errar, de não conseguir boas colocações em meio a tantos lançamentos de gente de peso. Aproveitou o sucesso estrondoso da péssima Scream & Shout para garantir-se no topo dos charts e lançou uma farofa autotunada para garantir seu espaço.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

"Círculo de Fogo" no Set

Depois de quase oito meses sem novas postagens, o Set Sétima volta à ativa. Dessa vez, parece, é pra valer!
E se você estava precisando de uma dica de filme para o fim de semana, fique ligado! O novo filme de Guillermo del Toro vale o ingresso e é uma clara homenagem aos filmes de monstros que são tão presentes no imaginário japonês, principalmente. Lembram de Godzilla?

Leia a crítica de "Círculo de Fogo" aqui!




quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A saga da casa própria e a dor de sonhar



Eu não tenho uma sugestão de como resolver o problema da falta de acesso à moradia no Brasil. É um direito de qualquer pessoa, mas embora tudo seja propagandeado com muito alarde, como se fosse muito fácil, a realidade não é assim.

Penso que todos têm o direito de morar em um lugar digno e humano, com um mínimo de conforto, organização, espaço e beleza. Mas a exclusão social começa quando o crédito só fica “acessível” a pessoas com renda menor em empreendimentos que não são casas, nem apartamentos, nem mesmo apertamentos: são lugares para dormir com um banheiro. Só.

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Não é exagero. É a realidade. E o mais triste é abrir o jornal e ver que a imprensa, em vez de criticar, compactua com isso chamando de “tendência”. Pior: “preferência”. Me diz, respondam com sinceridade: quem gosta de viver em uma caixa de fósforo?

Para ilustrar e também explicar o motivo do meu desabafo, vou contar o que está acontecendo comigo. 

No início deste ano comecei a sondar alguns amigos que compraram apartamentos recentemente para entender como tinha se dado o processo e estabelecer uma meta de poupança para conseguir dar entrada no meu imóvel. Um amigo me disse R$ 10 mil, outro R$ 8 mil e outra, que comprou na planta, chegou a pagar somente R$ 2 mil. Me animei e estabeleci que juntaria, até escolher a morada, R$ 10 mil. Achava um preço justo para entrada.
Assim, bolei uma estratégia para guardar dinheiro sem comprometer minhas finanças, dívidas e a minha vida. Fui negociar umas coisas pendentes e claro que nenhum banco ajuda no processo, né? Com o Bradesco, por exemplo, passei bons bocados e só fui atendido quando ameacei recorrer ao Banco Central. O Santander pode ser o motivo de outra dor de cabeça, que só vou descobrir no futuro, mas isso são outras histórias.

Vida financeira organizada, era hora de pesquisar construtoras, imobiliárias, projetos, zoneamento, etc. Fui listando algumas coisas, vendo o que eu podia e o que não podia, sonhando, olhando até que o fim do ano se aproximando e, com ele, o fim do prazo para juntar o meu dinheiro. Então já comecei a buscar contatos mais próximos, conversando com corretores e me mostrando interessado em alguns empreendimentos.

Hoje, quarta-feira, 21 de agosto de 2013, foi o dia que, mais que todos os outros (tive muitos outros dias de desânimo), caí em no mais profundo deles com essa minha jornada: esse meu empenho, esse esforço diário de economizar. Além de todos os desânimos com projetos e sonhos profissionais furados que já disse aqui, caí na real de que ter uma casa não é privilégio de quem ganha pouco.
Nessa hora lembrei-me da minha vida de funcionário do cinema, com um salário mínimo mensal. Nem pra se manter de aluguel esse salário daria, e eu também já disse isso aqui

Descobri que com a minha renda atual a entrada deveria ser, no mínimo, de R$ 50 mil. Isso mesmo. Mais de 50% do valor do imóvel. E eu ainda moro com meus pais e tenho condições de juntar mais dinheiro (situação discutível, mas não vou entrar em detalhes aqui). Imaginem quem mora de aluguel? Como vai conseguir juntar dinheiro para comprar uma casa? Quantos anos serão necessários? Quando vai conseguir? Do jeito que os preços aumentam (tanto das construções, quanto do aluguel), como conseguir morar em um lugar digno, da própria pessoa?
Felizmente esse é o menor problema que atravesso hoje na minha vida. Sim, é um problema. Ser impedido de adquirir algo, ter o que é seu, realizar uma conquista é um problema. Mas problema maior são as pessoas que não têm formação, vivem com um salário de miséria, já têm família e pagam aluguel.

Vivemos em um mundo muito desumano. Nenhum grande empresário ou bancário pensa nisso quando vê seu lucro reduzir 1% por causa da alta do dólar. Acham que é o fim do mundo. Daí demitem e aumentam os preços repassando ao proletariado o custo da sua ganância.
Não, minha gente. O capitalismo não é bom nem mesmo para quem trabalha, se rala, se esforça para conseguir algo. As historinhas de superação que você lê no jornal são somente anestésicos para lhe fazer acreditar que o mundo é justo.

Sinto lhes informar: não é. Não há justiça no mundo. E para quem é rico é muito fácil dizer que um sonho pode ser realizado com o mínimo de esforço. Você precisa se prostituir muito nessa vida se quiser conseguir algum conforto a mais. E enquanto os que têm o poder político e econômico não viverem a experiência de ver seus sonhos tolhidos, eles não vão fazer nada para mudar a realidade de quem trabalha de sol a sol para continuar a sonhar.