segunda-feira, 30 de julho de 2012

Anunciado o terceiro filme de "O Hobbit"

Desde o final da trilogia do Anel falava-se a respeito de uma adaptação para a pré-sequência de "O Senhor dos Anéis" - "O Hobbit" - a história de como Bilbo Bolseiro encontrou o Anel do Poder e ajudou os 13 anões liderados por Thorin, Escudo de Carvalho, a recuperar o tesouro roubado pelo dragão Smaug e escondido no interior da Montanha Solitária.
Mas pendências judiciais, a crise econômica da MGM - um dos estúdios envolvidos no projeto - a incorporação da New Line pela Warner Bros., entre outras questões, levaram os planos de uma adaptação para o lixo, sendo resgatados apenas alguns anos depois para passar por tantos outros entraves até, enfim, começar a ser rodado.

Eis que, de lá para cá, para um filme que corria o risco de não existir, até que "O Hobbit" tem se saído mais pioneiro do que imaginado. Além de ser gravado em 3D, o novo projeto de Peter Jackson será exibido nos cinemas na velocidade de 48 quadros por segundo (o dobro do comum, que é de 24 quadros/segundo), e, agora, não serão mais dois filmes, e sim, três.

A seguir, o comunicado oficial, feito pelo próprio Jackson, diretor dos longas:

É apenas no final de uma filmagem que você finalmente tem a chance de sentar e olhar o filme que você fez. Recentemente Fran, Phil e eu fizemos exatamente isso quando assistimos pela primeira vez uma edição preliminar do primeiro filme – e um grande pedaço do segundo. Nós ficamos realmente satisfeitos com a maneira com a qual a história se agregava e em particular com a força dos personagens e o elenco que os trouxeram à vida. Tudo isso deu origem a uma questão simples: aproveitamos essa oportunidade para contar mais dessa história? E a resposta, da nossa perspectiva como diretores e como fãs, foi um ‘sim’ sem restrições.
Nós sabemos quanto da história de Bilbo Bolseiro, o Mago Gandalf, os Anões de Erebor, o surgimento do Necromante e a Batalha de Dol Guldur iria continuar sem ser contada se não aproveitássemos essa chance. A riqueza da história de O Hobbit bem como alguns dos materiais relacionados nos apêndices de O Senhor dos Anéis nos permitem contar a história completa das aventuras de Bilbo Bolseiro e a parte que ele representou na algumas vezes perigosa mas sempre excitante, história da Terra-média.

Desta forma, sem mais delongas e em nome da New Line Cinema, Warner Bros. Pictures, Metro-Goldwyn-Mayer, Wingnut Films e o elenco e equipe dos filmes “O Hobbit” eu gostaria de anunciar que os dois filmes se tornarão três.

É uma jornada inesperada de fato, e nas palavras do próprio Professor Tolkien, “um conto que cresceu ao ser contado”
Se antes, para muitos, até mesmo dois filmes era um exagero diante do tamanho do livro, três é ainda mais absurdo. Mas é importante ressaltar que a (agora) trilogia não vai contar somente os fatos relatados no original. O filme se propõe a acompanhar Gandalf nos "sumiços" dele, inexplicados no livro. Para isso, será necessário falar do Conselho Branco e a expulsão de Sauron da fortaleza em Dol Guldur, além de outras explicações contidas nos apêndices de "O Senhor dos Anéis".

Os longas devem contar, ainda, com as filmagens que fariam parte de uma versão extendida de "O Hobbit". As novas cenas serão gravadas por volta de maio do ano que vem. Para isto, estão sendo negociados o prolongamento do contrato com os atores e demais envolvidos no projeto. 

Ficamos na torcida para que este novo material nos traga mais informações úteis, existentes no universo criado por Tolkien, e com qualidade.

"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" será lançado em dezembro deste ano. A segunda parte, "O Hobbit - Lá e De Volta Outra Vez" deve chegar aos cinemas em dezembro de 2013. A terceira parte, ainda sem nome, está programada para o segundo semestre de 2014.

Com informações do site Valinor e Omelete.

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sábado, 28 de julho de 2012

Você precisa VER: "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"


A trilogia "Batman" de Nolan nos leva a uma discussão interessante a respeito dos valores morais de uma sociedade. Em "O Cavaleiro das Trevas", o prefeito de Gothan City pergunta a Harvey Dent se ele está preparado para pagar o preço da honestidade, ou algo desse tipo. Ele continua, dizendo que não sabe até onde aquilo será bom para cidade, a partir do momento em que as pessoas começarem a sentir o "bolso mais leve".

Essa questão é muito pertinente no mundo em que vivemos. As pessoas estão muito preocupadas em se dar bem, pagar menos, tirar vantagem, sair com o lucro. E jamais pensam nas consequências dessas atitudes na sociedade. E não falo somente dos políticos, pois eles são fruto de uma sociedade mal educada e mal preparada para pensar e viver questões políticas que moldam o nosso dia-a-dia.

Assim, quando vemos o Batman tão envolvido em questões políticas e econômicas, percebemos que o filme é deveras adulto, complexo e extrapola o mundo da imaginação infantil, que é extremamente explorado nos universos dos super-heróis. Isso afasta muita gente do Batman de Nolan, creio eu; porque ele nos faz pensar, mexe com política e com assuntos que ferem a sociedade.

O Coringa fazia tudo sem motivo, apenas por prazer; e não chega a ser tão cruel como Bane, o vilão desta terceira parte da saga, que tem um objetivo traçado. E é essa crueldade que reparamos na maioria - sim, maioria - da sociedade brasileira e mundial. Todo mundo quer sair ganhando. E quando acusamos alguém disso, a pessoa entra na defensiva justificando que não vai ser tola de dar dinheiro para quem tem muito. Mal reflete esta que aquela outra só tem muito porque ambas pensam exatamente da mesma forma.

E assim caminha a humanidade, incapaz de observar que atitudes heróicas não dependem de grandes feitos, e o próprio Batman reconhece e alerta para isso, no momento em que revela que um herói é todo aquele que simplesmente coloca um casaco numa criança para dar a ela a esperança de que tudo vai ficar bem e que não estará sozinha.

Que Gothan City nos ensine uma lição e que Batman nos inspire muito além da ficção.

Por este motivo e pela própria qualidade técnica e artística de "O Cavaleiro das Trevas Ressurge", vale a pena você ir ao cinema e conferir este majestoso trabalho. Uma trilogia de qualidade e um desfecho à altura.

Para quem quiser ter uma ideia do que vai encontrar, pode ler a crítica lá no Set, de onde foi extraído a primeira parte deste texto. Bom filme!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Valente" no Set

Os estúdios Pixar retornam à ativa com "Valente", a história da princesa Merida que desafia as leis do reino e luta pela sua própria mão, a fim de evitar o casamento precoce. Apesar de destemida, precisa se submeter às vontades de sua mãe, Elinor, que desaprova o comportamento da filha.
Para resolver o problema, Merida pede ajuda de uma bruxa, com a esperança de que sua mãe mude de ideia. Isso acaba tranformando Elinor em um urso e levando a princesa a ter que buscar uma solução para o problema que criou.
A crítica completa está lá no Set! Não deixe de ler!


quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Cidade da Dança

Joinville tem alguns títulos conhecidos em toda Santa Catarina: Cidade dos Príncipes, das Bicicletas, das Flores e da Dança. Destes, os dois primeiros talvez sejam os que têm menos razões para existir. Apesar de, historicamente, a então Colônia Dona Francisca ter sido um pedaço de terra oferecido como dote de casamento à princesa Dona Francisca, eles jamais estiveram aqui. As bicicletas tiveram sua época, mas hoje a cidade é tomada pelos carros; e algumas fontes chegam a dizer que Joinville é o município brasileiro com o maior número de carros no país, proporcionalmente à sua população, claro.

