domingo, 4 de maio de 2008

Ler é chato


Nada melhor que um título para contradizer o que vou falar... ou não. Na verdade não se trata de uma contradição com relação às frases que vão compôr esse texto, mas uma contradição com o que eu penso.


Há duas semanas, se não me engano, houve uma Feira do Livro aqui em Joinville. Uma semana com exposições de livros, bancas com livros a R$ 3 e outras com descontos de 20 a 50%. Além disso, vários autores nacionais foram trazidos para falar de suas obras, da experiência no mundo das letras, para se aproximarem dos leitores... quais leitores?

Sim, eu pergunto pois, em entrevista com a presidente do Instituto Feira do Livro, ela me disse que pedia pelo amor de Deus para as pessoas que passavam, que parassem e ficassem ali pelo menos dez minutos para dar volume e não decepcionarem o escritor, porque não havia quase ninguém na conversa...
Outro agravante é a quantidade de livros vendidos. Além de ser baixo, as pessoas que iam à feira só eram atraídas pois se estava dando canetas de brinde... O livro não interessa... a caneta é mais útil...


Mas eu poderia pensar que isso aconteceu pela falta de patrocínio e, consequentemente, pela pouca divulgação do evento. Mas o que explica, então, a situação crítica das livrarias da maior cidade de Santa Catarina? Existem em Joinville três livrarias. Dessas, uma está quebrada e a outra só se sustenta pois é uma rede de lojas que vende, além de livros, CDs, DVDs, jogos etc. e tal. Resta somente uma que vive da venda de livros e papelaria, unicamente.


Bem, mas para não achar que a situação é só aqui em Joinville, eu tenho outro dado: a média de leitura do brasileiro é de 3 ponto alguma coisa livros por ano. Não chega a quatro livros por ano! A Colômbia tem uma média de 7 livros/ano. Agora lembrem do tamanho da Colômbia! Olha a situação social do país! E a gente lê menos que eles! Não menosprezando os colombianos, mas é que o nosso preconceito (pelo menos meu, para não generalizar), em relação à densidade populacional do país e às condições educacionais de lá faz com que seja um dado incrível e vergonhoso para nós. O que me deixou um pouco mais feliz é que, ainda dentro do Brasil, nós temos um estado chamado Rio Grande do Sul que tem uma média de leitura de 9 livros/ano. Isso é muito bom!


O que leva a tudo isso? Desculpem-me qualquer expressão xula que eu use aqui, pois esse assunto me revolta. Justamente porque não há hábito de leitura nas famílias e as pessoas dão desculpa que não têm mais tempo! Purrinholas que não têm mais tempo! Percebam a média de televisores que ficam ligados nos domingos vendo Faustão e Gugu! Vão conferir a quantidade de famílias vendo a novela das oito. E pior! Vão pesquisar pra ver a porcentagem de brasileiros que ficam viciados em Big Brother Brasil! Não estou aqui julgando o mérito desses programas. A questão é o tempo. Quem não tem tempo, tampouco pode se dar ao luxo de acompanhar essas programações.

Os jornais impressos estão definhando. As pessoas querem as coisas prontas, mastigadas. Economistas internacionais estão convencendo seus empresários a pararem de investir em ações de jornais como The New York Times e The Washington Post porque estão na pindaíba. Porque as pessoas dizem não terem tempo para ler.

Mas vamos voltar aos livros. As pessoas dizem que livros são caros, mas qual é o esforço que os jovens e as famílias fazem para adquirir um livro? Gastam-se dezenas de reais em filmes (piratas, muitas vezes), compra-se celulares do último modelo, tênis da marca mais cara, mesmo tendo trocentos em casa e não têm dinheiro para comprar livro? É caro?

Gente, a última vez que saí com meus amigos à noite eu gastei perto de R$ 100! Um livro você compra por R$ 20!

Daí eu tiro a conclusão: o livro não é caro. É caro se você não der importância a ele na sua vida. Não será caro um celular cheio de apetrechos se isso você definir como importante pra você. Assim como um livro não será caro se você definir como algo vital para seu intelecto e sua formação como cidadão.


