quinta-feira, 26 de abril de 2012

Você Precisa LER: "A Guerra dos Tronos"



George Martin fez a lição de casa para emplacar como renomado escritor de fantasia. Produtor e escritor de Hollywood, ele sabe mais que ninguém quais estratégias funcionam na hora de tornar alguma coisa um fenômeno de vendas.
Não à toa, abreviou o "R. R", tal como Tolkien ou Rowlling, conhecidíssimos e premiadíssimos escritores de fantasia. Isso já chamou a atenção logo de cara, seguido pelo mapa que é encontrado logo na primeira página, ao tamanho da obra física e ao marketing muito bem utilizado.
Para prender adultos a uma história de fantasia - que para muitos ainda é tida como coisa de criança e de adolescentes nerds - salpicou um pouco de sexo aqui e mais um tanto de sangue, tortura e mutilação lá. Pronto: estava concluído o livro que ganharia, em breve, uma adaptação. Não deu outra. Ele está emplacando na tela da HBO.

Mas devo confessar que as coisas não são tão fáceis assim. A história não é ruim e não estou reduzindo o trabalho de Martin a estratégias de marketing. Apesar de doente por sexo (com detalhes irrelevantes para a narrativa), ele sabe escrever e conquistar o leitor.
Apesar disso, leva um tempo até que consigamos nos situar na história. A demasiada quantidade de personagens e de localidades que são citadas nos confundem a ponto de, a certa altura, não sabermos exatamente quem é o sujeito que estamos lendo e em que lugar ele está. Em nenhum momento Martin situa ou apresenta os personagens ao leitor. É como se pegássemos "o bonde andando" e, no caminho, aos poucos e sem ajuda, fôssemos descobrindo quem é quem e de que lugar.
Só lá pela metade de "A Guerra dos Tronos" é que passamos a torcer e entender o ódio que sentimos acerca de determinados personagens. E então a história ganha ritmo e nos pegamos sedentos de capítulo atrás de capítulo, devorando cada palavra com uma ferocidade ímpar. Tanto que nos esquecemos da lentidão por qual passamos na primeira metade da narrativa.

Embora inicialmente não pareça fantasia, mas apenas uma história medieval, o livro é mais cheio de surpresas do que podemos supor. E se isso me enche de alegria, por termos à disposição nas livrarias mais uma fantasia de alto nível e boa qualidade, ainda sou contrário às correntes críticas que o consideram tão grandioso quanto a saga do Anel e o comparam a Tolkien. Devo frisar: "A Guerra dos Tronos" não é superior ao universo criado por Rowlling, por exemplo, e ninguém superará Tolkien. É como se quiséssemos atribuir ao Papa os méritos de Cristo na criação do cristianismo. Ou seja: sem Jesus, o cristianismo não existiria, por melhor que fosse o Papa. Sem Tolkien, a alta literatura fantástica não existiria, por melhor que George Martin seja.

Embora haja ressalvas (e a impressão de que o autor escrevia o livro enquanto se masturbava), é uma ótima literatura, e o segundo promete ser ainda melhor, tendo em vista que já estamos habituados ao mundo criado por Martin.

Vale a pena as quase 600 páginas, o seriado está longe de captar a complexidade da história e o desfecho (nem tão desfecho assim, porque deixa aberto para o livro seguinte) nos enche de vontade de continuar. Martin conseguiu prender minha atenção. Pena que não tenha feito isso desde o primeiro capítulo.

2 comentários:

André Wynne disse...

Veremos se o Martin consegue me enfeitiçar como fez contigo. XD
Tô chegando na página 100, tá começando a ficar interessante, mas ainda acho ele um escritor ruim.
Mas veremos como ele se sai até o final.

Anônimo disse...

Só eu ainda não li isso?
Comprei o box dos 3 primeiros livros, mas estão na estante, esperando eu criar coragem ou terminar tudo o que tenho pra ler antes deles.

Vamos ver se vale a pena mesmo.