Mas Cidade das Flores é algo que já podemos relevar. Apesar de não ser tão florida quanto era nas primeiras décadas de existência, a maior cidade catarinense realiza um dos mais antigos e mais tradicionais festivais dedicados às flores no Brasil. Mas é como Cidade da Dança que Joinville encontra o título mais definidor da sua vocação cultural.
Além de abrigar a única filial da Escola do Teatro Bolshoi fora da Rússia, Joinville promove o maior Festival de Dança do Mundo. Bailarinos de várias cidades e nacionalidades vêm para cá assistir, aprender e se apresentar em palcos espalhados por toda a cidade: praças, shoppings, hospitais, pátios das indústrias (que aqui tem aos montes) e o coração de tudo: o Centreventos Cau Hansen (foto abaixo), onde ocorre as noites de abertura, de gala, encerramento e as mostras competitivas.
Os pequenos também têm seu espaço. No Teatro Juarez Machado, crianças apresentam os passos ensaiados com dedicação e responsabilidade, numa demonstração de dedicação de colocar inveja em qualquer marmanjo.

Centreventos: a Arena Multiuso palco das principais
apresentações do Festival

A Feira das Sapatilhas, além de ser ponto de encontro de todas as pessoas que fazem e prestigiam essa festa, vira um shopping de artigos para dança, sempre ao som das músicas que embalam as coreografias do palco instalado lá.
Tudo se tranforma. São dez dias que Joinville respira cultura, tão em falta no dia-a-dia daqui. Quem, em dias comuns, não se mostra nem um pouco interessado em qualquer tipo de arte, é pego de surpresa tendo a atenção presa em alguma atração das tantas espalhadas pela cidade. Ainda que habitualmente os joinvilenses não sejam tão adeptos e receptivos a programas culturais, esta festa é aceita, celebrada e vivida com entusiasmo. E não falo de pouco entusiasmo: são 30 anos de Festival. Três décadas que os maiores nomes da dança nacional e internacional falam, conhecem e se apresentam em Joinville.

Aos que vivem aqui e não sabem dar um passo de qualquer tipo de dança, resta dançar com os olhos. Sim, o brilho do olhar dança no ritmo da coreografia assistida. Ao final, depois do som da música e do silêncio da plateia, vem os aplausos. Aplausos a algo maravilhoso que acontece por aqui e que nos enche de alegria e orgulho de morar na Cidade da Dança.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Regras de conduta no cinema

Ir ao cinema é algo mágico. Eu já disse isso aqui. Mas eu não teria escrito um texto como este se eu já tivesse tido a experiência de estar "do outro lado do balcão". O cinema é um lugar projetado para você se sentir bem e viver experiências sensoriais particulares, proporcionadas somente em um lugar como este. Mas a arquitetura não é capaz de fazer as pessoas serem mais educadas e terem o mínimo de gentileza para com os outros espectadores e, principalmente, para com os funcionários do cinema.

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Sei que muitos dos que lerem este post não precisam de tais recomendações. Mas eu preciso escrever para que exista uma listagem como esta na rede. De repente, pode ser que alguém encontre, julgue útil e divulgue em uma exibidora de cinema qualquer. Da mesma forma, sempre há a possibilidade de um mal educado de plantão encontrar um texto como este. De qualquer forma, lá vão os tópicos:

1 - Quando for ao cinema, VÁ AO CINEMA!
Sei que é muito legal reunir os amigos, a família, namorar ou qualquer atividade social. Mas DENTRO de uma sala de cinema não é o lugar de você colocar a fofoca em dia, fazer piadas, tirar sarro, fazer cócegas, lavar a roupa suja ou fazer festa. Da mesma forma, é agradabilíssimo ir ao cinema e levar uma pipoca ou salgadinho para comer durante a projeção; mas, ainda assim, você está em um CINEMA, não numa Praça de Alimentação. Logo, NÃO É PIQUENIQUE. Evite fazer barulho e tenha o filme como motivo central de ter saído de casa. A pipoca e a companhia contam muito, eu sei. Mas elas não devem ser o motivo real de você estar no CINEMA. Se for, prefira um filme em casa ou qualquer outra atividade. Cinema é lugar de silêncio.

2 - Cinema não é motel
Óbvio que o escurinho é tentador e muitos vão em casais para o cinema. Ainda assim, crianças, famílias, idosos e pessoas com diversas orientações religiosas frequentam o cinema e não gostariam de participar do seu fetiche. Um beijo de vez em quando é romântico. Mão boba (pra mais) é falta de respeito. E vale sempre lembrar o ítem 1.

3 - Conheça seus direitos
É sabido que cinema não é, financeiramente, um programa muito familiar, e aquela meia-entrada sempre ajuda nas contas. Mas não vá ao cinema se achando um advogado. Procure conhecer as leis de meia-entrada, que possuem adendos estaduais e, muitas vezes, municipais. Além disso, decisões judiciais costumam favorecer as exibidoras a fazer exigências adicionais. Localize o cinema que você pretende frequentar e se informe das regras de meia-entrada. Assim, você evita desgastes e contratempos, minimizando o estresse dos funcionários do cinema e evitando situações ruins num momento de diversão.

4 - Seja honesto
As velhas regras de educação sempre valem. Não procure bancar o espertinho para garantir meia-entrada. Falsificação de documentos é crime. Falsidade ideológica também. E tudo isso é praticado por pessoas desonestas querendo se dar bem e pagar meia-entrada. Exercite sua cidadania, evite chateações para você e para os funcionários do cinema.
Além de falsificar documentos, não compre meia-entrada nas máquinas de autoatendimento se você não tem direito a ela. Não fure filas. Não ocupe poltronas que não as que você comprou (no caso de poltronas numeradas). Deste modo, ninguém sai prejudicado em seu momento de diversão: nem você, nem os funcionários do cinema, nem as outras pessoas que estão frequentando o local.

5 - Decida-se antes de entrar na fila
Não deixe para escolher o filme no caixa da bilheteria. Isso atrapalha o atendimento e causa morosidade na fila: todo mundo pode se atrasar para sua sessão; inclusive você.
E muito importante: mais que decidir antes de entrar na fila, entre na fila com certa antecedência de começar a sessão! O seu atraso não é culpa do atendimento demorado, nem do tamanho da fila: atraso é culpa somente sua!