Perdoem-me se deu a entender que eu acho tudo supérfluo e que a gente vai encher a barriga com livro, sem direito a nenhuma outra forma de lazer. Mas certamente as pessoas teriam pensamentos diferentes se o Brasil tivesse o hábito da leitura. Investem-se bilhões em alguma revelação do futebol, e eu que há sete anos estou tentando ajuda pra publicar meus livros não consigo! E não é só eu. Quantas pessoas no país inteiro têm esse sonho e são ignoradas? Deve ser porque um bom livro deixa as pessoas inteligentes e isso deve incomodar alguém. Livro ensina a pensar, a questionar, a investigar, e isso não é interessante pra alguns. Só pode ser essa explicação.

Mas se ninguém dá apoio, é necessário que parta de nós a iniciativa. Por que então, as nossas casas não são cheias de coisas para ler? Por que não existem revistas, jornais, livros espalhados pela casa? Por que as famílias não se sentam mais à mesa para ouvir uma boa história? Por que nós não fazemos alguma coisa? Como a gente quer que o Brasil seja um país melhor se nós temos um monte de analfabetos funcionais? Cadê o investimento no acesso dessas pessoas à educação e à literatura?


É por isso que cada vez mais estamos perdendo nossa identidade de brasileiros, sendo influenciados por outras culturas. É por isso que a cada dia que passa existem mais pessoas nas drogas, na marginalidade, porque não descobriram o prazer que existe por trás de cada página de um livro e procuram o prazer em outras atividades, muitas vezes perigosas. É por isso que as pessoas são enganadas, não sabem votar, não sabem cobrar de quem votam, não dão valor à educação. É por isso que existem tantos profissionais mercenários nas diversas áreas: porque entrou na profissão pelo dinheiro, unicamente, e não (também) para aprender cada vez mais e contribuir com a sociedade. É por isso que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Eu posso ter viajado um pouco, mas... desculpem-me, relevem. É um desabafo de quem acha que as melhores coisas da vida estão tão perto e a gente deixa escapar por entre os dedos. Infelizmente, enquanto não lermos mais, enquanto não endeusarmos mais a leitura e um bom livro, continuaremos sonhando com um Brasil e um mundo mais justo e mais inteligente.

domingo, 27 de abril de 2008

Stardust. O Mistério da Estrela


Galera! Antes de falar qualquer coisa, devo desculpas a meus poucos e, até em alguns casos, fiéis leitores que também são proprietários dos blogs que eu leio.
Minha vida anda um pouco agitada. É claro um pouco em razão do feriadão da semana passada e outro pouco pelos compromissos pessoais. A cada semana que passa fica mais difícil manter isso aqui, e mais ainda de ler meus blogs de costume, mas prometo voltar ao normal. Estou me programando e esse é meu objetivo a partir de hoje!
Enfim, muita coisa boa aconteceu e, entre as tantas coisas que eu faço, está, com certeza, a presença de algum filme. E dessa vez dentre os tantos que assisti resolvi falar de Stardust.

Eu peguei esse filme na locadora por ser fantasia e, quem me conhece sabe o apreço que eu tenho sobre esse estilo de história. E... bem, posso dizer que não me arrependi.
O filme é muito bom. Filmes e histórias desse tipo, em geral tendem a serem - em muitos casos - ridículos; e para não cometerem esse pecado a única saída é ser criativo. E isso é algo que eu consegui ver em Stardust.

A história fala de Tristan (Charlie Cox), um jovem que se apaixona pela menina mais bela da redondeza. Certa noite, os dois em um piquenique à luz das estrelas vêem uma estrela cadente e ele promete à amada buscar a estrela como prova do seu amor.
Com isso ele atravessa o muro que cerca a cidade e vai parar em outro mundo; um mundo de magia, encantos e bruxaria.
Juntamente com Tristan, os príncipes de Stormhold e a feiticeira Lamia (Michelle Pfeiffer) também buscam a estrela para fins pessoais. Todos se metem então em uma aventura perigosa e acirrada.