6 - Seja educado!
Funcionários do cinema não são seus escravos. Portanto, SEJA EDUCADO. Ninguém está lá querendo que você não assista aos filmes. Muito pelo contrário. Grosseria não vai fazer ninguém se sensibilizar com seu problema e te ajudar. Seja sincero e honesto que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso (assim como o seu) vai estar à sua disposição.
Jogue o lixo no lixo. Evite desperdiçar alimentos, jogando pipoca no chão. Controle o ímpeto de bagunça dos menores (as crianças não costumam "pintar e bordar" na sua casa, certo?). DESLIGUE O CELULAR (nada de "modo silencioso"); desconecte-se do mundo lá fora enquanto você estiver numa sala de cinema. Afinal, se você tiver alguma pessoa próxima em estado terminal, você não estaria se divertindo, certo?
Seja gentil: ceda sua vez, respeite os mais idosos, portadores de necessidades especiais.
NÃO CALCE SUAS CRIANÇAS COM TÊNIS QUE BRILHAM!
Tenha em mente que você está num lugar público. Se você tem qualquer tipo de repulsa em sentar ao lado de um desconhecido, você está no lugar errado. Aquela história de "deixar uma poltrona vazia" não é gentil, uma vez que, de poltrona em poltrona, muitas famílias ou casais serão obrigados a sentar separados ou nem poderão ver o filme que programaram.

7 - Em síntese: NÃO FUME, NÃO CONVERSE, DESLIGUE O CELULAR, NÃO SE ACHE O ADVOGADO, NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO, SEJA HONESTO E EDUCADO.

Num local público, as boas experiências só podem ser plenas se todos colaborarem com educação e honestidade. Caso contrário, não há tecnologia e arquitetura capaz de tornar a sua diversão um momento compensador.

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sobre filmes dublados e a decadência da experiência cinematográfica no Brasil

Se aceitarmos a afirmação de que a vida é uma montanha-russa, a existência do planeta, pelo menos em termos artísticos, está em queda-livre. E essa discussão gera reflexos em diversos setores da sociedade, não somente no que diz respeito ao assunto-tema deste post.
Estamos percebendo um aumento desrespeitoso de cópias dubladas dos filmes em nossas salas de cinema. Isto é apenas mais um indício de como o cinema está se voltando, cada vez mais, a uma mera atividade de lazer. Ou seja, para grande maioria da população, ir ao cinema está se tornando tão profundo e intelectualmente instigante como jogar peca. E a indústria do cinema, cega, não percebe que isso pode levar à derrocada desta arte no Brasil.

Eu não critico a Indústria Cultural e, especificamente, a Indústria do Cinema. Entre tantas coisas que são feitas nesta área, existem muitas porcarias; mas existem, também, grandes produtos (sim, produtos) que nos levam à reflexões interessantes a respeito da sociedade e do comportamento humano, além de nos levar a vivenciar experiências artísticas fascinantes. Esta Indústria, aliás, é que tornou possível, inclusive, o cinema não-comercial, chamado "cinema-arte". E também ela que escreveu a história da Sétima Arte. Portanto, não está - somente - no fato de, a priori, ser uma indústria, a culpa por o que está ocorrendo com a vivência cinematográfica.

É um tiro no próprio pé. As distribuidoras brasileiras estão dublando os filmes para "atarir mais público". E é incrível como tais empresas são tão seletas, taxativas e radicais nas suas decisões, se mostram tão duronas e exigentes a respeito das estratégias comerciais, de distribuição e afins e soem tão ridículas na hora de tomar tais atitudes. Acontece que este público não é o que está semanalmente no cinema, nem o que vai comprar o DVD e, se não comprar, vai à locadora alugar. O público que está sendo atraído para o cinema por conta dos filmes dublados é aquele que só vai à sala escura quando tem um filme comercialmene alucinante, que todos estão vendo, virou modinha e não quer ser o único a não assistir. Além, é claro, de quase sempre, ser um filme repleto de explosões ou contar, no elenco, com algum artista popularmente conhecido por alguma historinha boba. (Digo isso porque este público não está nem aí pra Meryl Streep, por exemplo, mas sim para Kristen Stewart).
Estas pessoas, se gostarem do filme, vão baixá-lo da internet, ou comprá-lo pirata. Quando não, podem até gravá-lo no cinema e distribuir para os amigos. E é para essa gente, que não está nem aí para todos os aspectos psicológicos, antropológicos e artísticos do cinema, que as distribuidoras brasileiras estão se voltando.


Em "Enrolados", da Disney, Luciano Hulk dublou o Príncipe.
Além de a dublagem, por si só, já ser horrível, a distribuidora
nem se deu ao trabalho de contratar um dublador profissional

Eu não digo que não deva existir a opção de filmes dublados. Minha mãe, por exemplo, tem dificuldades de acompanhar a legenda. Mas ela está no grupo de pessoas que já citei: não está nem aí para as questões artísticas da Sétima Arte. Ela raramente se interessa por um filme e, quando se interessa, pouco tem a ver com as questões artísticas, baseadas em construção de personagens e roteiro de um longa-metragem.
Mas existe gente que não tem dificuldade nenhuma de acompanhar a legenda, a não ser pela preguiça. E é esta preguiça que faz com que a pessoa pouco esteja se importando com o trabalho de quem esteve envolvido naquele projeto para torná-lo uma experiência interessante.
Assim, o trabalho dos sonoplastas, editores de som, dos fonoaudiólogos que auxiliam os bons atores a trabalharem sua voz em prol da construção dos personagens, fica esquecido por causa da preguiça de muitos, e as distribuidoras brasileiras não estão nem aí para este trabalho técnico e artístico. Dão de ombros à dedicação e atenção de centenas de profissionais para atender aos caprichos de uma maioria preguiçosa.
Aliás, como bem lembrou o crítico Pablo Villaça, de quem tenho grande admiração e já discorreu diversas vezes sobre este assunto, o aspecto sonoro dos filmes é tão importante que até existe uma premiação específica para isso no Oscar.

Daí entram as consequências sociais desta prática que mencionei lá no início do texto: no mesmo instante que identificamos que a solução para nosso crescimento enquanto seres humanos reside no esforço, na educação, no senso crítico e na sensibilização pela arte, somos empurrados para as salas de cinema sem ter que praticar nada disso: não precisamos ler, nem compreender outras culturas (afinal, no idioma original não são usados expressões, nem gírias brasileiras) e somos dispensados do senso crítico, já que grande parte do trabalho original não poderá ser conferido porque ele foi deletado junto com o áudio original. Deste modo, vivenciamos uma inversão de valores. Aqueles que querem silêncio no cinema são tidos como vilões, e os que conversam são as vítimas daqueles que preferem o silêncio. Sim, eu tive a horrível experiência de passar por uma situação dessa.

Por fim, é de suma importância que compreendamos os aspectos técnicos inerentes ao filme no idioma original. Creio que não é preciso que eu repita, visto que existem textos brilhantes na internet com tal discussão. Recomendo este em especial e creio que seja extremamente necessário a leitura dele para que esta discussão fique completa.
Pra encerrar, deixo aqui uma frase de Pablo Villaça, do texto que linquei:
"Aceitar a dublagem [...] é dizer que não há problema em se alterar as cores de Lição de Anatomia, de Rembrandt, ou de O Grito, de Munch, desde que os 'desenhos' sejam mantidos na íntegra. Ora, nenhuma forma de arte seria submetida a uma deturpação destas - e perceber que algo assim é visto com naturalidade no Cinema é uma prova inconteste da persistente falta de prestígio e respeito que a Sétima Arte enfrenta desde seus primórdios"
Ora... aqui está a questão-chave desta discussão: e quem, dentre os amantes da dublagem, está preocupado com arte?

domingo, 17 de junho de 2012

"Madagascar 3" no Set

O quarteto de animais mais famoso do mundo saiu de Nova York para Madagascar e agora está na Europa. Mas a história original foi esquecida por uma história que... bem... não tem história. Apesar disso, o filme é colorido, divertido e conta com um 3D interessante, apesar de exagerado. A análise completa dessa animação que abriu a alta temporada cinematográfica de 2012 está lá no Set Sétima. Não deixe de conferir!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Museu Mazzaropi: o desconhecido de Taubaté

Acordei cedo. A manhã era ensolarada. Eu ainda não tinha visto nenhum amanhecer em Taubaté. Havia chegado no dia anterior, à noite.
As ruas estavam vazias. Ao longe, ouvia o cantar de um coral. Provavelmente alguma igreja em missa naquele domingo de manhã. Eu estava aflito. Tinha poucas informações das que eu precisava. Desde que eu coloquei meus pés nas terras do Vale do Paraíba, ninguém soube me informar onde ficava o museu do Mazzaropi, muito menos como se chegava até lá.

Pedi informação para uma senhora que passava, sozinha, na rua deserta. Ela também não soube dizer. Outro senhor passou e também perguntei. Ele não sabia, também, onde ficava.

Fui para o ponto de ônibus. Uma moça estava lá. Demorei alguns minutos até que pudesse tomar coragem para perguntá-la alguma coisa. Ela me parecia um tanto indisposta a falar. Respirei:
- Você sabe me dizer como eu faço para chegar no museu do Mazzaropi?
Ela pensou um pouco antes de responder:
- Desculpa, mas não sei te dizer. Mas faz assim: pega o ônibus até a rodoviária velha [que é o terminal central de ônibus em Taubaté]. Lá sai ônibus para toda a cidade. Daí você pergunta.
Lamentei com ela que desde que chegara ali ninguém soube me dizer como chegar até o museu.
Ela fez uma cara de pesar, apenas. Olhou para o outro lado, para a rua:
- Lá vem um ônibus. Esse vai para onde você precisa.
Agradeci.

O ônibus encostou. Eu estava com uma mala e uma mochila nas costas. Foi difícil passar a catraca. Me acomodei e fiquei prestando atenção nos lugares onde o ônibus passava. O ponto final seria no meu local de destino. Não tinha erro!

Engano meu!

O ônibus parou no Centro, mas não na chamada “Rodoviária Antiga”. Andei algumas quadras procurando, mas não achei. Antes de perguntar onde ficava, resolvi ir até um ponto de táxi. Queria evitar que não chegasse ao museu em tempo. Eu tinha somente até meio-dia para fazer minha visita, e já eram quase 9 horas.

- Bom dia, senhor! - Interrompi o taxista lendo o jornal. - Você sabe me dizer quanto custa para chegar no museu do Mazzaropi?
- Museu do Mazzaropi? - Perguntou o homem, pensativo.
- No bairro dos Remédios. - Tentei ajudar com as informações que eu tinha.
- Sei, sim. Acho que uns 15, 20 reais.
Respirei aliviado. Era menos do que eu imaginava.

O carro branco percorria por entre ruas mais movimentadas e outras menos. O taxista começou a contar dos anos passados, quando, ainda jovem, passava por aquelas bandas e via o empresário Amacio andando nas proximidades de seu Hotel Fazenda.
- Conheço gente que tem histórias pra contar do Mazzaropi. Falavam com ele. Eu só via o homem andar sozinho por esse lugar todo aí. - Dizia o taxista apontando para a beira da estrada.
Talvez não fosse verdade que o artista andasse sem rumo pelas ruas de Taubaté. Mas, certamente, era verdade que ele havia estado ali por perto.

Logo atravessamos o viaduto que passava por baixo da Via Dutra. Não demorou, estávamos em frente ao Hotel Fazenda Mazzaropi.
- Quero deixar o garoto aí dentro. - Avisou o taxista ao porteiro. Logo já percebi que ele não sabia exatamente como funcionavam as coisas por ali. O museu não era dentro do Hotel Fazenda. Isso até eu já sabia.
- Preciso ir ao museu. - Me intrometi.
- Ah! O museu? É nessa rua de chão aqui do lado. Um pouco pra frente, depois de um muro vermelho.
Agradecemos e logo já fomos na direção indicada pelo segurança. Mas de prontidão vi que ele não sabia onde estava indo. Contou-me algumas de suas histórias exageradas e eu não via o momento de chegar, enfim, ao museu.

- Acho que já passamos. - Alertei.
- Será? Mas não vi nenhum muro vermelho! - Interpelou o taxista.
- Mas não vejo mais nada lá na frente. Vamos voltar. Aqui até já acabou o muro do Hotel Fazenda!
O taxista concordou. Fez o retorno e logo já vimos o museu. Havíamos passado muito! Paguei e me despedi com pressa. Não estava mais me agradando aquelas conversas.


Entrada do Museu Mazzaropi, em Taubaté/SP

O carro ia se afastando. Me organizei e, antes de entrar, prestei atenção na faixada do museu. Era um prédio novo, moderno, que não remetia nenhum pouco à área rural, ou a engenhos, casas de sapê ou qualquer construção de jecas pobres, os retratados por Mazzaropi. A entrada, aliás, chamava a atenção pelo respeito e cuidado com a acessibilidade.

Mas todo aquele cuidado parecia abandonado. No caminho, eu só havia percebido uma placa indicativa da localização do museu. O transporte para lá não era facilitado. E olha que tudo era menos distante do que eu imaginava!

No ar, o som dos pássaros festeiros espalhados pelo lugar de verde abundante. No chão, as folhas secas se espalhavam na entrada do museu, como se não tivesse sido varrido há dias. Nenhum carro, nenhum movimento. As árvores projetavam sombras no chão por entre as folhas banhadas pelo sol da manhã. E o vento soprava sobre elas, levemente. Quebrando todo aquele silêncio, estava somente o barulho das rodinhas da minha mala.

Entrei. O teto era alto. Olhei para todas as direções e não vi ninguém. Decidi avançar, apesar do medo de o atendimento ainda não ter começado. Mas já deveria! Não eram 9 horas ainda, e, pelo que haviam me passado, o museu abria às 8.

Uma cobertura arredondada e moderna se destaca na arquitetura do espaço. A entrada é uma sala grande e vazia, exceto por alguns equipamentos antigos de filmagem que ficam à direita da porta: câmera, microfone, grua, uma cadeira de diretor, um baú, mesa, travelling. À frente, uma bancada sem ninguém. Me aproximei dela, tomando cuidado para fazer barulho mais que o necessário.

Enfim, alguém surgiu do andar de cima.

- Olá! Bom dia! - Recepcionou-me a moça.
- Bom dia! Eu gostaria de saber como funciona a visitação. Está aberto o museu já?
- Sim, eu vou descer para conversar. Um minuto.

A moça desceu. Gabriela, o nome. Ainda tenho o cartão que ela me deu.
Gentilmente, ela sugeriu que eu acomodasse minhas malas atrás da bancada. Prontamente deixei todo aquele peso no local indicado e segui para uma sala ao lado do hall de entrada, onde começava a exposição.