E o que concluir do "todo" do filme? Eu achei um filme típico de Sessão da Tarde. Ainda mais pela mania dos brasileiros de pôr subtítulo nos filmes ("O Mistério da Estrela" não está no nome orginal em inglês). Mas não um filme de Sessão da Tarde chato. É um daqueles raros bons que a Rede Globo decide passar após as suas enjoativas novelas.
Os efeitos especiais são bons, as paisagens muito bem escolhidas, a atuação de todos os atores é razoavelmente boa. Mas aí vale um destaque para Michelle Pfeiffer que encarnou a feiticeira vaidosa muito bem!
Há também momentos de humor que eu achei até que legais, mas, em alguns momentos, esse humor fica deslocado não condizente com o momento da cena.
A história é boa porque é bem contada. É um filme de início-meio e fim. Segue as linhas de roteiro justamente como o padrão hollywoodiano: o mocinho que ama e se aventura provocando um conflito que chega a um auge e depois se recupera. Do "príncipe encantado" com a missão de salvar a donzela. Do romance bem estilo conto de fadas mesmo. Isso pode derramar lágrimas dos mais emotivos e aplausos dos mais empolgados e a gente sai com a sensação de ter visto um filme bom.
Vale dar aqui uma nota: 8,5. Poderia até ser maior, se não fosse os dois erros grotescos de continuidade que eu consegui enxergar no filme. Tá certo que são detalhes se comparados ao imenso trabalho que exige um filme desse tipo, mas se ficaram tão perceptíveis assim, é porque faltou alguma coisa a mais.

Bem, vale conferir. Se já viram comentem. Se não viram, vejam e comentem. Se não viram nem querem ver, comentem mesmo assim...

E mais uma vez minhas desculpas pela demora nas postagens!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Falta de educação?

Antes de mais nada, meus sinceros pedidos de desculpas pelo atraso na minha postagem semanal.

Semana passada aconteceu uma coisa comigo que eu fiquei pensando seriamente com meus botões nos valores da nossa sociedade. Tinha um senhor em pé no ônibus lotado e ele estava segurando-se à minha frente. E eu estava sentado. Mas eu não dei lugar pra ele. Falta de educação? Foi aí que eu pensei: justamente eu, o cara que mais preza pelos valores humanos, pela inteligência, pelo respeito entre tantas outras coisas não envolvidas no caso... o quê me deu? O que aconteceu para que eu não desse lugar ao velhinho? Estava eu com febre? Não, eu lhes asseguro. Aconteceu que um monte de coisas passaram por minha cabeça. Um tanto egoístas, é verdade, mas verdadeiras.
Eu acordei às quatro horas da madrugada depois de ter dormido só quatro horinhas na noite anterior (é que eu chego em casa 23h da faculdade. Até pegar no sono, visto que eu ainda janto quando chego em casa, dá meia-noite), trabalhei a madrugada, a manhã e o comecinho da tarde ralado, cheguei em casa tinha mais tarefas da faculdade, dos meus compromissos externos e então embraquei no ônibus, no meu único momento de descanço onde posso fazer minha leitura com tranqüilidade, no pequeníssimo espaço de tempo que acho no meio da minha rotina. Além de ter pago um valor absurdo na passagem de ônibus o que me dá o direito de, ao menos, sentar-me.
Daí vocês podem pensar: mas que egoísta você, Juliano! Sim, chamem do que quiser. Eu mesmo me achei sem razão, mas não me arrependo, pois creio que aquele senhor estava, se não o dia inteiro, mas a maior parte do dia em casa descançando e acordou a hora que sanou todo seu sono. Ele iria também dormir, com certeza, no momento que o cançasso se abatesse sobre ele novamente, enquanto eu ainda teria que esperar a minha aula - que eu pago caro - terminar para então ir pra casa e brincar de dormir. Se isso tudo não bastasse tinha um monte de gente nova sentada também ali por perto. Porque só eu tinha que ceder o lugar? Será que todos pensaram como eu? Então isso é um mal da sociedade e não da minha personalidade. E se todos ficarem tocando as responsabilidades um para o outro alguém vai sair prejudicado; nesse caso, o velhinho.