Ali a história de Mazzaropi é contada em painéis interativos com muitas fotos, e divididos por etapa da vida e da filmografia do artista. Paralelamente à parede onde estão instalados os painéis, ficam as vitrines que guardam muitos materiais de cena: certificados de aprovação pelos censores da Ditadura Militar, figurinos, dinheiro cenográfico, objetos de cena, fitas, latas, máquinas de escrever, entre tantos outros objetos usados por Mazzaropi e em seus filmes.
Naquele mesmo espaço, algumas cadeiras estofadas ficam acomodadas em frente à uma TV, onde é exibido um documentário sobre a vida e a obra do cineasta.

E foi assistindo os filmes, o documentário, conversando com os funcionários do museu, com a população desinformada de Taubaté e lendo muito sobre o maior jeca do cinema nacional, é que eu consegui mergulhar na filmografia de Amacio Mazzaropi.


Figurino e dinheiro cenográfico utilizados no filme
"Nadando em Dinheiro"

A espingarda torta, um dos símbolos do jeca, utilizada em
vários filmes; entre eles "O Grande Xerife"
Placa do curtiço onde o jeca morava em "Sai da Frente"
Este texto é um trecho extraído de "O Papel de Mazzaropi na História do Cinema Nacional", monografia de minha autoria concluída neste ano (2012).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Você Precisa LER: "A Guerra dos Tronos"



George Martin fez a lição de casa para emplacar como renomado escritor de fantasia. Produtor e escritor de Hollywood, ele sabe mais que ninguém quais estratégias funcionam na hora de tornar alguma coisa um fenômeno de vendas.
Não à toa, abreviou o "R. R", tal como Tolkien ou Rowlling, conhecidíssimos e premiadíssimos escritores de fantasia. Isso já chamou a atenção logo de cara, seguido pelo mapa que é encontrado logo na primeira página, ao tamanho da obra física e ao marketing muito bem utilizado.
Para prender adultos a uma história de fantasia - que para muitos ainda é tida como coisa de criança e de adolescentes nerds - salpicou um pouco de sexo aqui e mais um tanto de sangue, tortura e mutilação lá. Pronto: estava concluído o livro que ganharia, em breve, uma adaptação. Não deu outra. Ele está emplacando na tela da HBO.

Mas devo confessar que as coisas não são tão fáceis assim. A história não é ruim e não estou reduzindo o trabalho de Martin a estratégias de marketing. Apesar de doente por sexo (com detalhes irrelevantes para a narrativa), ele sabe escrever e conquistar o leitor.
Apesar disso, leva um tempo até que consigamos nos situar na história. A demasiada quantidade de personagens e de localidades que são citadas nos confundem a ponto de, a certa altura, não sabermos exatamente quem é o sujeito que estamos lendo e em que lugar ele está. Em nenhum momento Martin situa ou apresenta os personagens ao leitor. É como se pegássemos "o bonde andando" e, no caminho, aos poucos e sem ajuda, fôssemos descobrindo quem é quem e de que lugar.
Só lá pela metade de "A Guerra dos Tronos" é que passamos a torcer e entender o ódio que sentimos acerca de determinados personagens. E então a história ganha ritmo e nos pegamos sedentos de capítulo atrás de capítulo, devorando cada palavra com uma ferocidade ímpar. Tanto que nos esquecemos da lentidão por qual passamos na primeira metade da narrativa.

Embora inicialmente não pareça fantasia, mas apenas uma história medieval, o livro é mais cheio de surpresas do que podemos supor. E se isso me enche de alegria, por termos à disposição nas livrarias mais uma fantasia de alto nível e boa qualidade, ainda sou contrário às correntes críticas que o consideram tão grandioso quanto a saga do Anel e o comparam a Tolkien. Devo frisar: "A Guerra dos Tronos" não é superior ao universo criado por Rowlling, por exemplo, e ninguém superará Tolkien. É como se quiséssemos atribuir ao Papa os méritos de Cristo na criação do cristianismo. Ou seja: sem Jesus, o cristianismo não existiria, por melhor que fosse o Papa. Sem Tolkien, a alta literatura fantástica não existiria, por melhor que George Martin seja.

Embora haja ressalvas (e a impressão de que o autor escrevia o livro enquanto se masturbava), é uma ótima literatura, e o segundo promete ser ainda melhor, tendo em vista que já estamos habituados ao mundo criado por Martin.

Vale a pena as quase 600 páginas, o seriado está longe de captar a complexidade da história e o desfecho (nem tão desfecho assim, porque deixa aberto para o livro seguinte) nos enche de vontade de continuar. Martin conseguiu prender minha atenção. Pena que não tenha feito isso desde o primeiro capítulo.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Os 100 anos de Mazzaropi


Nesta semana comemoramos o centanário de um dos maiores cineastas que já viveu no Brasil e que, infelizmente, hoje é esquecido e não valorizado. Azar dele ter nascido exatamente no ano que o Titanic naufragou e as atenções do Brasil e do mundo estejam voltadas ao gigante inglês.
 
Imagem do filme "Sai da Frente", o primeiro da carreira
Mas o Andarilho não esqueceu do filho de Clara Ferreira, brasileira de família portuguesa, e Bernardo Mazzaropi, imigrante italiano, que já viviam casados por volta do ano de 1910. A cultura do café estava a pleno vapor no país. Mas, por morar na capital paulista, a renda deles era garantida através dos meios urbanos de ganhar a vida: Clara trabalhava como empregada doméstica e seu Bernardo como motorista de carro de aluguel. Nas horas vagas, ele vendia um tecido muito usado para a confecção de roupas, chamado casimira. Para ampliar as vendas, viajava com frequência para o interior do estado. Tudo para preparar a família a fim de receber o primeiro e único filho, que nasceu em 9 de abril de 1912: Amacio Mazzaropi.

Com as dificuldades financeiras, Bernardo se obrigou a voltar, com mulher e filhos, para uma das primeiras cidades onde havia morado ao chegar ao Brasil: Taubaté. Lá, empregou-se na primeira indústria têxtil da cidade que trouxe novas esperanças à família. Não demorou e Clara também já havia se tornado funcionária da indústria. Estava preparado o terreno para o jovem Amacio ter os primeiros contatos com a arte.

O garoto começou a ser cuidado pelo avô materno, que fazia pequenos shows pela cidade. Com a viola companheira, o avô de Amacio apresentava músicas e danças para os moradores de Taubaté.

Mas foi com dez anos que o garoto, já na escola, começou a demonstrar interesse por arte e pelo teatro. Amacio já sonhava com a carreira de ator e costumava devorar livros como o “Lira Teatral”, organizado por José Vieira Pontes, e compilava monólogos, cançonetas, cenas cômicas, poesias e duetos.

Aos 14 anos Amacio entrou para o circo. Mais tarde, com 17 anos, foi encorajado a sair da sua trupe por um advogado, espectador assíduo, que garantia que o jovem tinha muito futuro pela frente e não precisava ficar preso àquela companhia circense.

Arrumou emprego na indústria têxtil de Taubaté, juntou o dinheiro que precisava para, um ano mais tarde, dirigir e atuar sua própria peça teatral, já se apresentando como Mazzaropi e incorporando o caipira: exatamente o personagem que o consagrou.

Mais tarde, aproveitando-se da quantidade de imigrantes italianos, principalmente, que chegavam a São Paulo para viver e trabalhar, Mazzaropi fixou as apresentações de sua Trupe no Teatro Colombo no bairro Brás, exatamente onde a maioria dos imigrantes passou a morar, por conta dos terrenos baratos, baixas taxas de aluguel, oportunidades de trabalho e transporte fácil. Ao fim do dia, tomados pelo cansaço e ainda habituando-se a um novo estilo de vida, esses moradores buscavam atrativos culturais e de lazer pela região. Foi mais uma importante contribuição para que Mazzaropi se tornasse um nome ainda mais popular naquelas paragens.

Tal popularidade levou o comediante ao rádio. Claro, além da popularidade, o próprio estilo de trabalho de Assis Chateaubriant, presidente dos Diários Associados e, consequentemente, da Radio Tupi, local onde Mazzaropi iniciou sua vida no rádio, ajudou na inserção do personagem caipira neste, então, novo meio de comunicação.
É que Chateaubriant havia investido muito em tecnologia e infraestrutura para garantir a qualidade da filial paulista da sua rádio. Para que a programação pudesse ir ao ar, restou fazer acordos com casas de shows, para que os artistas se apresentassem em dois locais – nas casas de show e na rádio – por um único valor. Outra saída foi a contratação de artistas nacionais de sucesso, mas que tivessem um cachê modesto. E Mazzaropi se enquadrava nessa situação.

O tempo foi passando e as empresas de Chateaubriant foram ganhando filiais por todo o Brasil. Para garantir a audiência das rádios dos Associados em todos os locais onde estavam instalados, criou-se a Brigada da Alegria, reunindo os grandes nomes da Rádio Tupi: Henricão e Rosa Maria (conhecidos como Barão das Cabrochas e Cabrochinha do Samba), Linda Batista, Michel Allard, Hebe Camargo e Amacio Mazzaropi.

Diferentemente da “entrada” no rádio, onde havia sido convidado para trabalhar, Mazzaropi chegou à televisão através de uma iniciativa própria. No ano da estreia da televisão, 1950, querendo expandir seu trabalho e de olho nas novas possibilidades que poderiam surgir ao ingressar no mais recente meio de comunicação, o ator preparou um programa piloto e convidou os amigos João Restiffe e Geny Prado para apresentarem nos estúdios da TV de Chateaubriant. No dia seguinte, a tesouraria da emissora entrou em contato com Restiffe, dando a notícia de que o projeto havia sido aprovado.

Mazzaropi e Geny Prado, que sempre viveu a mulher
do Jeca
O mais curioso é que a televisão era um meio de comunicação altamente elitizado, e Mazzaropi fazia um programa declaradamente popular, contando, inclusive, com a participação de duplas sertanejas, como Tonico & Tinoco. E a música sertaneja era a representação do que havia de mais popular. Ainda assim, a imprensa costumava publicar muitas críticas elogiosas. O jornalista Airton Rodrigues, da revista “O Cruzeiro”, descreveu o jeca como “o maior caipira do rádio e da televisão” e como “a figura mais popular da televisão”.

A carreira de Mazzaropi na televisão terminou em 1954, dois anos após sua primeira aparição no cinema, meio ao qual dedicou a maior parte da sua vida e do seu trabalho. O ator tomou essa decisão por mais de um motivo. Além de querer se dedicar ainda mais à sétima arte, ele acreditava que a TV acabava por desgastar a sua imagem e as suas piadas. Mazzaropi costumava dizer que no cinema as pessoas ficavam com saudade dele porque era apenas um filme por ano.

A saudade, agora, permanece até hoje.

Este texto é um trecho adaptado e extraído de "O Papel de Mazzaropi na História do Cinema Nacional", monografia de minha autoria concluída neste ano (2012).

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O retorno do Titanic

Ontem falamos de titãs por aqui. Hoje falaremos de outro. Trata-se do malfadado Titanic. O navio-personagem do maior desastre marítimo de todos os tempos. Foram mais de 1.500 mortes (cerca de 68,2% dos passageiros). Além do absurdo número de mortos, é espantoso como os números revelam a desigualdade social mesmo nos momentos em que isso deveria ser menos importante que a vida. 75,5% dos passageiros da Terceira Classe morreram no desastre. Enquanto isso, apenas 39,5% da Primeira Classe foram vítimas do acidente.
Tido como "inafundável", cuja força "nem Deus poderia fazer naufragar", o gigante de 256 metros de comprimento, era contraditório até em aspectos superficiais: levava o nome de demônios, mas quis aparecer com a mesma majestade, força e poder dos deuses da mitologia grega.
Luxuoso ao extremo, foi a única promessa que conseguiu cumprir. Afundou na viagem inaugural, não contava com todos os equipamentos de segurança necessários para avistar um iceberg (os vigias não dispunham de binóculos) e viajava à toda força em uma região que já havia sido identificada como repleta de montanhas de gelo.
Na terça-feira, relembramos o centenário da saída de Southampton, na Inglaterra. E no sábado, dia 14, o mundo relembra os 100 anos do naufrágio.

Atentos ao poder de marketing que um acontecimento destes pode render, e à arma poderosa que a Fox tem nas mãos, o longa-metragem "Titanic", de James Cameron, será relançado nos cinemas em 3D. Independente da qualidade da conversão para esta tecnologia, a experiência de reviver o Titanic na tela grande é ímpar.
Diferente do navio, o filme prometia ser um desastre e se revelou um marco. Até há pouco permanecia incólume como a maior bilheteria de todos os tempos. Foi superado apenas por "Avatar", do mesmo diretor, mas, ainda assim, sobreviveu a febres recentes e ao 3D massivo das atuais produções e permanece na segunda colocação. Faturou 11 estatuetas do Oscar, e se colocou entre os filmes mais premiados da história da Academia, igualando-se a "Ben-Hur" e só sendo alcançado em 2003, com "O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei".
Apesar disso, estourou o orçamento em sua produção. A Fox liberou 135 milhões de dólares para a realização do projeto. Insuficiente devido à tamanha exigência e detalhismo de Cameron, a Paramount teve que entrar como investidora e distribuir o filme nos EUA. Assim, injetou mais 65 milhões para que tudo fosse concluído.
Finanças resolvidas, era hora do diretor brigar com a produtora, que exigia um filme mais curto, para render mais sessões. Irredutível, Cameron concluiu a produção com 3 horas e 15 minutos e não abria a mão disso. Neste ponto, acertou. O longa faturou 1,85 bilhão de dólares mundialmente, mesmo com menos sessões.
Sorte da produção ser teimosa em relação à música-tema. Cameron não queria que o filme tivesse um tema, mas "My Heart Will Go On", interpretada por Celine Dion, ganhou o Oscar de Melhor Canção Original, além de dezenas de outros prêmios, alavancou a venda da Trilha Sonora do filme e funciona até hoje como um carimbo para esta grande produção.

Se tudo isso não é um bom motivo para você voltar ao cinema e rever "Titanic", então nenhum filme atual está à altura das suas exigências.
Um marco. Fascinante. Vívido!