Mas há uma boa razão para eu ter continuado no meu banco (além de todas as razões egoístas que mencionei). Certa vez eu fui dar lugar a uma senhora e ela me disse, letra por letra, a seguinte frase: "Desculpe, meu filho. Eu não sento em banco quente". Além de outra que colocou jornal no banco temendo que eu tivesse alguma doença infectosa nas minhas partes. Outras várias que me xingaram dizendo que eu tinha chamado elas de velhas... Enfim, é bem verdade que todas essas eram velhas e não velhos. E isso faz uma grande diferença. E é verdade também que há excessões: nem todas e todos que eu cedi lugar foram mau educados. Mas o fato é que no meu estado de cançasso daquele dia eu lembrei só dos grosseiros.

De tudo isso não faço idéia que conclusão tirar. Mas eu tenho certeza que se fosse uma grávida, uma mãe com criança no colo, alguém obeso ou deficiente, eu certamente me sentiria mais motivado ao gesto de educação. Talvez também em outro dia, com menos cançasso ou a passeio eu também me levantasse, mas se ocorrer de novo o mesmo fato eu, por mais que ache errado, vou pensar algumas vezes antes de levantar-me...

domingo, 6 de abril de 2008

A grife da Sétima Arte

Eu chego a ter um orgasmo quando entro num cinema. É tudo muito bom. O lugar é confortável, aconchegante, escurinho e bem decorado. Tem comida boa, muita pipoca e gente bonita. E o melhor: a gente vê filme lá.
Na minha opinião um dos poucos lugares perfeitos pra tudo na vida. Eu prefiro cinema do que agito de balada ou uma noite de sono perdida. Lá eu exercito minha imaginação, me encho de emoção com aquele som alto e bem definido onde cada detalhe sonoro é retratado e cada estrondo sonoro chega a tremer a sala.
Eu pensei em escrever sobre o filme que vi na semana passada: Juno. O filme foi indicado a Oscar e tudo, é muito bom, mas eu vou ficar devendo essa resenha pra vocês. Isso porque hoje fui devolta ao cinema e assisti Jumper. Outro filme altamente recomendável. Enfim... acho que filme é sempre bom e diante dessas idas ao cinema, não pude deixar de manifestar a minha alegria de estar lá. Companhia? Pra quê? Todo mundo se assusta quando digo que vou sozinho, mas a história que eu vou ver e viver é minha companhia.
Eu posso afirmar que eu sou um eterno admirador de cinema. Não tenho um arquivo cinematográfico muito grande na memória. Algumas pessoas na faculdade são fodásticas nesse quesito e eu sinto inveja, no bom sentido, claro. Eu nem tampouco gravo nome de atores e diretores. Mas o que eu me importo mesmo é com a qualidade. Quando o filme consegue mexer com algo aqui dentro... quando a gente sente aquela tensão, aquele medo, aquela emoção, é porque o filme tá fazendo efeito... é como um remédio mas ele é sempre bom.
E o melhor de tudo é que a gente sente, vê e ouve tudo isso numa sala escura e cheia de gente. Hoje, vendo Jumper, viajei o mundo inteiro só indo para o centro da cidade. Sentado numa poltrona me diverti a beça e voltei pra casa num clima bem típico de final feliz de filme: sorriso no rosto e o vento agitando os cabelos.

Não é à toa que eu montei meu quarto num modelo de sala de cinema. Comprei uma TV grande, home-theater e pintei de azul com uma parede mais escura. Black-out na janela, e quando não posso ir ao cinema, tenho um cinema em casa.

Meu maior sonho não poderia ser outro: gravar um filme. Eu tenho livros que eu escrevo e onde consigo pôr essa imaginação que tanto viaja quando vejo fimes pra funcionar. No fim, acredito que com essa moda de adaptar livros pra telona eu também vou ter minha chance. Sonhos, sonhos... mas como não se paga para tê-los, não vejo porque parar de pensar assim.