Em Joinville, o GNC Cinemas do Joinville Garten Shopping exibe "Titanic 3D" numa pré-estreia hoje (sexta) e amanhã (sábado), às 21h45. A partir de sexta-feira que vem, o filme entra no circuito com mais sessões.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

"Fúria de Titãs 2" no Set

Temo que essa profusão de filmes 3D leve as pessoas, cada vez mais, a apreciar porcarias como se fossem pérolas da Sétima Arte. Da mesma forma como bons efeitos visuais não salvam um filme do desastre (em termos de qualidade), o 3D deve ser usado com parcimônia pelos diretores e os espectadores não podem se deixar seduzir e anestesiar seu senso crítico por estar vendo um filme em mais de duas dimensões. Assim, "Transformers - O Lado Oculto da Lua", por exemplo, tem um 3D muito bem realizado, mas é um dos filmes mais desprezíveis da história do cinema.
Este "Fúria de Titãs 2", da mesma forma, tem na tecnologia 3D seu forte. Apesar de não ser ruim como o citado filme de carros que viram gigantes de aço, tem defeitos graves, que aponto lá na crítica postada no Set Sétima. Corre lá! Espero você!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Você precisa VER: Mostra do Oscar 2012

Verão acabando, temperaturas diminuindo e ir à praia no fim de semana se torna, cada vez mais, um programa não tão legal para os joinvilenses, certo? Ok, faz sentido. Mas isso não é motivo pra ficar se lamentando em casa!
O GNC Cinemas do Joinville Garten Shopping preparou para esta semana a "Mostra do Oscar 2012". Todos principais filmes vencedores do Oscar 2012 e já lançados no Brasil estarão em exibição nesta semana, de hoje até quinta-feira no cinema.

Confira a programação:

Hoje (sexta, 23/03):

Histórias Cruzadas

21h30: O Artista

Amanhã (sábado, 24/03):
13h30: A Invenção de Hugo Cabret 
16h30: Meia Noite em Paris
18h40: Tão Forte e Tão Perto

Domingo, 25/03:
13h30: Tão Forte e Tão Perto
18h40: O Artista
21h30: A Invenção de Hugo Cabret

Segunda, 26/03:
16h30: O Artista
18h40: Meia Noite em Paris

O Artista
Terça, 27/03
13h30: A Invenção de Hugo Cabret
16h30: Meia Noite em Paris
21h30: Tão Forte e Tão Perto

Quarta, 28/03:
13h30: O Artista
18h40: Meia Noite em Paris
21h30: A Invenção de Hugo Cabret

Quinta, 29/03:
16h30: Meia Noite em Paris
18h40: Tão Forte e Tão Perto
21h30: O Artista

Preço dos ingressos:
Sexta, sábado e domingo: R$ 17 (inteira) e R$ 8,50 (meia-entrada; para estudantes, menores de idade, idosos e assinantes do A Notícia com carteirinha do Clube do Assinante).
Terça-feira: R$ 7.
Segunda, quarta e quinta-feira: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia-entrada; para estudantes, menores de idade, idosos e assinantes do A Notícia com carteirinha do Clube do Assinante).


Os Descendentes

Além disso, hoje estreia "Jogos Vorazes", a adaptação que está sendo lançada pela produtora como novo fenômeno mundial, tal como "Harry Potter" e "Saga Crepúsculo". Vejamos. Tomara que seja menos ruim que os vampirinhos de Meyer, né?
"Jogos Vorazes" será exibido em película na sala 1 e no formato digital (som e qualidade de imagens parecidos com 3D, mas não é 3D, pois o filme nem foi gravado neste formato) na sala 6; dublado e legendado.

Nos vemos, então, no GNC!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Joinville, 161 anos

Eis que a minha querida cidade completa mais um aniversário. Sim, apesar de tudo, amo viver aqui. Não tanto pelas pessoas - embora em muitas cidades o comportamento social seja quase o mesmo dos joinvilenses - mas, principalmente, pelas oportunidades que essa cidade dá.
Aqui temos belezas naturais, um potencial alto para o turismo, proximidade com praias, estamos entre duas encantadoras capitais (Curitiba e Florianópolis), temos uma vocação nata para cultura (mesmo que pouco explorada) e uma realidade de cidade grande com o espírito acolhedor do interior.

Aqui chove (MUITO), faz muito frio no inverno e muito calor no verão. Pagamos caro pela passagem de ônibus e ficamos trancados num trânsito porco e mal planejado. Mas, pelo menos, para o tamanho da cidade, temos índices de criminalidade abaixo e uma qualidade de educação acima da média nacional.

Não vivo num paraíso (embora tenhamos um bairro com esse nome), mas reconheço os encantos de morar aqui. Não pretendo ficar em Joinville para todo o sempre, mas quero levar essa cidade no meu coração para onde for. E onde eu estiver, continuarei torcendo pelo sucesso e pelo progresso dessa cidade linda, rica e encantadora.

Parabéns, Joinville!

quarta-feira, 7 de março de 2012

"A Dama de Ferro" no Set

Nem sempre maus filmes são de todo ruins. Este aqui, por exemplo, tem coisas excelentemente boas: a atuação de Meryl Streep (como sempre) é impecável e a maquiagem foi eficientemente realizada com sucesso. Pena que este filme, que tinha tudo para ser um marcante projeto do cinema atual, tenha se estabelecido como um embaraçoso longa que não consegue se manter nem como biografia, nem como ficção, apesar dos dois - merecidos - Oscar. A crítica completa, lá no Set. Espero você!


sábado, 3 de março de 2012

"A Mulher de Preto" no Set

Daniel Radcliffe atua em seu primeiro filme após o fim da saga "Harry Potter". Apesar de esforçado, o roteiro não colabora para desvencilhar o ator do personagem que o tornou conhecido mundialmente. Acompanhe a crítica completa lá no Set Sétima.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E o Oscar foi para...

Ontem foi a cerimônia do Oscar e, como eu previa, eu sou melhor torcedor do que palpiteiro. Se eu tivesse seguido meu coração, teria acertado mais, como vocês verão.
No final das contas, creio que foi uma premiação bem justa e a que mais se aproximou daquilo que eu considerava coerente.
A seguir, a lista dos ganhadores (somente das categorias que eu tinha palpitado) e, por fim, meu comentário sobre a esdúxula cobertura da Globo para a cerimônia.

Melhor figurino: "O Artista". Este eu acertei e não tinha nenhum como meu favorito declarado. Além de recriar uma indumentária de época, se não fosse bem feito, ele não ganharia nenhum destaque numa película preto-e-branco. Da mesma forma, um trabalho mal feito estragaria totalmente o filme, destoando a ideia de "época" se, porventura, as roupas estivessem mal desenhadas.

Melhor fotografia: "A Invenção de Hugo Cabret". Este eu errei. Apostei em "Cavalo de Guerra" por achar que Spielberg não sairia dessa sem um Oscar para algum dos seus dois filmes concorrentes. Além disso, Spielberg é hábil em dirigir filmes de guerra e coordenar uma bela fotografia para contar a sua história. Fico feliz que "Hugo" tenha ganhado, porém. Minha torcida estava concentrada no filme de Scorsese.