São poucos os momentos bons que eu tenho na minha vidinha pacata e por vezes sem graça. Mas eu dou graças a Deus por ter oportunidade de viver um pouco e me contentar com poucas coisas assim... que me fazem bem. Quando a gente consegue se animar com algo que fazemos ou gostamos, isso é um bom passo para ter a cada dia um motivo a mais para ser feliz.

domingo, 30 de março de 2008

O Amanhecer

Essa semana estava eu em mais um dia de trabalho - aquele que eu madrugo para ir cumprir minhas obrigações profissionais - e tive a honra de presenciar uma aurora espetacular. Cheguei a comentar com um colega meu que existem poucas coisas tão lindas na vida quanto um amanhecer. E por vezes nem nos damos conta que, se tirarmos um dia de nossa vida para presenciar um amanhecer vamos nos deparar com um dos espetáculos mais incríveis da natureza. Eu iria descrever para vocês, mas naquele momento, algo gritou mais forte dentro de mim, e saiu algo mais ou menos assim:

A noite ainda não foi embora
Mas lá fora
Tem luz já clareando o céu
Como flechas gigantes atiradas
No azul-escuro do firmamento
E as estrelas perfeitamente ordenadas
Começam a se apagar na luz do seu alento
O espaço livre numa briga de cores
Desde o preto até o branco no horizonte
E faixas de luz emanam cortando tudo isso
Numa reta sem fim até não se sabe onde


Não há vento, mas os pássaros já cantam
E comemoram o dia que vem vindo
As nuvens não existem, nem atrapalham
E abrem espaços nessa tela de magia
Onde misturas, formas e cores dão luz
A um novo dia
E transformam a brusca madrugada
Numa manhã, aos poucos, ensolarada
E em mais um dia que a vida se renova

Juliano Reinert

domingo, 23 de março de 2008

A Semana Santa de 30 dias


Pois bem galera... dia 23 de fevereiro eu comecei novamente a tomar frente de um dos (se não O) projeto que mais eu amo fazer: o Teatro da Paixão de Jesus. Sei que o tempo de preparação para um trabalho dessa complexidade deveria ser beem longo, mas não é a minha realidade.
Eu dirijo há cinco anos uma peça organizada pelo grupo de jovens que eu participo e hoje sou coordenador. Ninguém ganha nada com isso, é tudo voluntário. Ao contrário. Fazer essa peça já me encheu de prejuízos, mas eu não reclamo, porque amo fazer e organizar.
Esse ano foi o que tivemos o maior apoio. E se eu soubesse que o pároco iria apoiar tanto, eu teria me organizado antes. Mas como eu iria comandar uma peça que depende dos grupos de jovens sem nem mesmo ter terminado o carnaval? É aquela história: no Brasil o ano só inicia depois do carnaval... ridículo isso! Mas enfim, é nossa realidade. A galera tava de férias, o carnaval foi cedo e assim, tive pouco tempo pra organizar.

Mas pelo primeiro ano fizemos uma apresentação sonorizada. Antes era tudo no "gogó". Teve cenas de lembranças num telão e Maria cantando maravilhosamente com Jesus no colo.
Da história da peça, esse ano trabalhamos com o terceiro roteiro... mais um escrito por mim. Não estou me gabando até mesmo porque não tem nenhum especialista em roteiro para criticar meus escritos, mas apenas para contar a vocês que além disso, eu, como já disse, dirigi o teatro, atuei como Jesus e ainda fiz o cartaz de divulgação e corri atrás - junto com o padre - do som.
Falando assim até parece que eu fiz tudo sozinho... nem ouse pensar nisso! Teve a galera que além de atuar, carregou bancos e mesas para montar e pregar os palcos num seviço duramente braçal (o qual eu tive pouca participação) para ter onde desenvolver-se as cenas.
Tem o povo que ajudou nas instalações, que quebrou a cabeça para ver a melhor forma de erguer a cruz, os guerreiros que, em cima da hora, tiveram que improvisar um som para as ruas, as meninas pra lá de empenhadas com o figurino, maquiagem, música e cenário... enfim; um trabalho realmente de equipe.

Para isso foram necessários ensaios demorados e urgentes pelo pouco tempo que tínhamos para preparação. A falta de volutários e a falta de comprometimento também nos preocupava muito. Mas ao final deu tudo certo.

É uma felicidade muito grande saber que existem pessoas que compram a loucura com a gente e mergulham nessa. Queria agradecer a cada um em especial e dizer que sem vocês não bastaria eu sonhar.