Melhor direção de arte: "A Invenção de Hugo Cabret". Aqui também errei e, mais uma vez, se tivesse palpitado de acordo com o que eu estava torcendo, teria acertado. A direção de arte em "Hugo" é impecável. Porém, apostei em "O Artista" pelos mesmos motivos que me fizeram apostar no filme francês na categoria "figurino".

Maquiagem: "A Dama de Ferro". Acertei duas vezes. Tanto no palpite, quanto na torcida. Apesar de fraco, é inegável que a maquiagem feita em Meryl Streep para transformá-la na Margareth Tatcher mais velha foi incrível. Oscar merecido!

Canção Original: "Man or Muppet", de "Os Muppets". Errei. Mas a própria Academia, aparentemente, não estava muito contente com as opções para melhor canção este ano. Dos dois indicados, na minha opinião, "Real in Rio", do filme "Rio", era superior. Não levou. Ainda assim, mesmo que o Brasil faturasse essa, não seria motivo de dar pulos de alegria. Se pudesse, creio que a Academia teria cancelado essa categoria, pois foi visível a má vontade de escolher os indicados. 

Trilha sonora: Ludovic Bource, por "O Artista". Essa eu errei duas vezes. Sem pensar, palpitei em John Williams, por "As Aventuras de Tintim". No coração, a torcida por Howard Shore pela composição bela de "Hugo". Mas "O Artista" mereceu. Em um filme mudo, um dos protagonistas, certamente, é a música. E, bem feita, encanta.

Roteiro original: "Meia-noite em Paris", de Woody Allen. Merecido e era o filme pelo qual minha torcida estava concentrada. Mas apostei em "O Artista" por considerá-lo ousado. Mesmo não tendo levado o prêmio pelo roteiro, o filme francês teve um reconhecimento justo e ainda maior pela ousadia. Allen, claro, não estava na premiação. Mas tem todos os méritos pelo seu mais recente filme, divertido e apaixonado.

Roteiro adaptado: "Os Descendentes". Este filme não deveria ter levado nenhum. Mas eu pensei que seria meio impossível Alexandre Payne sair de mãos abanando quando seu filme tinha recebido tanto reconhecimento mundo afora. Por isso apostei neste. Mas a torcida estava em "Hugo".

Efeitos visuais: "A Invenção de Hugo Cabret". Efeitos lindíssimos e um 3D de primeira são duas das coisas que mais chamam a atenção no mais recente filme de Scorsese. Ainda assim, imaginei que a Weta, responsável pelos premiadíssimos e elogiadíssimos "Avatar", "Distrito 9", "O Senhor dos Anéis", seria a favorita por conta do trabalho realizado em "Planeta dos Macacos - A Origem". Isso é um sinal de que o Oscar para efeitos especiais em "O Hobbit" pode não estar tão garantido assim. Aqui minha torcida não era tão forte, mas, no fundo, queria que "Hugo" faturasse esta.

Mixagem de som: "A Invenção de Hugo Cabret". Nesta altura, meus palpites, erroneamente (isso deveria ter acontecimento enquanto eu palpitava sobre as primeiras categorias), começaram a se confundir com a minha torcida. Achando que eu estava errado em torcer para Scorsese, joguei as cartas em "Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres". Não deu outra: errei de novo.

Edição de som: "A Invenção de Hugo Cabret". Apesar das considerações anteriores, eu não poderia acreditar que a Academia não valorizasse a singeleza e o brilhantismo da edição de som em "Hugo". Apostei no que torcia e acertei. Deveria ter feito isso mais vezes.

Edição: "Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres". De fato, um trabalho muito bem feito e essencial para que este longo filme de David Fincher pudesse ter a fluência que teve, apesar de longo e complexo. Aqui, torci e palpitei em "A Invenção de Hugo Cabret". Errei de novo.

Melhor animação: "Rango". Acertei e concentrei aqui as minhas torcidas. Merecido. Vamos ver se a Pixar, sempre tão excelente, acorda.

Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer, por "Histórias Cruzadas". Torci e palpitei para Spencer. Merecia. O filme tinha que levar um estatueta e ela era a pessoa mais adequada para representar o merecimento de "Histórias Cruzadas". Das cinco indicações, porém, o filme era digno de levar, no máximo, duas. Faturou uma. Está bom.
Ator Coadjuvante: Christopher Plummer, por "Toda Forma de Amor". Favorito, levou e foi aplaudido de pé. Eu chutei longe em Jonah Hill, por "O Homem Que Mudou o Jogo". Errei feio.

Melhor atriz: Meryl Streep, por "A Dama de Ferro". Este foi o Oscar que eu mais fiquei feliz quando foi entregue ao premiado, neste caso, premiada. A veterana Streep merecia: recordista em indicações, há anos não levava o prêmio para casa e somente a sua atuação é reponsável por "A Dama de Ferro" ser um filme assistível. Impecável como sempre, Streep brilhou no palco na hora do discurso e continua encantando na tela grande com sua esplendorosa atuação no longa sobre a ex-primeira-ministra britânica. Apostei em Michelle Williams, por "Sete Dias com Merilyn", por acreditar que Streep não levaria por ser frequente demais, como já tinha dito no último post.

Melhor ator: Jean Dujardin por "O Artista". Apostei em George Clooney, por "Os Descendentes" pelo mesmo motivo que palpitei neste filme para roteiro adaptado. Fiquei contente por, desta vez, o medíocre filme de Alexandre Payne não ter levado a estatueta.

Melhor diretor: Michel Hazanavicius por "O Artista". A noite era do filme francês. E neste momento, ficou claro que ele levaria, também, o prêmio máximo. Mas eu acreditei que Martin Scorsese, por "A Invenção de Hugo Cabret", levaria este, e, por consequência, o prêmio de melhor filme por conta do "bairrismo" da Academia. Mas, no fundo, eu sabia que a noite seria preto-e-branca. Este conflito interno me deixou sem favorito. Fechei os olhos e apostei. Errado.

Melhor filme: "O Artista". Bom... Eu já disse tudo o que precisava ao escrever sobre o prêmio de diretor. Os palpites foram, em ambas as categorias, pelo mesmo motivo. Quando disse que pensei em "O Artista" para o prêmio de roteiro original por ser ousado, fiz uma referência a ele ganhar esse reconhecimento de um modo ainda mais significativo. Está aqui. "O Artista" é o Melhor Filme de 2011. Mereceu. Pra mim, porém, "A Invenção de Hugo Cabret" é candidato forte para o Prêmio Set Sétima 2012.

Demais premiações:

Curta-Metragem: "The Shore".

Animação em Curta-Metragem: "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore".

Documentário: "Undefeated".

Documentário em Curta-Metragem: "Saving Face"

Melhor filme estrangeiro: "A Separação" - Irã

Quanto à transmissão da Globo, não preciso nem me estender. Wilker quer dar uma de sociólogo cinematográfico e a querida apresentadora ao lado dele não entende nada de cinema.
Globo, ninguém quer ouvir comentários durante a transmissão. Queremos ver a cerimônia.

No dia que a emissora carioca entender isso, eles deixam a cerimônia voltar a ser transmitida pelo SBT. Pois eles já perderam a mão há tempo tentando exibir o Oscar decentemente. Ainda não conseguiram.