Ah! E já ia me esquecendo. Sexta foi essa apresentação maravilhosa que emocionou muita gente e acreditem, os sorrisos, as lágrimas, os sustos, os aplausos são pagamentos que valem muito mais que dinheiro e pagam todo o nosso cançasso.
Mas no sábado, onde celebra-se a missa da Vigília Pascal, o Judes preparou a liturgia. Ficou tudo perfeito! Destaque à Natália, menina eficientíssima (se é que existe essa palavra) que decorou e declamou a passagem da Criação do Mundo segundo o Gênesis. A dança ficou muito linda e agradeço a cada dançarino e dançarina pelo empenho.
No final fomos homenageados, mas a nossa maior alegria é saber que tudo isso torna o nosso grupo cada vez mais, um grupo de amigos-irmãos.

domingo, 16 de março de 2008

O preconceito musical




Bem galera, não tenho idéia de nada melhor para postar porque minha cabeça está cheia e meu tempo é curto. Mas vou compartilhar algumas reflexões que fiz essa semana e que acho que é sempre interessante discutir essas coisas. A questão do preconceito. Sabemos que seja lá do que for, preconceito não é uma coisa legal. Mas vou falar de um que eu vivo: o preconceito musical.

Eu fico puto com uma coisa: tem tanta porcaria por aí e as pessoas ficam me julgando pelo que eu gosto de escutar! Poxa vida! Eu vou citar um exemplo: o funk. Esse é um estilo musical que eu acho medonho, de mal gosto e porque não dizer uma afronta à capacidade humana de produzir coisas construtivas. Mas eu sei olhar os dois lados e conheço alguns funks que não têm aquelas letras baixas.
É a primeira vez que falo isso. E... tá certo que estou falando na internet, pra todo mundo ler, justamente a primeira vez que falo desse jeito. Mas há uma diferença básica entre o que falo de funk e o que as pessoas falam do que eu escuto. Eu não julgo o funkeiros e funkeiras e para tirar tais conclusões eu me dei ao luxo de ouvir um álbum inteiro. Então não é preconceito e sim um conceito formado. E tem um monte de coisa que não gosto e nem me dou ao trabalho de ouvir. Mas não fico julgando, até mesmo porque não tenho argumentos, afinal, não conheço!
Vamos falar às claras, então: Juliano, qual o preconceito que tu passas? Bem, eu gosto de ouvir Wanessa Camargo. Sei que quem leu isso explodiu em risadas agora e ficou pensando: "puxa vida, não tinha algo melhor para escutar?". Se você pensou isso, parabéns! Você é um preconceituoso! A não ser que você conheça realmente a carreira dela para tirar tal conclusão. Eu não vou defender ela aqui, pois não é o objtivo. Mas para que fique claro, Wanessa não é mais a mesma desde que gravou "O Amor não deixa", seu primeiro hit que, aí nem eu gostava da "filha do Zezé".
Eu digo isso pois existe na nossa sociedade alguns esteriótipos tais como: rock é coisa de jovens e adolescentes, funk e hip hop é coisa de puta e maconheiro, sertenejo é coisa de velho e por aí vai. Aí entra aquelas coisas do tipo: Wanessa Camargo é coisa pra criança, mulher e gays... Bem, até mulheres sofrem de preconceito. Já ouvi relatos de meninas serem chamadas de lésbicas por gostarem da referida cantora.
O que faz as pessoas pensarem isso? O que tem na cabeça das pessoas para dizerem tais coisas? A música é algo muito pessoal. Como o banho. Uns preferem mais quente, outros gostam mais frio. Uns mais demorado, outros desejam ser rápidos. É muito individual. Da mesma forma, a música reflete a nossa personalidade e a gente se identifica por uma série de fatores. Não existe um dia que a gente coloca um monte de CDs na nossa frente e escolhe o que a gente vai gostar e ouvir dali em diante. É por empatia, identificação. Quem fala atrocidades e define esses jargões para ouvintes dos diferentes tipos de música é porque não entende nada dessa arte.
Nenhum crítico musical fala de algo no achismo. Ele ouve para tirar conclusões. As pessoas deveriam começar a fazer esse exercício. Assim, quem sabe, todos se respeitariam mais e ouviríamos músicas de melhor qualidade no nossa dia-a-dia.